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Crítica | Mulher-Hulk: Defensora de Heróis vale por Tatiana Maslany e nada mais

Não é exagero algum dizer que a Fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel Studios é a mais perdida do estúdio até agora. Entre falta de rumo e um desequilíbrio tonal e qualitativo de suas obras, que agora abrangem o cinema e o Disney+, tornou-se praticamente uma roleta russa toda vez em que a fanfarra composta por Michael Giacchino começa a tocar durante os logos de abertura.

Confessadamente, não tenho sido um grande admirador das séries originais que Kevin Feige tem encomendado com o Disney+. Com exceção de WandaVision, Loki e alguns momentos de Ms. Marvel, todas elas sofreram com a inexperiência da Casa das Ideias em trazer a linguagem seriada para suas produções (algo que, curiosamente, era bem aplicado no modelo de lançamentos do cinema), preferindo abraçar a estrutura do “filme de 10 horas”, o que já se comprovou uma receita bem frágil para elaboração de histórias do tipo.

A próxima grande aposta da produtora é com Mulher-Hulk: Defensora de Heróis, série sobre a heroína verde que é a prima do Bruce Banner de Mark Ruffalo. A Disney Brasil gentilmente convidou o Bastidores para uma exibição exclusiva dos quatro primeiros episódios da série, e agora podemos compartilhar nossas primeiras impressões da nova empreitada do MCU no universo do streaming.

Uma protagonista sensacional

Primeiramente, o humor sempre foi um problema um tanto constante nas produções da Marvel Studios, de forma pessoal. Mulher-Hulk ao menos abraça essa vertente ao se assumir completamente como comédia, até mesmo pela duração de meia hora – e também pelo engenhoso uso da quebra de quarta parede, que remete bastante à recente Fleabag, de Phoebe Waller-Bridge.

Ajuda também que Tatiana Maslany seja uma atriz extremamente carismática e talentosa, fazendo de sua Jennifer Walters uma das protagonistas mais simpáticas, complexas e divertidas que o MCU já teve. Sua mera presença como advogada determinada já seria mais do que o bastante para garantir o interesse na série, que é uma das poucas produções do estúdio a realmente explorar o lado amoroso de seres super poderosos.

Mas, infelizmente, ela precisa se transformar em um bonecão digital pavoroso de vez em quanto. E esse é apenas um dos problemas.

… O resto

Como a equipe criativa de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis parece ter mergulhado de cabeça no humor, todo o restante ficou lamentavelmente preguiçoso. A forma apressada como a série parece querer atravessar a história de origem e a transformação de Walters na Mulher-Hulk é frustrante (onde está o espanto? O senso de descoberta de poderes?), além de evitar qualquer tipo de construção de mundo da protagonista: nada sabemos sobre a melhor amiga ou a família de Walters, mas a série simplesmente assume que o público está investido, mesmo com investimento dramático nulo.

A forma como todos os elementos do MCU se inserem na trama também é pavorosa. Aqui, temos a presença do mago Wong (Benedict Wong) e do vilão revitalizado Abominável (Tim Roth, reprisando papel de O Incrível Hulk) como arcos principais que correm em paralelo à trama principal. Ambos se tornam caricaturas extremas do que seus personagens eram em filmes anteriores, e o senso de cartunesco e cafona do MCU nunca foi tão grande como em Mulher-Hulk, que até apresenta premissas interessantes de problemas reais do universo compartilhado – como mágicos trapaceiros e transmorfos golpistas – mas os desenvolve de forma fraca com roteiros extremamente precários.

Até mesmo o Hulk de Mark Ruffalo surge ainda mais bobalhão e descaracterizado do que nas produções anteriores. Observar a relação do cientista verdão e sua prima, enquanto competem sobre quem tem as melhores habilidades, é como ver duas crianças mimadas brincando em um parquinho. Literalmente, vemos o Hulk justificando uma de suas ações em cena simplesmente “para oferecer mais comédia”.

Não adianta chutar cachorro morto, mas é meio inevitável comentar o efeito visual da protagonista. No primeiro episódio (justamente por ser o piloto) o CGI da Mulher-Hulk é realmente bem renderizado e convincente, mas fica pior e pior a cada novo episódio, ao ponto de realmente vermos uma personagem de videogame interagindo em um ambiente live-action. Extremamente artificial, e que prejudica o ótimo trabalho de performance que Maslany se esforça para entregar.

Confira mais comentários no canal de YouTube do Lucas Filmes.

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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