Há muitas histórias de cães contadas no cinema dos estilos mais variados já vistos, sendo as clássicas comédias com os animais provocando as mais desastrosas situações ou os filmes policiais em que os cães funcionam como personagens secundários de seus parceiros humanos, mas há um terceiro gênero bastante conhecido em que os cachorros reinam que são os longas de aventura e Togo (Ericson Core) é um belo exemplar de como se fazer uma narrativa eficiente e bem elaborada.
A produção do Disney+ tem a difícil tarefa de reproduzir a história do cachorro da raça Husky siberiano chamado Togo que viveu nas primeiras décadas do século XX e que foi injustiçado até meados deste século, por não receber os devidos créditos de ter conseguido levar Leonhard Seppala (Willem Dafoe), muito conhecido na região do Alasca por treinar cães da raça e por fazê-los correr longas jornadas. Togo tinha como missão levar Leonhard em meio a uma grande nevasca para buscar um remédio em meio a uma epidemia, em que muitos acreditavam que não iriam sobreviver, e o cachorro que entrou para a história na verdade foi Balto, que também era um Husky siberiano.
E esse é justamente o tom dado pela trama e pelo diretor Ericson Core (MacGyver – 2ª Temporada): o de homenagear o cão que a todo o momento é apresentado não apenas como um animal aventureiro e corajoso, mas também como um ser simpático e com grande espírito de liderança entre seus pares da raça. Há muitas situações em que Togo está presente e se colocando em risco para salvar o seu bando e também para demonstrar que não é apenas mais um cão que compõe o grupo.
O toque de aventura também está ali, algo que já é muito conhecido nas produções da Disney e também no gênero, mas que ultimamente não vem sendo muito bem desenvolvido nem executado com perfeição. Filmes como A Caminho de Casa (Charles Martin Smith) e O Chamado da Floresta (Chris Sanders) sabiam como colocar apenas o cachorro em momentos de perigo. Em Togo o diretor vai além e cria toda uma situação de insegurança que já é iniciada com a epidemia que coloca em perigo as crianças e depois com a tempestade que está para chegar e pegar a região do Alasca de jeito. Todas essas circunstâncias criam algo a mais e só fazem com que a jornada seja repleta de adversidades.
Além das grandes cenas de ação, há algo a mais na produção que é a Interpretação de Willem Dafoe. Se de um lado temos o encanto de Togo do outro era necessário um protagonista de ímpeto forte, que tivesse uma atuação marcante e presente para que pudesse ser tão potente quanto a do cachorro e ela se encontra na ótima atuação (mais uma de sua carreira) de Dafoe que consegue passar os mais diversos sentimentos ao longo da trama, entre sofrimento e raiva, e faz de um papel simples algo muito maior.
O roteiro prende na cadeira o espectador por ser uma história real, mesmo sendo uma trama já presenciada muitas vezes no cinema, a do homem e a do cachorro no meio do gelo, mas mesmo assim, ela é tão bem contada e narrada que fica difícil de não a acompanhar até o final. Há também um toque de emoção que sensibiliza o público e ajuda a deixar a narrativa mais interessante e imprevisível, algo que faz com que a trama fique mais interessante.
Togo é um grande filme sobre superação, mas não apenas nisso, nele há uma grande mensagem sobre família, autoconhecimento e o melhor de tudo: a conquista da amizade entre o cão e homem, entre o animal selvagem e como o humano soube com o tempo domar e conviver com o instinto daquela fera que não queria apenas liderar um bando, mas também tinha um propósito de vida. É uma linda história que irá emocionar muitas pessoas e que deve ser assistido por todos os fãs deste tipo de gênero.
Togo (idem, EUA – 2019)
Direção: Ericson Core
Roteiro: Tom Flynn
Elenco: Willem Dafoe, Julianne Nicholson, Christopher Heyerdahl, Richard Dormer, Adrien Dorval, Madeline Wickins, Michael Greyeyes, Nive Nielsen, Nikolai Nikolaeff
Gênero: Aventura, Biografia, Drama
Duração: 113 min.
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