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Crítica | Ouija: Origem do Mal

Ouija: Origem do Mal (Ouija: Origin of Evil), prequel do sucesso de 2014, Ouija: O Jogo dos Espíritos, é mais um dos vários exemplos  que o mostra de como o cinema atual está em meio de uma crise criativa, pois não passa de uma repetição de fórmulas do gênero

A história se passa em 1967, em Los Angeles, Alice Reaser (Elizabeth Reaser) é uma viúva que dá golpes em clientes fingindo se comunicar com espíritos dos entes queridos que partiram. As suas filhas, a adolescente Lina (Annalise Basso) e a criança Doris (Lulu Wilson), acabam participando dos golpes. Um dia, Lina diz pra sua mãe para comprar um tabuleiro Ouija para melhorar a sua performance durante os golpes, mas quando Doris começa a usar o tabuleiro para tentar conversar com o falecido pai, um espírito maligno acaba possuindo o corpo da criança.

O filme não só reutiliza elementos de filmes recentes, como Invocação do Mal, mas de outros tantos filmes sobre espíritos e possessão, que se torna um longa repetitivo, clichê e previsível. Todos os clichês do gênero estão ali: a casa assustadora; relação familiar complicada; Doris é meiga e inocente e se torna o oposto quando possuída; tem o padre (Henry Thomas) que é o amigo da família e que vai tentar salvar o dia; entre outros já vistos em tantos filmes. Se não bastasse essa repetição de fórmula, o longa apresenta personagens unidimensionais e burros, relações mal desenvolvidas e uma lógica interna que não faz sentido. É só prestar atenção após o último susto do longa (achou mesmo que esse clichê não entraria na lista?), que mesmo sendo uma cena bem feita, dentro da própria lógica dada pelo filme não faz nenhum sentido. A questão não é apenas dele não ser um roteiro que não inova em nada, é uma fábrica de repetições do gênero.

Já a direção de Mike Flanagan tem ideias boas, mas que pecam na execução. A ideia de fazer esteticamente como um filme da década 70 é muito interessante e nisso o diretor e a equipe fazem bem. Todos os cuidados estão ali: o zoom na lente; câmera no tripé criando uma imagem estática; fotografia granulada; iluminação com sombras nos rostos dos atores; transições em fade de um plano para outro, nesse ponto a equipe acerta. Pena que a proposta vai para o espaço quando são inseridos os péssimos efeitos especiais que mostram os espíritos malignos. Além de serem efeitos risíveis, o visual dos espíritos é genérico ao extremo. Parecem os “Dementadores” de Harry Potter, só que com os olhos amarelos. O mesmo pode se dizer de Doris quando está possuída. Além de o efeito ser ruim, a menina faz as mesmas coisas que outras possuídas fizeram: voz demoníaca; anda nas paredes; olhos brancos; a boca se abre até a altura do umbigo, ou seja, mais do mesmo.

Além desse tropeço, Flanagan erra no que é o principal em filme de terror: causar medo. O diretor consegue em algumas cenas criar tensão, mas prefere apelar na maioria das vezes para o susto fácil. E para piorar, os sustos são extremamente previsíveis. Enquanto ele está construindo o suspense dá para notar aonde será e qual será o susto. Em um filme de terror, o diretor errar o principal tira boa parte da diversão do público. Em Ouija: Origem do Mal é fácil tomar susto, mas dificilmente alguém sairá realmente amedrontado.

O elenco acaba sofrendo com o roteiro e com a fraca direção de atores de Flanagan. O elenco mais velho está péssimo. Elizabeth Reaser não consegue convencer como mãe ou esposa e não tem nenhuma química com Henry Thomas ou com as filhas. Thomas até se esforça para que seu padre Tom tenha uma presença, mas é muito prejudicado pelo roteiro. As meninas são as que se destacam, o que não significa que fazem trabalhos excepcionais. Annalise Basso consegue criar camadas para Lina, não a deixando apenas como uma adolescente idiota. A atriz consegue mostrar o amadurecimento e as dificuldades das situações que estão sendo passadas por ela. Já a pequena Lulu Wilson tem presença e carisma, mas na maioria do tempo só fica mudando de expressão de bonitinha pra assustadora, sem nenhum tipo de crescimento dramático. É um dos casos em que não foi melhor por conta da direção e do roteiro.

Ouija: Origem do Mal acaba se tornando mais um filme de terror genérico. Não muda nada e tampouco adiciona algo ao gênero. É só um longa repetitivo e formulaico. Quem já viu pelo menos dois filmes de possessão vai saber o final do filme em pouco tempo. Quer ver algo assustador e com espíritos? Veja Invocação do Mal 2, que pelo menos é bem desenvolvido e é realmente assustador, mesmo tendo uma história semelhante.

Redação Bastidores

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