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Crítica | Fale Comigo – É um dos grandes filmes de terror do ano

Havia muito entusiasmo por parte do público para assistir à produção Fale Comigo, da produtora queridinha dos fãs de filmes de terror, a A24. Tal euforia faz sentido, já que a A24 se notabilizou nos últimos anos por criar obras excelentes e com tramas assustadoras e inteligentes. Em Fale Comigo, dos diretores iniciantes Danny Philippou e Michael Philippou, a produtora acerta novamente ao conceber uma história intrigante e que deve se transformar em um verdadeiro clássico em alguns anos.

A história se desenrola em Adelaide, Austrália, onde um grupo de adolescentes compartilha uma fascinação pelo sobrenatural. Eles se reúnem para jogar um game que permite a eles que se comuniquem com o mundo dos mortos. É necessário sentar em frente a uma mão bizarra e dar um aperto de mão para que o contato com o desconhecido ocorra.

Mia (interpretada por Sophie Wilde), é uma adolescente atormentada por tragédias pessoais. Após a morte de sua mãe por suicídio, Mia decide deixar sua residência e morar por um tempo na casa de sua melhor amiga, Jade (Alexandra Jensen).

Falando com os Mortos

O roteiro não foge ao clichê, uma vez que não é o primeiro filme a tratar de adolescentes sendo perseguidos por um perigo sobrenatural. Produções como Verdade ou Desafio (2018) e Corrente do Mal (2014) são exemplos mais recentes. A narrativa de Talk to me (título original) explora diversos temas, incluindo o trauma, o luto, suicídio e o medo do desconhecido.

Mesmo seguindo o mesmo caminho de outras produções do gênero, o longa consegue trabalhar de maneira eficaz com a conhecida fórmula dos filmes de terror. Talk to me tenta ir além da maldição, ao dialogar sobre as perdas que sofremos em nossas vidas, algo que é feito de maneira interessante e sem muita enrolação. A protagonista, Mia, acaba desenvolvendo um vício em entrar em contato com os mortos, pois busca uma conexão com sua mãe morta. Ou seja, mesmo dois anos após a morte de sua mãe, ela ainda não conseguiu superar o luto e continua a enfrentar esse trauma pessoal.

Há um grande furo que pode passar despercebido por parte do público, que está relacionado à mão amaldiçoada, não sabemos de onde ela veio, porque possui todo aquele poder, quem são os espíritos que aparecem ao ser apertada e porque os espíritos estão lá. São muitas perguntas que não são respondidas, deixando no ar o principal: o que seria aquela maldição que envolve a mão. O final reserva uma grande reviravolta, surpreendendo e intrigando, mas ainda assim não é o suficiente para tirar da cabeça os questionamentos feitos a respeito do artefato.

Terror Australiano de qualidade

Se há algo que provoca temor no imaginário coletivo, é o conceito de entrar em contato com os mortos. Essa noção foi amplamente explorada em diversas produções audiovisuais, sendo O Sexto Sentido (1999) uma das mais famosas. O ato de falar com os mortos ou estabelecer contato através de um tabuleiro ouija ou de um artefato amaldiçoado é um elemento clássico do gênero. Esse elemento frequentemente serve para desencadear a narrativa, servindo de ponto de partida para a criação de toda a atmosfera de terror.

Por falar nisso, Talk to me não é um longa tão assustador quanto todos imaginavam, não se assemelha a Invocação do Mal (2013) e muito menos à A Morte do Demônio: A Ascensão (2023). Há momentos impactantes e que chocam, mas não isso não é o foco do longa, o é bastante frustrante, pois quando havia oportunidade para ir além, o filme se mantém na mesma repetição de eventos que já sabemos como vão se desenrolar.

Fale Comigo é uma aposta que deu certo da A24. É original por trazer personagens cativantes e surpreende por ter uma história que foge do lugar-comum, é sim, um dos grandes filmes do ano dentro do gênero e que deve receber uma merecida sequência em breve.

Fale Comigo (Talk to me, AUS, 2022)

Direção: Danny Philippou, Michael Philippou
Roteiro: Danny Philippou, Bill Hinzman, Daley Pearson
Elenco: Sophie Wilde, Miranda Otto, Alexandra Jensen, Zoe Terakes, Jude Turner, Joe Bird
Gênero: Terror, Suspense
Duração: 95 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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