James Van der Beek de Dawson's Creek diz ter sofrido assédio
Parece que os casos em Hollywood de assédio sexual estão longe de ter um fim. Hoje foi a vez do ator James Van der Beek da série Dawson's Creek se pronunciar pelo seu Twitter sobre o caso envolvendo o produtor Harvey Weinstein e dizer que já foi vítima de assédio também. Recentemente o astro Terry Crews também havia se pronunciado e afirmado ter sido vítima de abuso.
Em uma série de três tweets escreveu que já teve sua bunda apertada por outros homens poderosos e mais velhos e que já foi encurralado por conversas sexuais que eram inapropriadas quando ainda era jovem. Disse também entender como as vítimas se sentem sendo incapazes de gritar nesses momentos.
Recentemente em Hollywood explodiu o caso em que o famoso produtor Harvey Weinstein assediava atrizes e atores. Ele hoje se pronunciou dizendo: “Entendo que a forma como me comportei com colegas no passado causou muita dor. Enquanto tento ser melhor, sei que tenho um longo caminho a percorrer.Minha jornada agora será aprender sobre mim mesmo e vencer meus demônios”
Abaixo os tweets originais do astro sobre o caso:
Lista | Os Melhores Filmes Cyberpunk para Assistir
Com a continuação de Blade Runner estreando nos cinemas muitos se perguntam o que é um filme Cyberpunk e se há mais deles por aí. Muitos dos clássicos modernos do cinema de ficção científica estão nesta lista justamente por terem sido influenciados pela obra de Ridley Scott. Produções com temática Cyberpunk são aquelas com foco em tecnologia avançada e de alta qualidade - em muitos casos tecnologias de informação - mesclado com uma sociedade marginalizada em um futuro distópico.
10. O Homem Duplo (2006)
Philip K. Dick sob efeito de drogas foi o responsável por escrever o livro que daria origem ao longa O Homem Duplo (mesmo nome do livro). Dirigido por Richard Linklater, ele utilizou a técnica da rotoscopia digital, que nada mais é gravar o filme com atores reais e depois cobrir tudo com animação gráfica. A história se passa em um futuro não tão distante, em que o governo americano declara guerra às drogas. O policial Bob Arctor (Keanu Reeves) recebe a missão de investigar seus colegas e posteriormente mandam que ele investigue a si próprio. É a partir daí que começa tudo a ficar estranho em sua vida.
9. O Teorema Zero (2013)
Christopher Waltz em uma bela performance interpreta Qohen Leth, um homem que é um gênio da computação e é chamado para tentar descobrir o mistério do Teorema Zero, uma fórmula matemática que caso seja solucionada pode levar ao descobrimento do sentido da vida. Terry Gilliam (12 Macacos) criou uma sociedade distópica e impressionante, além de criticar a sociedade de consumo atual. Teorema Zero faz parte de uma trilogia inspirada no autor inglês George Orwell e que começou com o clássico Brazil, O Filme (1985) seguido do longa Os 12 Macacos (1995).
8. Videodrome - A Síndrome do Vídeo (1983)
Definido como o Laranja Mecânica dos anos 1980 por Andy Warhol, a produção é um clássico do diretor David Cronenberg (Um Método Perigoso). Na trama acompanhamos Max Renn (James Woods), dono de uma emissora de tv a cabo que transmite vídeos "snuff", produções com cenas de pessoas torturadas e mortas de verdade. Acontece que Max descobre que aquilo vai além de um simples show de terror. Estas transmissões passam a criar um efeito alucinógeno em Max que pode ser devastador. Uma bela crítica ao conteúdo transmitido pelas emissoras de tv. O melhor da produção é o tom sombrio empregado e o jeito que a história toda é contada.
7. Dredd (2012)
Juiz Dredd ou simplesmente Dredd é um personagem criado por Carlos Ezquerra e John Wagner e sua primeira aparição ocorreu na hq 2000 AD de 1977. A produção que entra nesta lista é inspirada justamente nos quadrinhos criados pelos dois e desvincula a imagem criada pelo longa de 1995 com Sylvester Stallone. Uma das principais diferenças entre as duas produções foi o uso constante do capacete no rosto de Karl Urban e o emprego de cenas mais violentas, algo mais fiel ao mostrado nos quadrinhos.
6. Ghost in The Shell (1995)
Popularmente conhecido no Brasil pelo nome ‘O Fantasma do Futuro’, o anime foi um sucesso de crítica e até hoje junto com Akira é lembrado como exemplo de animação cyberpunk. Produção recebeu recentemente uma versão em live-action feita pelos estúdios de Hollywood tendo como protagonista a atriz Scarlett Johansson. Muitos torceram o nariz pela escolha da dela para esse papel simplesmente por não ser asiática. Animação foi dirigida por Mamoru Oshii e se baseou nos mangás para mostrar a história do hacker chamado pelo nome de Mestre dos Fantoches. Em 2008 recebeu uma nova versão intitulada "Ghost In The Shell 2: Innocence"
5. RoboCop: O Policial do Futuro (1987)
Muito antes de Transformers o robô que imperava no cinema era RoboCop. Na realidade ele não é totalmente um robô, já que conta com o cérebro do policial Alex Murphy que foi assassinado. Transformado em máquina vive lutando contra os criminosos da Detroit do futuro. Produção teve 3 sequências e ganhou uma série de tv, recentemente teve um remake dirigido por José Padilha (Tropa de Elite).
4. O Exterminador do Futuro: O Julgamento Final (1991)
O primeiro Exterminador do Futuro (1984) já havia feito muito barulho apresentando Arnold Schwarzenegger no papel do androide enviado pelas máquinas do futuro para matar Sarah Connor. Seria ela a personagem principal do filme e teria um filho que no futuro distópico dominado pelas máquinas levaria a uma rebelião. Nessa continuação Schwarzenegger faz o papel bom moço e protege Sarah Connor, enquanto um outro droide melhor desenvolvido (T-1000) é enviado para matá-la. James Cameron fez um excelente trabalho nessa continuação e diferente de muitas franquias que sempre contam com uma sequência fraca essa consegue se superar, tanto que a sexta parte já está em desenvolvimento e será uma continuação direta desse segundo filme.
3. Matrix (1999)
Neo é um hacker que acorda um dia em um mundo totalmente diferente do que ele conhecia como real. Aquele mundo fantasioso em que vivia era a Matrix. Local foi criado pelos computadores depois de dominarem o mundo e passarem a escravizar os humanos, assim os usando como forma de energia para manter todas as máquinas em funcionamento. Em Animatrix foi mostrado que a raça humana ao combater as máquinas jogaram bombas atômicas no céu para que a fumaça sumisse com o sol, então a principal fonte de energia das máquinas. Matrix é um clássico recente da ficção-científica moderna e foi diretamente influenciado por Blade Runner.
2. Akira (1988)
Clássico japonês de Katsuhiro Ōtomo (Memories) a animação Akira é sempre lembrada quando falamos a respeito de filme cyberpunk. A história se passa na Neo Tóquio no ano de 2019. Kaneda e Tetsuo são dois amigos motoqueiros que vivem disputando rachas pela cidade. Um dia Tetsuo encontra uma criança com super poderes que era usada como cobaia pelo governo. Tetsuo é ferido e levado pelo exército, só que ele acaba desenvolvendo poderes nunca vistos.
1. Blade Runner, O Caçador de Androides (1982)
Um dos primeiros filmes cyberpunks lançados no cinema e que no futuro iria se tornar um clássico cultuado pela crítica e pelo público. Influenciou muitas outras produções como Matrix e Ghost in The Shell. Inspirado na obra de Do Androids Dream of Electric Sheep ou como foi traduzido por aqui Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? O mais impressionante de Blade Runner é o ar futurista empregado no filme e do belo visual estabelecido nele desde a fotografia até a direção de arte. A inspiração para a criação do cenário do filme veio de Metrópolis de Fritz Lang.
Escrito por Gabriel Danius
Crítica | Pica-Pau: O Filme - Uma das maiores decepções do ano
De época em época Hollywood lança produções em live-action que possam ser sucesso de bilheterias. O foco principal é sempre no público infantil que assiste a esses filmes mesmo muitas vezes sendo de qualidade narrativa e visual ruim. Pica-Pau, assim como Zé Colméia e os Smurfs não passou batido nessa onda de live-actions, e foi parar nos cinemas com produção da Universal e direção de Alex Zamm (Um Heróis de Brinquedo 2).
Pica-Pau é um personagem icônico dos desenhos animados. Muitos cresceram assistindo aos episódios do pássaro doido que teve três fases distintas. A primeira ocorreu entre os anos de 1941 e 1943 em que ele aparecia totalmente biruta, a segunda fase entre 1944 e 1949 ele recebeu o incremento da cor azul e ganhou traços mais suaves, diferentes da primeira versão que era mais bizarro. A última fase, talvez a mais conhecida entre nós brasileiros se deu entre os anos de 1950 à 1972 em que foi desenhado com o topete para frente e recebeu traços mais delicados.
No filme em live-action eles decidiram fazer uma mescla com o personagem da terceira fase, mas com o jeito 'biruta' da primeira fase. Isso fica claro já no início quando ele começa a aloprar os caçadores que entram na mata a fim de praticar caça ilegal. Durante todo o longa prevalece esse lado louco e politicamente incorreto dele, assim como é no desenho animado. Outro acerto do filme é em relação ao design de criação do Pica-Pau. Pode parecer exagerado em um primeiro momento, mas depois você se acostuma com o CGI, que, se não é bom, é competente. Pelo trailer parece estranho em primeiro momento, mas depois que começa a assistir você se adapta a ele e esquece que a animação é diferente da apresentada no desenho.
Na trama o querido pássaro vive serenamente em uma árvore que fica em um terreno próximo a uma reserva florestal. Esse terreno tem dono. Pertence a Lance Walters (Timothy Omundson) que depois de perder o emprego em uma petrolífera se muda junto com seu filho e sua namorada (Thaila Ayala) para construir um empreendimento a fim de vendê-lo futuramente. Claro que o Pica-Pau não vai permitir que invadam seu território e destruam tudo sem causar muita confusão e altas aventuras até que todos desistam do propósito inicial.
É uma história bastante óbvia e já apresentada em muitos outros longas, mas de forma diferente. Em Zé Colmeia, o personagem precisava fazer de tudo para salvar seu habitat natural, no live-action dos Smurfs eles precisaram fugir para outra cidade a fim de não serem pegos pelo vilão Gargamel. Em Pica-Pau ele precisa fugir de dois caçadores que querem o vender por ser um espécime raro e tenta impedir a destruição de onde mora simplesmente por prazer, não há uma motivação específica. Em alguns momentos ele é bastante sádico, faz as suas travessuras apenas por fazer ou em alguns momentos para defender um garoto de apanhar de outros.
No desenho ele era politicamente incorreto, aqui ele é mostrado como um bobalhão gente fina. Mesmo quando ultrapassa os limites, avisa para as crianças para que não façam isso em casa "eu sou um profissional de desenho animado". Isso é desnecessário. Tá certo que o público-alvo são as crianças, mas um personagem que é politicamente incorreto se tornar um guia para crianças é algo bastante incomum.
Outra situação que causa estranheza é o fato dele ficar interagindo com a câmera, praticando quase um monólogo que demonstra claramente que o diretor não sabe o que fazer com o protagonista. Dialogar com outros personagens ele faz apenas para irritar, o filme inteiro ele irrita a todos sem uma definição clara do porque tudo aquilo.
O que fica nítido ao assistir não só ao trailer, mas ao filme, é o fato do pássaro não dialogar com o ambiente que ele está inserido. Claramente causa estranheza que ele é um elemento diferente e não natural naquele lugar. Se essa era a ideia ao criar o live-action conseguiram, porque ficou tão mal inserido na floresta e interagindo com os personagens humanos que tudo soou falso. Se fizessem um filme ao estilo de Os Smurfs e a Vila Perdida com certeza teriam melhor sucesso.
Por onde se olha, há clichês excessivos. Primeiro com a escolha da família em viajar para o campo e viver por lá, nem que seja por alguns meses até a casa ficar pronta. Isso já foi feito em vários filmes e não há nada novo nisso. Depois vem a questão de abordar o tema ecologia e da preservação do meio-ambiente. Lance trabalha em uma petrolífera, setor conhecido por poluir o meio-ambiente. Depois ele e seu filho se mudam para o campo para 'destruir' a mata e construir a casa, outra mensagem passada de forma suave a de que não devemos destruir as florestas e que a preservação dela é importante. É uma mensagem muito clichê, já apresentada em produções como Avatar e Pocahontas.
Tirando o Pica-Pau, todo o resto dos personagens é uma grande decepção. Há de se realçar que os atores estão bem, Thaila Ayala (mais ou menos) e Timothy Omundson em especial. O problema são seus personagens que são superficiais e tolos. Thaila Ayala, por sinal, fez sua estreia em Hollywood e não merecia estar em uma adaptação dessa, tem mais carisma e talento para alçar voos maiores em outras produções. Só que aqui sua atuação soa tão caricata que não dá para entender do porque ela estar no filme. Fora o fato de terem a dublado de forma tão ridícula, para não dizer de forma superficial. Parecia outra pessoa falando e a dublagem ainda conseguiu a deixar mais chata que aparentemente foi apresentada. Os vilões são outro ponto positivo, podem ser caricatos assim como todo o resto, mas pelo menos tentam fazer algo de diferente ao parecerem ser mais cruéis do que aparentam.
Isso tudo é culpa de um roteiro que quis abordar vários assuntos que já deram certo em outros longas, isso sem focar em nenhum deles. Por exemplo, colocaram o garoto em uma banda simplesmente porque ele estar sem uma função clara no filme. Fizeram o Pica-Pau destruir tudo e ajudá-los depois, e a pior decisão de todas em relação a personagem da Thaila Ayala. Deram destaque para ela e depois a fizeram sumir de cena com uma ideia boba. Essas decisões por parte do diretor amarrado ao roteiro foram matando o filme pouco a pouco.
O cinema americano vem errando feio nos últimos live-actions mesclados com animação que produziu. Difícil trabalhar com um produto que é adorado pelo público, que é a produção original e levar às telas com uma adaptação que tente ser diferente, mas que mantenha a alma do original. Pica-pau tentou, mas não conseguiu. Isso não impossibilita que ele vá bem na bilheteria, já que o público-alvo que é o infantil deve abarrotar as salas de cinema. O problema é que ele tem concorrente forte, que é a produção My Little Pony. Quem gosta do desenho original, com todo certeza não irá curtir. É uma produção esquecível que poderia muito bem ter sido melhor desenvolvida e pensada.
Escrito por Gabriel Danius
Pica-Pau: O Filme (Woody Woodpecker, EUA – 2017)
Direção: Alex Zamm
Roteiro: Alex Zamm, William Robertson
Elenco: Thaila Ayala, Chelsea Miller, Eric Bauza (Voz do Pica-Pau), Graham Verchere, Timothy Omundson
Gênero: Animação, Aventura
https://www.youtube.com/watch?v=JZcPm3qAqJA
Crítica | Rodin - o homem por trás da arte
Nascido em 1840 e morto em 1917, Augustine Rodin é considerado um dos pais da escultura moderna. Suas obras mais famosas aparecem em sua cinebiografia que estreou nos cinemas nacionais recentemente e traz à luz um pouco da genialidade desse artista que deixou obras marcantes.
No filme de Jacques Doillon (Ponette - A espera de um anjo) é abordada a vida de Rodin entre os anos de 1880 a 1890, período no qual ele fez suas mais célebres esculturas, dentre elas estão o Balzac conhecido pelo nome de 'Monumento a Balzac' e a 'Porta do Inferno' baseada no livro a 'Divina Comédia' de Dante Alighieri.
É interessante para quem pensa em conhecer mais sobre sua vida, mas há de saber que não é uma produção que se aprofunda muito justamente por pegar 10 anos de sua vida e esmiuçar todos acontecimentos importantes nesse tempo. Desde seu romance com Camille Claudel e sua esposa Séverine, passando pela concepção e criação de muitas de suas obras, aqui podemos ver como ele as fazia, seu olhar apurado em representar o que está em sua frente e concluindo com a frustração com as críticas negativas a seu Balzac.
Ambas esculturas estão no longa. O início já se apresenta com a construção da 'Porta do Inferno' mostrando suas técnicas de construção com extremo preciosismo. A partir daí o filme vai desenvolvendo o jeito dele em criar outras esculturas, na maioria das vezes com mulheres posando para ele criar um esboço em um caderno e depois começando a dar vida aos desenhos. No meio disso tem o romance com Camille Claudel, sua famosa ajudante e amante que teimava em pedir para que Rodin abandonasse sua esposa e se casasse com ela. Ele já era casado com Séverine na qual tinha muitos filhos, nos quais não assumia por achar que eles não tinham o talento do pai e que isso o envergonharia.
E é com o relacionamento com Camille Claudel que a produção gasta muito do seu tempo. A questão é o que mostrar sobre o relacionamento dos dois sendo que há duas produções a respeito da artista. Camille Claudel (1988) de Bruno Nuytten já havia desenvolvido belamente o relacionamento entre Rodin e Camille, desde o dia que se conheceram até o momento da ruptura com o artista por parte dela e em Camille Claudel, 1915 (2013) Bruno Dumont mostrou uma personagem mais humana já vivendo no asilo - local em que pessoas com doenças mentais ficavam presas - depois do término do relacionamento com Rodin até a data de sua morte.
Em ambas as obras Camille foi muito bem desenvolvida, aqui ela parece mais uma garota histérica e sem brilho. Se a ideia do autor foi mostrar o ponto de vista de Rodin em não querer se casar com ela já que já tinha um relacionamento sério ele conseguiu, mas tirou todo o ar de romance que se imaginava haver entre os dois e deu um ar de realidade algo que o longa de 1988 tentou fazer. Por focar em Rodin, Doillon não trabalha bem a personagem de Camille, até seria desnecessário já que existem duas produções focadas nisso, ele mostra o porque dela abandoná-lo e não a mostra enlouquecendo e sendo internada apenas cita o acontecimento e bem rapidamente.
Como dito ele perdeu muito tempo mostrando esse relacionamento já apresentado no filme de 1988 e chega a dar sono de tão repetitivo quando os dois estão juntos. O relacionamento doeles é tão chato e monótono que chega a ser cansativo e a dar sono. Viviam se pegando, se declarando um ao outro e nada mais que isso, tudo sem emoção e claramente sem amor um ao outro, algo apenas carnal.
Em alguns momentos falta vida ao Rodin vivido por Vincent Lindon, por sinal sua interpretação é ótima do homem que foi um gênio da arte e ao mesmo tempo um homem com muitos momentos conturbados no relacionamento. O problema mesmo é o personagem, ele é sério, frio, seco. A ideia de Jacques Doillon é apresentar um homem que vivia seu tempo sozinho entre as esculturas sem vida, apenas pensando na vida de suas obras. Essa solidão refletia em sua vida. Ele podia estar casado e junto com Camille, mas mesmo assim vivia sozinho. A representação de seu ateliê é uma boa demonstração disso, vivia cercado de mulheres quase sempre nuas e mesmo assim se perdia em seus pensamentos se isolando e criando sua arte.
Essa solidão também é muito bem representada pelo silêncio. Em todos os momentos do filme, até mesmo nas cenas de discussão e conversa você sente o silêncio, ele é muito presente em tudo e é muito importante para o filme justamente por ajudar a moldar a vida de Rodin. A ausência de trilha sonora é outro fator que ajuda na propagação desse cenário, sua não presença ajuda a dar um ar realista ao filme.
Além das interações com Camille Claudel e com sua esposa há alguns momentos que Rodin se encontra com outros artistas como a reunião que tem com Cézanne e Monet a fim de discutir o cenário artístico francês. Eles são muito pouco inseridos na obra e a presença deles é tão breve que nem dá para entender porque está no filme. Claro que não faria sentido colocá-los por mais tempo já que a história conta a vida de Rodin em um breve período. Mas não havia necessidade alguma do encontro estar lá, só o colocaram para mostrar a bajulação que o artista sofria e para mostrar um certo poder de liderança que tinha sob outros artistas.
A frustração que teve com seu Balzac no qual foi rejeitado em primeiro momento por soar obsceno em um primeiro momento e depois por não conter elementos que lembrem o escritor francês como a falta de um livro em mãos é bem apresentado. Mostram o processo de criação, a rejeição, a dor por ser criticado por uma obra que não havia sido entendida pelos críticos. Esse momento é que percebemos como um gênio pode estar a frente de sua época sendo incompreendido por todos. Seu Balzac está exposto no Hakone Open Air Museum, museu japonês que está entre os mais visitados do país.
É surpreendente como as questões técnicas estão bem inseridas na estética do filme. A fotografia é linda sempre criando contraste entre claro e escuro em alguns momentos predominando um tom acinzentado. Tudo para dar um toque realmente natural a história, pois naquela época não existia luz elétrica e seria estranho encontrar um lugar muito bem iluminado em um ateliê fechado. Para isso em alguns momentos se percebe que dão um jeito de deixar o local como se tivesse uma luz ambiente por lá. Um exemplo é quando está em casa jantando à luz de velas, essa cena é belamente iluminada mesmo só com a luz das velas.
Rodin não é um filme fácil de assistir, sua dinâmica é lerda em apresentar a vida do artista, em alguns momentos chega a dar sono. Não que ele seja desinteressante, mas o jeito que ele foi filmado mostrando um homem simples, exigente consigo mesmo e com muito diálogo o faz parecer chato. Ele tem seu público, quem gosta de Transformers ou filmes de super-heróis terá certa dificuldade em entendê-lo ou até mesmo de chegar ao seu final. O que vale nessa obra é entender pelo ponto de vista de Rodin como ele criava suas obras e como foi seu relacionamento com sua esposa e com Camille.
Rodin (Rodin, Bélgica, França – 2017)
Direção: Jacques Doillon
Roteiro: Jacques Doillon
Elenco: Vincent Lindon, Izïa Higelin, Séverine Caneele, Edward Akrout, Nathalie Bécue, Serge Bagdassarian
Gênero: Biografia, Drama
Duração: 120 min
https://www.youtube.com/watch?v=3Aio5ElhT_M
Crítica | O Assassino: O Primeiro Alvo
Duas produções são responsáveis pelo ritmo empregado nos filmes de ação atualmente. A primeira é a série 24 Horas que teve início em 2001 e mostrou um agente da CIA que colocava a segurança nacional em primeiro lugar e fazia de tudo para vencer os terroristas que ameaçavam os Estados Unidos. Em A Identidade Bourne Matt Damon era um eagente que passa a ser perseguido pelo governo por ser saber demais .
O Assassino: Primeiro Alvo é uma mistura dos dois. Ele mescla as cenas de ação realistas de 24 horas e apresenta um homem que participa de um programa do governo para treinar pessoas e as transformar em uma arma a fim de lutar contra potenciais terroristas.
Primeiro Alvo é uma produção que começa muito bem com uma cena realista e banal de um massacre em uma praia em que a esposa do personagem principal Rapp (Dylan O'Brien) é assassinada. É um início perturbador e que realmente te prende não apenas pelo ocorrido, mas também pela cena nos levar para um lugar comum, em que qualquer um podia estar com amigos e familiares.
Os terroristas atacam um resort de luxo, um ambiente familiar e de sossego, algo banal e que realmente acontece nos dias de hoje. Essa quebra no equilíbrio natural das coisas nos choca em primeiro instante e depois passamos a pensar o que acontecerá com Rapp que foi gravemente ferido.
O que não dá para entender é porque os terroristas o deixaram vivo, mesmo o alvejando duas vezes. Essa escolha soou um pouco fora do contexto do filme, terroristas não tem piedade de ninguém. Claro que o diretor escolheu o deixar vivo por ser o principal. Eles só deveriam ter explicado o porquê dessa disso ter acontecido.
Baseado no livro de Vince Flynn ‘American Assassin’ e levado ao cinema quatro anos após a morte do autor por um câncer de próstata. Ele morreu em 2013 e não viu nem participou do processo de produção do filme. Talvez se estivesse vivo o caminho tomado pela narrativa teria sido diferente, já que depois do início tudo começa a ficar rápido e forçado.
Para se ter ideia depois do massacre da praia o filme corta para 18 meses adiante. Nesse tempo, Rapp é apresentado como um sobrevivente que tem na sua cabeça apenas uma coisa: vingança. O problema não é ele aparecer muito tempo depois todo barbado e totalmente paranoico por querer matar os homens que acabaram com sua vida. O problema é o que ele aprendeu a fazer nesse tempo todo.
Aprendeu a falar e escrever em árabe aprendeu praticamente tudo sobre o Islã, tem aulas rotineiras de luta e de tiro. Aprender artes marciais e a atirar é algo que pode ocorrer nesse tempo, agora aprender árabe e sobre a religião islâmica em 18 meses requer primeiro ter tempo integral para isso, motivação ele já tinha, mas o tempo já não sabemos. Pelo menos precisaria trabalhar para ter dinheiro e se manter e isso não é mostrado em nenhum momento no filme. A partir daí a história começa a girar mais rápido e deixa de explicar esses elementos que parecem bobos, mas que fazem muito sentido.
Rapp então conhece Stan Hurley (Michael Keaton) que irá o treinar para participar de ações secretas contra terroristas. Juntos terão que encontrar um antigo rival que roubou plutônio a fim de usar em uma arma nuclear.
Rapp tem uma motivação que soa bastante humana, uma perda de forma cruel que o faz buscar vingança. Esse lado emocional é bem desenvolvido e o mesmo pode se dizer do papel de Keaton que tem um lado a ser descoberto durante a trama. Stan Hurley é tão bem trabalhado quanto o de Rapp. Sabemos do passado dele e como isso influi nos dias de hoje. A cena dele sendo torturado é uma das melhores do filme, mesmo sendo bizarra. Tiveram coragem de colocar o Batman sendo torturado ao ponto de causar dor e sofrimento em quem assistia.
Por sinal, é depois da entrada de Keaton na história que a produção ganha corpo. Com sua experiência praticamente engole Dylan O'Brien quando estão em cena. É interessante ver Michael em um papel diferente do que estamos acostumados a vê-lo.
Se Keaton é um acerto e um ganho para a narrativa o mesmo não se pode dizer de Dylan O'Brien. Ele não convence no papel do homem que busca vingança e redenção. O mais correto seria chamar atores do cacife de Gerard Butler ou até mesmo um Daniel Craig para a produção. Dylan pode ser bom ator, mas o personagem não era para ele.
Assim como é bem realista em sua forma de mostrar as ações também tem em contraposto a forçação de barra em algumas cenas. Não apenas a da tortura, mas quase todas as outras que envolvem algum tipo de ação como a dos cães correndo atrás de Rapp ou quando ele pula da janela e se pendura em uma bandeira. Parece que o diretor Michael Cuesta assistiu bastante vezes Velozes e Furiosos ao montar o roteiro.
Não é por acaso que Michael Cuesta foi escolhido para a direção de O Assassino. Ele tem vasta experiência no tema que o longa trabalha que é o terrorismo. Ele dirigiu duas temporadas da série Homeland que abordava o tema se um soldado americano que voltou do Oriente Médio, mas convertido como terrorista. E no filme O Mensageiro com um jornalista como protagonista sendo perseguido pela CIA.
Portanto, a sua escolha foi acertada para esse tipo de produção. Talvez outro diretor não tivesse sido tão direto quanto ele e teria romantizado algumas questões. A violência empregada aqui é de forma crua e em alguns momentos choca o telespectador.
Outro acerto foi levar a história para um momento conturbado e que soa bem atual que é a crise nuclear e o terrorismo. Muitos países atualmente tem a bomba atômica e há uma tensão crescente por causa das ameaças da Coreia do Norte em relação aos Estados Unidos e o terrorismo é fator de preocupação em todo o mundo desde que Osama Bin Laden atacou as torres gêmeas do World Trade Center em 2001.
O Assassino: O Primeiro Alvo não é um filme para quem está acostumado com Duro de Matar, Mercenários ou até mesmo Velozes e Furiosos. Tem boas cenas de ação, efeitos especiais bacanas, mas na mesma medida tem muitos diálogos e seu desenvolvimento inicial direto se torna monótono com o tempo. Vale para quem gosta de Homeland, é praticamente o mesmo tipo de desenvolvimento empregado na série. Bem realista e sério em suas discussões perdeu a chance de se aprofundar mais na questão nuclear.
Escrito por Gabriel Danius
O Assassino: O Primeiro Alvo (American Assassin, EUA – 2017)
Direção: Michael Cuesta
Roteiro: Stephen Schiff
Elenco: Dylan O'Brien, Michael Keaton, Sanna Lathan, Taylor Kitsch, David Suchet, Navid Negahban, Scott Adkins
Gênero: Ação, Thriller
Duração: 111 min
https://www.youtube.com/watch?v=bjcQO2yArLQ
Crítica | Amityville 5: A Maldição de Amityville
Nos filmes anteriores de Amityville, a casa em questão sempre foi mostrada a nível de ficar tudo muito saturado. A exceção foi Fuga do Mal, eles mudaram tudo e levaram o mal que habitava a residência para fora dela. Agora em Amityville 5: A Maldição de Amityville houve um retorno a casa, mas não a original dos anteriores, é uma outra casa. No filme eles dizem ser a mesma casa, mas não é. É uma totalmente diferente, tentaram enganar os telespectadores.
Muitos vão assistir a esse longa achando que é um filme sobre Amityville protagonizado pela tal casa. Ele já começa errado aí, o que antes poderia ser uma ideia que poderia dar um diferencial para a franquia se mostrou totalmente desorganizado e desnecessário. Essa continuação é tão ruim que o espectador terá que fazer um grande esforço para conseguir chegar ao final.
Na trama, um casal compra a tal casa e vai morar nela. Três de seus amigos vão com eles para ajudar na reforma. Com o tempo eles vão descobrindo que a residência não é tudo isso e que crimes ocorreram lá. Até aí, nada de anormal, história manjada e quase igual a de todos da franquia.
Só que esse consegue piorar tudo o que havia sido construído, não tem elemento algum que possa o chamar de Amityville. Um erro sem tamanho que praticamente matou a franquia. Se antes ela já estava indo mal, aqui praticamente foi enterrada. Por que continuar fazendo filmes ruins, sem apelo nenhum para o terror e o pior, com péssimos atores, diretores e com roteiro parecendo ter sido feito por uma criança de 10 anos? Não sabem trabalhar a casa, até Atividade Paranormal soube fazer isso melhor.
Antes dos cinco amigos adentrarem a nova morada, havíamos presenciado uma cena no mínimo estranha. Um padre havia sido assassinado em uma paróquia e depois o filme corta para 20 anos adiante. Uma cena completamente nada a ver, qual o motivo dela estar ali? Deram uma explicação boba mais para a frente e só. Só colocaram o padre lá porque virou regra colocar alguém ligado a igreja nas produções.
Esse acontecimento com o padre parecia mais com um filme de suspense com serial killer que propriamente com uma produção de terror. Começou todo errado, passou por um desenvolvimento que não fez mais que encher linguiça e terminou de uma forma risível e patética. Ao mesmo tempo que ele vai te mostrando tudo de forma rápida e sem se preocupar com o que está acontecendo, ele também consegue te prender. O suspense dele é bem montado, mesmo sendo enganador é intrigante. Você vai se perguntando até o final quem é o tal assassino e nada de descobrir.
Depois de todo o suspense criado ao longo dos 90 minutos, eles esclarecem quem é o criminoso. Como nos filmes anteriores ele estava possuído e se torna um monstro com o rosto dele ficando todo desfigurado. Final sem sentido algum, assim como todo o filme é. Os últimos 15 minutos, por sinal, são engraçadíssimos, o vilão gritando e fazendo caras com uma máscara tosca lembrou muito o ocorrido no final do segundo longa.
Assim como o original de 79, esse não fica para trás em cenas desnecessárias. Há uma em que os amigos vão para o bar conversar, lá fazem amizade com moradores locais e descobrem sobre o passado da casa. Lembrando que gravaram em outra casa, não na original. Ou seja, não faz sentido nenhum esses diálogos e eles terem ido ao bar não tinha justificativa alguma. Se era para inserir novos moradores para falarem da residência, porque não fizeram isso desde o início? Como aconteceu por exemplo na série Wayward Pines ou Bates Motel, que desde o início os novos moradores entram em contato com os antigos na cidade e vão desenvolvendo toda a história em torno disso.
O roteiro tem tantos furos que algumas horas chega a ser absurdo. Nem em roteiro de produções universitárias se vê tantas falhas. Tem uma hora que um cachorro abre com as patas uma porta que estava trancada, muito bizarro! Fora que os cinco amigos podiam ir embora da casa a qualquer momento, mas não iam pelas mais esfarrapadas desculpas. Quanto aos diálogos dos personagens eles são péssimos, lembram os de filmes adolescentes de terror. O andamento é sonolento, quase parando. Fear The Walking Dead é uma obra-prima perto desse filme.
Os protagonistas são horríveis, os piores de toda a franquia até aqui. São mal desenvolvidos, não abordam a história de cada um, atuações sonolentas. Se preocupam apenas em mostrar a casa e dane-se os personagens. De início não sabemos quem é o protagonista, até descobrir que o casal é o principal. Até nisso fizeram errado. Esse filme não devia ter um principal, ele é tão ruim de elenco que todos deviam ter sido possuídos pela casa e mortos. Para se ter uma ideia, passada uma hora de filme não sabemos quem é o principal ainda.
Não sabemos porque, mas a personagem principal fica vendo um cara pelo lado de fora da casa, que some sempre quando ela o olha. Não dá para entender quem é esse cara, e mesmo o filme explicando quem ele é você fica sem entender. Porque ele apareceu? Provavelmente nem o diretor sabe explicar. Como é um suspense tentaram enganar de que ele era o suposto assassino, mas isso é muito superficial. Fora que não incluíram ele em nenhum momento, a não ser visualmente.
Fotografia é tão ruim, mas tão ruim que tem horas que nem dá para enxergar as cenas. Fazer que a casa é sombria dá para entender, agora deixar tudo quase escuro é imperdoável. Os enquadramentos também são horríveis, completamente mal filmado. Muito amadorismo para uma produção só.
A verdade é que Amityville poderia muito bem ser uma franquia excelente, mas com esse filme a única coisa que podiam fazer era ou um reboot ou um remake, mas não. Continuaram fazendo filmes atrás de filmes, sem se preocupar com a história, apenas pensando em lucro.
Escrito por Gabriel Danius
Amityville 5: A Maldição de Amityville (The Amityville Curse, EUA, Canadá – 1990)
Direção: Tom Berry
Roteiro: Doug Olson, Hans Holzer, Michael Krueger, Norvell Rose
Elenco: Ali Giron, Anthony Dean Rubes, Cassandra Gava, David Stein, Dawna Wightman, Kim Coates
Gênero: Terror
Duração: 91 min
Crítica | Amityville 2: A Possessão - Uma Sequência que Desaponta
A pessoa que assistiu ao longa de 1979 possivelmente achou tudo muito monótono e parado, ainda mais se comparado ao terror produzido nos tempos atuais de muita correria e sustos. Óbvio que com o sucesso do primeiro filme da franquia Amityville uma continuação seria feita, isso se levarmos em conta que esse gênero adora criar franquias sem pensar na estrutura da narrativa. Amityville 2 - A Possessão é um oásis se comparado com todos os filmes da franquia Amityville, difícil encontrar um que fuja a receita criada pelo primeiro longa que foi um sucesso.
Se no anterior se contava a história da família Lutz que se mudava para a residência e presenciaram diversos acontecimentos sobrenaturais, tendo que sair dali rapidamente, nessa sequência é apresentada a história da família DeFeo, moradores que viveram ali antes dos Lutz.
Os DeFeo se mudaram para Amityville no ano de 1974, e a família era composta por Robert DeFeo, sua esposa e mais cinco filhos. Desses filhos um seria o responsável pelo massacre na residência estabelecida no endereço 112 Ocean Avenue. Ronald 'Butch' Junior matou a sangue frio com uma carabina seu pai, mãe e quatro irmãos. Todos morreram de bruços, nenhum com uma posição diferente e nem com traços de reação.
Ronald chamou a polícia e depois de muitas histórias contraditórias acabou assumindo que ele havia sido o responsável pela morte de todos da família. Disse que ouvia vozes e que ela o obrigava a praticar esses atos. Claro que ninguém acreditou de início, só iriam levar a história em conta depois dos relatos dos Lutz no livro que daria origem a todas essas produções cinematográficas. 'Butch' foi condenado ainda em 1974 a 6 prisões perpétuas em sequência e está preso até hoje.
Amityville 2 começa quase do mesmo jeito que a versão de 79: com uma família (os DeFeo) se mudando para a residência. Daí em diante vai mostrando todo o processo de possessão que Ronald passa a sofrer do possível demônio que habita a casa. Aqui o mal é liberado quando é descoberta uma passagem secreta no sótão. Esse ser maligno - o filme não cita em nenhum momento um espírito - sai instantaneamente de lá e passa a atormentar Ronald, dizendo para ele matar seu pai, para matar todos da família.
O diretor Damiano Damiani emprega bem na produção os acontecimentos, que realmente existiram e foram relatados por Ronald. Um deles foi o das vozes que ele dizia ouvir, outro foi o possível caso de incesto entre ele e sua irmã, isso com ele já em processo de possessão. Fora outros relatos que o diretor deu uma forçada, como a presença intensa do padre na vida de Ronald. Ele tem papel importante no filme, tanto que vai até o final tentando curar o rapaz do demônio que teria tomado seu corpo.
Provavelmente é um dos melhores filmes de toda a franquia Amityville, pois a maioria das produções tem histórias péssimas, são mal dirigidas e os roteiros são praticamente iguais uns aos outros. Esse se sobressai por ser original no sentido de contar a história dos DeFeo, de mostrar o processo de possessão sem forçar a barra, e trabalha bem toda a tensão gerada até o desfecho cruel de tudo.
Outra grande sacada de Damiano para enriquecer a história e tentar ser original foi a inclusão do padre na vida deles. Obviamente a referência é o Exorcista que havia estreado muitos anos antes. Na realidade, tudo lembra e muito o longa de 1973, os closes dado no padre dentro da residência, o enquadramento feito quando ele está do lado de fora com uma roupa preta, chapéu preto. Até os diálogos finais profanando o padre são claramente inspirados na obra de William Friedkin.
Só que o padre de tanto aparecer fica chato, ele não está na versão original da história e sua inclusão foi apenas para mostrar a batalha entre bem e mal de que nenhum ser maligno tem força suficiente para vencer Deus. Poderiam ter colocado um policial na história, padre já não era algo original, o pior é que em nos próximos filmes de Amityville terão muitos outros padres. Não seria nenhum erro ter um policial, mas há de se entender o porque do padre já que ele é o único capaz de vencer o diabo.
O melhor desse longa é que as coisas vão ocorrendo com muita rapidez, sem enrolação. Já descobrem o lugar no porão de início, sem dramatizar que lá devia ter algo ruim. Os sustos e a tensão já começam sem dar tempo de pensar no que seria tudo aquilo. Trabalham o fato de algo de errado ter na casa com o simples movimento de objetos, espelhos caindo, pincéis voando e pintando paredes.
A ideia é aterrorizar desde o início o espectador, não dando tempo para imaginar o que vai ocorrer. Outro fato interessante é que não desenvolvem a casa no sentido de mostrar que ela é macabra simplesmente por ser. O público já sabe o que é Amityville, querer mostrar o que é ela novamente seria “chover no molhado”, além de ser bastante desnecessário. O filme anterior já havia desenvolvido bem a casa, pra que perder tempo fazendo a mesma coisa?
Há horas que a narrativa parece parada, mas isso é proposital para trabalhar a possessão do rapaz, como se ele estivesse em estado de hipnose. Até a hora que ele está no tribunal é lenta de forma proposital, para apresentar o caso como ele ocorreu de fato e para dar mais suspense.
Tanto essa versão como a anterior desenvolveram bem a história, só que aqui tudo é bem mais aprofundado e bem desenvolvido. Os personagens não estão aqui à toa, apenas para compor cenário. A irmã de Ronald, por exemplo, tem um papel quase de protagonista e causa um choque o que irá ocorrer com a personagem, pois se fosse nos dias atuais o tratamento seria mais heroico e seu fim seria mais enérgico. Damiano decide de forma cruel seu futuro e de forma muito rápida.
Ponto negativo é o final quando aparece o monstro. O processo de possessão foi bem apresentado, até chegar ao final, no momento que ele estava com uma maquiagem que lembra 'Thriller' de Michael Jackson (seria essa a inspiração do rei do pop?). Depois do confronto com o padre lá pelos últimos 15 minutos fica tudo estranho, para não dizer ridículo e forçado demais. O monstro que ele se torna só não ficou ruim porque em Amityville III terá um muito mais grotesco.
Uma falha também é não ter reproduzido as mortes do jeito que elas ocorreram. No filme houve resistência por parte de todos integrantes da família. Só que isso não ocorreu na realidade, todos foram mortos enquanto dormiam e estavam de bruços.
Aos amantes de filme de terror, que curtem uma boa história com boas doses de sustos essa é uma boa pedida. Aqui sim encontramos muitos elementos do gênero de filmes de terror e tudo muito mais aprofundado, diferente do anterior que era superficial e chato.
Escrito por Gabriel Danius.
Amityville II - A Possessão (Amityville II: The Possession, Estados Unidos, Itália, México – 1982)
Direção: Damiano Damiani
Roteiro: Dardano Sacchetti, Hans Holzer, Tommy Lee Wallace
Elenco: Burt Young, Diane Franklin, Jack Magner, Rutanya Alda, James Olson, Meg Ryan
Gênero: drama, suspense, terror
Duração: 104 min
https://www.youtube.com/watch?v=lwIgPbOXKI0
Crítica | 2:22 - Encontro Marcado
O tempo sempre foi um elemento presente nas produções hollywoodianas, seja em uma bomba que está prestes a explodir, seja para contar uma história que aconteceu há muito tempo ou para marcar coincidências de fatos que ocorreram. O tempo se bem empregado ajuda a contar a história e dar um sentido para todos os acontecimentos estabelecidos em cena.
Essa é a proposta de 2:22 - Encontro Marcado segundo longa-metragem dirigido por Paul Currie e que tem nos papéis principais Teresa Palmer (Quando as Luzes se Apagam) e Michiel Huisman (Game of Thrones). Aqui a coincidência é o tema principal, só que o diretor misturou tantos elementos que fica complicado aceitar como um filme desse possa ter sido feito, todo confuso e no final tentando explicar o porque de tudo aquilo.
Dylan é operador de tráfego de aviões, ele auxilia os voos a irem por uma rota segura. Com o andar da história ele se encontra com Sarah, mulher que ele nunca tinha visto antes. Logo de cara já parecem se conhecer há muito tempo, eles passam a viver um romance e cada vez mais parecem se apaixonar. Há um elemento no meio do romance que é Jonas (Sam Reid), ex-namorado dela que ainda a ama e fará de tudo para que o casal se separe. Na verdade só no final que essa obsessão por Sarah aparece, antes disso só mostram a obsessão do protagonista pelo número 2:22.
Qual a relação disso tudo com os números? Não deveria ter relação alguma, mas o diretor dá um jeito de inserir esse elemento na trama. Todos os dias, no mesmo horário às 2:22 Dylan tem déjà-vu de que já viveu esse dia, em todos locais que passa parece ver as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas sempre. Ele não está vivendo o mesmo dia, parece que tudo é apenas uma coincidência, tudo que ele vivencia segue um padrão. Isso começou depois que o avião de Sarah chegou ao aeroporto, seria o destino ela chegar e tudo isso começar a acontecer com ele?
As coincidências ditam toda a trama, só que é tudo tão mal jogado que o próprio diretor se confundiu em contar a história. Ele mistura destino com reencarnação, por exemplo. Ele não usa em nenhum momento a palavra reencarnação, mas dá a entender que é isso sim. Se é o destino que os dois ficassem juntos então ele parte da ideia que desde o nascimento os dois estavam destinados um para o outro. Ideia interessante, mas pessimamente desenvolvida. A obsessão de Dylan em entender o que são os números tira totalmente o foco disso.
Outra ideia que poderia salvar esse longa é colocar o ex-namorado no centro de tudo, criar nele um ciúmes doentio que fizesse dele um vilão. Mas não entram nessa de que os dois se conheceram em outra vida e se amaram. Vamos concordar que um romance psicótico seria mais interessante.
Com certeza Paul Currie fez um dos piores filmes românticos já visto, quis fazer algo sério mas caiu em uma história totalmente sem pé nem cabeça. Os números estão lá apenas por estarem, para mostrar que o tal padrão tem relação entre os acontecimentos com um assassinato ocorrido há 30 anos atrás no Grand Central.
Quando o diretor e seu roteiro são problemáticos a esperança é de que a dupla de protagonista faça algo que salve toda a produção. Mas aí vem outro erro: Teresa Palmer tem um vasto currículo de atuações em diversas produções, Michiel Huisman faz o par romântico e apaixonado por ela, os dois são um fiasco total quando estão juntos.
Não deu liga. Teresa não passa em nenhum momento o ar de que está apaixonada e Michiel parece ter o mesmo rosto em todas as cenas, sua atuação é engessada e péssima. A dramatização final em que os três estão no Grand Central é horrível, tipica de romances água com açúcar.
O melhor papel foi para Sam Reid, o ex-namorado de Sarah. Ele atua dentro de seu personagem e em nenhum momento atrapalha o andamento da trama. O lado triste é que seu personagem é mal desenvolvido e não tem muito espaço no filme.
2:22 começa bem e terminal mal, quando tudo começa a acontecer é que ele se perde. Fãs do gênero vão achar ele legalzinho, mas só isso. Infelizmente o tempo não volta, caso contrário o diretor poderia ter feito algo para mudar tudo.
Escrito por Gabriel Danius.
2:22 Encontro Marcado (2:22, Austrália – 2017)
Direção: Paul Currie
Roteiro: Todd Stein, Nathan Parker
Elenco: Michiel Huisman, Teresa Palmer, John Waters, Kerry Armstrong, Maeve Dermody, Sam Reid
Gênero: Thriller
Duração: 98 min
https://www.youtube.com/watch?v=ZnWJkhmLZI0
Crítica | Terror em Amityville - Um Filme de Origem Decente
Se há um gênero capaz de agrupar tantas franquias conhecidas pelo público esse é o terror. Dentro do terror existem vários estilos como o de zumbi, vampiros, bruxaria, seriais killers, mas um dos que mais rende em bilheteria geralmente é o da casa mal-assombrada.
Invocação do Mal, Poltergeist e Atividade Paranormal tinham uma residência como lugar comum em que tudo acontecia. Mas talvez um dos primeiros a colocar uma casa como um local possuído por alguma energia maligna foi Amityville. Quando o primeiro filme foi lançado em 1979, não se esperava que fosse um sucesso tão grande como foi.
Tamanha foi a popularidade que ganhou pelo menos 8 sequências diretas e um remake, fora outras produções que passaram a tratar do assunto Amityville sem ter uma relação direta com essa franquia. No início de Invocação do Mal 2, eles mostram o casal de médiuns Ed e Lorraine Warren fazendo uma sessão na casa. Talvez essa pequena cena tenha sido uma das melhores ambientações de Amityville já feita.
Amityville: A Cidade do horror foi lançado em 1979, apenas quatro anos depois do caso envolvendo a família Lutz e cinco anos depois dos assassinatos da família DeFeo pelo seu filho Ronald "Butch" Junior. Na história verdadeira a família Lutz comprou a residência um ano depois do massacre e não se importaram muito com os acontecimentos, pois naquela época não havia nada relacionado de que a casa era mal assombrada.
Acontece que ao chegar ao local chamaram um padre para benzer o lugar, isso não foi o suficiente e em 28 dias eles foram embora de Amityville dizendo ter ouvido vozes, ter visto enxames de insetos, janelas que fechavam sozinhas entre outros elementos sobrenaturais de assustar qualquer um. Depois de fugirem correndo da residência tiveram a ideia de lucrar com o caso e contrataram Jay Anson para escrever um livro. Foi um sucesso imediato vendendo 3 milhões de cópias. Se tornou tão popular que serviu de referência não apenas para essa produção, mas para muitas outras que tinham casa assombrada como tema principal.
E é aí que entra a história de Cidade do Horror, ela foi baseada no livro, não que seja fiel ao que está lá, mas muito do que ocorreu aparece nessa produção de Stuart Rosenberg (Brubaker). A ideia foi contar tudo detalhadamente, como os Lutz chegaram lá com seus três filhos, como pouco a pouco foram percebendo que havia algo estranho na casa, o enxame de abelha e portas e janelas que fecham sozinhas aparecem também aqui. Colocaram o principal que havia ocorrido com a família e que era de conhecimento público.
Só que tudo é mostrado de um jeito como se apenas o que interessasse fosse mostrar a história e não dar susto em quem o assista. Uma das principais coisas para quem quer ver um filme do gênero é justamente levar susto ou pelo menos o de se surpreender. Há momentos que isso ocorre, mas de um jeito tão vago e sem profundidade que a tensão criada logo termina.
Há algumas cenas desnecessárias que fazem com que se perca o foco na trama. A parte da festa não sabemos porque está lá ou aquela em que o irmão de Kathy perde o dinheiro na casa e não encontra mais. Talvez a colocaram ali para dizer que a casa tem vida e consegue fazer as coisas sumirem, mas isso já havia percebido antes. O aparecimento da babá e da freira na residência são tão mal exploradas que fica nítido que o diretor não quer se aprofundar nessas questões, o foco é na família e só.
Tudo isso vai deixando o filme com uma narrativa fraca. O suspense é pessimamente explorado, aí caímos na discussão da falta de sustos. O diretor quis contar a história do casal e esqueceu que estava fazendo um filme de terror. Ficou um filme soft de suspense, nada a altura de Amityville. Esse suspense com terror será melhor explorado na sequência intitulada Amityville II.
Ponto positivo fica para a atuação dos atores que interpretam o casal James Brolin (Dylan) e Margot Kidder (Kathy). Eles sim dão profundidade nas cenas que aparecem e se o filme não é um fiasco, é justamente pelos dois, principalmente por Margot que antes dessa produção havia estrelado Superman - O Filme. Brolin não fica atrás, enquanto vão mostrando que ele está ficando doente, como se estivesse sendo possuído por algo, realmente nos faz acreditar de que algo de ruim está acontecendo com ele.
A trilha sonora também dá o tom na trama. Em um filme de terror é importante que a trilha esteja de acordo com o que acontece em cena e ela é muito bem empregada aqui. Queira ou não ela ajuda nos momentos de tensão, mesmo que o roteiro não ajude muito. Dizem que essa trilha sonora seria empregada no filme O Exorcista de 73, mas foi abandonada e acabou sendo aproveitada pela equipe de Amityville.
Amityville: A Cidade do horror ou Horror em Amityville como é popularmente chamado não é um filme ruim, é sim mal pensado e pouco explorado. Esse é um longa que ainda não recebeu o devido respeito nem atenção pela indústria de Hollywoody, a maioria das produções é fraca e mal produzida. Mesmo com tantos deslizes recebeu aquela fama cult que muitos outros filmes receberam depois de um tempo.
Amityville: A Cidade do horror ou Terror em Amityville (The Amityville Horror, EUA – 1979)
Direção: Stuart Rosenberg
Roteiro: Jay Anson, Sandor Stern
Elenco: James Brolim, Margot Kidder, Amy Wright, Baxter Harris
Gênero: Terror
Duração: 117 min
https://www.youtube.com/watch?v=6CC5IjKBtFY
Crítica | Lino – Uma Aventura de Sete Vidas
Quem gosta de assistir a bons filmes, sendo no cinema ou na TV provavelmente já ouviu a frase "cinema nacional não presta" e quando se fala de animação o resultado é ainda pior "brasileiro não sabe fazer animação". As duas afirmações estão erradas e Lino - Uma Aventura de Sete Vidas mostra bem isso.
Há muitos profissionais brasileiros trabalhando no ramo de animação, o problema é a falta de estrutura que eles muitas vezes não tem, já que para fazer um filme do gênero é necessário um orçamento polpudo e isso dificilmente se consegue. O pior nem é a falta de estrutura e de funcionários capacitados, falta também interesse do público.
Os cinéfilos brasileiros não estão acostumados com produções nacionais. Se animações de outros países já encontram dificuldade por aqui o que dizer das brasileiras. A bilheteria geralmente vai toda para megaproduções de grandes estúdios como Dreamworks ou Pixar e isso reverte em bilheterias gigantes o que faz com que as produtoras, distribuidoras e cinemas deem mais oportunidade para essas produções do que para estúdios menores.
Veja o exemplo de O Menino e o Mundo, longa de Alê Abreu que concorreu ao Oscar e por aqui levou pouco mais de 60 mil pessoas para as salas de cinema. Não foram por não ter interesse e não pelo filme ser ruim. Existe um público que ama filmes de animação, mas não vai ao cinema por falta de interesse e talvez até pelo alto valor dos ingressos.
O público prefere ir ao cinema ver algo que é quase certo que seja bom e divertido que ter uma experiência nova e assim apostar em um produto que ninguém conheça. Claro que a concorrência de Disney e outros estúdios com maior valor de produção também ajuda a bilheteria a ser baixa. Espera-se que isso deva mudar com Lino, aposta da Fox para esse segundo semestre.
Com direção de Rafael Ribas, Lino não é uma animação espetacular, mas também não é um produto ruim, longe disso. A começar pela excelente qualidade da animação que joga as produções nacionais do gênero a um outro patamar. Lino foi feito com tecnologia 3D de qualidade, os traços não deixam nada a desejar se comparado com animações da Disney/Pixar ou Dreamworks. É realmente um trabalho impressionante e que deve ser ressaltado, a animação surpreende e deve ir bem de bilheteria.
Lino é um rapaz que passa seus dias trabalhando como animador de festas, ele traja uma fantasia de gato que as crianças adoram encher de pancadas. Desde o início o diretor já o mostra como um perdedor, alguém acomodado e infeliz. E isso só vai piorando com o tempo, ele inveja seu vizinho por sempre chegar com pacotes novos. É aí que vai visitar um guru que sem querer faz uma mágica que o transforma em um gatinho. E aí toda história vai se desenvolvendo e tem início sua trajetória para voltar ao normal.
A ideia é boa, fazer graça com o cotidiano e com a desgraça alheia. Ao mostrar a rotina de Lino, um cara azarado, sem vontade própria e prestes a cair na depressão ele diz que um dos maiores perigos é justamente cair na rotina e começar a se autossabotar. É uma mensagem interessante e que muitos irão se colocar em seu lugar, pois é uma fase da vida que muitos passam.
A ideia que nasce original é abandonada a partir do momento que ele se transforma no gatinho fofo. Você percebe que está assistindo a dois filmes diferentes, o início é uma coisa e da metade em diante é outra. Se ele antes buscava motivação para viver e era reflexivo, isso deixa de acontecer quando se transforma. Rafael Ribas abandona o humor adulto para cair de vez em uma aventura infantil, sem ao menos se preocupar com tudo que ele havia desenvolvido até ali.
É um grande problema do roteiro, poderiam fazer o gatinho fugir da polícia, mas não abandonar seus problemas de vida, seus dramas pessoais que o assombravam. Virou uma animação de pura correria, ele passa a escapar de todos os jeitos dos três policiais porque está sendo acusado de um roubo que não cometeu. Até aí ok! Só que tudo ficou repetitivo, ele corre, corre, corre, se mete em confusões e é isso.
Depois de um tempo e de tanta correria, você cansa. Ele até apresenta fatos novos fazendo o gato ir atrás de três elementos que juntos fariam ele voltar a ser humano novamente, mas para por aí. Na realidade o problema de Lino foi ter abandonado o início, a vontade do personagem em se tornar outra pessoa, ele perde todo o espírito e aura do personagem original.
Tudo isso para no final voltar a linha narrativa inicial antes abandonada. A lição de moral "confie em si para que os outros confiem em você" teria funcionado melhor se houvesse mais cenas em que ele pudesse pensar em sua vida, algo que o começo mostrou melhor.
Uma surpresa são os personagens secundários, uma linda bebê que lembra bastante a Bu de Monstros S.A. e um guru doido que ajuda Lino em sua jornada. Poderiam ter os desenvolvidos melhor, mas com correria de querer levar Lino a sua saga acaba se esquecendo deles. Uma nota zero apenas para a dupla de policiais que se torna apelativa e chata com o desenrolar da trama.
A voz de Lino é muito conhecida pelo público brasileiro. Ele é dublado originalmente pelo ator Selton Mello que começou sua carreira justamente como dublador. É um bom trabalho do ator e diretor que se mostra onipresente nas produções nacionais. Há uma mudança no tom da voz quando ele se torna um gato.
Mesmo com todos esses erros de roteiro e com uma direção limitada, há de dar os parabéns para Rafael Ribas por sua ousadia e esforço em fazer uma animação nacional que mais parece um produto americano de tão impressionante que ficou. Vamos ver se esse filme começa a fazer os brasileiros a terem melhor interesse por um produto 100% brasileiro e comece a ir aos cinemas, queira ou não isso é importante. Nenhuma produtora vai financiar um filme de animação sem que tenha um retorno certo.
Escrito por Gabriel Danius.
Lino - Uma Aventura de Sete Vidas (Brasil – 2017)
Direção: Rafael Ribas
Roteiro: Rafael Ribas
Elenco: Selton Mello, Dira Paes, Paolla Oliveira
Gênero: Animação
Duração: 90 min
https://www.youtube.com/watch?v=7oPxjhBA-Ss
