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Review | A Ascensão do Ronin é uma ótima odisseia no Japão Feudal

Review | A Ascensão do Ronin é uma ótima odisseia no Japão Feudal
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O fascínio pelo Japão Feudal nunca foi tão palpável quanto em 2024. Com a estreia da aclamada minissérie “Xógum” e a iminente chegada de “Ghost of Tsushima” aos PCs, além do lançamento do esperado “Assassin’s Creed Red”, o cenário está preparado para uma verdadeira celebração da história nipônica. Entre essas joias, “A Ascensão do Ronin” emerge como um brilhante destaque, prometendo iluminar o primeiro trimestre do PlayStation 5 com sua exclusividade.

Criado pela Koei Tecmo e o Team Ninja, o jogo é uma homenagem ao gênero soulslike, trazendo a essência de sucessos como Nioh e Wo Long: Fallen Dynasty. No entanto, “A Ascensão do Ronin” se distingue por sua acessibilidade, abrindo as portas do desafio e da estratégia para um público mais amplo que até então hesitava em se aventurar nesse universo.

O Clímax do Bakumatsu

“A Ascensão do Ronin” nos transporta através de décadas cruciais do século XIX, desde o ano de 1853 até o ocaso do Xogunato Tokugawa em 1868. O jogo é o fruto de um sonho antigo da Koei Tecmo, que o cultivou em paralelo desde o lançamento de Nioh. A experiência é enriquecida com elementos característicos dos jogos anteriores da franquia, criando um tecido narrativo familiar e ao mesmo tempo inovador.

Atendendo às expectativas da marca PlayStation, “A Ascensão do Ronin” não se contenta em ser apenas um jogo; ele é uma saga épica, repleta de drama e aventura, com uma narrativa que se desdobra como um filme interativo. O jogador é convidado a moldar as “Lâminas Gêmeas”, dois personagens cujas vidas são entrelaçadas pelo destino e pela espada. O customizador de personagens é extenso e detalhado, permitindo uma personalização profunda e a escolha de ofícios que definirão as habilidades iniciais, embora o jogo permita uma evolução livre e adaptável do personagem.

O enredo se aprofunda na influência do regime autoritário do Xogunato na vida dos protagonistas, cuja infância marcada pela opressão os leva a um caminho de vingança. Sob a tutela da Forjadora, uma samurai lendária, eles veem seu clã ser aniquilado e são lançados em jornadas separadas que irão transformar suas visões de mundo e seus destinos.

Em sua essência de RPG, “A Ascensão do Ronin” apresenta duas vertentes narrativas: uma alinhada com o Xogunato e outra em oposição a ele. Embora muitas missões sejam comuns a ambas as campanhas, o jogador encontrará figuras históricas marcantes, como Ryoma Sakamoto, que se destaca como uma presença magnética e envolvente.

O jogo “A Ascensão do Ronin” oferece uma experiência imersiva no Japão Feudal, mas não sem seus desafios narrativos. A constante introdução de personagens e a complexidade das facções podem confundir os jogadores, dificultando o acompanhamento da trama e a conexão emocional com os personagens. A caracterização limitada contribui para essa confusão, com muitos personagens se perdendo em meio à multidão.

O protagonista silencioso, uma característica recorrente nos jogos da Team Ninja, persiste, limitando as interações a escolhas de diálogo textuais e superficiais. As habilidades de diálogo, apesar de inovadoras, não justificam a aquisição de todas, pois raramente são necessárias simultaneamente.

A falta de personalidade do protagonista e a presença de um antagonista evasivo enfraquecem o fio narrativo, deixando a história dependente dos elementos históricos e das liberdades criativas dos roteiristas. O contexto do Bakumatsu é bem retratado, destacando a tensão entre o isolacionismo do Xogunato e as pressões para a modernização e restauração imperial.

A enciclopédia de personagens é um recurso útil, mas subutilizado, pois se concentra apenas nos eventos do jogo, omitindo detalhes históricos reais. A mecânica de relacionamentos adiciona uma camada de interação, permitindo ao jogador formar alianças e receber recompensas, embora sem aprofundamento narrativo.

“A Ascensão do Ronin” se aventura em seu primeiro mundo aberto, inspirando-se em elementos de jogos da Ubisoft, mas com toques originais. Os jogadores encontrarão sistemas familiares, como coleta de recursos, eventos aleatórios, e confrontos com bandidos, que enriquecem a exploração e a jogabilidade.

Apesar de alguns ajustes poderem melhorar significativamente a experiência, como um protagonista mais expressivo, o jogo ainda se destaca como um retrato envolvente do período histórico, oferecendo uma oportunidade única para os entusiastas da era do Xogunato Tokugawa. Com um senso de descoberta e uma jogabilidade sólida, “A Ascensão do Ronin” é uma adição valiosa ao gênero e ao legado cultural que representa.

“A Ascensão do Ronin” da Team Ninja é um título que busca capturar a essência do Japão Feudal com uma riqueza de detalhes e uma diversidade de NPCs que refletem a estratificação econômica das diferentes regiões do Japão. O jogo apresenta uma gama de ambientes, desde vilas empobrecidas até cidades prósperas, criando um contraste visual e cultural que enriquece a experiência do jogador.

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Visual e Mobilidade

Visualmente, o jogo não está entre os mais impressionantes exclusivos do PlayStation, mas ainda assim oferece uma estética agradável, superando seu antecessor “Wo Long” em termos gráficos. No entanto, enfrenta desafios arquitetônicos, principalmente na mobilidade do personagem, onde a ausência de um sistema de parkour coerente resulta em uma experiência inconsistente ao transpor obstáculos, como cercas e muros, e a presença de paredes invisíveis que podem frustrar os jogadores.

As missões principais sofrem com a repetição, um problema exacerbado pela duração extensa da campanha. A falta de interação verbal dos aliados durante as missões também contribui para uma sensação de monotonia e desconexão com os eventos do jogo.

Tecnicamente, o jogo oferece três configurações gráficas: fidelidade, Ray tracing e performance. Durante os testes, o modo performance mostrou-se instável em áreas urbanas densas, com quedas significativas de framerate, comprometendo a fluidez do combate intenso que é central para a jogabilidade. É importante notar que esses problemas podem ser abordados em um patch de desempenho prometido para o lançamento.

O design de produção do mundo aberto é competente, com construções autênticas e marcos históricos que adicionam profundidade ao cenário. A enciclopédia do jogo oferece informações interessantes, embora possa ser melhorada com mais contextos históricos reais.

O combate é o destaque de “A Ascensão do Ronin”, com a Team Ninja refinando os melhores elementos de “Wo Long” e “Nioh”. O sistema de posturas e afinidade com armas incentiva a experimentação e o domínio de diferentes estilos de luta. A barra especial que ativa um modo fúria adiciona uma camada extra de estratégia ao combate.

As árvores de habilidades são bem construídas, oferecendo uma variedade de habilidades que afetam a criação de itens, diálogo, saúde e até mesmo a ativação de um modo furtivo. A necessidade de pontos de atributos para algumas habilidades, obtidos através de atividades complementares, motiva a exploração e o engajamento com o mundo do jogo.

A Team Ninja demonstra um compromisso notável com a arte e a personalização em “A Ascensão do Ronin”. A variedade de armas e armaduras, cada uma com dezenas de skins deslumbrantes, reflete um talento artístico excepcional. A capacidade de transmogrificação no alojamento do jogo permite que os jogadores expressem sua individualidade, tornando cada jornada única.

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Respeito ao Jogador e Flexibilidade Narrativa

O jogo respeita o tempo e as escolhas dos jogadores, oferecendo flexibilidade para aqueles que desejam seguir a narrativa principal sem penalidades. O recurso “Testamento da Alma” é um exemplo dessa consideração, permitindo revisitar áreas anteriores e explorar conteúdos passados. A possibilidade de refazer missões principais e experimentar diferentes alianças adiciona profundidade à experiência, permitindo que a história se desdobre de maneiras variadas.

Em um ano escasso para exclusivos no PlayStation 5, “A Ascensão do Ronin” se destaca ao lado de “Stellar Blade”. Com mais de trinta horas de jogo, a recomendação é clara: é um título digno de atenção. O conteúdo secundário abundante e a oportunidade de mergulhar em um período histórico fascinante são pontos fortes, apesar de alguns desafios na condução da narrativa.

Para os veteranos de “Nioh” ou “Wo Long”, “A Ascensão do Ronin” é uma adição essencial à coleção. Para novatos no gênero soulslike, o jogo serve como uma introdução acessível e envolvente. A Team Ninja pode se orgulhar de seu primeiro título de grande escala, que não apenas promete ser um sucesso, mas também uma porta de entrada para uma nova franquia empolgante. Parabéns à equipe por elevar o padrão e potencialmente inaugurar uma nova era de sucesso com o Ronin ascendido.

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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