No livro de memórias “Hits, Flops, and Other Illusions”, o diretor Edward Zwick compartilha detalhes sobre os desafios enfrentados durante a produção do filme “Lendas da Paixão”, lançado em 1994, especialmente em relação à colaboração com Brad Pitt, um dos protagonistas. Segundo Zwick, a relação de trabalho entre ele e Pitt foi marcada por tensões e desentendimentos, começando já na fase de preparação do filme.
Zwick relata um episódio ocorrido durante uma leitura de mesa inicial, onde a dependência do filme em narrações e elementos visuais não se traduziu bem na atmosfera fria de uma sala de conferências, levando a um visível desconforto por parte de Pitt. A situação escalou ao ponto de Pitt expressar desejo de abandonar o projeto, situação que exigiu intervenção para ser contornada.
O diretor descreve Pitt como uma pessoa geralmente tranquila, mas capaz de volatilidade quando provocado. Essa tensão se manifestou durante as filmagens, quando as visões de Zwick e Pitt para o personagem divergiam. Zwick enfatiza a linha tênue entre direção assertiva e dominação, especialmente ao trabalhar com astros de grande calibre, e reconhece que os embates entre diretor e ator podem assumir um caráter competitivo, comparando-os a uma “questão de identidade fálica”.
Os confrontos entre Zwick e Pitt, segundo o diretor, chegaram a pontos extremos, com ambos os lados elevando a voz e até mesmo ocorrendo incidentes físicos, como arremesso de cadeiras. Curiosamente, a equipe de filmagem acabou se acostumando com essas disputas, adotando uma postura distanciada sempre que as brigas começavam, comparando a situação a filhos que testemunham discussões entre os pais.
“Lendas da Paixão”, que também conta com Anthony Hopkins no elenco, é um drama épico que explora temas de amor, traição e a busca por identidade, ambientado no contexto da Primeira Guerra Mundial e dos anos que a seguiram. Apesar das turbulências nos bastidores, o filme conseguiu capturar a imaginação do público e é lembrado como um marco na carreira de Pitt e Zwick. Atualmente, está disponível para streaming na Netflix, permitindo que novas gerações descubram a obra e talvez reflitam sobre as complexidades da colaboração criativa no cinema.