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Crítica | O Rei - Uma guerra desnecessária

Gabriel Danius Gabriel Danius
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•4 de novembro de 2019•8 Minutes

Filmes medievais, geralmente, trazem em sua composição narrativa questões que são abordadas por necessidade da trama e que estão ali colocadas para apresentar como era o período retratado, em que haviam batalhas, diálogos em que se montam estratégias de guerra, e o próprio jogo de traições bastante comum para uma época em que a guerra era uma realidade e a vitória um objetivo a ser alcançado. 

Em O Rei (David Michôd) a produção utiliza destes artifícios, assim como muitos filmes do gênero, para criar uma situação e apresentar o ponto de vista do diretor quanto a um tema bastante interessante, que são os conflitos medievais pré-pólvora, em que soldados usavam armaduras pesadíssimas e com espadas idem. A trama gira em torno de Henrique V (Timothée Chalamet), que se torna Rei contra a sua vontade e que tem ideais bastante interessante em um momento em que se discute o uso de armas pelo mundo, e que no período medieval era bem comum sair guerreando por qualquer motivo fútil. A trama se passa durante a Guerra dos Cem Anos, em que Inglaterra e França ficaram com inimizades pelo tempo estabelecido. 

É um acerto o de mostrar um rei que não queira coroar e que é contra a guerra é algo a se elogiar, pois foge totalmente do que é apresentado em filmes sobre o assunto. A guerra ela é interessante sempre para alguém, há pessoas, dos dois lados do conflito, que esperam a oportunidade de eclosão do embate para poder se beneficiar por alguma coisa, e o jovem Henrique V se mostra uma pessoa extremamente fácil de ser manipulado. Há uma frase que se levada ao pé da letra faz bastante sentido “um rei não tem amigos”, e se isso for levado ao pé da letra pode-se entender os acontecimentos envolvendo toda a situação em que Henrique V está inserido.

A ideia do diretor é discutir esses temas profundos e de forma que faça pensar, com diálogos fortes e sucintos, mas o que mais chama a atenção é a batalha final estabelecida no terceiro ato, quando Henrique V vai à batalha contra a França e lá vence com um exército menor que o do inimigo. A cena do conflito dá força ao debate que Michôd levantou em O Rei, pois a luta entre os soldados é no mínimo ridícula, com armaduras pesadas e lutando em um pântano à mando de reis que criam guerra apenas por criar, sem ter um sentido aparente (se é que há um sentido para a guerra). A própria luta do príncipe Delfim (Robert Pattinson) contra Henrique é algo ridículo e cômico, Michôd quebra totalmente as expectativas do público, todos acreditavam que teria um duelo sangrento até a morte de um dos dois, mas o que se vê é algo completamente diferente, e que faz total sentido em um período em que as regras formais só eram estabelecidas até um certo momento.

O roteiro de Joel Edgerton, David Michôd acerta em não dar uma motivação real para que Henrique V vá para o campo de batalha. De início o rapaz se mostra um idealista, e até mesmo um samaritano, mas depois se transforma em alguém cruel e sem escrúpulos. A motivação dele para iniciar uma guerra sem sentido é algo muito bem criado ao longo da narrativa, há uma transformação no personagem, e isso é muito bem desenvolvido deste o primeiro ato, até a sua completa transformação no último ato.

No trailer de divulgação de O Rei apareciam dois personagens com destaque, o de Timothée Chalamet e o de Robert Pattinson, mas o que se vê no filme é algo completamente diferente. Primeiro que o personagem de Chalamet é o dono do longa, reina absoluto no primeiro ato, e depois surgem alguns atores secundários para dar maior força ao protagonista Henrique V. Fato é que Chalamet está fantástico em sua atuação, um rei sincero em seus ideais e temeroso em entrar em um conflito sem sentido.

O antagonista interpretado por Robert Pattinson é apresentado como o antagonista, rouba a cena com um discurso engraçadíssimo, mas que não se sustenta ao longo da trama, já que a produção é de Timothée Chalamet, e portanto é bastante triste ver que Pattinson é completamente abandonado a partir do momento que surge. É um erro dizer que é este é o melhor personagem de Robert Pattinson, já que o ator teve outros papéis interessantes, mas vale ressaltar o quanto o artista cresceu e melhorou sua interpretação, por isso seria mais interessante deixá-lo mais tempo em cena. O diretor, possivelmente, não quis fazer isso para não cair nos clichês tão comuns ao gênero e que ele estava tentando fugir até então.

As próprias cenas de batalha são coreografadas de uma forma não antes vista em um filme medieval. Estamos acostumados a ver grandes lutas de armas, também já assistimos ao estilo William Wallace, com mais ódio e crueldade, já em O Rei a luta lembra é mais corporal, lembra até mesmo uma briga de rua, com os personagens se arrastando pelo chão, agarrando o adversário, e até mesmo socando o rosto um do outro, fatos que até então dificilmente se via. É uma ousadia que o diretor tomou ao decidir qual direção iria seguir, e ir pelo caminho de fazer o mais simples sem exagerar ou criar elementos que acabassem tornando o longa igual aos outros. 

O Rei é um grande atrativo para quem curte não apenas filmes de guerra, mas também que gosta de história e filmes sobre o período medieval. Claro que algumas questões apresentadas não são exatamente iguais aos fatos históricos, mas isso é o de menos para quem procura um filme de ação diferente no catálogo tão numeroso da Netflix. A plataforma vem investindo pesado, muitas vezes erra com filmes fracos e sem sentido, mas quando acerta há de se elogiar e torcer para que mais produções ao estilo de O Rei sejam feitas no futuro.

O Rei (The King, Reino Unido, 2019)

Direção: David Michôd
Roteiro: Joel Edgerton, David Michôd
Elenco: Timothée Chalamet, Robert Pattinson, Lily-Rose Depp, Joel Edgerton, Thomasin McKenzie, Ben Mendelsohn, Sean Harris, Tara Fitzgerald
Gênero: Biografia, Drama, História
Duração: 132 min.

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Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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1 Comment
Anônimo
5 de novembro de 2019

A fotografia é usada como instrumento narrativo, com coerentes avanços entre planos fechados e abertos, sendo mais soturna mas sem se evadir de um jogo de luz e sombras, demostrando os perigos que cercam a coroa. Off topic: o jogo de luz e sombras, em geral na diagonal, me lembrou de quadros barrocos.

As atuações são convincentes e o Timothée Chalamet prova mais uma vez, após Lady Bird, Call Me By Your Name e Beautiful Boyque é, mais do que uma promessa de uma futura grande estrela, um ator já consolidado e do mais alto nível.

Um parabéns tem de ser feito à direção sobretudo nas cenas de batalhas, que se esquivam de um heroísmo exacerbado para dar lugar ao realismo, com homens se engalfinhando sem brilho, mas com a crueza e o animalesco inerentes de uma guerra.

Já o roteiro tem seus percalços. Eu, que aprecio obras mais lentas sem o frenesi característico dos blockbusters, senti que houve momentos que deixam a tensão (e a atenção) do espectador fugir. No entanto, alguns diálogos são potentes (Shakespeare né!) e eu apreciei o plot twist final (será que posso denominar assim?).

No mais: obrigado pela crítica e “God Save The King”. ?

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