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Crítica | Noites Brutais é o filme de terror mais surpreendente do ano

É maravilhosa a sensação de não saber nada sobre um filme antes de entrar em uma sessão. Foi exatamente esse sentimento que me acompanhou durante uma exibição de Noites Brutais (Barbarian, no original), um longa-metragem que eu não tinha conhecimento de sua existência, tampouco do que se tratava. Justamente essa é a condição ideal para ver o filme de Zach Cregger que chega ao catálogo do Star+, já que trata-se de uma das experiências mais surpreendentes do ano.

Para dizer o básico a fim de preservar suas surpresas, basta dizer que a trama envolve a jovem Tess (Georgina Campbell) encontrando um rapaz chamado Keith (Bill Skarsgard) na casa que ela havia reservado em um Airbnb. Ambos estão confusos pela situação, e resolvem passar a noite juntos para resolver o problema, sem ter consciência do que realmente está acontecendo no local.

Em uma entrevista para o podcast do Directors Guild of America, o diretor e roteirista Zach Cregger afirmou que escreveu o roteiro de Noites Brutais sem ter consciência de como a história terminaria. A cada ponto em que a trama caísse para o clichê ou o esperado, Cregger mudaria o curso da trama, a fim de causar surpresas. O efeito funciona, já que o filme é praticamente impossível de se prever ou adivinhar, o que garante uma experiência de terror profundamente efetiva e surpreendente, já que Cregger mostra-se um especialista em antecipar e prever as mais óbvias armadilhas do gênero.

Durante toda a primeira parte, o espectador fica imerso na situação de Tess e Keith. É um exercício muito bem construído, já que naturalmente seguimos as desconfianças da protagonista de que o jovem possa ser algum tipo de psicopata, e a história leva a desdobramentos realmente surpreendentes. Há até mesmo todo o arco envolvendo a presença de Justin Long, como um personagem que realmente testa a paciência do espectador, e que garantem uma história divertida e angustiante de se acompanhar.

Tendo dirigido apenas a comédia adolescente Miss Março: A Garota da Capa em 2009, Cregger mostra-se também um excelente diretor de suspense. Passando do terror atmosférico da desconfiança de Tess, até todas as viradas que o longa oferece posteriormente, Noites Brutais é realmente uma experiência tensa e assombrosa. Cregger faz excelente uso de espaços escuros e longos corredores de um porão, garantindo uma imersão poderosa e a constante sensação de que algo terrível vai acontecer.

O único demérito de Cregger vai com o uso um tanto excessivo de lentes grande angulares em determinadas sequências. Ainda que haja um propósito narrativo para algumas delas (com apenas um personagem), o efeito acaba se esgotando e remetendo demais à experiência de um videogame, no sentido ruim. Felizmente, é apenas um detalhe em meio a um trabalho predominantemente positivo – e que aproveita muito bem sua ameaça principal, que traz ecos profundos do ótimo terror espanhol [REC].

Definitivamente não haverá filme como Noites Brutais em 2022. Não só é uma formidável história de terror que foge dos clichês e convenções, mas também uma experiência imprevisível para fãs de qualquer tipo de história, e que vai causar uma tremenda impressão. Simplesmente imperdível.

Noites Brutais (Barbarian, EUA – 2022)

Direção: Zach Cregger
Roteiro: Zach Cregger
Elenco: Georgina Campbell, Bill Skarsgard, Justin Long, Richard Brake, Matthew Patrick Davis
Gênero: Terror
Duração: 103 min

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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