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Crítica | O Pior Vizinho do Mundo – Traz um Tom Hanks implicante e rabugento

Quando Um Homem Chamado Ove foi lançado, no ano de 2015 – no Brasil estreou apenas dois anos depois, em 2017 – logo, todos notaram seu grande potencial narrativo, tanto que o filme foi indicado na ocasião ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. É então realizado um remake com o título sugestivo de O Pior Vizinho do Mundo e com Tom Hanks no papel de protagonista, e a nova versão não deixa nada a desejar ao original.

A grande questão a se discutir é da real necessidade desse remake existir, já que o longa original tinha uma história bastante agradável de se acompanhar, do mal-humorado senhor chamado Ove, que foi forçado a se aposentar e vivia ditando as regras de convivência em sua rua, mas no fundo, havia uma grande humanidade dentro de Ove. Assim ocorre com a versão americana, que foi realizada para agradar principalmente ao público norte-americano, que não tem muita atração por acompanhar legendas de produções estrangeiras.

Além de ter como referência a versão sueca, o filme dirigido por Marc Forster (Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível), também se inspira no livro de Fredrik Backman, que deu vida ao personagem amargo e ranzinza. O resultado almejado é conquistado, pois, se mantém o principal: que é o de conservar a alma do personagem, tanto da obra, quanto da produção sueca. Porém, ao acrescentar certos debates atuais, a trama acaba por derrapar ao não discutir a fundo esses assuntos que tinham potencial para ir mais longe.

Uma história profunda e reflexiva

Otto (Tom Hanks) é um homem solitário, cheio de manias, rabugento e que não gosta de ver as regras em seu condomínio sendo desrespeitadas e quebradas, principalmente pelos seus novos vizinhos, inclui-se aí Marisol (Mariana Treviño), que está grávida, seu marido e suas duas filhas. Uma típica família latina que está de mudança para o local e que em breve irá mudar também a vida de Otto, um senhor que ao longo da trama tenta de vários modos se suicidar por pensar que sua existência não faz mais sentido.

Há um trauma pessoal que Otto carrega e que será apresentado ao longo da trama. Tal situação é o ponto principal que a narrativa quer tratar e que tenta criar um laço emocional entre o roteiro e o público, fazendo com que muitos espectadores não consigam segurar as lágrimas em dado momento da história. A grande questão do longa dirigido por Marc Forster, é em que ponto ele quis chegar com a sua obra, pois, a partir do segundo ato, em que algumas descobertas importantes são feitas a respeito de alguns personagens, fica nítido que o cineasta inseriu essas discussões apenas para causar maior drama e não gerar um real debate.

O roteiro escrito por David Magee (O Amante de Lady Chatterley) tenta acrescentar diferentes questões atuais na trama e que não se sustentam com o passar da história. Algumas delas percebe-se que foram jogadas ali para dar maior dramaticidade para a narrativa, deixando assim alguns assuntos que poderiam ser relevantes sendo abordados de maneira rasa. A conclusão é que o filme é bastante profundo e reflexivo, ainda mais em relação a algo tão delicado quanto o suicídio, e é um acerto o jeito que o roteiro trata desse tema, mostrando que Otto pode sim seguir caminho sem precisar se trancar dentro de casa, ou até mesmo ficar preso na sua rua, e que nem sempre é o fim.

O Pior Vizinho do Mundo aproveita o seu potencial ao máximo e prende a atenção por ter Tom Hanks como protagonista. Hanks, que em Um Lindo Dia na Vizinhança (2019) interpretava um homem bondoso e que era amado por todos tem uma troca de papel, sua atuação está tão convincente que chega a incomodar em alguns momentos devido ao perfeccionismo de Otto. Deve agradar ao público por trazer boas lições e apor fazer pensar a respeito de alguns acontecimentos que surgem na vida.

O Pior Vizinho do Mundo (A Man Called Otto, EUA – 2022)

Direção: Marc Forster
Roteiro: David Magee, Fredrik Backman (livro), Hannes Holm (Um Homem Chamado Ove)
Elenco: Tom Hanks, Mariana Treviño, Lily Kozub, Mack Bayda, Cameron Britton, Juanita Jennings, Peter Lawson Jones, Rachel Keller
Gênero: Comédia, Drama
Duração: 126 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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