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Crítica | Ruim pra cachorro – Uma comédia sem limites

Quem pensa que Ruim pra cachorro (Josh Greenbaum) é um filme inocente e voltado exclusivamente para o público infantojuvenil está enganado. Nos primeiros minutos, o longa parece apresentar uma história adorável e fofa, com o cachorro protagonista Reggie, um Border Terrier que acredita estar divertindo seu dono e que esse o ama, porém, este o ignora e faz de tudo para se livrar dele.

No entanto, ocorre uma reviravolta rápida logo no primeiro ato, revelando o verdadeiro rumo que a trama seguirá, quando Reggie é abandonado e se encontra pela primeira vez com Bug. É nesse momento que começam os inúmeros diálogos pesados e provocativos entre os cães. A maioria dessas conversas são desnecessárias e completamente ridículas.

O roteiro de Dan Perrault ultrapassa todos os limites possíveis do humor escrachado com a finalidade de transformar a obra em um produto politicamente incorreto. Filmes como Deadpool e até mesmo Ted (que, por sinal, é da mesma produtora de Ruim pra Cachorro) são conhecidos pelo tipo de humor pesado que adotaram, mas com a diferença de que não foram tão apelativos e até conseguem ser engraçados em alguns momentos.

Com Strays (nome original), ocorre o contrário. Não é engraçado e é apelativo em vários momentos, tanto em suas piadas e diálogos quanto nas situações apresentadas, que inserem os cachorrinhos em situações constrangedoras e escatológicas. Fica bem claro que o diretor ultrapassou os limites com a intenção de chocar o público, relegando o humor e até mesmo a própria história para um segundo plano.

Há tantas frases com conotações sexuais explícitas que o diretor consegue provocar uma reação oposta àquela que se imaginava ter no público. Em vez de fazer os espectadores rirem e refletirem sobre a mensagem da trama, na realidade, ocorre o efeito contrário: gera repulsa pelos eventos retratados na tela e um alívio quando finalmente termina a torturante sessão de vulgaridades.

A ideia de criar uma produção politicamente incorreta com cachorros é louvável, especialmente considerando que a maioria dos últimos filmes lançados com cães como protagonistas tem sido comédias dramáticas que mais fazem o espectador chorar do que sorrir, como foi o caso de Juntos Para Sempre (2019) e O Chamado da Floresta (2020). No entanto, essa ideia desanda quando o filme passa a enfocar mais a sexualidade e o uso excessivo de xingamentos, em detrimento do próprio roteiro.

A dublagem brasileira se destaca como sendo uma das melhores do mundo e em Strays mostra o porquê disso, sendo um diferencial ao adaptar algumas piadas e por dar maior entonação em determinados diálogos. Tanto a versão nacional quanto a original investiram em personalidades consagradas do mundo pop para dar voz aos personagens. Enquanto na versão original Reggie e Bug são dublados por Will Ferrell e Jamie Foxx, na brasileira, também contamos com a dublagem de nomes conhecidos. Reggie é dublado por Wendel Bezerra e Bug pelo humorista Fábio Rabin.

Ruim Pra Cachorro é indiscutivelmente de mau gosto. No entanto, tem um público cativo e deve agradar àqueles que apreciam produções politicamente incorretas e cheias de palavrões. Seu humor se assemelha ao de uma animação que, à primeira vista, parecia inocente quando foi lançada – a infame Festa da Salsicha (2016). A diferença é que a versão animada é consideravelmente mais divertida de assistir do que esta obra com personagens caninos.

Ruim pra Cachorro (Strays 3, EUA – 2023)

Direção: Josh Greenbaum
Roteiro: Dan Perrault
Elenco (vozes): Will Ferrell, Jamie Foxx, Isla Fisher, Randall Park, Will Forte, Brett Gelman, Rob Riggle, Josh Gad, Sofia Vergara
Gênero: aventura, comédia
Duração: 93 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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