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Análise | Call of Duty WWII – O retorno às glórias do passado

A franquia Call of Duty não é desconhecida para nenhum jogador no mundo. Tendo seu nascimento em 2003 e sendo concebido primeiramente como um jogo para competir com o rival Medal of Honor para criar uma experiência de guerra cinematográfica à la O Resgate do Soldado Ryan, a série da Activision mudou muito em 2007 com Modern Warfare, o título que catapultou COD para a fama e tornou a série uma franquia multibilionária e que a cada título superava as vendas do anterior e quebrava o recordes de vendas de um produto de entretenimento.

Isso aconteceu até os últimos títulos, onde se via uma clara estagnada da franquia, que já não sabia mais para onde ir a não ser para o espaço com Infinite Warfare, de 2016. Porém, a solução para o futuro da série não estivesse nas guerras futuristas, mas sim no passado e na volta às origens de COD, retornando para a Segunda Guerra Mundial em Call of Duty WWII, da Sledghammer Games. Mas será que às glórias do passado deram certo em 2017, uma década após o último título da franquia na mesma era?

Irmãos de Guerra

Na história de Call of Duty WWII, acompanhamos a história dos soldados Ronald “Red” Daniels e o soldado de Primeira Classe Robert Zussman, companheiros de guerra que fazem parte da tomada dos soldados norte-americanos contra as forças do Eixo lideradas pelo exército nazista.

Em 11 capítulos com aproximadamente 6 horas, o jogador acompanha a trajetória do exército americano em direção a Alemanha, atravessando países como Bélgica, França até chegar no núcleo das forças nazistas. A jogabilidade da campanha tem algumas notáveis mudanças em relação às anteriores da franquia, como a vida que não se regenera automaticamente, sendo composta por uma barra que o jogador recarrega usando itens de cura encontrados no mapa ou dados pelos soldados aliados. Há também a mudança na “rasteira” que o jogador executa quando corre e aperta para abaixar. Aqui o soldado se joga no chão apenas, tendo menos momento no movimento.

Uma das partes mais interessantes da campanha é a tentativa de tornar seus aliados uma força não só na história como também na jogabilidade, sendo que eles podem dar vida, munição e diversos apoios ao longo do jogo. Em termos de cenários e variedades, a campanha consegue alternar significantemente, com algumas fases incluindo até mesmo veículos terrestres e aéreos, mesmo que por um curto tempo. Porém, o foco mesmo está nos momentos de combate dos soldados nas trincheiras e florestas.

Visualmente o jogo executa muito bem o que poderíamos esperar de uma adaptação da Segunda Guerra Mundial para os gráficos da nova geração. Como não vimos esse tema sendo retratado até agora em games AAA de PS4 e Xbox One, é realmente incrível ver o nível de detalhes e o realismo de cenas já conhecidas da guerra, como o Dia D ou as lutas nas trincheiras. Os gráficos de Call of Duty impressionam com a qualidade da iluminação e das texturas dos locais, dando um ar sujo e realista para a guerra, algo que contribui para a imersão no game.

A Sledgehammer teve a difícil tarefa de entregar um dinamismo para uma guerra não tão dinâmica e acabou tendo resultados mistos. A campanha acaba levando as cenas para algo menos realista dos eventos, focando em grandes setpieces (cenas de ação em grande escala) em alguns momentos que beiram ao absurdo e remetem muito às vistas em jogos como Uncharted. Os soldados aqui são algumas vezes invencíveis e é até difícil de acreditar quando um deles é ferido ou capturado pelas forças inimigas.

Infelizmente, fora essas mudanças, a campanha falha em inovar no gênero, especialmente nos designs das fases, extremamente previsíveis e lineares. As trincheiras são uma boa justificativa para tornar um jogo de tiro em corredor, mas isso não justifica o ritmo “quadrado” da campanha e a história pouco envolvente. Em nenhum momento senti afeição pelos personagens principais e a melhor parte da campanha é quando não estamos jogando com os protagonistas, mais especificamente em uma missão com a personagem Rousseau, infiltrada em um QG nazista, um dos poucos momentos onde o stealth e a ambientação contribuem muito bem para a fase.

Algumas missões oferecem objetivos secundários e isso poderia ser mais bem explorado no design. Além disso, a dublagem nacional (que só pode ser alterada se o usuário mudar o idioma do console no PS4) é fraca e não compartilha da mesma qualidade de interpretação das vozes originais.

No final, a campanha de Call of Duty entrega exatamente o que se espera de um jogo de tiro em primeira pessoa, e isso pode decepcionar aqueles que aguardavam uma nova interpretação do gênero, após tantos anos sem um jogo da série ambientado na época. Espere o óbvio e você provavelmente irá gostar da experiência.

Medalha de Honra

E é claro, Call of Duty não é um sucesso multibilionário para a Activision pela campanha, mas sim pelo multiplayer online, que aqui recebe algumas atualizações extremamente interessantes para os jogadores que compram anualmente o título para jogar com seus amigos ou competir profissionalmente.

Se o medo dos jogadores acostumados com a velocidade e dinamismo das partidas multiplayer de Infinite Warfare estavam preocupados em como o ritmo do jogo ficaria com armas antigas e sem a presença do exosesqueleto dos títulos futuristas, fiquem tranquilos pois continua insanamente rápido e competitivo.

Em 9 modos com 4 deles recebendo uma versão Extremo para o competitivo, e 9 mapas muito bem construídos, os jogadores encontram uma mistura do novo e do tradicional em Call of Duty, com a maior novidade sendo o QG militar, uma espécie de lobby onde os jogadores podem interagir em um acampamento, com lojas e várias coisas a se fazer e conhecer durante as partidas, que aumentam ainda mais a imersão dos jogadores nas partidas de até 12 jogadores.

Como nos anteriores, você deverá escolher de início a sua Divisão, uma espécie de classe do jogo que vai determinar o melhor armamento e perks para o seu jogador. Ela, como todo o seu equipamento e habilidades, vai aumentando de nível a medida que se joga naquela Divisão, desbloqueando habilidades únicas para cada uma.

Fora isso, o jogador é livre para adquirir Ordens (objetivos em partidas) e criar o soldado que melhor se encaixar com sua jogabilidade. O modo consegue compilar tudo que a série acertou até aqui e melhora e implementa novas características para torná-lo ainda mais imersivo para os jogadores profissionais.

Campo de Batalha (Zumbi)

E é claro, não podemos esquecer o terceiro “pilar” de todo Call of Duty: o Modo Zumbi. Mais uma vez implementado como uma campanha à parte dos outros modos e protagonizando quatro atores famosos – David Tenmant, famoso por Doctor Who e Jessica Jones, além dos atores Udo Kier, Katheryn Winnick e Elodie Yung.

Escolhendo um dos quatro, o jogador tem o objetivo de atravessar o mapa e sobreviver às hordas de zumbis que vão gradualmente aumentando de número e dificuldade a medida que se sobrevive por mais tempo.

O jogador tem uma série de armas que podem ser desbloqueadas nas partidas com os pontos adquiridos matando zumbis nazistas, além de ir abrindo as novas áreas e desbloqueando o easter egg do mapa. Uma das novidades é o matchmaking dividido em Casual e Hardcore, com a ajuda de dicas do jogo para os jogadores encontrarem o easter egg no modo mais fácil.

O modo mais uma vez diverte e traz um bom nível de cooperação entre os jogadores, sendo realmente necessário uma certa sincronia entre as ações de cada um do grupo se quiser sobreviver até o final do modo. E como em outros títulos da franquia, é esperado DLC’s que aprofundem e aumentem ainda mais a variedade de armas e mapas, adentrando no maluco lore do modo.

Veredito

Call of Duty WWII é um bom retorno às raízes da franquia, mantendo elementos que foram acumulados nos títulos anteriores mas trazendo uma lufada de ar fresco para os jogadores que já estavam cansados dos cenários modernos e futuristas dos títulos anteriores.

Enquanto a campanha não faz nada particularmente impressionante com sua história e personagens na Segunda Guerra Mundial, os modos multiplayer e zumbi são a força motriz do título, acrescentando ainda mais imersão e refinamento em um dos modos mais populares do gênero FPS nos consoles. Recomendado para os velhos e novos fãs da franquia COD.

Agradecemos a Activision pela cópia gentilmente cedida para a análise.

Redação Bastidores

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