Crítica | Guardiões da Galáxia & X-Men: O Vórtice Negro

O volume três de Guardiões da Galáxia já nos trouxera o inusitado team-up desses heróis com os X-Men durante o evento O Julgamento de Jean Grey. Evidente que parte do motivo dessa união ocorreu em virtude de Brian Michael Bendis trabalhar como roteirista de ambas as revistas e permaneceu encarregado dessas por um bom tempo. Vórtice Negro marca o segundo encontro das duas equipes, dessa vez em uma saga propriamente dita, incluindo as revistas: Guardiões da Galáxia, X-Men, Ciclope, O Lendário Senhor das Estrelas, Nova e Capitã Marvel. Assim como a história que introduziu esse novo grupo dos Guardiões, estamos falando de uma história puramente cósmica da Marvel, mas que pode ser plenamente aproveitada por aqueles que conhecem apenas as aventuras mais “pé no chão” da editora.

Tudo começa quando Peter Quill e Kitty Pryde, que agora são um casal (inusitado, mas que surpreendentemente funciona), se infiltram na nave-viva do antigo rei de Spartax, J’Son, que, não por acaso, é pai de Peter. Lá eles descobrem e roubam o Vórtice Negro, uma espécie de espelho milenar criado por um Celestial, com a capacidade de garantir gigantescos poderes cósmicos àquele que os aceitar. Não é preciso dizer que todos logo se interessam por esse artefato e suas capacidades, logo descobrem, porém, que ele costuma trazer tragédia para as civilizações que ousam usufruir de seus poderes.

A premissa de Vórtice Negro certamente captou nossa atenção de imediato. Infinitas possibilidades poderiam ter sido exploradas a partir do conceito desse espelho, sendo possível explorar a fundo a personalidade de cada um dos heróis envolvidos na saga. O grande problema é que, durante grande parte da história, o roteiro se preocupa mais em inserir uma espécie de “batata quente” cósmica, com o artefato passando de mão em mão, colocando os personagens em difíceis situações para que, quase todos, cheguem ao mesmo ponto: “devo ou não usar o espelho?”. Essa repetitividade logo cansa o leitor, que parece não sair do mesmo ponto da trama, embora avance em páginas.

Dito isso, fica evidente que a saga poderia ser consideravelmente mais curta e não composta de treze partes, que se alastram por diferentes publicações da editora. Felizmente, as edições finais assumem uma narrativa diferenciada, ganhando mais urgência, já que muito mais é colocado em jogo. Aliás, é preciso ressaltar que essa saga conta com repercussões catastróficas para esse lado cósmico do Universo Marvel. Naturalmente que, para aqueles que leem ou leram as revistas dos Guardiões ou X-Men, estamos falando de uma história imprescindível para se entender os números posteriores a ela.

O que prejudica nossa identificação com a obra é a maneira como seus personagens são trabalhados. Embora alguns, como Quill e Kitty, ganhem um evidente destaque, alguns pontos são deixados de lado, alguns desses óbvios demais para não serem contemplados durante as diversas páginas. Um bom exemplo disso é a relação de Quill com seu pai. Depois dos primeiros números, sentimos como se o roteiro simplesmente se esquecesse que J’Son é um dos grandes vilões da saga, já que não existe sequer um momento do filho confrontando seu pai. Tudo isso piora com a rápida saída que arranjam para se livrar de algumas ameaças, incluindo um desfecho extremamente deus-ex machina, ainda que esse faça bom uso de uma das mutantes.

A arte passando por diversas mãos, cumpre sua função e, em alguns casos, muito bem representa o foco da história. É o caso de Ciclope que assume um traço mais cartunesco, dialogando perfeitamente com o fato de estarmos diante do jovem Scott Summers, que ainda luta contra sua insegurança. O traço de X-Men, por sua vez, é o que, visualmente, mais chama a atenção, utilizando cores vibrantes e fazendo completo uso do caráter cósmico da saga para trazer belos panos de fundo, que contrastam de seus personagens. O uso das cores se destaca aqui, também, para refletir a emoção de personagens, com quadros que mimetizam o uso de filtros fotográficos, tornando toda a leitura mais dinâmica, visto que ficamos verdadeiramente curiosos pelo que as próximas páginas nos resguardam.

Vórtice Negro, portanto, é uma saga de muitos altos e baixos, mas que, no fim, consegue nos divertir. Apoiando-se demasiadamente em uma fórmula repetitiva durante grande parte de sua história, esse evento da Marvel Comics, ao menos, justifica o team-up dos Guardiões da Galáxia com os X-Men, sabendo explorar individualmente seus personagens, ainda que deixe alguns pontos mal-trabalhados. Dito isso, se mantém como uma leitura divertida, que se faz necessária para aqueles que apreciam o lado mais cósmico da editora.

Guardiões da Galáxia & X-Men: O Vórtice Negro (Guardians of the Galaxy & X-Men: The Black Vortex - EUA, 2015)

Roteiro: Sam Humphries, Brian Michael Bendis, Gerry Duggan, John Layman, Kelly Sue DeConnick
Arte: Ed McGuiness, Kris Anka, Valerio Schiti, Paco Medina, Andrea Sorrentino, Mike Mayhew, David Baldeon, Javier Garron, David Lopez
Arte-final: Kris Anka, Mark Farmer, Jay Leisten, Mark Morales, Valerio Schiti, Juan Vlasco, Andrea Sorrentino, Mike Mayhew, Terry Pallot, Javier Garron, David Lopez
Cores: Marte Garcia, Marcelo Maiolo, Jason Keith, David Curiel, Rain Beredo, Chris Sotomayor, Lee Loughridge
Letras: Travis Lanham, Cory Petit, Joe Caramagna, Albert Deschesne
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: fevereiro a abril de 2015
Editora no Brasil: Panini Comics
Data de publicação no Brasil: março a junho de 2016
Páginas: 301


Crítica | Dear White People - 1ª Temporada - Uma das Séries Mais Importantes da Netflix

Crítica | Dear White People - 1ª Temporada - Uma das Séries Mais Importantes da Netflix

Dear White People é, sem dúvidas, a série original da Netflix que gerou mais polêmica até agora, com inúmeros assinantes tendo cancelado o serviço após assistirem o trailer, acusando o canal de streaming de “racismo reverso” ou afins. Uma idiotice completa, claro, e se você, que está lendo essa crítica, concorda com isso, bem, só lamento. Criada por Justin Simien, a obra funciona tanto como uma continuação, quanto uma releitura de seu filme de 2014, Cara Gente Branca e aborda o racismo na universidade de Winchester, que funciona, evidentemente, como um espelho de toda a nossa hipócrita sociedade, que prefere sorrir, acenar e varrer para baixo do tapete, ao invés de realmente resolver qualquer problema de desigualdade social.

Similarmente ao longa-metragem original, essa primeira temporada foca em estudantes específicos dessa instituição, a diferença é que, agora, são cinco as pessoas abordadas e não quatro: Samantha White (Logan Browning), Troy Fairbanks (Brandon P Bell), Colandrea “Coco” Conners (Antoinette Robertson), Lionel (DeRon Horton) e Reggie (Marque Richardson). Cada um deles representa não só diferentes aspectos do movimento negro, como variadas posturas em relação à discriminação em razão da cor da pele – Reggie e Sam, por exemplo, preferem se fazerem escutar através de manifestações, programas de rádio controversas (para os brancos) e semelhantes, enquanto que Troy e Coco optam pela mudança feita por dentro, trabalhando junto do sistema a fim de garantir os direitos iguais.

De imediato já somos jogados nesse cenário em um período de crise: uma festa “blackface” acabara de ser realizada o que, naturalmente, gerou indignação por parte dos estudantes negros em relação a essa manifestação aberta de racismo. Esse acontecimento, contudo, é apenas a ponta do iceberg e, conforme progredimos nos episódios, acompanhamos o aprofundamento dessa instabilidade no campus. Dear White People, sabiamente, mergulha no emocional desses personagens, lidando, também, com seus passados e dramas pessoais, retratando muito bem a experiência universitária.

O grande acerto da série, que podemos ver logo nos episódios iniciais, é a forma como ela é estruturada. Contando com dez capítulos de, aproximadamente trinta minutos, a temporada foca em um personagem específico a cada episódio. Dessa forma nos aproximamos de todos esses indivíduos retratados e entendemos suas posturas, por mais diferentes que elas sejam. O seriado, portanto, prossegue de maneira dinâmica, dispensando o problema comum a muitas séries da atualidade, que demonstram narrativas inchadas, contando em doze horas uma história que facilmente poderia ter sido contada em seis.

Outro aspecto que contribui para a fluidez da série é o seu tom irônico, herdado do filme original. Através do uso incidental da música erudita, algumas dessas também presentes na trilha do longa-metragem e de situações bem-humoradas, os episódios conseguem trazer uma harmônica mescla de drama e comédia. Esse fator é ampliado pelas cartelas que aparecem durante os capítulos, algumas dessas definindo qual vai ser o foco presente, com o personagem diante do título do episódio, uma jogada genial da produção, que ajuda a estabelecer a identidade visual do seriado. Dito isso, é gratificante enxergar como os diferentes diretores, dentre eles Barry Jenkins, de Moonlight, experimentam, a cada episódio, linguagens diferenciadas. Aliados dos roteiristas, eles constroem narrativas não-lineares em determinados pontos, enquanto que outros seguem uma estrutura mais formal. O mais interessante, porém, é como, apesar da alteração de foco, a história sempre progride, dispensando a narrativa paralela, que aparece apenas pontualmente – não ficamos presos, portanto, em um mesmo dia desses estudantes por muito tempo.

Dear White People

Embora conte com elementos de comédia, isso não quer dizer que Dear White People seja feita para que o espectador dê gargalhadas, muito pelo contrário, estamos falando de uma série dramática com pinceladas de humor e não o contrário. A intenção, aqui, é a de criar uma narrativa prazerosa, que seja fácil de se assistir, por mais que toque em sérios problemas de nossa sociedade e, de fato, Justin Simien acerta em cheio na maneira como estabelece sua trama. Acima de tudo temos o racismo em evidência e, em momento algum, nos esquecemos disso, com os roteiros sempre nos lembrando pelo o que aqueles indivíduos são forçados a passar.

Chega a ser curioso como, mergulhados nesse microcosmo universitário, nos vemos próximos dos distintos personagens abordados. Embora possa existir uma identificação maior com um ou outro, passamos a verdadeiramente nos importar com cada um dos estudantes retratados. Infelizmente, alguns deles acabam sendo deixados em segundo plano em diversos momentos, enquanto outros claramente recebem mais atenção. Sam, por exemplo, é, nitidamente, a protagonista, enquanto que Reggie recebe a devida atenção em um capítulo enquanto que, nos outros, é deixado de lado (salvo pontuais exceções). Isso não chega a estragar toda a experiência, mas nos deixa com aquela vontade de querer saber mais sobre ele. A sensação é que ele fora apenas um artifício do roteiro criado para trazer um ponto de virada no meio da temporada.

Outro problema, esse um pouco mais grave, é a maneira como o clímax é estabelecido e “resolvido”. Ficamos verdadeiramente boquiabertos quando a temporada acabou em um dos momentos mais dramáticos, como se cortasse o clímax pela metade, sem nos oferecer uma verdadeira conclusão. Claro que isso é uma estratégia da produção para deixar um gigantesco gancho para a próxima temporada, mas sentimos como se esse ano não tivesse, de fato, terminado. Curiosamente, isso poderia ter sido resolvido de melhor maneira caso o corte final tivesse aparecido alguns minutos antes, finalizando a temporada no auge e não tranquilizando o tom segundos antes de acabar.

Esses aspectos negativos, contudo, não são o suficiente para sobressaírem às muitas qualidades dessa ótima temporada de estreia de Dear White People, uma série que acerta em cheio na maneira como retrata nossa sociedade, explorando diferentes pontos de vista, de tal forma que todos são devidamente representados. Com doses certeiras de humor inseridas em uma narrativa dramática, Justin Simien garante ao seriado a mesma força de seu longa-metragem original, deixando bem claro que sua intenção é a de lutar por direitos iguais, batendo de frente com o preconceito que, ainda, está impregnado em nossa sociedade. Não existe racismo institucionalizado contra brancos, seja aqui ou em qualquer outro lugar, apenas a necessidade de todos sermos tratados como os seres humanos que somos.

Dear White People - 1ª Temporada (idem - EUA, 2017)

Criação: Justin Simien
Direção: Justin Simien, Tina Mabry, Barry Jenkins, Steven Tsuchida, Nisha Ganatra, Charlie McDowell
Roteiro: Justin Simien, Chuck Hayward, Njeri Brown, Leann Bowen, Jack Moore, Nastaran Dibai
Duração: 10 episódios de aprox. 30 min.


Crítica | Guardiões da Galáxia - Vol. 3 (2013-2015) - Quando a Marvel estraga suas próprias histórias

Assumir os Guardiões da Galáxia após a saída de Dan Abnett e Andy Lanning certamente não fora uma tarefa fácil. A dupla de roteiristas repaginou o grupo totalmente, definindo o tom de suas histórias como algo mais cômico, irreverente. Coube a Brian Michael Bendis, na fase Marvel NOW! encabeçar as revistas do grupo, tarefa que continuou fazendo até 2017. Em 2013, porém, os heróis ainda eram, em grande parte, desconhecidos pelo público, já que o filme ainda não havia sido lançado. Como parte dessa nova fase da Marvel Comics era natural que algumas mudanças aconteceriam, mas o que vimos nesse Volume 3 chega a ser um desrespeito com a história dos personagens até aqui.

Apesar de zerar a numeração, a trama continua pouco tempo após os eventos de O Imperativo Thanos de Abnett e Lanning, mantendo o mistério de como Peter Quill conseguiu escapar do Cancerverso (um universo distorcido no qual a morte não existe). Já encontramos, portanto, os Guardiões unidos, formados pelo Senhor das Estrelas, Gamora, Drax, Rocket e Groot, grupo que seria tomado como base no filme de James Gunn. Dito isso, Bendis faz, sim, inúmeras mudanças acerca do passado dos personagens, além de mesclar a história com outros personagens que nada tem a ver com esse lado cósmico da Marvel – claramente uma medida da editora para que as vendas fossem impulsionadas, afinal, um desses indivíduos que aparecem aqui é Tony Stark, que já era popular em virtude de sua adaptação cinematográfica.

De fato, não há o menor problema em tirar e colocar novos membros nos Guardiões da Galáxia, afinal, Lanning e Abnett o fizeram de forma maravilhosa, com dezenas de personagens. O problema está na maneira como isso é feito. O que vemos nesse volume 3 é algo claramente pensado com fins mercadológicos, com a revista sendo tratada como uma publicação B da editora, já que tais figuras desse universo simplesmente desaparecem de uma hora para a outra ou são chamadas sem mais nem menos, sem cumprirem qualquer função narrativa enquanto estão juntos dos guardiões. Vemos isso com Stark, que não é mais que um coadjuvante aqui, Angela, que simplesmente funciona como o pontapé inicial de uma saga/ evento da editora e, por fim, Venom (Flash Thompson), esse sendo o único bem aproveitado, já que vemos a origem do simbionte ser explorada.

Entramos, pois, em uma das maiores tragédias que assolam esse volume e, novamente, a culpa não é de Bendis. Ao longo das vinte e sete edições, no meio da história, quatro sagas ou eventos da editora aparecem para interromper a linha narrativa. Em uma revista estamos acompanhando uma determinada trama e na próxima tudo muda sem a menor explicação e a única maneira do leitor (que não compra tudo da Marvel) entender o que se passa é lendo a sinopse que vem nas primeiras páginas. O mais irritante, porém, é que, em todos os casos, nenhuma dessas histórias introduzidas são resolvidas em Guardiões da Galáxia e, quando partimos para o próximo número, nos vemos diante de um enredo completamente diferente. Assim sendo, é impossível definir com certeza absoluta quais os arcos esse volume 3 aborda, já que nenhuma história, durante as vinte e sete edições, conta com início, meio e fim.

Um problema similar acontece na arte, provavelmente em virtude de prazos irreais estabelecidos pela editora. Estamos lendo uma página da revista e, de repente, o traço muda completamente, chegando ao ponto de criar erros de continuidade, como a Capitã Marvel com máscara em uma página e na outra sem, para, posteriormente, aparecer com ela novamente. Ainda que muitos dos artistas que assinam as publicações despejem a identidade de suas artes ao longo do volume, não podemos deixar de encarar isso tudo como uma bagunça completa, que chega a dar agonia no leitor. O que chega a parecer é que estamos diante de uma revista comemorativa na qual inúmeros artistas famosos foram convocados para participarem, mas esse não é o caso.

Mas Brian Michael Bendis não está totalmente isento da culpa em nos entregar quadrinhos de baixa qualidade. Fica bastante claro, principalmente nas páginas iniciais, como o autor demonstra dificuldade em achar o tom certo, principalmente nos diálogos. Um exemplo bem claro disso é a catchphrase de Rocket, blam! Murdered you! (blam! Te matei!), que está presente nos números iniciais e que desaparece conforme progredimos na história. Bendis também tem dificuldade em acertar no humor, somente conseguindo na segunda metade do volume, que traz algumas boas risadas. Além disso, nenhum dos personagens principais passa por uma verdadeira evolução ao longo da trama – da maneira que os encontramos, os deixamos no número vinte e sete, fazendo toda essa jornada soar como uma verdadeira perda de tempo.

Dito isso, o volume 3 de Guardiões da Galáxia soa como uma revista de transição, feita para nos levar da era Abnett e Lanning para algo mais, ainda que não soubéssemos o que na época. Com alguns conceitos bem introduzidos, mas mal trabalhados e com histórias sem início ou meio ou fim, temos aqui uma verdadeira tragédia, que não chega aos pés do volume 2. Fica bastante claro, porém, que a verdadeira culpada por isso tudo é a própria Marvel, que insiste em inserir sagas no meio da história sem se preocupar com os leitores e em jogar personagens, que nada tem a ver com os Guardiões, no meio do grupo sem mais nem menos. Com tamanhos deslizes, fica realmente difícil defender essa era dos personagens.

Guardiões da Galáxia – Vol. 3  (EUA, 2013 – 2015)

Contendo: Guardiões da Galáxia (2013 – 2015 ) #0.1 a #27
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: Sara Pichelli, Valerio Schiti, Ed McGuinness, Nick Bradshaw, Mark Farmer, Steve McNiven, Paolo Manuel Rivera, Skottie Young, Terry Dodson, Rachel Dodson, Mike Deodato Jr.
Cores: Justin Ponsor, Jason Keith, Edgar Delgado
Letras: Cory Petit
Editora original: Marvel Comics
Data original de publicação: abril de 2013 a julho de 2015
Editora no Brasil: Panini Comics
Data de publicação no Brasil: dezembro de 2014 a julho de 2016
Páginas: 540


Crítica | Guerra Infinita - Chatice sem Fim

Jim Starlin, através de Desafio Infinito, mudou as regras do jogo. O autor criou a saga cósmica da Marvel, que, invariavelmente, serviria como base para todas as que vieram desde então, conquistando rapidamente os leitores de quadrinhos com essa grandiosidade. Era apenas natural, portanto, que a obra acabaria gerando uma continuação - afinal, já bem longe da Era de Ouro dos quadrinhos, a oportunidade de lucrar em cima desse conceito não seria desperdiçada pela Marvel. Eis que surge Guerra Infinita, a segunda parte da Saga do Infinito, ou Saga de Thanos, de Starlin, que, apesar de ser uma continuação (quase) direta, pode ser lida de maneira isolada.

O que normalmente seria um grande acerto, essa escolha de criar uma história fechada em si própria, no entanto, atua como um dos principais percalços da saga - e não são poucos os defeitos que testemunhamos nessa empreitada megalomaníaca da Marvel. Digo isso, pois, na tentativa de atrair os novos leitores, Starlin acaba criando uma narrativa inchada, verborrágica, que se traduz na mais pura 'chatice', visto que somos forçados a ler explicações e mais explicações que, de fato, nada afetam a história como um todo. Mas antes de chegar nesse aspecto singular, vamos contemplar a premissa da obra, o que já deixará bem claro o quanto essa saga foi feita nas coxas.

Após os eventos de Desafio Infinito, Adam Warlock acaba em posse das Joias do Infinito, adquirindo praticamente o status de deus. Ele, no entanto, é forçado a dividir esse poder, criando a Guarda do Infinito, dando cada uma das Joias para um dos membros dessa equipe, impedindo, assim, que um ser apenas detenha tamanho poder. Certo tempo se passa após isso e Thanos, ainda em seu exílio, sente uma estranha energia, uma perturbação no Universo e decide investigar. Prontamente ele descobre que Magus, a versão malvada de Adam, retornou e que ele conta com um plano secreto, para conseguir algo secreto, que, no fim, se resume a adquirir a Manopla do Infinito com as Joias no velho conflito bem versus mal.

Para um resultado final tão simplório, que abandona qualquer tipo de questionamento que esteve presente em Desafio Infinito, Starlin acaba abordando Magus de maneira extremamente unidimensional, jamais fazendo dele um vilão que conseguimos entender ou nos relacionar - claro que Thanos é um louco genocida, mas sua intenção de agradar a Morte é algo que garante a motivação por trás de seus atos. Magus, por sua vez, é mal simplesmente por ser e permanece em um eterno 'vejam como meu plano é infalível' ou 'como eu sou poderoso', repetindo as mesmas frases, com pequenas variações, sucessivamente e exaustivamente.

Não bastasse isso, o roteirista ainda tenta nos enganar, querendo inserir algum tipo de profundidade no texto através de explicações pseudocientíficas, algumas das quais não fazem o menor sentido e outras que acabam nos fazendo não entender absolutamente nada. Logo na primeira edição (das seis que formam a saga) já temos uma boa dose disso, fazendo da leitura algo verdadeiramente intragável - persistimos apenas na esperança de ver algum tipo de melhora nos números subsequentes, o que, infelizmente, não acontece: Guerra Infinita permanece na mediocridade do início ao fim.

Mas não somente por essas razões levantadas aí em cima. Starlin faz questão de complicar o cenário ainda mais através da inserção desnecessária do maior número de heróis possível, isso sem falar em antagonistas secundários que, em última instância, não mudam nada na história como um todo. Refiro-me, aqui, a quase todos os heróis 'não cósmicos', que claramente só estão presentes na trama para o velho fan service, gerando, assim, lutas internas e outros embates que acabam por dilatar a narrativa mais e mais, chegando às forçadas seis edições de uma história que, nitidamente, poderia ser concluída com bem menos páginas. Afinal, em uma trama que inclui, desde o início, figuras como Adam Warlock, Galactus, Thanos, dentre outros, que possível utilidade terá alguém com poderes mais 'mundanos', ou até sem poderes? Caímos naquela velha máxima do menos é mais, que, infelizmente, a grande maioria dos roteiristas - e não só nos quadrinhos - acabam se esquecendo.

Obviamente que, com tantas peças no tabuleiro, seria criada uma narrativa fragmentada e, por incrível que pareça, Starlin consegue fazer uma boa intercalação entre esses diversos focos. O maior problema, de fato, está na irrelevância de alguns deles, algo que conseguimos perceber antes mesmo de chegar às páginas finais da obra. Como aqueles livros com capítulos destinados a personagens distintos, portanto, acabamos nos entediando no meio, querendo pular páginas e mais páginas para chegar o no que interessa. A parte triste é que, no fim, nada acaba interessando, já que a progressão narrativa, como já dito antes, segue pela obviedade, jamais trazendo qualquer tipo de surpresa. Ironicamente, os trechos mais atraentes são aqueles com Thanos, mesmo que, muitas vezes, eles se resumam à competição de ver quem é mais poderoso, inteligente, ou algo assim.

O que salva no meio de toda essa confusão textual e falta do tão necessário foco (sem falar na criatividade) é a arte de Ron Lim, que sabe muito bem trabalhar com painéis complexos, repletos de elementos, sem jamais perder o espectador. Claro que, em dados momentos, somos tomados por um forte senso de ridículo, como é o caso de ver o Homem-Aranha e o Gavião-Arqueiro, de uniforme, ambos, em cama de hospital, mas isso é um problema, novamente, do roteiro, que se permitiu a criação de uma situação simplesmente risível como essa. Assim sendo, Lim se sai bem nas splash pages e, em geral, respeita o traço de cada personagem, ainda que ele não se saia tão bem em quadros menores, como se tivesse se cansado e jogado a atenção por detalhes fora, especialmente no que diz respeito às expressões faciais. Em todo caso, não há como apreciar muito a arte dessa HQ em razão de sua verborragia, que preenche cada página ao extremo, nos privando de qualquer chance de experimentarmos uma leitura fluida.

Triste constatação, portanto, enxergar o quanto Jim Starlin errou a mão nessa continuação de Desafio Infinito. O que poderia superar a saga original, acaba se tornando uma história simplista, que tenta ser complexa, mas que, no fim, acaba sendo apenas confusa e mal escrita. Guerra Infinita é uma prova de que a megalomania pode gerar péssimos frutos, trazendo uma história inchada com muitos personagens simplesmente dispensáveis para o andamento da narrativa. Resumindo-se ao velho conflito do bem contra o mal, essa saga é cansativa ao extremo, jogando para o alto qualquer tipo de profundidade da anterior a favor do espetáculo vazio. Uma verdadeira chatice sem fim.

Guerra Infinita (The Infinity War - EUA, 1992)

Roteiro: Jim Starlin
Arte: Ron Lim
Arte-final: Al Milgrom
Cores: Ian Loughlin, Max Scheele
Editora (nos EUA): Marvel Comics
Editora (no Brasil): Editora Abril
Lançamento (nos EUA): junho a novembro de 1992 (seis edições)
Lançamento (no Brasil): janeiro a fevereiro de 1996 (três edições)
Páginas: 246


Lista | As Melhores HQs de Star Wars

Por muitos anos o universo de Star Wars sobreviveu quase que exclusivamente através das histórias de seu universo expandido. Em livros, games e HQs, diversos autores contemplaram diferentes épocas e cenários dessa saga, indo desde o surgimento dos Jedi, até conflitos inteiramente diferentes do que estamos acostumados, centenas de anos após a história de Luke Skywalker.

Dessas obras, não podemos nos esquecer da grande quantidade de materiais publicados primeiro pela Marvel, em seguida pela Dark Horse Comics e, agora, novamente pela Casa das Ideias. Tais quadrinhos trazem abordagens ora similares aos filmes, ora completamente diferentes - alguns dos quais focam em certos detalhes, personagens, enquanto outros trazem uma visão mais geral de certos eventos.

A intenção desta lista é apresentar novos leitores a histórias imperdíveis desse universo expandido, obras que, independente de serem canônicas ou não, merecem ser lidas! Dito isso, vamos mergulhar nesses anos e anos de publicações que se passam nessa galáxia muito, muito distante....

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10. Alvorecer dos Jedi

Alvorecer dos Jedi, como o título já sugere, nos mostra as origens da Ordem, retratando a jornada dos primeiros usuários da Força e o surgimento dos primeiros Jedi que caíram para o Lado Negro. Uma história fascinante, que se passa milênios antes da ascensão do Império, mostrando uma galáxia completamente diferente, ainda dominada pelo Império Infinito dos Rakata.

Para quem jogou Knights of the Old Republic, essa é uma leitura essencial para o entendimento de muitos pontos somente citados no game. De qualquer forma, a HQ apresenta uma bela e dramática origem para o conflito entre Luz e Sombras, que tanto vemos nos filmes da saga.

 

9. Tribo Perdida dos Sith: Espiral

Tribo Perdida dos Sith: Espiral nos apresenta membros da antiga ordem dos Sith, que acabaram ficando presos no planeta Kesh, onde decidiram criar uma nova civilização. Espiral segue as histórias desses contos e, através de suas páginas ilustradas, nos entrega uma trama que perfeitamente se sustenta por si só, não requisitando qualquer outro conhecimento, seja das outras obras de Miller, seja do próprio universo de Star Wars.

A hq acompanha Takara Hilts, filha do líder dessa tribo dos Sith, que atua como uma espécie de protetora/ policial dessa sociedade e Parlan Spinner, um proscrito que tentou assassinar o pai de Takara. Perdoado, o rebelde é colocado em uma missão em um barco supostamente destinado à província de Alanciar. Ansiando por um novo começo, Hilts também entra na nau, apenas para descobrir que seu real destino é o polo sul do planeta. Lá eles acabam encontrando uma civilização que precede a chegada dessa tribo em Kesh e que protegem o planeta de um antigo perigo dormente.

8. Legado

Aproximadamente cento e trinta anos após os eventos de Uma Nova Esperança, a galáxia se tornara muito diferente daquela configuração que vimos em O Retorno de Jedi. A Nova República, formada pelos integrantes da antiga Aliança Rebelde deixou de existir, dando lugar a uma nova Aliança, um Império formado por usuários da Força, não pelos Sith e a Ordem Jedi, que se estabelecera no planeta Ossus. Após um grande conflito galáctico, Darth Krayt, liderando os Sith, retorna de Korriban para o centro da galáxia, dizimando quase todos os Jedi – restam apenas alguns padawans, dentre eles Cade Skywalker, descendente de Luke e alguns mestres. Após esses eventos, o vilão toma Coruscant, usurpando o trono de Imperador no lugar de Roan Fel, que escapa a fim de recuperar seu poder.

7. Darth Vader e a Prisão Fantasma

O Império ainda se consolida e a Aliança Rebelde se limita apenas ao imaginário de alguns, dentre eles Bail Organa. Mas esta história não é sobre eles e sim sobre um jovem que acabara de se tornar tenente das forças imperiais.

Darth Vader e a Prisão Fantasma nos traz esse interessante olhar sobre os primórdios desse governo, nos oferecendo uma visão mais íntima sobre Darth Vader e o imaginário das pessoas que rapidamente abandonaram a República, com visões e flashbacks que retratam perfeitamente o ainda existente conflito interno do Lorde Sith.

6. Império Rubro

A guarda real do Imperador, após sua aparição em O Retorno de Jedi, sempre atraiu atenção dos fãs de Star Wars, mas jamais chegamos a vê-la em combate - Império Rubro (Crimson Empire no original) veio para mudar isso.

Passada alguns anos após a Batalha de Endor, a história acompanha Kir Kanos, leal ex-membro da guarda real, que ainda assim se mantém fiel ao Império. Quando Carnor Jax trai o regime, Kanos deve se aliar aos rebeldes a fim de enfrentar o traidor.

Certamente uma das mais icônicas obras do Universo Expandido, que rendeu algumas continuações, Império Rubro é uma leitura obrigatória, nem que seja pelas ótimas sequências de luta.

5. Cavaleiros da Antiga República

Apoiando-se diretamente no estrondoso sucesso do game Knights of the Old Republic, os quadrinhos, que levam o mesmo título, nos oferece um olhar mais aprofundado sobre os eventos que levariam ao jogo. Passado quatro mil anos antes do nascimento de Luke Skywalker e a fundação do Império Galático, Cavaleiros da Antiga República nos coloca em um tempo quando os Jedi ainda eram numerosos, mas enfrentavam diversas ameaças, primeiro os Sith e depois os mandalorianos em uma guerra que dividiu a Ordem pela metade. Se você não experimentou o game original, contudo, não se preocupe, ele não é necessário para o entendimento dessa saga passada há muito, muito, tempo atrás.

A jornada tem início com o foco em Zayne Carrick, um jovem padawan de habilidades duvidosas que não consegue sequer capturar um bandido comum nas ruas de Taris. Zayne é espirituoso e muito se assemelha ao que vemos no jovem Anakin Skywalker, que age mais por impulso que pela racionalização. O padawan, junto de seus amigos, estava à beira da importante cerimônia de graduação, na qual poderia se tornar um cavaleiro jedi, seu aprendizado da Força, porém, é interrompido quando o jovem se depara com seus colegas mortos pelas mãos de seus Mestres que, então, passam a persegui-lo. A culpa pelo crime é jogada em Carrick não só os jedi, como a República inteira passa a correr atrás dele.

4. Contos Jedi

Star Wars: Contos Jedi é uma leitura essencial para qualquer fã da saga. A série nos entrega fascinantes histórias sobre um passado longínquo, que nos permite ter uma visão ampliada e aprofundada sobre diferentes aspectos dessa galáxia - desde as primeiras guerras entre os Sith e os Jedi, até a saga de certos usuários da Força, como o épico conto de Nomi Sunrider, uma das melhores personagens do Universo Expandido.

Formado por curtos arcos, cada um com um foco bem diferenciado, os quadrinhos em questão certamente irão agradar a qualquer um que deseje fugir das básicas histórias que fogem do velho conflito entre a Rebelião e o Império. Há muito a ser mostrado nessa galáxia muito, muito distante.

3. Clone Wars Vol. 9: Endgame

Endgame nos traz o final ideal dessa fase de Star Wars, algo que A Vingança dos Sith não conseguiu nos entregar plenamente. Com um clima ameaçador, repleto de dor e tristeza, acompanhamos os momentos finais da República e a desolação dos Jedi que sobreviveram à Ordem 66. Os tempos sombrios foram iniciados e, enquanto alguns cavaleiros da Força foram executados, outros deixaram seus sabres de luz para trás. Esta é uma obra que precisa ser lida por qualquer um que tenha sido deixado na mão pelo Episódio III e, também, por quem precisa entender a diferença entre o Império e o governo que o precedeu.

Aqui vemos o Vader que tanto esperávamos ver: repleto de ira, caçando os Jedi impiedosamente. Uma história marcante e de atmosfera pesada, que mostra tudo o que o Episódio III poderia ter sido.

2. Império Negro

Dez anos depois da batalha de Yavin, as forças imperiais entraram em uma guerra civil, com inúmeras facções visando o vácuo de poder deixado após a morte de Palpatine. No meio desse conflito, a Nova República acabou sendo fortemente abalada, regredindo ao status de Aliança Rebelde novamente, visto que perderam o domínio da maior parte dos planetas, inclusive da Cidade Imperial (o nome Coruscant ainda não havia sido adotado oficialmente). Justamente nesse lugar, Luke Skywalker sente uma enorme força sombria sendo controlada por uma figura misteriosa, o que o leva para um caminho de autodescobrimento: ele deve se entregar para o Lado Negro a fim de poder combatê-lo por dentro. Com o futuro dos Jedi em risco, cabe a Leia resgatar seu irmão da possível perdição.

1. Trilogia Thrawn

Cinco anos após a batalha de Endor, a Nova República ainda está em formação. Luke começa a ter dúvidas acerca do caminho que trilha enquanto Leia está grávida de gêmeos, sendo Han Solo, é claro, o pai. A relativa tranquilidade que paira na galáxia, porém, está prestes a ser abalada – O Grão Almirante Thrawn retorna do espaço profundo e decide tomar as rédeas da luta do Império decadente contra a Rebelião. Exímio estrategista, ele conta com um intrincado plano para destruir a Nova República e os Skywalkers, plano este que envolve uma criatura capaz de bloquear a utilização da Força.

Temos aqui a perfeita adaptação em quadrinhos da emblemática obra de Timothy Zahn, uma HQ que não deve nada ao material fonte, merecendo, certamente, seu lugar de destaque nesta lista.

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O que acharam? Deixamos algo de fora? Uma dessas histórias não merece estar aqui? Deixem suas opiniões nos comentários abaixo!


Entenda o universo Expandido de Star Wars

Desde a compra da Lucasfilm pela Disney, uma pergunta que tem sido constante quando se trata de Star Wars é se determinado material é canônico ou não. Estamos falando de décadas de livros, quadrinhos e séries, que, de uma hora para a outra, deixaram de fazer parte do cânone oficial da franquia, o que pode afastar muita gente desses materiais. Ao mesmo tempo, tem sido criado o novo universo “oficial” da saga e a Disney realmente não tem deixado a bola cair, investindo em diversas mídias para se aproveitar desse novo renascimento de Star Wars.

O objetivo desse artigo é deixar claro o que é canônico e o que não é, além de oferecer dicas para aqueles que desejam conhecer a saga mais a fundo, tanto para aqueles que se importam com o que é “oficial” quanto para aqueles que estão em busca de boas histórias simplesmente. Evidente que nossa palavra não é lei e queremos que deixem suas sugestões de materiais para os novos fãs da saga, também! Basta comentar, abaixo, dizendo quais obras vocês acham imprescindíveis para os fãs desse universo.

O novo cânone

Via de regra, tudo o que foi lançado depois da compra da Lucasfilm pela Disney faz parte desse novo cânone, excetuando, claro, a parte “Lego” da franquia (por motivos óbvios). A primeira obra a ser lançada nesse novo esquema foi Darth MaulFilho de Dathomir, em maio de 2014 – a partir daí, todos os livros lançados são canônicos e todos os quadrinhos a partir de janeiro de 2015 (publicados pela Marvel, que retomou a licença da Dark Horse Comics, por ser do mesmo grupo da Disney) também. Outro indicativo de que determinada obra não faz parte desse cânone é o selo Legends, que aparece na parte superior das capas das obras, sendo consideradas lendas dentro dessa mitologia.

Mas é preciso lembrar que algumas das obras anteriores à compra também foram consideradas parte desse universo oficial. Essas são:

  • Todos os seis filmes.
  • O filme e a série The Clone Wars (2008). Não confundir com Clone Wars (2003), em animação tradicional, não mais canônica.

Até o presente momento, todas as obras publicadas desde a compra da Lucasfilm têm permanecido nos períodos específicos entre um filme e outro, geralmente fazendo a ponte ou narrando o que aconteceu com certos personagens nesses espaços de tempo. Como há um controle criativo maior em relação ao velho universo expandido, podemos dizer, sem medo de errar, que tais obras são tão importantes quanto os filmes em si, ainda que, claro, os longas tragam os eventos mais marcantes dessa galáxia muito, muito distante.

Por onde começar?

Não existe, obviamente, um ponto específico de início para aqueles que desejam conhecer mais a fundo o universo de Star Wars. Tudo vai muito do gosto pessoal de cada um – você deseja saber mais sobre o Império? Então obras como Tarkin são perfeitas para você. Quer saber o que aconteceu com os Jedi após A Vingança dos SithAhsoka, Um Novo Amanhecer e a mais recente HQ solo de Darth Vader são bons pontos de partida. Dito isso, sugeriremos, aqui, obras que dialogam mais diretamente com os filmes, para que o fã que está começando a desbravar esses novos mares não se sinta muito perdido.

Obras canônicas:

O pontapé inicial ideal é a série Star Wars RebelsEmbora seja feita, também, para o público infantil, presenciamos aqui o nascimento da Aliança Rebelde, em uma série feita para unir a trilogia prelúdio com a original, trazendo icônicos personagens de ambas, enquanto preenche alguns buracos deixados por George Lucas quando encerrou A Vingança dos Sith. Recomendo a leitura do já citado Um Novo Amanhecer, que foca nos personagens Kanan e Hera, parte do grupo principal de Rebels.

Partindo daí, o caminho mais óbvio seria a leitura dos livros Catalyst: A Rogue One Novel, que nos conta mais sobre Galen Erso, Krennic e a criação da Estrela da Morte, além de Tarkin, uma fascinante leitura que nos garante um olhar mais aprofundado sobre o Grão Moff e sua relação com Darth Vader. Ambos os livros são de autoria de James Luceno, que desenvolve sua trama basicamente através de diálogos muito bem escritos, com narrativas que nos distanciam dos Jedi, focando mais no funcionamento interno do Império, chegando até a nos mostrar, ainda que brevemente, Coruscant pós-queda da República.

Já se o leitor pretende descobrir mais sobre o destino dos Jedi e se todos morreram com a Ordem 66, então um bom caminho a ser seguido é a já mencionada HQ solo, iniciada em 2017, Darth Vader: Dark Lord of the Sith (ainda sem título oficial no Brasil). Essa se passa pouco tempo após o Episódio III e mostra como Vader conseguiu seu sabre de luz vermelho.

A partir daí, o fã já estará mais que acostumado com essa parcela do universo expandido. Que tal, então, pularmos para um diferente período? Os quadrinhos lançados pela Marvel desde 2015 são um ótimo caminho e se passam, em sua maioria, entre os Episódios IV e V, focando em personagens diferentes, como Darth Vader, Luke, Han, etc. Eventos importantes para a trilogia original acontecem aqui, como a descoberta, por parte de Vader, de que seu filho está vivo. Além disso, temos alguns momentos puramente fan service, como o arco A Queda de Vader, que nos mostra o Lorde dos Sith acabando com um exército inteiro de Rebeldes – se você se maravilhou com a icônica cena de Rogue One, esse arco é perfeito para você.

Ainda nas obras canônicas, podemos nos distanciar dos personagens pré-existentes e caminhar por história que ilustram o cenário galático por outro ponto de vista. Esse é o caso do livro Estrelas Perdidas, que mostra, do ponto de vista de imperiais, os eventos da trilogia original, indo até a Batalha de Jakku. Esse certamente é um dos melhores exemplares desse novo cânone e não deve ser deixado de lado por ninguém.

Já aqueles que querem saber o que aconteceu entre os Episódios VI e VII, o caminho perfeito a ser seguido é a linha de publicações Jornada para O Despertar da Força, que engloba livros e quadrinhos, como a trilogia AftermathImpério Despedaçado. Essa linha editorial nos conta sobre as origens da Primeira Ordem, a Resistência, além de mostrar o que aconteceu com alguns personagens clássicos. Evidente que o passado de Rey e outros da nova trilogia são pontos que serão abordados nos filmes, ainda que essas obras do universo expandido nos deem algumas dicas, capazes de fomentar teorias e mais teorias por parte dos fãs.

Obras com o selo Legends:

Aqui a coisa começa a ficar mais divertida, pois não ficamos presos aos eventos dos filmes principais da saga. O primeiro passo a ser dado é até bastante óbvio: a Trilogia Thrawn, de Timothy Zahn. Esta é, sem dúvidas, a obra mais importante do Universo Expandido, que ajudou a definir como o universo de Star Wars seria trabalhado nessas publicações extras. Os três livros foram adaptados em quadrinhos pela Dark Horse Comics e de forma bastante fiel e que não deve nada aos livros. Portanto, não tenha medo de escolher a mídia preferida.

Após a leitura desses três romances, o caminho mais óbvio é continuar com Império Negro, que continua a trabalhar a queda do Império, algum tempo após a Batalha de Endor em O Retorno de Jedi. O mesmo vale para Império Vermelho, que também faz referência aos eventos dessas duas obras citadas aqui. Todas foram republicadas recentemente no Brasil, a Trilogia Thrawn pela editora Aleph e as duas minisséries em quadrinhos pela editora Planeta DeAgostini.

Agora vamos recuar um pouco e contemplar o final de A Vingança dos Sith e os anos que se passam entre os eventos desse filme e Uma Nova Esperança. Para saber mais sobre o fim das Guerras Clônicas e a caçada aos Jedi, o volume 9 da série em quadrinhos Clone WarsEndgame, é uma boa pedida, chegando a nos mostrar Vader caçando os Jedi remanescentes. Não se preocupem, pois a leitura dos outros volumes não é imprescindível, o que vemos aqui pinta um retrato muito mais sombrio do que o Episódio III conseguiu fazer, trata-se de uma obra de peso, que merece ser lida. O mesmo vale para Darth Vader e a Prisão Fantasma, uma curta minissérie, em cinco edições, que aborda a transição de Anakin para o Vader que conhecemos, mesmo com ele usando a armadura negra o tempo todo.

Isso tudo, porém, é apenas o ritual de iniciação e agora podemos viajar anos e anos no passado, explorando histórias que rivalizam a Trilogia Original em termos de qualidade. Refiro-me, claro a Knights of the Old Republic e sua continuação, dois games, atualmente disponíveis para PC e o primeiro, também, para dispositivos móveis. Passados aproximadamente 4000 anos antes da ascensão do Império, estamos falando de uma galáxia completamente diferente, na qual os Sith ainda existem em peso, assim como os Jedi. Exploramos novos planetas e descobrimos mais sobre a origem da viagem no hiperespaço, dentre outras questões. O mmorpg, The Old Republic, funciona como uma espécie de continuação desses dois jogos e suas missões principais podem ser aproveitadas sem a necessidade do jogador caminhar pelos lados do mmo em si, aproveitando tudo como se fosse um game em single-player.

Ainda bastante no passado, podemos enveredar por histórias que nos contam a origem dos Jedi e dos Sith, lendo os quadrinhos Alvorecer dos Jedi e Contos Jedi, ambos buscam nos contar o início do conflito entre o Lado Negro e o da Luz, mostrando como os Jedi que conhecemos nos filmes se tornaram dessa maneira. Dito isso, tais obras requerem um pouco mais de conhecimento do restante da mitologia de Star Wars e podem deixar o leitor perdido no início.

Avançando um pouco os anos, podemos explorar outros lados desse universo. Para aqueles que desejam saber mais sobre os Sith como eles são apresentados em A Ameaça Fantasma em diante, os livros sobre Darth Bane (atualmente sendo publicados no Brasil), exploram a, aparentemente confusa, regra sobre somente existirem dois Sith por vez: o mestre e o aprendiz. Bane reestruturou toda a ordem Sith e, mesmo não sendo considerado canônico, podemos, através dessa leitura, entender mais sobre como tudo isso funciona. O mesmo vale para Darth Plagueis, que lida mais a fundo com a profecia do escolhido, o treinamento de Palpatine e mais, nos contando em detalhes como ele se tornou o Darth Sidious que conhecemos – esse é o romance que nos traz a história que ele conta para Anakin na cena da ópera em A Vingança dos Sith.

Obras fora da cronologia

Passamos brevemente pelas muitas obras que contemplam diferentes épocas do universo Star Wars, mas ainda existem aquelas que não fazem parte de qualquer cronologia, canônica ou não. Essas nos oferecem um olhar sobre os roteiros originais escritos por George Lucas, como é o caso de A Guerra nas Estrelas (The Star Wars), quadrinhos que adaptam as primeiras versões do roteiro de Uma Nova Esperança. Ainda que esteja longe de ser um material de qualidade, é uma obra fascinante para enxergarmos o processo criativo por trás do filme original e como isso passou por profundas mudanças até chegar no longa-metragem que conhecemos.

Se quisermos ir mais fundo ainda podemos ouvir as dramatizações radiofônicas da Trilogia Original, cada uma com uma série de novos acontecimentos tirados de versões anteriores dos roteiros de Lucas. Aqui vemos, por exemplo, Luke quase indo para a Academia Imperial (algo que somente é mencionado em Uma Nova Esperança), trazendo ainda mais profundidade para os longas-metragens, por mais que esses programas de rádio não sejam mais considerados oficiais. Na adaptação de O Retorno de Jedi, elementos do universo expandido – canônico à época – também foram adicionados.

A minissérie da Dark Horse ComicsInfinities, por sua vez, é uma espécie de “O que aconteceria se”, trazendo-nos versões alternativas dos filmes da trilogia original, como realidades paralelas. É a obra perfeita para aqueles que gostam de teorizar sobre uma possível queda de um dos personagens para o lado negro, ou o que aconteceria se determinadas situações não tivessem o resultado almejado pelos personagens principais.

Como dito antes, não há um lugar específico por onde começar, mas existem diversos caminhos a serem seguidos. A dica é: leia sobre aquilo que deseja conhecer mais, seja sobre o Império, ou a origem dos Jedi. Não tenha medo de explorar esse universo expandido, por mais que boa parte dele não seja mais parte do cânone oficial. Vale lembrar que a experiência de Star Wars, como a de qualquer obra, é moldada pelas nossas mentes, então recomendo não se ater apenas ao que foi lançado pela Disney, afinal, no futuro, não sabemos como isso tudo irá continuar.

Espero que isso tenha ajudado aqueles que estão indecisos sobre o que ler e, se tiverem alguma sugestão, por favor as deixem nos comentários abaixo. Aqui somos todos fãs de Star Wars.


Crítica | O Imperativo Thanos - O Fim da Melhor Fase dos Guardiões da Galáxia

As aventuras interestelares dos Guardiões da Galáxia, após vinte e cinco números, tem seu fim em O Imperativo Thanos. A história tem início imediatamente após a captura do Titã Louco por Peter Quill, o Senhor das Estrelas, e sua equipe. Dessa vez, contudo, temos outros heróis em cenário e nos encontramos diante de uma minissérie que apresenta uma ameaça ainda maior que as duas sagas recentes, Aniquilação e Aniquilação 2: A Conquista.

A trama começa com um flashback da guerra de Aniquilação, uma conversa entre Quill e Richard Rider (o último sobrevivente da Tropa Nova). Aqui já podemos ser lembrados da coesão dos roteiros de Dan Abnett e Andy Lanning, ao ponto que tal memória não é só utilizada como introdução para o que veríamos a seguir, como é retomada no último número da minissérie. Mas, antes de adentrar em tais detalhes, vamos dar um resumo da história para aqueles que ainda não leram os Guardiões. O tecido do universo encontra-se em risco após os dois grandes conflitos pelo qual passou recentemente. Por mais que o Senhor das Estrelas tenha criado uma equipe para evitar posteriores desastres, a situação fugiu de seu controle e uma gigantesca falha interdimensional foi aberta, ligando este universo ao Cancerverso, uma realidade onde a Vida superou a Morte.

Diante de uma gigantesca invasão das horrendas criaturas da outra dimensão, que visam tomar este lado também para si, destruindo a morte mais uma vez, o Império Kree lidera uma força de resistência à beira da grande fenda. Não é preciso dizer que outros poderes do universo decidem intervir, já que tudo está em risco. Dentre esses, estão os Abstratos, como Galactus e a própria morte, através de seu emissário, que garante o nome da minissérie: Thanos. Dito isso, temos um dos maiores antagonistas do universo Marvel como o elemento de salvação. Com esse plano galáctico formado, somos levados através de diversos pontos de vista, focados em alguns personagens. Os definitivamente centrais são Peter Quill e Richard Rider, que lideram diferentes equipes – uma no cancerverso e outro em nossa realidade.

Abnett e Lanning conseguem mesclar os diferentes lados da trama de forma bastante orgânica, trazendo não só ameaças de mesmo nível em cada setor, como oferecendo ações que atuam em conjunto para a resolução do problema. Dessa forma não sentimos aquela comum preferência por um dos pontos de vista, tão comum em histórias do tipo – ficamos igualmente imersos seja pela missão do Senhor das Estrelas, seja pela de Nova. Tal mérito reside nas elipses utilizadas no texto, que não perde tempo nos oferecendo uma visão exageradamente detalhada de todo o conflito, tudo é feito de forma concisa, vide a resumida forma como se apresenta: seis edições. O texto somente sofre em alguns pontos através de alguns plot-twists forçados, mas nada que prejudique a obra como um todo.

Deixar todo o mérito nas mãos do roteiro, contudo, seria um equívoco, já que um grande catalisador de nossa imersão é a arte de Miguel Sepulveda. Seus traços, claramente trabalhados à mão está longe de ser considerado “limpo”, ainda assim, seu uso do sombreado garante um tom mais sombrio à narrativa. São tonalidades mais escuras que muito bem se mesclam e mesmo a reluzente armadura de Nova não se destaca perante à aparência de outros personagens. Devo destacar também o design do Surfista Prateado, que, ao contrário do comum, adota um visual unicamente cósmico, que assemelha um vidro temperado refletido. Outro que nos chama a atenção é a reutilização dos trajes antigos de Drax, fazendo uma clara homenagem às suas primeiras aparições nas mãos de Jim Starlin e Mike Friedrich, em 1973.

Não é preciso dizer que todo o senso de humor utilizado nas edições de Guardiões da Galáxia se faz presente nesta história, amenizando a temática pesada mesmo diante de algumas mortes inesperadas. Essa característica se mantém até as páginas finais da última revista, que nos entregam um encerramento nada menos que épico, tirando um certeiro sorriso dos leitores que irão mais que se contentar com a coesão já citada, fechando um ciclo iniciado nas primeiras páginas da minissérie de uma forma condizente ao que vimos desde Aniquilação.

Conciso e preciso, O Imperativo Thanos encerra o grupo dos Guardiões da Galáxia formado em 2008, trazendo uma história que prende cada leitor do início ao fim, mesmo com alguns deslizes no roteiro. A este ponto, Abnett e Lanning já tem total controle de seus personagens, fazendo bom uso de cada um deles mesmo diante de um enorme acervo de coadjuvantes notáveis. É uma leitura obrigatória para todos que acompanharam Peter Quill e Nova desde a guerra contra o Aniquilador, contando com inúmeras referências às sagas passadas e à própria história de diversos personagens. Definitivamente uma minissérie digna da linha seguida até então, fechando com chave de ouro o que vimos desde 2006.

O Imperativo Thanos (The Thanos Imperative, EUA, 2010)

Roteiro: Dan Abnett, Andy Lanning
Arte: Miguel Sepulveda
Editora: Marvel Comics


Crítica | Aniquilação 2: A Conquista - A Definitiva Saga Cósmica da Marvel

Apesar de seu nome mais que sugestivo, Aniquilação 2 é uma história essencialmente diferente da saga que a antecedeu. Digo isso não somente pela diferente ameaça dessa vez enfrentada, como pelo tom de sua narrativa, que, em diversos pontos, soa ainda mais sombria que a guerra travada pelo Aniquilador. Dentre todas as diferenças, contudo, ainda achamos inúmeros pontos em comum, começando pelos personagens centrais: Phylla-Vell (Quasar), Senhor das Estrelas e Nova, além de Ronan, Drax e Serpente da Lua que também retornam nesta nova odisseia cósmica.

Desta vez a galáxia, mais especificamente o espaço controlado pelos Kree, enfrentam um inimigo conhecido como Falange, que rapidamente conquistou todo o império das criaturas azuladas através de um vírus que afeta tanto o orgânico quanto o tecnológico, ganhando controle sobre eles. Se criarmos um paralelo com Doctor Who, poderíamos dizer que o Aniquilador e sua sede por destruição seria os Daleks enquanto a Falange, visando aprimorar a vida orgânica (através de uma escravidão disfarçada) seria os Cybermen. Dentro dessa diferença primordial entre as duas ameaças, podemos encontrar o que já era óbvio desde o início da história nessa segunda: a transformação de aliados em inimigos. Através do controle mental exercido, passamos a ter personagens de destaque tornados antagonistas, criando uma nova dinâmica dentro da história (por mais que muitos deles já tenham lutado entre si anteriormente).

Ao dominar o espaço Kree, este novo inimigo criou uma bolha em volta da galáxia, isolando-a das demais. Com isso, temos uma outra característica que se distância da saga anterior. Enquanto em Aniquilação contávamos com diversos teatros de guerra sendo abertos ao redor do universo, envolvendo desde o Surfista Prateado até Ronan, agora temos diversas operações singulares, como esforços de uma força rebelde, lutando contra um sistema ditatorial. Há uma maior sensação de solidão por parte dos personagens que se traduz na ignorância de cada um sobre a existência de outros combatentes fora dos domínios do vírus.

A divisão da história, portanto, se dá em seis revistas distintas: Prólogo, Senhor das Estrelas, Quasar, Nova, Wraith e Aniquilação: A Conquista. Todas adotam um visual mais realista que transmitem uma sensação de estarmos, efetivamente, lendo diferentes faces da mesma história. A exceção permanece em Senhor das Estrelas, com suas cores mais vivas e traçado mais caricato, lembrando o que vemos em games que utilizam o cell-shading. Tal fator, que poderia claramente dar uma desvantagem para essa subtrama, porém, somente a eleva. A aventura de Peter Quill pelos territórios dominados dos Kree é um dos evidentes pontos altos de toda a narrativa, com um humor bastante característico que faz completo uso de sua equipe nada convencional. É aqui que podemos ter um vislumbre dos vindouros Guardiões da Galáxia, afinal, já temos a presença de Quill, Rocket Raccoon e Groot no mesmo lugar e acreditem: nada supera a visão de um guaxinim portando armas pesadas. O roteirista Keith Giffen (responsável pela saga anterior) sabe disso, fazendo bom uso das situações inusitadas para tirar inúmeras risadas do leitor. Neste ponto, o traço de Timothy Green novamente faz justiça à história, criando uma expressividade notável em cada personagem.

Seria uma injustiça, contudo, dar relevância ao trabalho da arte em Senhor das Estrelas e sequer comentar as páginas de Quasar, que se destacam pela criatividade de cada quadro. Não se trata dos clássicos quadrinhos divididos perfeitamente em quadrados ou retângulos. Aqui, o desenho de um extrapola para o outro, aumentando ainda mais a dinâmica da narrativa que deixa de seguir o clássico por instantes, priorizando o visual sobre a facilidade da compreensão. Por vezes, tal estética atrapalha a leitura, mas, se pararmos para observar a página como um todo iremos nos perceber contemplando o cuidadoso trabalho de Mike Lilly. Tal contemplação também se estende para as capas de Aleksi Briclot, que sabe utilizar cada sombreado para garantir o tom já explorado dentro da revista em si.

Seja na arte mais caricata, seja na realista, o caráter sombrio da história, citado anteriormente, não se mantém ausente por muito tempo. Somos constantemente lembrados disso através das muitas mortes que presenciamos nas páginas da saga e não me refiro somente a personagens secundários. Espere alguns de maior importância dando seus últimos suspiros aqui. O mais chocante, contudo, não é a taxa de mortalidade e sim a forma como cada uma é retratada – enquanto em um quadro tudo está correndo suavemente, no outro temos uma violência brusca e chocante para o leitor.

A fragmentação da trama geral, enfim, é unificada na ultima revista, Aniquilação: A Conquista #6, que traz os distintos personagens ao mesmo lugar, garantindo um encerramento inesquecível e criativo, que não peca por dar mais relevância para determinado herói. Vale ressaltar também a boa dose de revelações chocantes presentes durante toda a saga, em especial nestas edições finais, que tiram o fôlego não só do leitor como dos personagens em si. Através destas, a ameaça da Falange, aos poucos, se torna mais palpável que a de Aniquilador jamais fora, nos tirando o pouco de esperança que contávamos desde o início da obra.

Seguindo um ótimo ritmo aliado a personagens marcantes e um roteiro bem conduzido, Aniquilação 2: A Conquista traz os mesmos elementos que gostamos na saga cósmica anterior. São, porém, suas inúmeras diferenças que nos prendem a cada virada de página, tornando esta uma leitura bem mais fluida. Novamente, vemos roteiros que não perdem tempo com personagens desnecessários, sabendo onde e quando inserir cada plot twist e onde, perfeitamente, encerrar sua trama. Seja por guaxinins falantes, seja pelos poderes cósmicos, esta é uma saga que agradará a qualquer leitor, trazendo já um vislumbre dos Guardiões da Galáxia.

Aniquilação 2: A Conquista (Annihilation: Conquest, EUA, 2007-2008)

Roteiro: Dan Abnett e Andy Lanning (Prólogo, Nova, Aniquilação 2: A Conquista), Keith Giffen (Senhor das Estrelas), Christos N. Gage (Quasar), Javier Grillo (Wraith)
Arte: Mike Perkins (Prólogo), Timothy Green II (Senhor das Estrelas), Mike Lilly (Quasar), Sean Chen e Scott Hanna (Nova), Kyle Hotz (Wraith), Tom Raney e Wellinton Alves (Aniquilação 2: A Conquista)
Editora: Marvel Comics.
Editora no Brasil: Panini Comics


Crítica | Aniquilação - Uma Verdadeira Odisseia Cósmica

Uma odisseia cósmica por excelência, Aniquilação se destaca por não perder tempo com personagens desnecessários e deslocados. Por estes, me refiro a heróis que nada adiantariam em uma escala galáctica. Portanto, se você espera ver o Homem-Aranha, Capitão América, Quarteto Fantástico e outros heróis desse naipe em Aniquilação, pode deixar suas esperanças de lado, pois eles estão muito ocupados lutando em uma certa Guerra Civil. Aqui, veremos somente os de fora da Terra, tanto heróis como vilões.

Na trama, vemos um ataque surpresa ao planeta Xandar, sede da Tropa Nova, pelo exército insectóide do Aniquilador, governante da Zona Negativa. A guerra ali iniciada, porém, se estende por diversos setores do universo, trazendo inúmeros personagens para dentro do conflito. Com isso, temos a divisão em sete revistas individuais: Prólogo (contando o início da guerra), Nova (focada em Richard Rider, o Nova original), Surfista Prateado, Super Skrull, Ronan, o Acusador, Aniquilação e Arautos de Galactus. Cada uma nos traz diferentes cenários de Aniquilação para, no fim, termos a união dos personagens em uma só narrativa.

Considerando a amplitude da saga em questão, esta crítica será dividida em partes. A ordem utilizada é a de leitura, trazendo eventos sequenciais.

Prólogo

Essa é a edição única que nos prepara para o cenário que veríamos a seguir, já nos dando uma visão de cada personagem central em Aniquilação, de Thanos a Ronan. Keith Giffen mantém o foco na Tropa Nova, que sofre com as primeiras levas do ataque repentino. Somos deixados tão no escuro quanto as vítimas e uma pequena porção da revelação só nos é dada no fim desta primeira edição.

Trata-se de uma quebra da ordem no universo representada claramente pela arte de Scott Colins e Ariel Olivetti, que utilizam o traçado antigo da tropa, praticamente o mesmo visual que vimos em 1979 nas edições #204 e 205 de Quarteto-Fantástico. Chega a ser destoante com o resto das imagens olhar para os cabeças-de-balde naquele tom amarelo chamativo. O propósito é evidente, aspecto deixado ainda mais claro na primeira revista de Nova.

Ainda na arte, não posso deixar de ressaltar o cuidadoso trabalho de profundidade realizado, que deixa o fundo desfocado, dando um toque cinematográfico à revista.

Giffen mantém esta primeira história de forma sucinta, nos apresentando à saga e já definindo a linha narrativa que veríamos a seguir. A revelação do vilão, Aniquilador, é bem colocada, já dando uma proximidade ao leitor, fator que se manteria nas outras revistas.

Roteiro: Keith Giffen
Arte: Ariel Olivetti
Lançamento:
Março de 2006

Nova

A mudança na arte é gritante quando comparamos o Prólogo com a primeira edição de Nova. Sim, tanto o desenhista quanto o colorista mudaram, mas não é só isso. Como dito anteriormente, o traçado reflete a mudança de paradigma da história – aqui não vemos um membro da Tropa Nova e sim um herói único, ele é Richard Rider e esta história o transformará em uma espécie de “Super Nova”. O roteiro de Dan Abnett e Andy Lanning, que se tornariam especialistas nos heróis cósmicos Marvel. mantém um foco constante nisso, utilizando personagens como Drax para a metamorfose do protagonista.

Richard, agora, é o único sobrevivente da Tropa Nova e é deixado com o objetivo de resgatar o WorldMind do povo de Xandar. Ao tirar a inteligência artificial de seu local, contudo, Rider absorve toda a Força Nova, ganhando poderes além de seus limites. A história progride com o herói se acostumando com suas novas capacidades, deixando de lado seu temor de utilizá-las e tornado-se claramente mais maduro e seguro de si.

Apesar do personagem central ser Richard Rider, contamos com a presença de outros importantes, que desempenham papeis relevantes ao longo da saga. É gratificante ver elementos semeados nestas primeiras páginas serem retomados nas últimas edições do arco, trazendo uma grande coesão para a trama como um todo. Se Aniquilação tem uma grande qualidade, esta é a forma como utiliza cada detalhe, desde personagens secundários, como o Quasar original, até futuros membros dos Guardiões da Galáxia.

Dentre esses, Drax ganha destaque, diferenciando-se da forma descerebrada que ganhara quando revivido por Kronos (leia mais sobre ele aqui). Na história, ele sequer se considera “O Destruidor”, algo que é constantemente lembrado pelos demais ao seu redor.

Em Nova vemos as primeiras ondas da aniquilação e o crescimento de Richard Rider, já prenunciando o tom que veríamos nas outras revistas, uma espécie de preparação para o cenário principal. É o tratamento individual antes do coletivo.

Roteiro: Dan Abnett
Arte: Kev Walker
Lançamento: Abril de 2006

Surfista Prateado

No lado do ex-arauto de Galactus encontramos uma abordagem diferente para a história. O Surfista busca encontrar o motivo por trás de toda aquela destruição e, no processo, acaba descobrindo o plano do Aniquilador de capturar todos os ex-arautos do Devorador de Mundos. Por aqui, a energia cósmica entra na jogada, tornando-se um elemento central dentro da narrativa da saga.

Embora o Surfista esteja em foco na revista, o roteiro adota uma visão mais geral de todo conflito. Somos transportados para as origens do universo, quando duas criaturas anciãs são liberadas de sua prisão no Kyln: Tenebrous e Aegis despertam, representando uma nova ameaça para os resistentes às hordas aniquiladoras. Não bastasse isso, Thanos ainda decide, por razões ocultas, se aliar ao Aniquilador, deixando o leitor sem qualquer esperança de ver um final minimamente feliz.

Keith Giffen retorna aqui como o roteirista, nos entregando uma trama que segue o mesmo tom de seu trabalho no Prólogo. Acompanhado do traçado mais bruto de Renato Arlem, caracterizado por tons mais escuros e bastante uso de sombras, a narrativa acaba saindo mais sombria. No fim, a tensão do leitor é firmada, embora Giffen ainda nos dê relances de positividade ao retratar uma evolução do protagonista, inserindo Galactus no esquema geral, ainda que este esteja temeroso com os eventos ao seu redor.

Roteiro: Keith Giffen
Arte: Renato Arlem
Lançamento: Abril de 2006

Super-Skrull

O ponto mais interessante desta história do Super-Skrull é justamente a forma como o personagem é abordado. Ele é um vilão e o roteiro trabalha em cima disso. Suas perdas contra o Quarteto-Fantástico são levadas em consideração, trazendo para ele desonra diante de seu povo. Porém, como uma forma de aproximar o leitor deste protagonista, Greg Titus adota um traçado mais caricato, aliado de uma coloração em tons mais vivos. Infelizmente, tal escolha acaba nos afastando da tensão criada até então na saga, trazendo, inclusive, reações exageradas que beiram o ridículo.

O roteiro de Javier Grillo, porém, é bem conduzido, utilizando, em cada edição, narradores diferentes, dando uma sensação de diário à toda a trama. Aqui, vemos uma investida singular contra as forças do Aniquilador, um ataque a uma de suas principais armas, o Harvester of Sorrows, antes que este destrua o planeta onde vive seu filho (sim, Super-Skrull tem um filho). Por esta via, o texto garante uma maior profundidade ao personagem – ao mesmo tempo que é vilão, é herói e isso acaba refletindo em seu comportamento perante aos seus novos aliados, que consegue durante uma incursão à Zona Negativa.

Super-Skrull é um dos pontos altos de toda a saga, uma revista que funciona perfeitamente por si só. É a mais distante dos outros eventos de Aniquilação, mas, definitivamente oferece muito atrativos para o leitor, que é totalmente capaz de deixar passar alguns deslizes no roteiro e o traçado mais cômico das edições. Devo, aqui, ressaltar a última edição que adota uma narrativa mais acelerada, porém bem efetiva, que nos mantém presos a cada virada de página, com direito a um grande plot twist.

Roteiro: Javier Grillomarxuach
Arte: Gregory Titus
Lançamento: Abril de 2006

Ronan

Acusado de traição pelo seu povo, o Acusador procura uma forma de limpar seu nome. A história se mantém separada dos eventos de Aniquilação até o fim de sua segunda edição e conta com diversos personagens notáveis, como Stelaris, Korath, Nebula e a futura Guardiã da Galáxia, Gamora. Ronan traz uma história interessante por não retratar, em nenhum ponto, o personagem como herói ou vilão. Ele é um homem que segue seus princípios, o que o torna bastante direto, sem floreios.

Esta característica se estende para a arte da revista, que adota tonalidades mais escuras e traços mais brutos. O roteiro se encaixa perfeitamente nestes trazendo cenas de ações nada menos que brutais, em especial a marcante luta entre Gamora e o Acusador. Chega a ser cômica a destruição causada pelos dois.

A revista, porém, comete seus deslizes nas constantes mudanças de perspectiva, que acabam por confundir o leitor, que é forçado a voltar páginas constantemente. Além disso, Ronan é o único protagonista, até então, a revelar um crescimento que soa artificial, como se forçassem uma progressão ao personagem, já que os outros o tiveram.

Roteiro: Simon Furman
Arte: Jorge Pereira Lucas
Lançamento: Abril de 2006

Aniquilação

Após quatro revistas nos mostrando os lados individuais de cada história, chegamos, enfim, àquela que une todos os personagens em uma única fronte. Aqui, deixamos os diferentes teatros da guerra para focarmos na resistência às tropas do Aniquilador. Nova, Drax, Ronan, dentre vários outros todos se unem em uma tentativa de sobreviver.

O foco inicial é em Richard Rider, o “Super Nova”, agora familiarizado com seus poderes e liderando as tropas junto de Peter Quill, conhecido anteriormente como o Senhor das Estrelas (mas sem qualquer poder), outro futuro membro dos Guardiões. A seriedade de Rider é combatida a cada quadro com a descontração e o senso de humor de Quill, química que mantém perfeitamente o ritmo inicial desta história. A arte, desta vez, fica nas mãos de Andrea Di Vito, que adota traços realistas, dando a necessária temática mais sombria da obra.

O que mais chama a atenção na obra é a forma como ela utiliza seus personagens, dando papel de destaque para todos que foram construídos ao longo das revistas da saga. Mesmo Drax e Thanos, que somente tiveram edições próprias nas prequels, contam com páginas dedicadas a eles, mantendo uma união entre todos os afetados por este arco galáctico. Vale ressaltar que, aqui, a guerra alcança outros patamares. Onde antes víamos apenas ataques esparsos, agora temos uma real batalha cósmica, algo que podemos sentir desde as primeiras páginas.

Como dito anteriormente, Aniquilação se destaca pela sua coesão e aqui vemos diversas sementes plantadas nas outras revistas ganhando vida, como os braceletes quânticos do Quasar original passando para Phyla-Vell, que adota o nome e poderes do finado Wendell Vaughn. Com isso, a leitura como um todo da saga se torna ainda mais gratificante, ao passo que não enxergamos como desnecessário nenhuma de suas subtramas.

A narrativa, novamente nas mãos de Giffen, segue de maneira coerente, encadeando bem os eventos com bons motivos por trás de cada ação dos personagens. Desses, o único que soa mal-trabalhado é Thanos, que poderia ter recebido maior foco em alguma edição. O resultado final, porém, não é prejudicado e consegue prender o leitor até as páginas finais que, por fim, encerram a ameaça do Aniquilador de maneira inesperada e dramática.

Roteiro: Keith Giffen
Arte: Andrea Di Vito
Lançamento: Agosto de 2006

Arautos de Galactus

A Guerra acabou, mas ainda temos algumas páginas adiante. Arautos de Galactus funciona como um epílogo da saga, trazendo algumas consequências da guerra. Mais importante, contudo, é o restabelecimento de Galactus como uma força constante dentro do universo e o fim de uma das pontas soltas: Tenebrous e Aegis, introduzidos em Surfista Prateado.

Aqui entram os problemas no roteiro dessas duas revistas finais, mais especificamente na segunda edição. A forma como ambos os vilões são derrotados é, no mínimo, sem a menor criatividade, além de não fazer sentido dentro do que vimos durante a saga. Por exemplo, é estranha a incredulidade que Galactus passa para nós quando vemos o Surfista emergir vitorioso perante tal luta. Para piorar, ainda temos o Fallen One, que havia sido capturado, sendo completamente ignorado pela trama e sequer aparecendo novamente.

Arautos de Galactus encerra Aniquilação como o suspiro após um longo mergulho. Toda a ameaça se foi e não é criada mais nenhuma tensão no leitor. São páginas desnecessárias dentro da obra como um todo, mas que funcionam para criar o gancho com o que viria a seguir: Aniquilação: A Conquista.

Roteiro: Christos Gage
Arte: Jim Calafiore
Lançamento: Fevereiro de 2007


Lista | HQs com o Thanos que você precisa ler

Desde os tempos de Desafio Infinito, Thanos provou ser um dos principais antagonistas do Universo Marvel, o supervilão por excelência. O personagem, no entanto, foi ganhando mais atenção do público geral em razão dos filmes do Universo Cinematográfico Marvel. Desde sua introdução na cena pós-créditos de Os Vingadores, o Titã foi crescendo no imaginário popular, culminando com Guerra Infinita, no qual testemunhamos toda a extensão do poder do vilão.

Dito isso, muitos ainda não conhecem absolutamente nada do personagem nos quadrinhos e, pensando nisso, decidimos fazer essa lista, que há de ajudar aqueles que desejam explorar o passado e presente desse icônico personagem. Aliás, é bem possível que vejamos algo dessas histórias sendo adaptado para as telonas, como foi o caso do terceiro filme dos Vingadores, portanto, só temos a ganhar lendo essas cinco fantásticas obras!

Vamos lá! E não se esqueçam de deixar seus comentários ao fim da lista!

5. A Ascensão de Thanos

Todo bom herói merece uma boa história de origem e o mesmo pode ser dito para os vilões. A Ascensão de Thanos narra exatamente isso - uma minissérie que acompanha Thanos desde seu nascimento, quando quase foi assassinado pela sua própria mãe, até a versão que conhecemos e amamos. Aqui aprendemos mais sobre sua obsessão com a morte e outros elementos que definem sua personalidade. Se você deseja conhecer mais sobre a história pessoal do vilão, essa é a história certa.

4. Aniquilação

Sem dúvidas uma das melhores sagas cósmicas da Marvel, Aniquilação não traz Thanos como o principal antagonista, mas, naturalmente, ele é um dos principais 'jogadores' desse grande crossover, que marca o início da fase de Andy Lanning e Dan Abnett (que trabalham em conjunto com outros autores, incluindo Keith Giffen, aqui). Para deter a ameaça do Aniquilador, soberano da Zona Negativa, os heróis cósmicos da Marvel e até alguns vilões e anti-heróis, devem se juntar. Uma saga imperdível que traz uma participação de destaque de Thanos, especialmente no que diz respeito sua interação com Drax.

3. Infinito

Em sua eterna missão de agradar a Morte, Thanos certamente não esperava se deparar com um membro de sua família, afinal, ele os assassinou há tempos. Em Infinito, no entanto, Thanos descobre que tem um filho e parte em uma jornada para encontrá-lo - não para ter uma reunião de família ou algo assim, e sim para matá-lo. Nesse grande crossover da Marvel vemos Thanos vs Thane e o resto dos heróis da Marvel. De brinde somos agraciados com uma arte cheia de identidade, que deve ser apreciada quadro a quadro. Certamente uma das melhores aparições mais recentes do Titã.

2. O Imperativo Thanos

O Imperativo Thanos encerra a ótima fase de Andy Lanning e Dan Abnett frente aos Guardiões da Galáxia. Sabendo mesclar na medida certa o drama e a comédia, a dupla cria uma narrativa cíclica, que remete às origens dessa fase, lá com a saga Aniquilação e fazem isso da maneira mais inesperada possível: fazendo de Thanos uma figura de salvação. Isso mesmo, aqui vemos o Titã ao lado dos heróis e o resultado não poderia ser melhor. De fato, um fechamento com chave de ouro.

1. Desafio Infinito

Não poderíamos deixar de colocar Desafio Infinito no primeiro lugar desta lista. Claramente a principal fonte de inspiração para Guerra Infinita (por mais que exista uma HQ com esse título), temos aqui uma das obras mais ambiciosas da Marvel e o mais impressionante é que isso foi feito em meras seis edições! Jim Starlin deixa bem claro o porquê do Titã Louco ser um dos vilões mais temíveis da Marvel, especialmente no clássico estalar dos dedos que acaba com metade do universo - o que, claro, deveria e acabou aparecendo no terceiro filme dos VingadoresDesafio Infinito é imperdível e simplesmente obrigatório.

O que acharam? Deixamos algo de fora? Algo não deveria estar aqui? Comentem abaixo!