A dúvida estava no ar desde o anúncio de “Furiosa: Uma Saga Mad Max”: como superar “Mad Max: Estrada da Fúria”, considerado um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos?
George Miller, o visionário por trás da franquia, poderia ter simplesmente repetido a fórmula vencedora do filme de 2015. Em vez disso, ele optou por uma abordagem diferente, transformando essa prequela em um épico pós-apocalíptico com toques de western.
Ao invés de replicar o ritmo frenético de “Estrada da Fúria”, Miller e seu co-roteirista Nick Lathouris expandem a narrativa ao longo de 15 anos, uma ousadia que se distancia do cenário de três dias do filme anterior.
A história começa com a infância de Furiosa, interpretada por Alyla Browne, e sua captura por uma gangue de motociclistas selvagens liderados pelo desequilibrado Dementus, vivido por Chris Hemsworth. A mãe de Furiosa, Mary Jabasa (Charlee Fraser), faz uma tentativa desesperada de resgate, adicionando uma camada emocional intensa ao início do filme e que vai guiar a história nesse filme fabuloso, mas um tanto quanto desigual — como você perceberá a seguir.
Desequilíbrio entre os atores em “Furiosa”
Anya Taylor-Joy assume o papel de Furiosa na fase adulta, um desafio considerável dada a interpretação icônica de Charlize Theron em “Estrada da Fúria”. Taylor-Joy, conhecida por suas atuações em “O Gambito da Rainha” e “A Bruxa”, traz uma nova energia à personagem. A transição da jovem Furiosa para a guerreira adulta é convincente, com Taylor-Joy capturando a intensidade e a vulnerabilidade da personagem.
Chris Hemsworth, famoso por seu papel como Thor no Universo Cinematográfico Marvel, infelizmente não atinge o mesmo impacto. Seu Dementus é mais caricatural, e a tentativa de distanciá-lo de seu papel icônico acaba por deixar evidente as suas limitações como vilão. A presença dele, ao invés de agregar, acaba sendo um ponto fraco, destoando do tom sombrio e brutal do filme toda vez que ele troca o tom ameaçador por notas cômicas.
O destaque, sem dúvida, vai para as sequências de ação magistralmente coreografadas por Miller, um mestre da narrativa que não perdeu o ímpeto mesmo beirando os 80 anos. A perseguição de motocicletas no início do filme é apenas um aperitivo para o clímax eletrizante envolvendo Furiosa e seu caminhão War Rig. A trilha sonora pulsante de Tom Holkenborg e a cinematografia dinâmica de Simon Duggan contribuem para cenas de tirar o fôlego, apesar de alguns momentos evidentes de CGI que, felizmente, não comprometem a experiência.
O elenco de apoio, especialmente Lachy Hulme como o jovem Immortan Joe, oferece performances sólidas, complementando a narrativa com profundidade. Hulme consegue capturar a essência do personagem anteriormente interpretado por Hugh Keays-Byrne (falecido em 2020), dando continuidade à mitologia da franquia com autenticidade.
Prequela ambiciosa
Tecnicamente, portanto, “Furiosa: Uma Saga Mad Max” não decepciona. A fotografia deslumbrante e o design de som impecável elevam a experiência cinematográfica, mantendo a tradição de qualidade da franquia. Este é um filme para ser visto na melhor tela de cinema, com o melhor som possível. Vai engrandecer a experiência.
O terceiro ato, porém, é onde o filme deixa um pouco a desejar. A esperada batalha final entre Furiosa e Dementus carece da grandiosidade prometida, resultando em um desfecho que pode ser visto como anticlimático. A construção deliberada e os incríveis cenários de ação ao longo do filme mereciam um final mais impactante e satisfatório.
Em resumo, “Furiosa: Uma Saga Mad Max” é uma prequela ambiciosa que, apesar de algumas falhas, oferece uma narrativa rica e visualmente impressionante. Anya Taylor-Joy brilha em todos os momentos em que aparece na tela e George Miller demonstra, mais uma vez, sua habilidade em criar mundos pós-apocalípticos fascinantes.