Em 28 de agosto de 1963, ocorreu a Marcha sobre Washington, que reuniu cerca de 250 mil pessoas no Lincoln Memorial clamando por liberdade e que culminou na aprovação da Lei dos Direitos Civis. Foi nessa marcha que Martin Luther King Jr. proferiu a famosa frase “Eu tenho um sonho…” (“I Have a Dream”), entrando para a história pelo impacto de sua mensagem sobre os direitos civis nos Estados Unidos e no mundo.
Muitos lembram de Martin Luther King neste dia, mas poucos conhecem a verdadeira história do homem por trás da marcha. O filme “Rustin”, da Netflix, dirigido por George C. Wolfe, explora a história de Bayard Rustin, o ativista responsável por organizar a marcha e que enfrentou discriminação por parte de seus companheiros de luta após ser descoberto que era homossexual.
Rustin é, infelizmente, uma figura histórica relativamente desconhecida. A maior parte da fama – por razões compreensíveis – concentrou-se em Martin Luther King, deixando a batalha de Rustin para organizar a marcha e sua luta pelos ideais dos direitos civis longe dos holofotes do grande público. Esta obra, embora não seja impactante, tem o mérito de apresentar Rustin aos espectadores.
Com roteiro de Julian Breece e Dustin Lance Black, o longa não funciona como uma cinebiografia convencional, focando na vida de Rustin desde a infância ou algum outro período de sua vida. O roteiro se prende a como Rustin organizou a Marcha e apresenta pouco da vida dele.
Bayard era não apenas ativista pelos direitos civis, mas também pelos direitos LGBT, sendo ele homossexual, e isso é mostrado no filme, porém sem o impacto emocional que o tema demandava e de maneira pouco aprofundada também.
A Academia surpreendeu ao indicar Colman Domingo ao Oscar de Melhor Ator, já que ele não figurava entre os principais nomes para a indicação. O fato é que Colman já havia feito um trabalho sem grande destaque na série de zumbis Fear the Walking Dead, e em Rustin apresenta sua melhor performance, mesmo sendo mostrado como um personagem caricato; ainda assim, tem uma atuação eficiente e competente.
É válido assistir à produção por curiosidade de como ocorreu a organização da Marcha e para conhecer Bayard Rustin, mas não funciona para quem deseja se aprofundar na vida do ativista ou entender mais sobre os desdobramentos decorrentes desse evento histórico.
Rustin (idem, EUA – 2023)
Direção: George C. Wolfe
Roteiro: Julian Breece, Dustin Lance Black
Elenco: Colman Domingo, Aml Ameen, Glynn Turman, Chris Rock, Gus Halper, Johnny Ramey, CCH Pounder, Jeffrey Wright
Gênero: Biografia, Drama, História
Duração: 106 min