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Crítica | Y: O Último Homem – Volume 2 – Ciclos Sem Fim

A saga de Yorick Brown está longe de terminar depois do encerramento do volume 1 de Y: O Último Homem. Brian K. Vaughn eleva o jogo no roteiro das outras doze edições que constituem o segundo volume da saga de quadrinhos.

A reviravolta final do 1º volume é o suficiente para impulsionar o leitor a comprar o 2º. Com a revelação de termos dois astronautas homens na ISS, Yorick poderia ficar mais calmo e não sentir tanto o fardo de ser o último homem na face da Terra. Mas como o leitor já sabe, não há saídas fáceis na HQ.

Homens do Espaço

O primeiro arco é bastante interessante por Vaughn finalmente desenvolver Yorick com mais atenção. O personagem já bastante mudado desde o início da jornada agora é mais maduro, apesar de ainda carregar tendências suicidas. Já suas acompanhantes de viagem, a agente 355 e a cientista Allison Mann, também recebem mais atenção em seus arcos individuais que só acontecem no final do volume, quando o roteirista apresenta novamente outro confronto com um grupo de milicianas feministas radicais.

Apesar desse repeteco de situações envolvendo emboscadas e grupos milicianos agressivos, Vaughn traz novidades sobre o desenvolvimento de Mann e 355 que passam a ficar mais próximas e revelar verdades íntimas que Yorick desconhece. Aliás, durante esse segundo arco, a arte de Pia Guerra é aprimorada, apresentando sequência de ação muito mais violentas indicando que as mulheres, depois de um ano do marco-zero, estão agressivas ao máximo.

O primeiro arco é o mais criativo, envolvendo toda a problemática do grupo conhecer uma agente russa disposta a receber os astronautas na Terra. Apesar da personagem ser carismática, ela não recebe muito tratamento, servindo apenas como mais uma aliada ao grupo de Yorick.

Enquanto Vaughn traz reviravoltas e características interessantes sobre o medo acerca do destino dos astronautas, o grosso do conteúdo nesse volume fica definido ao modo que Yorick lida com a problemática envolvendo o exército israelense – que também é uma repetição dos núcleos de emboscada tão presentes em Y: O Último Homem.

Até esse ponto, o protagonista ainda age impulsivamente como se o próprio quisesse dar cabo da própria vida. Essa questão, felizmente, é abordada com o arco mais interessante da obra até então, quando Yorick fica hospedado na casa de uma das agentes amiga de 355. Sob um tratamento de choque muito bizarro, o protagonista finalmente aprende a assumir sua responsabilidade social diante da própria civilização.

Vaughn cria passagens fortes envolvendo sequências de flashbacks, sonhos e alucinações para causar a catarse no jovem que realmente sofre muito para crescer. Por isso que Yorick continua sendo tão interessante. Mesmo sendo o alívio cômico da narrativa, fica claro para o leitor que o protagonista é basicamente um palhaço suicida para esconder a enorme dor que carrega consigo.

Sacrifício da Repetição

Sustentando a narrativa com pontos abertos para a sequência da história, o segundo volume de Y: O Último Homem mantém a qualidade do anterior trazendo mais expansões do universo, apesar de Vaughn insistir exaustivamente em ciclos envolvendo emboscadas e conflitos que, já nesse ponto da narrativa, arrastam o ritmo da obra e a deixam redundante em sua jornada.

Agora com Yorick transformado, fica a expectativa para ver como o rapaz lidará com os desafios familiares nada simpáticos que estarão a sua frente, além de ver como a relação entre 533 e Mann irá funcionar.

Y: O Último Homem – Volume 2 (Y: The Last Man – Book 2)

Roteiro: Brian K. Vaughn
Arte: Pia Guerra
Cores: José Marzán Jr.
Editora: Vertigo

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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