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Crítica | Ms. Marvel: Últimos Dias – O encontro mais esperado

Um dos maiores destaques da Marvel nos últimos anos, é a série de quadrinhos da Miss Marvel. Em uma decisão bastante corajosa, a Casa das Ideias decidiu reformular completamente a personagem, removendo Carol Denvers do posto e inserindo uma adolescente muçulmana estabanada: Kamala Khan.

Pela escrita muito consciente da dificuldade que seria gerar empatia com o leitor, a roteirista G. Willow Wilson faz um trabalho exemplar para contar as leves histórias da Ms. Marvel, inclusive resgatando o espírito das narrativas de Stan Lee no início da carreira de seus super-heróis mais queridos como o Homem-Aranha.

Nesse quarto volume, Kamala está em meio a uma crise amorosa, após descobrir que seu “pegue-te” é um super-vilão. Porém, a dinâmica do mundo não dá descanso para a heroína de Jersey City. Observando uma movimentação de pessoas tomadas pelo pânico, Kamala vê um planeta inteiro se dirigindo em direção a Terra. Sendo um desafio claramente fora da alçada para a Ms. Marvel, Kamala tenta ajudar como pode os cidadãos comuns, enquanto tenta também dedicar atenção especial para salvar sua família. Porém, surpreendentemente, Kamala acaba recebendo uma ajuda inesperada da Capitã Marvel, sua antecessora do manto da Ms. Marvel.

O que fascina na escrita de Wilson, é como ela entende bem o espírito dessa nova personagem. De certa forma, seus poderes não são exatamente incríveis. Ela é uma heroína que não pode encarar os maiores desafios, o que deixa essa série muito apropriada para tratar de temas antes comuns a Peter Parker. Porém, ver isso tudo sob uma ótica feminina, de uma cultura diferente, é interessantíssimo.

Kamala tem uma personalidade divertida possibilitando que Wilson insira diversas piadas apropriadas a idade, mas ao mesmo tempo, há um forte grau de realismo psicológico na garota. Ela simplesmente se diverte, mas ainda é inocente em acreditar que não existem sacrifícios e escolhas difíceis no ofício. Essa história em particular, Últimos Dias, se destaca positivamente pela inserção de um cross over muito aguardado: a Capitã Marvel.

A relação entre as duas atinge níveis bons de complexidade com a veterana ensinando sobre os sacrifícios das escolhas e sobre como o heroísmo pode falhar em situações absurdas. Mesmo todo poderosos, os heróis não podem salvar a convergência iminente pré-Guerra Secreta. Aliando a esse bom nível narrativo, temos essa pequena aventura para ajudar os cidadãos, incluindo o irmão raptado de Kamala.

Esse volume é o que trata melhor da relação da garota com sua família, mostrando conflitos e expressando bons sentimentos com sua mãe e irmão, além de uma constrangedora catarse com seu melhor amigo, completamente apaixonado por ela. O interessante é que Wilson arma um cenário perfeito para conferir um final bastante anti-climático para a história em uma tentativa de subverter clichês.

Tendo uma boa história conseguindo equilibrar muito bem o escopo familiar com o heroísmo, temos um festival de ótimas artes oferecidas por Adrian Alphona. Apesar da diagramação não ser utilizada de modo espetacular, Alphona traz desenhos muito significativos para conferir expressões muito bem traçadas para as personagens. O artista alia o realismo das feições e das formas anatômicas com um traço e cores um pouco fantásticas, divertidas. É realmente uma característica única da arte de Alphona.

Apesar de ser um encadernado bem curto, apenas reunindo quatro edições da série principal, Últimos Dias traz um material de alta qualidade dessa improvável heroína. Imprescindível para todos que acompanham essa curiosa história que Wilson está trazendo em uma das melhores fases que a Marvel já viu.

Agradecemos a Panini pela cópia gentilmente cedida para avaliação.

Ms. Marvel: Os Últimos Dias – Vol. 4

Roteiro: G. Willow Wilson
Arte: Adrian Alphona
Editora: Panini
Edições: Ms. Marvel 16 a 19, O Espetacular Homem-Aranha 7-8

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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