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Crítica | Os Fabelmans – Spielberg e a arte de se fazer cinema

Assistir aos 150 min. de Os Fabelmans, novo filme de Steven Spielberg, é um grande luxo e oportunidade para os cinéfilos e adoradores da obra do diretor, que se consagrou pelos seus trabalhos em clássicos como Tubarão e A Lista de Schindler, pois, funciona como uma viagem à juventude de Spielberg.

Não é pretensão alguma, nem exagero, dizer que Os Fabelmans é um dos melhores trabalhos da carreira de Spielberg. Isso se dá pelo fato de ser uma peça autoral, por abordar a sua história de vida, mesmo de maneira ficcionalizada, e nela o cineasta apresenta as virtudes de um jovem sonhador, idealizadas em Sammy Fabelman. Os fãs de várias gerações de Steven Spielberg, principalmente aqueles na faixa dos 30 anos, se sentirão saudosistas em vários momentos e vão pegar referências na história de situações que ocorreram na juventude e infância do jovem cineasta e que depois foram usadas futuramente em suas obras.

É verdade que Os Fabelmans não conta com um título muito atraente frente a todo seu repertório que se propõe a apresentar, e isso pode causar uma fuga de uma parcela do público que irá assisti-lo por pensar que é apenas mais um drama familiar comum, sendo muito mais que isso. Spielberg realiza uma carta de amor aos pais e insere na narrativa personagens que funcionam como lembranças de integrantes de sua família e que tiveram importância durante o seu crescimento pessoal e profissional.

O fato é que se fosse pedido para que Spielberg roteirizasse e dirigisse uma série biográfica ou escrevesse um livro sobre sua vida, a obra seria muito próxima do que é presenciado em Os Fabelmans, tendo o jovem Sammy Fabelman sendo apresentado como um garoto que sonhava em fazer filmes, indo contra os desejos de seu pai, que era um técnico de computador de sucesso na época e não queria que Sam fizesse cinema.

Amor à primeira vista

Com uma paixão pela sétima arte que surgiu logo em sua primeira ida ao cinema para assistir ao O Maior Espetáculo da Terra (1952), foi a partir daí que nasceu uma vontade no jovem Sammy em trabalhar fazendo filmes. Há outros relatos bastante pessoais que são apresentados na narrativa e que podemos acompanhar ao longo dos 150 min., como a traição de sua mãe com o melhor amigo de seu pai o antissemitismo presente em vários momentos da trama, passando pelo seu primeiro amor e o confronto com os “valentões” do colégio.

O belo roteiro, obra de Steven Spielberg com parceria de Tony Kushner (Amor, Sublime Amor) é um primor só, trabalhando o lado dramático, mas também dando um tom de humor em várias cenas e assim tirando um pouco da carga pesada da narrativa.

O elenco em especial está ótimo, mas com destaque para Michelle Williams e Gabriel LaBelle, que estão nos papéis centrais, estão fantásticos, com atuações que não deixam o espectador em nenhum momento perder a atenção na trama.

Entretanto, o grande acerto, sem dúvida alguma, está na presença de David Lynch interpretando o cineasta John Ford. Em uma cena espetacular, em que Spielberg coloca um diretor representando o passado do audiovisual conversando com o jovem Sammy, este simbolizando o futuro do cinema e recebendo uma aula do veterano de forma simples e direta — possivelmente uma das melhores cenas do filme.

É possível dizer que Steven Spielberg raramente erra, e caso cometa erros eles praticamente não aparecem em Os Fabelmans, que tem em sua direção um de seus trabalhos mais maduros e inteligentes da carreira. O longa recebeu dois prêmios no Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Direção e Melhor Filme de Drama e não deve parar por aí com o Oscar chegando.  Que Steven Spielberg não pare por aí e continue nos brindando com mais filmes de tamanha qualidade.

Os Fabelmans (The Fabelmans, EUA – 2022)

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Steven Spielberg, Tony Kushner
Elenco: Michelle Williams, Paul Dano, Gabriel LaBelle, Seth Rogen, Mateo Zoryan, Keeley Karsten, Alina Brace, Judd Hirsch, Sam Rechner, Oakes Fegley, Chloe East, David Lynch
Gênero: Drama
Duração: 150 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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