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Crítica | O Convento – Um terror vazio e sem essência

Filmes com freiras tendo um papel crucial para o roteiro, sendo vilãs ou não, estão na moda no cinema, principalmente no gênero do terror, e essa onda aparentemente não parece que terá um fim tão já. Em O Convento, longa dirigido por Christopher Smith (Alex Rider), há um erro primário do cineasta em não conseguir criar uma história decente e que possa fazer algum sentido para o espectador.

A trama gira em torno de Grace (Jena Malone), que vai até um Convento na Escócia para investigar a misteriosa morte de seu irmão. Chegando lá, percebe que a igreja local esconde vários mistérios que podem ajudar a solucionar esse terrível crime.

Produção escrita pela dupla Christopher Smith e Laurie Cook, é a clássica história de terror que tenta enganar o público de qualquer maneira, e no final das contas, quem se enganou mesmo foi o próprio diretor na hora de finalizar o produto audiovisual. A montagem de O Convento é terrível em todos os aspectos, sendo que a montagem foi essencial para que desse um rumo diferente para a narrativa.

O roteiro, ao explicar o mistério por trás de Grace e de seu irmão, se perde completamente. É quase que evidente que o diretor não tinha a mínima ideia do que queria fazer com a protagonista. Não dá para entender de onde vem a força demoníaca de Grace, muito menos dá para compreender sua mudança brusca de comportamento. Até o fim do primeiro ato parece ser um longa investigativo envolvendo a Igreja, depois muda para uma espécie de drama sem sentido, e termina sendo uma mistura bizarra de suspense com um terror barato.

A construção dos personagens é falha. Não sentimos empatia nem por Grace nem por qualquer outro personagem do longa, falta carisma ao elenco. O público terá grandes dificuldades em compreender o arco dramático de cada intérprete, principalmente o de Grace, sendo que a maioria das cenas são jogadas e sem explicação alguma.

Os flashbacks inseridos na história não tem lógica alguma para a narrativa, pelo menos não do jeito que esses flashbacks foram inseridos na trama, ficando algo completamente confuso. Ao apresentar os acontecimentos envolvendo um homem que nem se quer era o pai de Grace, houve uma tentativa em enganar o espectador, sendo que no final pareceu algo bem idiota e sem sentido. O desfecho da narrativa também faz sentido, sendo que nem dá para entender se era uma obra sobre vidas passadas, demônios ou sobre o nascimento de alguma entidade.

Não necessariamente uma obra audiovisual precisa ter uma mensagem clara e objetiva, mas a falta desta em O Convento é apenas mais um dos vários erros do roteiro. No primeiro ato, parecia que o longa faria uma crítica à religião, algo que não se concretizou com o passar da história. O mesmo pode-se dizer da luta entre o bem o mal, um elemento clássico em produções do gênero e que praticamente inexiste no roteiro.

O Convento perde uma grande oportunidade de se fazer um filme assustador e de marcar seu nome entre os fãs do estilo. Os vários furos de roteiro, direção genérica e os personagens rasos, acabam fazendo com que o público perca a atenção da obra ainda em seu segundo ato. Filmes de terror com freiras continuarão sendo produzidos, até porque há uma demanda alta para esse tipo de conteúdo, sendo que alguns serão de boa qualidade, enquanto outros, como é o caso de O Convento, serão pura perda de tempo.

O Convento (Consecration, Brasil, 2023)

Direção: Christopher Smith
Roteiro: Christopher Smith, Laurie Cook
Elenco: Jena Malone, Danny Huston, Janet Suzman, Ian Pirie, Thoren Ferguson
Gênero: Terror, Suspense
Duração: 91 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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