10 Filmes aterrorizantes sobre exorcismo

Há inúmeros temas que são utilizados em filmes de terror e que são recorrentes na maioria dos roteiros. São produzidos com a ideia ou de dar um susto no público, ou para criar um suspense ou tensão em alguma cena, ou na tentativa de gerar medo ou pânico no espectador. Podemos citar entre esses elementos a possessão demoníaca, a casa mal-assombrada e também, provavelmente o mais conhecido de todos, que é o exorcismo.

A ideia de trabalhar uma atmosfera sombria e aterrorizante envolvendo um Padre — ou qualquer ritual de exorcismo que seja tocado por um religioso — com especialidade em exorcizar corpos possuídos por demônios ou outros seres malignos é por si só assustadora. No cenário audiovisual é algo que está bastante presente nas narrativas de filmes de terror, tornando-se bastante popular entre a audiência.

A seguir uma lista com alguns filmes assustadores sobre Exorcismo

10. O Exorcista do Papa (2023)

É verdade que a maioria dos exorcistas nos filmes de terror trabalham a mando do Papa ou do Vaticano e até por isso soa como uma obviedade o título desta produção. Não é um longa espetacular, nem uma obra-prima do gênero, mas seu roteiro funciona ao abordar o tema.

O Exorcista do Papa é daquelas produções que muitos vão amar e muitos vão odiar. Isso se deve ao fato de ser uma obra cheia de clichês e tratando de um tema já batido no cinema. Por outro lado, há uma pegada de humor que dificilmente se vê nesse tipo de narrativa, além de ter um teor investigativo que vale a pena acompanhar.

9. O Ritual (2011)

Hora ou outra surge no cenário audiovisual um filme abordando exorcismo. Para surpreender o público de algum jeito cada vez mais se faz necessário abordar o tema tentando fugir da premissa clássica do Padre que é chamado para uma residência de uma família para tentar fazer o exorcismo e salvar algum jovem de uma possessão demoníaca.

Em O Ritual, produção dirigida por Mikael Hafstrom, é possível acompanhar um Padre norte-americano que vai até o Vaticano para estudar em uma escola de exorcismo. Só que o Padre sempre se mostrou descrente em relação a prática e se os acontecimentos eram realmente verdadeiros, isso até encontrar Padre Lucas Trevant e presenciar fatos que não imaginaria que iria observar. A trama não é das mais interessantes e não conta com quase nada de suspense nem terror em grande parte das cenas.

8. Constantine (2005)

John Constantine — ou simplesmente Constantine — é um personagem bastante conhecido pelos fãs das HQs, já que o personagem interpretado por Keanu Reeves é uma adaptação de Hellblazer (DC). É uma produção que aborda o tema do exorcismo sem que este seja o elemento principal da trama.

Constantine é um exorcista que tenta salvar do inferno a alma da irmã gêmea de uma policial, isso além de acompanhar os percalços pessoais por quais o protagonista passa. É uma obra mais fantasiosa que propriamente de terror.

7. O Exorcismo de Emily Rose (2005)

Outro filme que aborda o exorcismo, mas partindo de outro ponto de vista e não ficando só no formato consagrado por produções do gênero, é O Exorcismo de Emily Rose. Um Padre é chamado fazer um exorcismo em Emily Rose, porém a jovem acaba morrendo, e assim o padre é acusado de assassinato.

O longa foi baseado de forma indireta em uma história real e foi dirigido por Scott Derrickson. Há cenas assustadoras que deixam parte dos espectadores com muito medo dos acontecimentos envolvendo a jovem Emily Rose.

6. O Último Exorcismo (2010)

Para os fãs de produções com uma pegada found footage certamente irão se sentir atraídos pela história de O Último Exorcismo, até porque o longa tem como proposta a de mostrar um exorcismo em uma jovem possuída por um demônio.

Filmado para parecer como um documentário e tentar dar um ar de realidade para o que está sendo mostrado, o produto audiovisual em si rende alguns sustos para quem procura esse tipo de artifício.

5. The Exorcist III (1990)

Mesmo após o fracasso do famigerado O Exorcista II: O Herege, a desnecessária franquia iniciada por O Exorcista teve continuidade. O conceito do roteiro foi o de não se prender completamente a ideia de se fazer um exorcismo na trama, tanto que o diretor e roteirista William Peter Blatty, responsável pela obra Legion e que serviu como inspiração para esse terceiro capítulo, nem queria colocar uma cena de exorcismo no final do filme, algo que acabou acontecendo com refilmagens impostas pelos produtores.

É por isso que há alguns furos na história, pois a película foi filmada sendo pensada de outra forma, mas acabou tendo uma narrativa diferente graças a ação desnecessária dos produtores. Não é uma produção à altura do clássico de 1973, mas vale para passar o tempo.

4. Requiem (2006)

Essa película alemã não é tão popular entre os fãs do gênero e costuma não receber o devido reconhecimento. A história segue a jovem Michaela Klingler que pensava estar possuída por demônios, mas como visto pela narrativa, sofre na verdade de epilepsia e esquizofrenia. A alemã em vez de ir à procura de um médico acaba se submetendo a sessões de exorcismo.

Não espere por sustos ou imagens convencionais de exorcismo, até porque a ideia da trama é abordar a prática por outro ponto de vista. Quem está habituado com os filmes de terror americanos, certamente não irá curtir o andamento da história, que é bastante maçante, mas nem por isso deixa ter uma boa história.

3. A Médium (2021)

Dirigido por Banjong Pisanthanakun, o responsável pelo assustador Espíritos – A Morte está ao Seu Lado (2004), a Médium tem a mesma pegada aterrorizante de muitos filmes de terror asiáticos, em que é possível presenciar uma atmosfera macabra e um horror bastante realista em alguns momentos.

O longa aborda uma história de possessão e exorcismo na Tailândia. Filmado ao estilo de um mocumentário – uma espécie de documentário falso – se assemelhando em alguns momentos com A Bruxa de Blair, isso pelo menos no terceiro ato. A ideia do diretor em filmar nesse estilo é justamente para dar maior profundidade para a trama e dar a ideia de que os fatos realmente aconteceram como são apresentados.

2. Invocação do Mal (2013)

Pode-se dizer que Invocação do Mal foi o filme que mais chegou perto da fama conquista por O Exorcista (1973). A lucrativa franquia de terror se inspirou no casal de demonologistas Ed e Lorraine Warren e em casos reais da dupla. O sucesso de Invocação do Mal foi tanto que acabou sendo desenvolvido até um universo cinematográfico envolvendo as maldições que surgiram na trama, como A Freira e Annabelle.

James Wan trouxe para as telonas a história consagrada pelo formato da família que se muda para uma casa mal-assombrada e lá acaba por presenciar diversos e assustadores fenômenos paranormais. Óbvio que a receita daria certo, com sustos de arrepiar qualquer um com nervos de aço.

1. O Exorcista (1973)

Aclamado pela crítica e consagrado como um dos maiores — senão o maior — filmes de terror da história do cinema. Longa foi dirigido por William Friedkin e foi inspirado no livro de William Peter Blatty. A clássica trama de padres realizando exorcismos, da maneira como a conhecemos nos dias de hoje, foi imortalizada pelo O Exorcista.

O motivo pelo qual o longa se tornou uma obra-prima do terror e um grande sucesso cultural, sendo indicado em 10 categorias do Oscar, se deve ao fato de contar com uma atmosfera assustadora e um roteiro que prende a atenção. É puro terror acompanhar o exorcismo da jovem Reagan (Linda Blair) e a possessão que se apossa de seu corpo pouco a pouco.


Crítica | Perdida tem bons momentos em meio a muitos clichês

Crítica | Perdida tem bons momentos em meio a muitos clichês

A indústria cultural, tanto a audiovisual quanto a literária, adora trabalhar elementos clássicos dos contos de fadas em suas obras. O cinema em si costuma inserir clichês desses mesmos contos em suas produções, como o da Princesa que está em perigo e surge um Príncipe Encantado para salvá-la.

Em Perdida, filme em que Katherine Chediak Putnam dirigiu e participou da concepção do roteiro, é uma adaptação do livro Perdida (Vol. 1): Um amor que ultrapassa as barreiras do tempo, de Carina Rissi. No longa, Sofia (Giovanna Grigio) é uma garota independente e habituada com os tempos modernos, sendo fã de romances, como a obra Orgulho e preconceito, de Jane Austen. Após pegar um celular emprestado de uma misteriosa taxista tudo muda em sua vida, sendo transportada para o século XIX, mais especificamente no Brasil de 1830.

Perdida é um conto de fadas brasileiro

Contando com uma franquia de seis livros e com mais de 500 mil exemplares vendidos, é de se concluir o motivo de Perdida ter sido adaptado para a telona. A obra literária em si já era bastante midiática e famosa, portanto, a ideia era a de aproveitar toda essa popularidade e tentar levar o máximo possível de espectadores para as salas de cinema. O resultado final foge bastante do que o cinema nacional está proporcionando nos últimos anos, em que as comédias de estilo pastelão estão dominando o cenário audiovisual, e é bem vinda uma tentativa de se fazer algo variado, mesmo se tratando de uma adaptação.

A direção e o roteiro acertam na forma que abordam a história, enviando a protagonista em uma viagem no tempo – algo parecido com o que pode ser presenciado na série norte-americana Outlander – para a época que Sofia sempre sonhou em viver, no período em que os romances de Jane Austen se passam, e assim o filme cai em um dos maiores clichês dos contos de fadas e que é replicado em Perdida, que é o jeito como Sofia tem seu encontro com o jovem “Príncipe”, ou no caso Clarke (Bruno Montaleone), um homem que se apresenta com trajes que seriam considerados cafonas para os dias atuais, mas que para a época era a última moda.

Um ponto negativo do longa é o fato de não abordar a escravidão que ocorreu no período em que a trama ocorre – e que no livro também não é abordado – seguindo assim os caminhos narrativos da obra original ignorando um tema tão importante. Não é por ser uma adaptação que é obrigatório seguir a narrativa da obra original, sendo possível alterar alguns trechos e o filme erra nesse cenário.

Amor através do tempo

Por se tratar de um romance que se passa em outro tempo é natural que iria haver um choque cultural e de tradições entre o moderno e arcaico, relacionado à ida de Sofia para o passado, algo que rende algumas risadas em certas ocasiões. O romance da dupla de protagonistas é puro clichê, não funcionando tão bem quanto se imaginaria que iria acontecer, e muito disso se dá pela falta de originalidade do roteiro, que até funciona, mas mesmo assim não chega aos pés de um Meia-Noite em Paris (2011).

O elenco em si não atrapalha o andamento da trama, sendo que Giovana Grigio se sobressai, não apenas por ser a protagonista e ter mais tempo de tela, mas também por ser ótima atriz. Porém, o mesmo não se pode dizer da atuação de Bruno Montaleone, que é um bom ator, mas sua interpretação não foge do básico, sendo bastante teatral em alguns momentos.

Perdida tem bons momentos, mas é de se estranhar a falta de noção em lançar um longa que poderia se dar bem nas bilheterias nacionais, em um mês que contou com a estreia de dois blockbusters dos mais esperados do ano: Barbie e Oppenheimer. Poderia ter maior sorte e uma vida mais longa nos cinemas, mas provavelmente não é isso o que irá ocorrer. O que resta à produção é o fato de que tentou trazer algo de novo sem cair na mesmice que acontece tanto com os filmes atuais nacionais.

Perdida (Brasil, 2023)

Direção: Katherine Chediak Putnam, Luiza Shelling Tubaldini
Roteiro: Rod Azevedo, Karol Bueno, Katherine Chediak Putnam, Dean W. Law, Luiza Shelling Tubaldini, Carina Rissi (Livro)
Elenco: Giovanna Grigio, Bruno Montaleone, Bia Arantes, Luciana Paes, Nathália Falcão, Hélio de la Peña
Gênero: Romance
Duração: 115 min


Crítica | O Urso - 1ª Temporada Vai muito além da Gastronomia

Já faz algum tempo que as redes de TV e os serviços de streamings são bombardeados por programas e realities de culinária, dando dicas culinárias e colocando os competidores em situações de pressão, esses tendo como finalidade agradar ao paladar dos chefs. Quase sempre é possível presenciar os competidores falhando ou se consagrando perante os chefs.

Em O Urso, série do Star+ que alcançou enorme sucesso de público e crítica - fato que fez a produção receber uma segunda temporada - é possível acompanhar a rotina de uma equipe de um restaurante de Chicago trabalhando na cozinha arduamente com o objetivo de se estabelecer como um restaurante consagrado, com o seriado contando com tramas e subtramas potentes e eficientes.

Em busca da receita perfeita

Interpretado por Jeremy Allen White (Shameless), que interpreta o chef Carmy, considerado como um prodígio do mundo da culinária. Carmy herdou o restaurante de seu irmão que cometeu suicídio e é nesse ambiente que tenta se estabelecer profissionalmente, mais por apego pessoal a seu irmão e ao que herdou dele. O roteiro de O Urso é espetacular nesse sentido, apresentando o protagonista, seus dramas pessoais e no jeito em que o chef toca seu negócio, com muita criatividade e vontade de crescer.

É uma delícia de acompanhar o dia a dia de Carmen Berzatto (Carmy) e sua equipe em busca de conseguir dinheiro para que o restaurante funcione por mais um dia, de acompanhar as diversas discussões envolvendo Carmy e seu primo Richie, e o principal: que é o de acompanhar o desenvolvimento de novos pratos em que Carmen e seu time desenvolvem com o objetivo de dar uma nova cara e identidade para o local.

Criada por Christopher Storer e Joanna Calo, a série tem um roteiro leve, trazendo à tona temas que fazem com que o espectador se identifique rapidamente com a trama, como as relações familiares dos personagens, amizade, e a busca pelo sucesso e autoconhecimento. É de se entender os motivos que levaram The Bear (nome original) a agradar tanto ao público em geral, abrangendo um universo em que muitos - ou a maioria - irão se reconhecer nos papéis e nas situações envolvendo os carismáticos chefs.

Esse certamente é o grande acerto do seriado, que é o fato de trazer o público para perto da tela, abordando o tema da comida como condição de unir as pessoas, até porque não existe nada mais tradicional para estabelecer laços afetivos se não através do paladar. The Bear faz isso de modo peculiar, retratando de forma real a rotina da cozinha, principalmente em relação a pressão sobre a equipe e no jeito de se elaborar pratos perfeitos de forma ágil.

O carisma de um protagonista

Jeremy Allen White (Vigiados) é uma das várias boas surpresas da série, até porque o ator dá vida a um personagem cheio de camadas, com dramas pessoais que voltam para atormentá-lo e com o desejo de alcançar sua meta particular: a de transformar o negócio herdado de seu irmão em um restaurante de sucesso. A atuação de Jeremy Allen é de impressionar, até porque não são poucos os momentos em que o protagonista surge em situações de tensão.

Esses dramas particulares de cada personagem, que vão sendo mostrados e explorados pouco a pouco durante a narrativa, contando com tramas e subtramas que vão se ajeitando ao longo dos episódios, proporciona a possibilidade de crescimento de cada intérprete, contando com um estudo de personagens sem os clichês habituais que o formato costuma cair, apresentando protagonistas que batalham entre o sucesso e a decadência.

O Urso é uma fascinante viagem ao mundo da gastronomia, com uma história sobre ambição, altos e baixos e o amor em criar a receita perfeita. Em produções do gênero, normalmente se trabalha bastante com a alta gastronomia, como ocorreu em O Menu. Há sim espaço para outros tipos de histórias, como a série do Star+ fez de forma criativa e com êxito.


Crítica | Super Mario Bros. - O Filme - Clássico da Nintendo recebe uma adaptação à altura

Crítica | Super Mario Bros. - O Filme - Clássico da Nintendo recebe uma adaptação à altura

Um dos grandes desafios atuais da indústria cinematográfica é a de adaptar games para o cinema e para a TV, tendo como missão a de manter a fidelidade em relação aos jogos e o de tentar fazer algo “novo” e que possa atrair fãs que desconhecem a obra original para assistir aquela produção. É daí que vem o desafio de Super Mario Bros - O Filme, animação que surge com alguns anos de atraso e que segue a tendência de adaptações que tomam Hollywood.

Não dá para entender como um personagem tão icônico dos videogames pode ficar tanto tempo longe dos cinemas, contando apenas com uma adaptação ridícula de Super Mario Bros. (1993), que era tão tosca, mas tão tosca, que praticamente jogou pelo ralo a ideia de fazer com que a dupla de encanadores se tornasse um sucesso.

Nessa nova história, a trama traz Mario (dublado por um Chris Pratt sem nenhum sotaque italiano) e Luigi (Charlie Day) tentando ganhar a vida como encanadores, até que um dia acabam sendo engolidos por um cano e vão parar em outra realidade, um mundo mágico, sendo que Mario foi parar no Reino do Cogumelos e Luigi em um local sombrio, em que reina Bowser, o vilão que é apaixonado pela Princesa Peach (Anya Taylor-Joy). O foco da narrativa está todo em Mario, que obviamente tem mais tempo de tela que seu irmão, com a importância de Luigi se limitando apenas a ser um prisioneiro e fazer com que Mario tenha uma jornada própria para salvá-lo.

Nostalgia

Dirigido pela dupla Aaron Horvath (Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas) e Michael Jelenic, com base no roteiro de Matthew Fogel (Minions 2), o longa animado funciona bem e irá agradar parte do público que cresceu jogando os games de Mario Bros., fazendo o feijão com arroz e não tentando reinventar a roda. Faz aquilo que os fãs queriam presenciar, ou seja, com os protagonistas sendo apresentados de maneira divertida e inserindo boas sequências de ação.

Uma coisa que chama a atenção no filme são as diversas referências, os conhecidos “easter eggs”, que principalmente para os conhecedores do game da Nintendo são puro devaneio. É possível encontrar na trama referências a jogos clássicos da franquia Mario Bros., como Super Mario Bros. 3 (NES - 1988), Super Mario Kart (Super NES - 1992) e Donkey Kong (NES - 1983), assim como é possível encontrar também “easter eggs” de jogos clássicos da empresa japonesa, como Punch-out! e Kid Icarus.

Diferente de Jogador Nº 1 (2018), em que a maioria das citações a obras da cultura pop faziam sentido para a narrativa, em Super Mario Bros. - O Filme não é bem assim que acontece, sendo que maioria das várias aparições de personagens, transformações do Mario e até mesmo as referências a games clássicos da franquia, poderiam ser descartadas. Não são informações realmente relevantes para a trama, estão ali apenas para trazer os fãs saudosistas para os cinemas. Esse excesso de referências se mostra desnecessário principalmente no último ato, em que as coisas acontecem de forma tão rápida que nem faz muito sentido colocá-las ali.

Ícones da Cultura Pop

Não é de se estranhar que Mario seja o protagonista do filme – até porque o título leva o seu nome – mas há uma outra protagonista muito importante na produção: a Princesa Peach. Chama a atenção pelo fato de os diretores fazerem algo diferente do que estamos acostumados a ver nos games, em que Mario precisa salvar Peach a todo instante. No longa, a Princesa tem um destaque que não é nada simbólico, tomando decisões importantes para a trama e mostrando que quem manda no Reino é ela. Também não é de se espantar a aparição de Donkey Kong na trama, já que a primeira vez que Mario Bros. apareceu foi em um jogo do Donkey Kong. Esse encontro entre Mario e Donkey Kong dá um outro tom para a narrativa, dando mais graça e ação a várias cenas.

Em compensação ao destaque dos heróis há a aparição de Bowser Koopa (com uma dublagem fantástica de Jack Black), um antagonista que é apaixonado por Peach e que fará de tudo para conquistar o Reino Cogumelo e também o coração da Princesa. É um ótimo vilão e muito bem desenvolvido, chega até a ser violento em alguns momentos, deixando claro que a obra não é focada apenas no público infantil, mas também no público adulto. Surpreende o fato de personagens carismáticos, como Diddy Kong e Yoshi aparecerem apenas de forma rápida e sem importância para a história, o mesmo ocorre com Toad, que praticamente some com o desenvolvimento da narrativa.

Super Mario Bros. - O Filme é diferente – e melhor – que a maioria das adaptações de games, trazendo a essência do videogame e assim mantendo o espírito da obra original. Outro grande destaque está na qualidade da animação, que lembra bastante os games de Mario Bros. Por essas e outras agrada e irá levar uma legião de fãs aos cinemas, além de possivelmente receber no futuro uma continuação e que seria muito bem vinda.

Super Mario Bros. - O Filme (The Super Mario Bros. Movie, EUA – 2023)

Direção: Aaron Horvath, Michael Jelenic
Roteiro: Matthew Fogel
Elenco: Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Charlie Day, Jack Black, Kevin Michael Richardson, Khary Payton, Keegan-Michael Key, Seth Rogen
Gênero: Animação, Aventura, Comédia
Duração: 92 min

https://www.youtube.com/watch?v=TnGl01FkMMo


Crítica | Skinamarink: Canção de Ninar - Não impressiona, nem assusta

Skinamarink: Canção de Ninar é um dos filmes mais complexos do ano e provavelmente um dos mais estranhos também. O longa de terror dirigido por Kyle Edward Ball tem como proposta a de se criar uma obra com uma estética diferente e o de conceber uma produção que fugisse ao mainstream. Tal objetivo foi alcançado, mas provavelmente não deve capturar a atenção do grande público de forma alguma.

A trama conta a história de duas crianças que acordam no meio da noite e começam a interagir com algo que parece ser uma entidade ou algo maligno, só que não dá para saber bem o que é esse ser, até porque o diretor não nos mostra em nenhum momento esse elemento que habita a escuridão e com quem as crianças passam parte do tempo dialogando.

É preciso ter paciência para acompanhar a mais de uma hora de Skinamarink, e isso ocorre justamente pelo fato de o longa não ter um roteiro e uma narrativa convencional, fugindo completamente do formato conhecido pelo público, em que geralmente são apresentados os personagens e depois vai se desenrolando toda a história.

Kyle Edward criou uma obra experimental que não impressiona em nada, mesmo sendo algo diferente e que tenha aceitação de parte da audiência. Seu modo de filmar e de contar a história se concentra apenas em crianças sussurrando no meio da noite e sem um enfoque em seus rostos e sem um foco em algo que realmente importe para a trama, O diretor enquadra portas se abrindo de cima para baixo, frames de escadas vazias ou de cantos aleatórios da casa, além de brinquedos que se mexem sozinhos, e isso ocorre em grande parte do filme.

Algo que em um primeiro momento intriga é o fato do longa não responder pergunta alguma, não que isso seja realmente necessário para um filme, ainda mais tem como ideia de ser experimental, mas pelo menos daria maior força para a trama, mostrando quem são essas crianças, porque elas estão sozinhas em casa ou principalmente: o que raios é a sombra que hora ou outra aparece na escuridão da residência?

Um ponto positivo do filme é a sua total quebra de expectativa de que acontecimentos sombrios realmente irão acontecer pela casa e de que algo seja explicado. Mesmo com o longa sendo bastante chato e entediante, ainda assim, não é possível chamá-lo de previsível, isso é algo que certamente ele não é.

Skinamarink: Canção de Ninar tenta acertar ao ser inovador, ousando no modo de filmar e de contar a narrativa. Provavelmente irá agradar uma parcela do público que busca um formato diferente, e isso explica seu sucesso nas redes sociais. Não duvide se Skinamarink vir a se tornar um clássico cult com o tempo.


Crítica | Aftersun - É sensível e delicado na medida certa

Em um primeiro olhar Aftersun parece apenas mais um drama sobre um pai que está passando férias em uma região da Turquia com sua a filha que está entrando na adolescência, mas o longa que foi plenamente esnobado pelo Oscar vai muito além disso. Aftersun traz trama sobre as lembranças que temos do passado, no caso as memórias de Sophie (Frankie Corio) com seu pai Calum (Paul Mescal) no período de férias antes do mesmo cometer suicídio.

Escrito e dirigido por Charlotte Wells de forma sensível, o longa independente caiu nas graças do público, e não é por menos, aborda questões bastante atuais e delicadas, como a relação familiar entre pai e filha e principalmente: a questão do suicídio. Wells apresenta todas essas questões de maneira poética, com destaque para a interpretação espetacular de Paul Mescal, não á toa indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator.

Wells havia filmado em 2015 seu curta-metragem “Tuesday”, em que já havia sido focado na morte de seu pai no período de sua adolescência. Já Aftersun aborda outro tipo de relacionamento de afeto entre pai e filha, tornando-o parcialmente inspirado em fatos.

No longa, Calum é um homem que sofre por dentro e em várias passagens são apresentadas situações em que ele suporta em silêncio, para que sua filha não o veja dessa forma, não que Sophie não perceba que há algo de errado com seu pai. A cena final provavelmente irá tirar lágrimas de algumas pessoas, feita de maneira sutil e pensada como se fosse um adeus. É um dos grandes filmes da temporada, sem dúvida.

https://www.youtube.com/watch?v=pg7pV_VHWrk&t=12s&ab_channel=Cr%C3%ADticaFalada


Crítica | Tár - É intrigante e conta com toda a genialidade de Cate Blanchett

Crítica | Tár - É intrigante e conta com toda a genialidade de Cate Blanchett

Lydia Tár (Cate Blanchett) é uma maestrina reconhecida mundialmente no meio da música erudita e está em seu auge em Tár. A regente se transforma ao segurar sua batuta, torna-se poderosa e onipotente, ditando com exatidão o ritmo da orquestra. Lydia leva para sua vida pessoal essa seriedade profissional em que dita as regras do jogo.

Escrito e dirigido por Todd Field, Tár, é sem dúvidas o melhor trabalho por trás das câmeras de Field, já que seus dois filmes anteriores, Pecados Íntimos (2006), que é bom dentro das possibilidades apresentadas, e Entre Quatro Paredes (2001), um drama maçante e bastante esquecível, em que Field já mostrava algumas qualidades que iria expor em Tár alguns anos adiante, como a fotografia fria e as boas técnicas de enquadramento.

Pode-se dizer que Tár é o grande trabalho da carreira de cineasta de Field, que volta a direção após 16 anos de um longo hiato. Um retorno um tanto quanto triunfante, em que traz uma história sobre obsessão e poder, em que a cada cena somos absorvidos mais e mais na rotina dos personagens, seus dramas particulares e no panorama que se encontram em suas carreiras e vidas pessoais, e principalmente, na trajetória sombria em que Lydia Tár vai caminhando e se inserindo rumo a uma trilha sem saída, em que apenas a música será a sua companhia.

O Declínio de Tár

É verdade que é um desafio acompanhar Tár em seus 158 min e também é uma realidade dizer que não é um longa para todos, pois, há algumas mensagens no longa que são complexas de serem compreendidas, isso além de contar com planos longos e diálogos extensos e exaustivos. Porém, Tár como produção surpreende ao fugir completamente do padrão hollywoodiano, e isso acontece justamente por não contar com as conhecidas reviravoltas manjadas que geralmente surgem no seu ato final das produções. Por isso, gera uma quebra de expectativas por parte do roteiro e que provavelmente o público não estivesse esperando que iria ocorrer.

Essa quebra de expectativa que com o roteiro de Field, fazendo com que Tár não necessite de plot twists para finalizar sua história, como, por exemplo, ocorre com os filmes sul-coreanos, é algo bastante elogiável. Tár em seu ato final, quando a protagonista cai em total desgraça pessoal, o roteiro permite que a personagem pegue o seu rumo sem que a trama crie um plano mirabolante para que Lydia saia daquela situação e recupere-se repentinamente, algo que certamente iria deixar parte do público até com a reação de pensar que aquilo fosse algo natural, já que usualmente essa virada na narrativa ocorre com frequência em diversas produções de vários gêneros distintos.

Esse toque de realidade que o roteiro nos proporciona espelha situações que se destacam na mídia e nas redes sociais atualmente, como a cultura do assédio e do cancelamento. Os personagens e as situações que estão envolvidos, principalmente Lydia Tár, e os sucessivos escândalos que vão surgindo, dão esse tom, primeiro com as descobertas de que Lydia estaria usando sua posição como regente para assediar outras alunas, e depois com o cancelamento pelas redes sociais com um vídeo que foi divulgado na “internet”, em que Tár confronta um aluno que não quer tocar Bach por achá-lo um velho branco e a artista tenta fazê-lo mudar de opinião. O roteiro de Field quer nos deixar claro nesses e em outros diálogos fascinantes como que ocorre o poder no mundo e quem o detém está no comando.

Cate Blanchett novamente magnífica

Falar de Cate Blanchett é uma tarefa fácil, isso porquê em sua carreira há muitos trabalhos que beiram a perfeição. Em O Aviador (2004) recebeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por sua performance como Katharine Hepburn, enquanto que em Blue Jasmine (2013) convenceu a todos com outra elogiada interpretação e ganhou seu segundo Oscar, dessa vez na categoria de Melhor Atriz. É muito provável que Blanchett repita tal feito com seu papel em Tár e receba outro Oscar de Melhor Atriz.

A atuação de Blanchett se não é a melhor de sua carreira, pode-se dizer que é uma das mais imponentes. Lydia é uma mulher dura, em alguns momentos podem ser considerada até como uma pessoa severa, tem seu lado romântico, mas nada tira a sua força exterior, e Blanchett transpassa isso para o público em uma performance profunda e sincera e que deve lhe render seu terceiro Oscar.

Tár nos é levado a imaginar que é um thriller em alguns momentos, devido ao jeito que Field trabalha a trama. A fotografia é algo igualmente a ser elogiável, com um tom gelado que reflete a solidão da protagonista em um trabalho de composição magnífico do diretor de fotografia Florian Hoffmeister. Tár é uma produção deslumbrante, com seus altos e baixos e que não empolga na primeira hora de filme, mas que tem suas mensagens e com o andar da narrativa vão ganhando sentido e também vão ganhando o espectador.

Tár (Tár, EUA – 2022)

Direção: Todd Field
Roteiro: Todd Field
Elenco: Cate Blanchett, Noémie Merlant, Nina Hoss, Sophie Kauer, Adam Gopnik, Mark Strong, Sylvia Flote, Alec Baldwin
Gênero: Drama, Musical
Duração: 158 min


Crítica | O Pior Vizinho do Mundo - Traz um Tom Hanks implicante e rabugento

Crítica | O Pior Vizinho do Mundo - Traz um Tom Hanks implicante e rabugento

Quando Um Homem Chamado Ove foi lançado, no ano de 2015 – no Brasil estreou apenas dois anos depois, em 2017 – logo, todos notaram seu grande potencial narrativo, tanto que o filme foi indicado na ocasião ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. É então realizado um remake com o título sugestivo de O Pior Vizinho do Mundo e com Tom Hanks no papel de protagonista, e a nova versão não deixa nada a desejar ao original.

A grande questão a se discutir é da real necessidade desse remake existir, já que o longa original tinha uma história bastante agradável de se acompanhar, do mal-humorado senhor chamado Ove, que foi forçado a se aposentar e vivia ditando as regras de convivência em sua rua, mas no fundo, havia uma grande humanidade dentro de Ove. Assim ocorre com a versão americana, que foi realizada para agradar principalmente ao público norte-americano, que não tem muita atração por acompanhar legendas de produções estrangeiras.

Além de ter como referência a versão sueca, o filme dirigido por Marc Forster (Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível), também se inspira no livro de Fredrik Backman, que deu vida ao personagem amargo e ranzinza. O resultado almejado é conquistado, pois, se mantém o principal: que é o de conservar a alma do personagem, tanto da obra, quanto da produção sueca. Porém, ao acrescentar certos debates atuais, a trama acaba por derrapar ao não discutir a fundo esses assuntos que tinham potencial para ir mais longe.

Uma história profunda e reflexiva

Otto (Tom Hanks) é um homem solitário, cheio de manias, rabugento e que não gosta de ver as regras em seu condomínio sendo desrespeitadas e quebradas, principalmente pelos seus novos vizinhos, inclui-se aí Marisol (Mariana Treviño), que está grávida, seu marido e suas duas filhas. Uma típica família latina que está de mudança para o local e que em breve irá mudar também a vida de Otto, um senhor que ao longo da trama tenta de vários modos se suicidar por pensar que sua existência não faz mais sentido.

Há um trauma pessoal que Otto carrega e que será apresentado ao longo da trama. Tal situação é o ponto principal que a narrativa quer tratar e que tenta criar um laço emocional entre o roteiro e o público, fazendo com que muitos espectadores não consigam segurar as lágrimas em dado momento da história. A grande questão do longa dirigido por Marc Forster, é em que ponto ele quis chegar com a sua obra, pois, a partir do segundo ato, em que algumas descobertas importantes são feitas a respeito de alguns personagens, fica nítido que o cineasta inseriu essas discussões apenas para causar maior drama e não gerar um real debate.

O roteiro escrito por David Magee (O Amante de Lady Chatterley) tenta acrescentar diferentes questões atuais na trama e que não se sustentam com o passar da história. Algumas delas percebe-se que foram jogadas ali para dar maior dramaticidade para a narrativa, deixando assim alguns assuntos que poderiam ser relevantes sendo abordados de maneira rasa. A conclusão é que o filme é bastante profundo e reflexivo, ainda mais em relação a algo tão delicado quanto o suicídio, e é um acerto o jeito que o roteiro trata desse tema, mostrando que Otto pode sim seguir caminho sem precisar se trancar dentro de casa, ou até mesmo ficar preso na sua rua, e que nem sempre é o fim.

O Pior Vizinho do Mundo aproveita o seu potencial ao máximo e prende a atenção por ter Tom Hanks como protagonista. Hanks, que em Um Lindo Dia na Vizinhança (2019) interpretava um homem bondoso e que era amado por todos tem uma troca de papel, sua atuação está tão convincente que chega a incomodar em alguns momentos devido ao perfeccionismo de Otto. Deve agradar ao público por trazer boas lições e apor fazer pensar a respeito de alguns acontecimentos que surgem na vida.

O Pior Vizinho do Mundo (A Man Called Otto, EUA – 2022)

Direção: Marc Forster
Roteiro: David Magee, Fredrik Backman (livro), Hannes Holm (Um Homem Chamado Ove)
Elenco: Tom Hanks, Mariana Treviño, Lily Kozub, Mack Bayda, Cameron Britton, Juanita Jennings, Peter Lawson Jones, Rachel Keller
Gênero: Comédia, Drama
Duração: 126 min

https://www.youtube.com/watch?v=i9-t8H_5W0k


Crítica | Os Fabelmans - Spielberg e a arte de se fazer cinema

Assistir aos 150 min. de Os Fabelmans, novo filme de Steven Spielberg, é um grande luxo e oportunidade para os cinéfilos e adoradores da obra do diretor, que se consagrou pelos seus trabalhos em clássicos como Tubarão e A Lista de Schindler, pois, funciona como uma viagem à juventude de Spielberg.

Não é pretensão alguma, nem exagero, dizer que Os Fabelmans é um dos melhores trabalhos da carreira de Spielberg. Isso se dá pelo fato de ser uma peça autoral, por abordar a sua história de vida, mesmo de maneira ficcionalizada, e nela o cineasta apresenta as virtudes de um jovem sonhador, idealizadas em Sammy Fabelman. Os fãs de várias gerações de Steven Spielberg, principalmente aqueles na faixa dos 30 anos, se sentirão saudosistas em vários momentos e vão pegar referências na história de situações que ocorreram na juventude e infância do jovem cineasta e que depois foram usadas futuramente em suas obras.

É verdade que Os Fabelmans não conta com um título muito atraente frente a todo seu repertório que se propõe a apresentar, e isso pode causar uma fuga de uma parcela do público que irá assisti-lo por pensar que é apenas mais um drama familiar comum, sendo muito mais que isso. Spielberg realiza uma carta de amor aos pais e insere na narrativa personagens que funcionam como lembranças de integrantes de sua família e que tiveram importância durante o seu crescimento pessoal e profissional.

O fato é que se fosse pedido para que Spielberg roteirizasse e dirigisse uma série biográfica ou escrevesse um livro sobre sua vida, a obra seria muito próxima do que é presenciado em Os Fabelmans, tendo o jovem Sammy Fabelman sendo apresentado como um garoto que sonhava em fazer filmes, indo contra os desejos de seu pai, que era um técnico de computador de sucesso na época e não queria que Sam fizesse cinema.

Amor à primeira vista

Com uma paixão pela sétima arte que surgiu logo em sua primeira ida ao cinema para assistir ao O Maior Espetáculo da Terra (1952), foi a partir daí que nasceu uma vontade no jovem Sammy em trabalhar fazendo filmes. Há outros relatos bastante pessoais que são apresentados na narrativa e que podemos acompanhar ao longo dos 150 min., como a traição de sua mãe com o melhor amigo de seu pai o antissemitismo presente em vários momentos da trama, passando pelo seu primeiro amor e o confronto com os “valentões” do colégio.

O belo roteiro, obra de Steven Spielberg com parceria de Tony Kushner (Amor, Sublime Amor) é um primor só, trabalhando o lado dramático, mas também dando um tom de humor em várias cenas e assim tirando um pouco da carga pesada da narrativa.

O elenco em especial está ótimo, mas com destaque para Michelle Williams e Gabriel LaBelle, que estão nos papéis centrais, estão fantásticos, com atuações que não deixam o espectador em nenhum momento perder a atenção na trama.

Entretanto, o grande acerto, sem dúvida alguma, está na presença de David Lynch interpretando o cineasta John Ford. Em uma cena espetacular, em que Spielberg coloca um diretor representando o passado do audiovisual conversando com o jovem Sammy, este simbolizando o futuro do cinema e recebendo uma aula do veterano de forma simples e direta — possivelmente uma das melhores cenas do filme.

É possível dizer que Steven Spielberg raramente erra, e caso cometa erros eles praticamente não aparecem em Os Fabelmans, que tem em sua direção um de seus trabalhos mais maduros e inteligentes da carreira. O longa recebeu dois prêmios no Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Direção e Melhor Filme de Drama e não deve parar por aí com o Oscar chegando.  Que Steven Spielberg não pare por aí e continue nos brindando com mais filmes de tamanha qualidade.

Os Fabelmans (The Fabelmans, EUA - 2022)

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Steven Spielberg, Tony Kushner
Elenco: Michelle Williams, Paul Dano, Gabriel LaBelle, Seth Rogen, Mateo Zoryan, Keeley Karsten, Alina Brace, Judd Hirsch, Sam Rechner, Oakes Fegley, Chloe East, David Lynch
Gênero: Drama
Duração: 150 min


Crítica | Lilo, Lilo Crocodilo traz uma agradável história de amizade

Crocodilos, na maioria das produções hollywoodianas, geralmente são apresentados como predadores naturais e de instintos implacáveis. Quem poderia imaginar que um musical live-action poderia agradar tanto o público trazendo um crocodilo produzido em CGI como um protagonista que adora cantar em Lilo, Lilo, Crocodilo.

O longa dirigido pela dupla Josh Gordon e Will Peck, de a Última Ressaca do Ano, e que é baseado na série de livros infantis do autor Bernard Waber, tem no roteiro de Will Davies um dos grandes trunfos da história, pois consegue de maneira leve trazer aquele sentimento visto na obra literária. A dupla de cineastas, ao adaptá-la de uma forma divertida e irreverente, sem apelação e carregando uma mensagem inteligente, atinge o objetivo de agradar tanto aos mais jovens quanto aos adultos.

A trama gira em torno de Lilo, o crocodilo cantor que é descoberto por Hector P. Valenti (Javier Bardem), um homem cheio de pompa que se acha alguém com muito talento e sonha fazer sucesso a ponto de ficar milionário, e sua entrada para o showbiz seria nada mais nada menos que Lilo. Porém, há um pequeno problema, Lilo ao mesmo tempo que tem uma voz linda também tem um pavor de cantar em público e sempre trava quando vai cantar para uma multidão. Essa é a trama secundária da história, já que em primeiro plano temos a amizade do crocodilo com o pequeno Josh Primm (Winslow Fegley) e as confusões que Lilo se mete com os pais do garoto, Mr. Primm (Scoot McNairy) e Mrs. Primm (Constance Wu).

A voz original de Lilo é conhecida pelo público, o crocodilo foi dublado por Shawn Mendes, inclusive quando canta, e a música tema “Take a Look at Us Now”, foi composta pela dupla Benj Pasek e Justin Paul, e é daquelas canções que ficam na cabeça por um bom tempo após o término da sessão, além de ser vibrante o suficiente para se dançar junto com os personagens.

O roteiro de Will Davies funciona e diverte na medida certa, pode-se dizer que é uma produção que não se vê com muita frequência nos dias de hoje, daquelas com foco para a família, mas que não tentam idiotizar o público, e que vai mais na linha de As Aventuras de Paddington 2, em querer trazer uma mensagem ao espectador e sem esquecer de entreter.

Ao criar um elo entre Lilo e o jovem Josh Primm, um garoto claramente com problemas sociais, que que tem dificuldades de se relacionar com outras crianças e até mesmo de sair de casa para ir ao colégio, acaba descobrindo nessa amizade incomum como superar essas etapas de sua vida, e o mesmo pode-se dizer a respeito de Lilo, que precisa vencer seu medo de palcos e cantar para grandes multidões. Essa conexão entre os dois transforma o longa sobre uma obra que aborda a amizade e o crescimento pessoal.

O ponto alto do filme é a atuação de Javier Bardem, interpretando um malandro que se importa mais com a fama que propriamente com Lilo. O ator canta, dança e dá ritmo para a narrativa em pontos que a trama parecia não ter um caminho definido. Há também um antagonista na história, Mr. Grumps (Brett Gelman), que vive com sua gata, Loretta, e que juntos dão mais humor para a história.

Lilo, Lilo, Crocodilo é envolvente e sabe como desenvolver a narrativa de uma forma que o filme não caia na monotonia, o roteiro é ágil em trabalhar elementos que facilitam em fazer a trama a ir adiante, inserindo uma música dançante aqui ou uma cena de ação ali. É sem dúvida uma das gratas surpresas do ano e que deve alavancar em peso a audiência.