Andrew Garfield não liga se alguém prefere outro Homem-Aranha

Artigo | Lições de Moral do tio Ben e da tia May para Jovens Revoltados

Se teve alguma coisa que fez bastante falta em Homem-Aranha: De Volta ao Lar, com certeza foram as pertinentes lições de moral de tio Ben e tia May em Peter Parker. Mas na trilogia de Sam Raimi, tivemos insights valiosíssimos para o nosso herói do homem comum. Pela proximidade do Aranha com nós, reles mortais, muitas vezes os conselhos de seus tios também acabam nos atingindo. Aqui, selecionamos cinco deles para ajudar a passar pelos momentos difíceis da vida. Tragam seus lencinhos e partam de coração aberto para essa leitura.

https://www.youtube.com/watch?v=_5d6rTQcU2U

Responsabilidade

Com certeza, ninguém gosta de levar um belo sermão. Desdenhando do conselho que guiará toda a sua vida, Peter Parker também não estava nem um pouco a fim de escutar tio Ben sobre os problemas oriundos da conturbada fase adolescente. Assim como Peter, muitas vezes estamos ávidos em atingir os objetivos no caminho mais fácil e rápido, porém sem muitas responsabilidades. Como descobre da pior forma, toda decisão terá uma consequência: umas graves, outras brandas. Por isso, há o discurso do "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades". Podemos ser capazes de grandes feitos, tanto para o bem quanto para o mal, mas há que se pensar as consequências dessas ações. Pensar no próximo e em si mesmo. Algo que pode nortear melhor as relações interpessoais na escola e fora dela. 

https://www.youtube.com/watch?v=iRJiF1lnGO8

Dever

Em uma das cenas mais bonitas de Homem-Aranha 2, Peter sonha acordado com tio Ben, buscando sua sabedoria para nortear novamente sua vida quando tudo parece estar perdido. Porém, em uma ótima reviravolta, é justamente nesse encontro espiritual que Peter segue o inverso do conselho de tio Ben e desiste abandonar os deveres. Com essa ausência, os picos de crimes retomam em NY, mas oferece tempo do herói endireitar sua vida pessoal. O conselho também se aplica no nosso cotidiano. Sem realizarmos os deveres com honradez, plenitude e amor pelo ofício, há a perda de sentido nisso tudo o que pode guiar para decisões egoístas assim como aconteceu com Peter. É preciso um equilibrar o Dever com a Diversão, nunca com um tomando o espaço do outro. No descompasso, somente quando sua amada corre perigo que Peter deixa o Homem-Aranha voltar em sua vida.

https://www.youtube.com/watch?v=Xo1-Gk1uWA4

Heroísmo

Ainda durante sua crise de identidade, Peter revisita tia May durante a sua mudança recebendo mais um sermão valioso para todos nós: a importância do heroísmo. Mas, no caso, não sobre o ato heroico que cada cidadão pode fazer com pequenos atos de caridade e amor, mas sim sobre a nossa necessidade de heróis como inspiração para as batalhas do dia a dia. "O que o Goku faria? O que o Batman faria? O que a Mulher-Maravilha faria?". Imagino que já tenha feito essa pergunta para si mesmo na infância. É justamente disso que a tia May ensina para Peter aqui: o heroísmo vai muito além do ato heroico. O discurso de ação e reação novamente entra aqui: pelo dever e responsabilidade, Peter influenciava e inspirava a vida de milhões de pessoas. O heroísmo vira símbolo e o homem vira lenda. Para o nosso cotidiano, é sempre saudável se inspirar por atos de pessoas bondosas que fizeram diferença crucial para melhorar a nossa qualidade de vida na História. Depois, da teoria e da meditação da ideia, é hora de partir para a prática. 

https://www.youtube.com/watch?v=rvTCQ9DbMyw

Vingança

Os nossos desejos também são influenciados pela maldade. Quem nunca desejou o mal do outro na vida? Peter, cego pela raiva, decidiu colocar em prática sua sede de sangue depois de descobrir que Flint Marko era o principal responsável pelo assassinato de seu tio. Pagar sangue com sangue. Obviamente que a vingança nem sempre precisa ser extremada a ponto da morte ou de causar mal físico para alguém. Hoje, mais do que nunca, infligir dor psicológica está a apenas um teclado de distancia (e nem precisa ser do computador). Com o anonimato garantido e motivado por humilhações sofridas na vida real, é fácil nos seduzirmos a ponto de virarmos o monstro que também nos infernizou em algum momento na vida.

A impessoalidade da internet apenas deu força para propagar ódio gratuito, atacando pessoas somente pela banalidade da agressão, nos tornando animais estúpidos sem ao menos dar a chance ao debate civilizado de ideias. Sem percebermos, acabamos ultrapassando a vingança a ponto de nos tornarmos a maldade personificada. Participando de diversos grupos de zoeira, não é difícil notar como sempre alguém se torna o saco de pancada do outro. O que era para existir pouco, acaba se perpetuando pelo ciclo sem fim de agressões psicológicas estúpidas. Nos vingamos de pessoas que nem mesmo fizeram qualquer coisa para nós. É justamente por isso que May diz: a vingança é como veneno, vícia. Ou como eu digo: o Karma é infalível, o imponderável não perdoa, essas pessoas que estimam a maldade só acabam encontrando o infortúnio, a infelicidade e, merecidamente, o esquecimento. 

https://www.youtube.com/watch?v=SEhITizhQbc

Perdão

Uma das virtudes cada vez mais raras nos turbulentos dias de hoje: o perdão. Ultrapassando a raiva, Peter compreende que sua ação não aliviou a dor. A violência apenas o guia para caminhos cada vez mais sombrios e com menor chance de redenção. May, sabiamente, intervém no meio dessa loucura de Peter, já em luto pelo fracasso do relacionamento com Mary Jane. O perdão aqui é o perdão pessoal. Ser capaz de largar a bagagem na consciência depois de realizar tantos atos ruins para os outros. Ficar remoendo a consciência não ajuda nada. O que ajuda é a ação, mover-se para corrigir seus erros. Por isso, o perdão em si é uma das atitudes mais corajosas que podemos ter na vida. 

O perdão guia a moralidade inteira de Homem-Aranha 3. Vemos Harry perdoar Peter, Peter perdoar Harry e Flint, Mary Jane perdoar Peter. Para alcançar esse esclarecimento pessoal, assim como no filme, diversos desafios precisam ser superados. Desafios que geralmente trazem brigas e memórias de mágoas passadas. Por isso, muitos optam por não seguir esse caminho, afinal o custo é tremendo. O perdão não é fácil, pois envolve também aceitar escutar a opinião alheia sobre nossos defeitos - algo sempre muito desagradável. Por conta da internet, há essa sensação de descartabilidade das pessoas que se resumiram a virar pequenos avatarezinhos que marcam outros em memes. 

O problema é que na vida real, ninguém pode ser descartado dessa forma cruel, sem qualquer relevância. Para atingir o perdão, é preciso superar o medo. E, assim como em muitos casos na vida, acabamos sendo nosso pior inimigo. Pela covardia, acabamos perdendo amigos, oportunidades e, em casos piores, a nós mesmos. Claro, há de ser realista e as pessoas não são todas iguais. Assim como o perdão é uma virtude difícil, às vezes ela nem sempre é realmente requisitada. Pessoas danosas existem e é preciso saber diferenciar quem realmente aproveita da sua pessoa daqueles que merecem uma segunda ou terceira chance de resolver as coisas. Isso vale inclusive para uma auto-reflexão que pode levar a um esclarecimento que pode não te agradar. Mas é através da dificuldade que se atinge a maturidade para saber lidar com as coisas. 

Esses conselhos da tia May e do tio Ben realmente são valiosos. Por eu ter crescido junto com o lançamento da trilogia Aranha do Sam Raimi, admito que sempre achava um porre essas pausas narrativas que ousava tirar minhas valiosas cenas de ação. Porém, hoje, revendo essas cenas, é fácil reconhecer a importância dela dentro e fora das telas. Espero que o artigo tenha ajudado a suportar um pouco as milhares de incertezas que cercam a vida como um todo. O que todos podemos concordar é: há beleza nos momentos de felicidade. E por mais que sejam breves, dependendo da realidade de cada um, merecem ser festejados, relembrados e alcançados o máximo possível, no melhor equilíbrio que a vida pode nos oferecer. 

Leia mais sobre Homem-Aranha


Lista | As 15 Melhores HQs do Homem-Aranha

Convenhamos, falar de Homem-Aranha é sempre um prazer em qualquer época do ano. O maior herói da Marvel não precisa do lançamento de um novo filme para ter material publicado sobre sua vasta história nos quadrinhos, televisão e no cinema. Entretanto, com a ajudinha do hype de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, o momento é mais que propício para relembrar a gloriosa história do personagem nas HQs.

Pelo montante absurdo de histórias excelentes que marcam toda a jornada do Homem-Aranha nos quadrinhos, tivemos o árduo trabalho de selecionar as 15 mais impactantes, as 15 histórias icônicas do herói que são adaptadas e readaptadas em tantas outras mídias.

 

15 – Homem-Aranha Superior (2013)

Ok, por essa pouca gente esperava. Mas na verdade, após eu perder um baita preconceito com toda a ideia proposta pelo corajoso Dan Slott, acabei encontrando uma excelente fase que durou 31 edições. Para quem desconhece a proposta insana dessa HQ, prepare-se. Slott teve a ideia de chutar o vespeiro com aquela bicuda de trivela do Tsubasa de Super Campeões ao decidir que o Homem-Aranha não seria mais Peter Parker, mas sim Otto Octavius – sim, o nosso querido Doc Ock.

Em uma de suas parafernalhas tecnológicas insanas, Dr. Octopus consegue atrair Peter para uma armadilha, aprisionando seu corpo. Notando que sua saúde está péssima e que a morte se aproxima, Octavius decide transferir sua consciência para o corpo saudável de Parker, jogando a mente do herói para o seu. Porém, mesmo com as consciências trocadas, Peter consegue acompanhar todas as ações de Otto que, obviamente, acaba gostando muito da ideia de ser um Homem-Aranha... Superior.

Slott conduz toda a fase com muita coragem propondo mudanças drásticas no modus operandi do amigão da vizinhança. Isso inclui matar inimigos que voltarão a causar problemas, delegar tarefas para assistentes tecnológicos, terminar com Mary Jane para protegê-la do perigo e ser muito mais obstinado em acabar com o Sexteto Sinistro. Os debates que Slott desenvolve são excelentes mostrando esses contrastes de diferenças entre a violência que Otto age, gerando até uma crescente popularidade do Aranha enquanto conhecemos ainda mais sobre o passado traumático do vilão. Abandone o preconceito e dê uma chance para essa fase inteira. Garanto que em poucas edições, estará completamente envolvido pela insanidade do autor.

 

14 – O Nascimento de Venom (1988)

Não restam dúvidas da importância infernal que Venom possui para Peter Parker. O simbionte maldito que veio do Espaço tentou seduzir Peter e, a muito custo, o herói conseguiu se desfazer da união venenosa da criatura com seu uniforme, voltando ao normal. Mas claro que essa presença retornaria para se vingar de Parker.

Nisso, entra a sacada de David Michelinie e do artista Todd McFarlane em criar Venom. O simbionte se une a outra pessoa que detesta Peter Parker, Eddie Brock (após os eventos que contemplam o arco de A Morte Jean DeWolfe). Com os dois sedentos por vingança, Peter terá que enfrentar a força bestial da criatura.

 

13 – Homem-Aranha: O Reino (2006)

Eis aqui o nosso Logan de Peter Parker. Situado em um futuro distópico, O Reino bebe na fonte de O Caveleiro das Trevas de Frank Miller, inclusive copiando propostas vitais. Mas nada disso realmente importa quando começamos a ler essa perturbadora história. Com Nova Iorque totalmente segura e sem liberdade, Parker aposenta o Homem-Aranha. Já consideravelmente velho, vive o resto dos seus dias como florista no Queens.

Sofrendo pela morte prematura de Mary Jane, não há muita coisa para Peter comemorar. Porém sua vida muda quando J. Jonah Jameson surge com o antigo uniforme do herói, clamando por mudança. O restante é pesado e devastador. Uma história emocionante sobre a última luta de Peter Parker contra o sistema.

 

12 – Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2001)

Apesar de ter o mesmo nome do novo filme do Cabeça-de-Teia, poucas semelhanças são compartilhadas nos roteiros da HQ com nova produção da Sony. O Aranha vinha de uma fase beeeem sem-graça dos anos 1990. A Marvel queria ressuscitar a importância do herói para o novo milênio e o homem responsável para isso foi ninguém menos que J. Michael Straczynski em parceria com Romitinha na arte.

Apesar da Marvel também ter conseguido implodir o trabalho de Straczynski na metade de sua fase, o primeiro arco batizado de De Volta ao Lar é muito eficiente. Aqui, Parker é confrontado por um homem chamado Ezekiel que também possui os mesmíssimos poderes do Aranha. Ele subverte toda a mística radioativa da aranha que o picou indicando que existem razões sobrenaturais para Peter ter recebido esses poderes.

Nesse arco, o autor também deixa a vida profissional de Peter menos conturbada ao virar professor de Ciências de seu colégio. Mas toda a calmaria é cancelada com a chegada do vilão Morlun, um ser implacável que drena toda a força vital de suas vítimas. O personagem é quase indestrutível gerando uma das melhores lutas da história do Aracnídeo.

 

11 – Best of Enemies: Espetacular Homem-Aranha #200 (1993)

O embate final mítico entre o Duende Verde de Harry Osborn contra o Homem-Aranha. A edição praticamente contempla a luta inteira dos dois, mas em uma reviravolta surpreendente, Harry salva a vida de Peter ao atirá-lo para longe de uma explosão.

Porém, já muito debilitado e com a mente destruída, Harry encontra seu fim. É justamente nesse pequeno segmento de roteiro que a tradicional emoção que domina as histórias do Aranha surge com força. No último diálogo, com Peter segurando as mãos de Harry enquanto a ambulância parte para o hospital, o herói pergunta por que o vilão salvou sua vida. E a resposta final, devastadora, esclarece tudo: “Porque você é meu melhor amigo. ”.

 

10 – Amazing Fantasy #15 (1962)

Uma das melhores, se não a melhor, história de origem de um super-herói da Marvel. Em estado de gênio, Lee e Ditko criaram a memorável origem do Homem-Aranha que já estamos bastante cansados de saber. Até hoje é intocada pelo nível de excelência. A história da luta livre, do bandido e da morte de tio Bem. Tudo está aqui, impulsionando a motivação genuína de Parker e sua eterna lição de moral: Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades.

 

9 – A Morte do Capitão Stacy (1970)

Outro arco triste e trágico do Homem-Aranha. Ninguém esperava que o pai de Gwen Stacy morreria durante uma perseguição do herói contra Dr. Octopus. Com o vilão jogando entulho de prédios para baixo, Stacy se joga para proteger uma criança desatenta. O ato heroico, infelizmente, lhe custa a vida. Com o Homem-Aranha chegando logo depois, Lee cria um dos diálogos mais ternos que a revistinha já havia visto até então. Stacy revela que sabia desde sempre que Parker era o vigilante mascarado e clama para proteger Gwen, pois ela o ama muito. Palavras finais que marcam e assombram Peter pelo resto de sua vida por conta de eventos posteriores.

 

8 – A Morte de Jean DeWolff (1985)

A fase sombria e violenta que marca o período do Uniforme Negro do Aranha rendeu histórias sublimes. Uma delas é A Morte de Jean DeWolff. Sem nenhuma cerimônia, a amiga policial de Peter é assassinada rapidamente pelo maníaco Sin Eater. Quando descobre do assassinato, o herói perde o controle emocional e parte para uma jornada de vingança e violência.

Para ajudá-lo no caminho e, também servindo de contraponto, o autor Peter David sabiamente insere a presença de Demolidor que faz de tudo para impedir Parker de cruzar a linha que nenhum herói deve flertar: a morte dos seus oponentes. Ao longo da narrativa assustadora com a disposição doentia do Aranha, David consegue mostrar muitas camadas de cinza no custo da vida de vigilante e do heroísmo em si. História imprescindível.

 

7 – Homem-Aranha: Se Esse for o Meu Destino (1965)

Uma das partes mais famosas da fase Lee-Ditko. Foi adaptada em diversas animações e até mesmo recebe uma bela homenagem no novo longa De Volta ao Lar. Aqui, Peter segue em busca de um remédio para tia May sobreviver a uma grave doença, mas logo é confrontado por Dr. Octopus que acaba destroçando todo o lugar onde está o que o herói busca.

Aprisionado pelos pesados destroços e preocupado em alcançar o remédio para salvar tia May, Peter precisa buscar forças que vão além do poder físico para se livrar do concreto que o esmaga enquanto mantém a calma para não se afogar na água que inunda todo o lugar. Em uma das sequências visuais mais célebres das História da Nona Arte, Ditko realiza um trabalho magistral para mostrar o herói conseguindo se livrar da morte certa e afirmando sua vontade como Homem-Aranha. É histórico, é brilhante.

 

6 – Homem-Aranha: Nada Pode Deter o Fanático (1982)

O nêmese mutante chega para abalar as fundações heroicas de Peter Parker. Não é carregada de emoção, mas contém doses cavalares de ação que tornam essa uma sensacional história de super-herói. A mando de outro vilão, Fanático é enviado para capturar Madame Teia com o intuito de usar seus poderes psíquicos para deter os X-Men.

Obviamente que o Homem-Aranha não deixará isso acontecer, mas acaba descobrindo que parar o Fanático é um dos desafios mais difíceis que já encarou em sua carreira de vigilante. Todos nós sabemos como essa história acaba, mas traz um dos retratos mais vulneráveis do Cabeça-de-Teia até então, além de conferir real senso de ameaça e perigo mortal nas lutas entre os dois.

 

5 – Homem-Aranha Nunca Mais (1967)

Adaptada com primor para as telas em Homem-Aranha 2, ainda uma obra-prima insuperável do gênero de super-heróis, Homem-Aranha Nunca Mais traz debates valorosos sobre a ação que a vida de vigilante inflige nas relações pessoais de Peter Parker. Após receber duas notícias péssimas: tia May está ficando mais doente e suas notas na faculdade estão péssimas.

Percebendo que ser o Homem-Aranha só faz sua vida pior, Peter Parker desiste de vez da sua vida como super-herói mascarado. No clássico desenho de John Romita, sentimos o impacto da decisão de Peter ao jogar o amado uniforme no lixo. Aqui, há a epítome da genialidade de Stan Lee em demonizar a vida de suas criações. Um arco existencial importantíssimo para compreender Peter Parker.

 

4 – O Garoto que Colecionava Homem-Aranha (1984)

Essa é uma história simples, sem ação e de escopo intimista. Peter descobre a existência de seu maior fã, segundo o Clarim Diário, Timmy Harrison. Descobrindo onde o menino está, o Aranha resolve fazer uma pequena visita ao menino, contando a história da origem de seus poderes, sobre o tio Bem e, em momento raríssimo na história das HQs, retira sua máscara revelando que é Peter Parker para o garoto.

Tudo isso tem um motivo nobre. Na mais triste das reviravoltas, é revelado para o leitor que Timmy tem leucemia e não sobreviverá por muito tempo. Fechando com a frustração de Parker ao perceber que nunca vencerá o câncer, a historinha virou um marco dentro da editora pela sensibilidade ímpar que separa o Aracnídeo de tantos outros heróis.

 

3 – Homem-Aranha: Azul (2002-2003)

Na melhor fase da dupla Jeph Loeb e Tim Salle, verdadeiras obras-primas surgiram da “trilogia das cores” da Marvel. Azul é uma delas. Toda a narrativa se concentra em explorar a fundo o amor dos sonhos que Parker viveu com Gwen Stacy ao recordar da falecida namorada no Dia dos Namorados. Igual a todas as grandes histórias do herói, a melancolia e a beleza do engrandecimento moral e ético, marcam profundamente a história de Azul. Para quem adora esse aspecto íntimo da vida de Peter, é imperdível.

 

 

2 – A Última Caçada de Kraven (1987)

Pessoalmente, essa é a minha história favorita de todos os tempos do herói. A Última Caçada é uma daquelas histórias que já te prende nas primeiras páginas te obrigando a concluir tudo em apenas uma lida. Marcando o ponto mais alto e tenebroso da relação de Peter com o traje negro, J.M. DeMatteis e Mike Zeck atingem a genialidade com a história sombria favorita dos fãs do herói.

A história marca o limite da paciência de Kraven em não conseguir derrotar o Aracnídeo. Nisso, o vilão decide capturar o herói, droga-lo com diversos tranquilizantes e enterrá-lo vivo. Com Parker fora de ação, Kraven decide se tornar um Homem-Aranha melhor do que Peter jamais sonhou. Mas obviamente o herói não morre tão fácil e, tão logo, caça Kraven. Aqui, a genialidade se concentra em subverter papéis ao explorar a fundo as motivações de Kraven e na retratação de um Aranha maligno.

 

1 – A Morte de Gwen Stacy (1973)

Mesmo com A Última Caçada sendo fantástica, há de se reconhecer a importância dessa história corajosa que afetou a vida de Peter Parker para sempre. Marcando seu maior fracasso, A Morte de Gwen Stacy elenca a máxima “grandes poderes, grandes responsabilidades” ao limite.

Sequestrada pelo Duende Verde, Gwen é jogada durante a luta do vilão contra o Cabeça-de-Teia, mas as coisas dão terrivelmente mal no resgate da amada. Combinando N fatores, o efeito chicote causado pela parada abrupta de Gwen em atingir a água, o pescoço dela se fratura, levando ao óbito da amada. A ambiguidade do desenho força o leitor a considerar que foi Peter quem matou a namorada ao segurá-la no meio de uma queda brusca através da teia.

A decisão de matar Gwen não foi impensada. Tudo caminhava para um casamento e os editores não queriam aposentar o herói de maior sucesso da Casa das Ideias com tanta facilidade. Logo, optaram pela maior tragédia da vida do personagem para mantê-lo na ativa. Essa HQ é revolucionaria por dar origem a tantas histórias violentas, chocantes e corajosas que marcariam as décadas de 1970 e 1980 em quadrinhos posteriores de Frank Miller.

Bom, essa é a nossa lista. Gostaram? Qual é a sua HQ favorita do Aranha? Diga nos comentários!

 

Leia mais sobre Homem-Aranha


Lista | Os 20 Melhores Filmes de Terror da Década de 2010 até agora

Estamos nos aproximando do fim da década de 2010. Já em 2017, podemos dizer com segurança quais os 20 melhores filmes de terror que tivemos o prazer de ver até agora nesses últimos oito anos. O terror em si é um gênero muito interessante. Ele é vital para desenvolver futuros grandes cineastas seja para lançá-los no mercado ou para consagrá-los não somente no gênero, mas em blockbusters memoráveis. Porém, devido seu baixo custo e as liberdades tomadas pelos realizadores, muitas vezes se comportam como facas de dois gumes. Não à toa que o gênero é, em sua maioria, constituído por muitos filmes péssimos e medíocres.

Mas há luz nas trevas. E essa lista visa trazer esses 20 grandes filmes de terror que a década de 2010 concebeu até agora. Pequeno detalhe: caso não tenha visto alguma das nossas indicações, tente procurar esses filmes para ver. Garantimos que a experiência valerá a pena.

20. O Segredo da Cabana

Uma das maiores subversões do gênero de terror que já tenhamos visto. E justamente por isso, por seu tom cômico, é prejudicado em diversas partes. Entretanto, calcando sua narrativa com os mais diversos clichês do gênero e ainda aliando a toda proposta vista em O Show de Truman, O Segredo da Cabana é um dos filmes, ironicamente, mais originais que você pode assistir nesse milênio. Mesmo que não te garanta pavor, temos diversão de sobra e muitas, mas muitas criaturas malditas para infernizar a vida dos protagonistas.

19. Sobrenatural

Outro filmaço de James Wan. Essa boa experiência de casa mal-assombrada gerou uma franquia que até agora não rendeu um filme verdadeiramente ruim, mas que não chegam perto da premissa do primeiro. Contando com a elegância de encenação de Wan, esse filme relativamente barato consegue prender sua atenção do início ao fim, além de apresentar um dos núcleos de caça-fantasmas mais interessantes e divertidos que vi em tempos. O único porém é seu terceiro ato extremamente espalhafatoso que abandona toda a sutileza e sustos eficientes que havíamos visto até então.

18. Invasão Zumbi

E quando você pensa que o gênero Zumbi estava morto para sempre e a única representação decente era no ótimo e hilário Zumbilândia ou um blockbuster inchado como Guerra Mundial Z, vem os Coreanos com uma bofetada na cara entregando um dos melhores exemplares do gênero em anos. Não só por construir mortes gratificantes, mas por saber construir tão bem todas as vertentes que um filme Zumbi necessita com um look de um filme catástrofe dramático e trágico, com ótimas desconstruções de clichês e uma tensão enervante e sem perder o folego! Raphael Klopper

17. A Entidade

A peça de profunda eficiência cinematográfica do diretor Scott Derrickson. Assim como diversos filmes dessa lista, a narrativa é calcada em diversos clichês do gênero, porém o uso ativo de vídeos caseiros snuff e gore contendo a tal assombração da Entidade é bastante original. Digamos que seria um derivado de O Chamado, mas consideravelmente mais tenso diante de uma ameaça implacável e sádica que subverte qualquer noção de moralidade e ética. Os minutos finais são revoltantes e você provavelmente vai adorar ficar puto.

16. Amizade Desfeita

É incrível como o gênero do terror abre portas para inovações na linguagem cinematográfica e até subgêneros, vide o advento do slasher nos anos 1980 e o found footage com A Bruxa de Blair. Na era do novo milênio, a internet é o palco para o terror neste inteligente e envolvente suspense, que se desenrola inteiramente na tela de um computador, quando um grupo de amigos em uma conferência de Skype é perturbado pelo fantasma de uma colega. As soluções e as ideias de Leo Gabriedze são inventivas, rendendo a promessa de uma nova revolução de linguagem no gênero. Lucas Nascimento

15. Você é o Próximo

Um dos slashers mais honestos dessa lista. O primeiro grande sucesso de Adam Wingard, um dos maiores realizadores do gênero que veio a brilhar nessa década, é realmente merecido. Assistir a Você é o Próximo é uma diversão sádica, pois ao longo da obra a linha tênue que separa os antagonistas invasores da singela família fica cada vez mais estreita. Logo, um jogo de carnificina começa com dois times sedentos por violência. Além disso, os planos da protagonista envolvem engenhosidades a la Esqueceram de Mim. Impossível não gostar dessa belezinha sangrenta.

14. Deixe-me Entrar

O remake de Matt Reeves pertence em duas listas: essa e uma de melhores remakes. Apesar de alguns efeitos visuais muito toscos, Reeves contorna os problemas técnicos trazidos pelo baixo orçamento com sua fina elegância e direção de atores. Aqui, Chloe Moretz e Kodi McPhee brilham em sua relação de pseudo amizade até a revelação sedutora da menina ser uma pequena vampira. Reeves consegue o impossível e mesmo bebendo muito na fonte visual do original sueco, Deixe-me Entrar não deve nada para seu predecessor.

13. Invocação do Mal 2

Inspirado pelos acontecimentos que infernizaram a família Hodgson em 1977, Invocação do Mal 2 foi uma bela surpresa de 2016. As expectativas pela sequência do fenômeno que virou o original eram bastante altas e, mesmo vacilando com algumas ideias originais até demais, o novo terror de James Wan conseguiu satisfazer bastante. É um dos melhores filmes sobre poltergeists no gênero até agora.

12. A Morte do Demônio

Refilmar um dos clássicos do terror gore com uma roupagem mais séria é praticamente uma ofensa, mas o resultado da nova versão de A Morte do Demônio é surpreendentemente positivo, surgindo como um dos melhores remakes de terror já feitos. Tendo a aprovação e auxílio do criador do original, Sam Raimi, o então estreante Fede Alvarez cria um show de nojeiras, mutilação e espíritos demoníacos, mantendo a essência do original ao mesmo tempo em que oferece algo inovador, beneficiando-se de efeitos práticos fabulosos, um ótimo elenco liderado pela carismática Jane Levy e uma atmosfera sinistra. Ou melhor, groovy.

11. Eu Vi o Diabo

Dirigido pelo excelente Kim Jee-Woom, Eu vi o Diabo representa um ponto importante na carreira do realizador e foi o filme que abriu portas de Hollywood para o diretor. O filme possui uma história simples mas ganha frescor na abordagem e nos contornos que o realizador optou por tomar. Na trama, após sua noiva ser assassinada brutalmente por um serial killer, um agente secreto do governo sul-coreano resolve abandonar tudo e partir num jogo de gato e rato repleto de violência, tortura fisica e psicológica. Seria uma obra banal não fosse o virtuosismo do diretor. Destaque para a cena do taxi e para o final, que é sem dúvida um dos momentos mais impactantes do cinema do final da década passada. Heitor Guedert

10. Boa Noite Mamãe

Filmes de terror envolvendo crianças em papéis macabros tornaram-se corriqueiros nos dias de hoje e é por isso que “Boa Noite Mamãe” merece destaque. O filme não entrega certezas absolutas e evita maniqueísmos a todo momento. É fato que um espectador mais calejado pode antecipar as viradas e surpresas da história, mas nem por isso elas deixam de ser impactantes ou coerentes. Na trama, a mãe de dois garotos volta para casa, após se afastar devido a cirurgias plásticas. Os garotos, porém, não acreditam que aquela mulher que retornou com o rosto enfaixado seja sua mãe. Trata-se de um filme bem dirigido, com uma direção competente, suspense bem construído e momentos que fazem o espectador se contorcer de agonia. Heitor Guedert

9. Creepy

Kiyoshi Kurosawa é um mestre do Cinema. A sua habilidade de usar as mais diferentes ferramentas cinematográficas para manipular a expectativa e os sentimentos do espectador pode ser conferida tanto nos seus dramas quanto nos filmes de terror. E, no caso destes últimos, um dos que mais se destacam é o recente Creepy. Na história que gira em torno de um misterioso homem, o diretor constrói o suspense aos poucos até o grande ato final, quando todas as engrenagens narrativas se juntam e explodem numa catarse de violência e maldade.

8. O Lamento

Faz tempo que o cinema coreano vem se destacando no cenário internacional. Os filmes de cineastas como Park Chan-Wook, Joon-Ho Bong Hong Sang-Soo são ansiosamente esperados por críticos e cinéfilos de todo o Mundo. Um dos nomes mais promissores a surgir nos últimos anos foi Hong-Jin Na, diretor do ótimo O Lamento.  Com um ritmo enervante e uma trama enigmática, este filme de 2016 é um pesadelo perturbador.

7. Corra!

Para quem supostamente se encontra na posição de estreante, Jordan Peele impressiona ao se demonstrar maduro, competente e consciente do que quer fazer, alcançando uma proeza que poucos conseguem na carreira, que dirá em seu primeiro trabalho: a transição entre gênero e subgênero. Peele navega pelo suspense, thriller psicológico, humor tragicômico e terror de exageros com extrema fluidez, tudo regado a um toque pessoal com uma corajosa e afiada crítica de status social, fazendo desta uma das obras mais relevantes da década. Inesquecível. Leandro T. Konjedic

6. A Bruxa

O filme de Robert Egers é a perfeita prova de como o terror pode fugir da sua base fórmula genérica e famiiar, e construir o terror, o medo e o puro mal da forma mais natural possível aqui em seu verdadeiro drama de época com uma aura macabra e que desperta verdadeiras emoções aterrorizantes. Raphael Klopper

5. Corrente do Mal

Um retorno quase perfeito ao cinema de terror anos 1980. E seu diretor David Robert Mitchel ressuscita o clima da juventude contra as forças do mal e todo seu teor sexual sombrio, com um uso fabuloso da trilha sonora tecno que relembra dos bons e velhos dias de John Carpenter e Wes Craven. E a criação de expectativa do mal desconhecido é nada menos que enervante e tenebrosa! Também o fato do longa ser uma metáfora bastante criativa de DSTs é algo a ser valorizado. Raphael Klopper

4. Garota Sombria Caminha pela Noite

Garota Sombria com certeza é o filme menos convencional dessa lista e não só por isso merece ser relembrado. O filme iraniano é bastante arthouse em seu formato, com profunda contemplação e muitas coisas abertas para a interpretação do espectador. Entretanto, no que flerta com a narrativa, é o suficiente para conquistar qualquer amante de um bom filme. A diretora Ana Lily Amirpour toca em temas interessantíssimos como prostituição, vício em drogas na terceira idade e um valioso estudo de personagem para a vampira sem nome que observamos ao decorrer da trama (mesmo que muito pouco seja devidamente desenvolvido). O clima do filme flerta com westerns, obras expressionistas e até mesmo com o cinema noir hollywoodiano dos anos 1940. Com condução segura, fotografia magnífica e excelente trilha musical, Garota Sombria já é um clássico do gênero. 

3. Sob a Sombra

Um filme de terror dotado de alguma originalidade merece sempre uma conferida. É o caso desta produção britânica, dirigida por um iraniano e filmada na Jordânia. Uma mãe perseguida pelo regime teocrático precisa proteger a si mesma e a filha de uma assombração, da guerra e do governo – tudo ao mesmo tempo. Diferente da regra do gênero, boa parte do suspense é construída em ambientes iluminados, e funciona muito bem. Daniel Moreno

2. Invocação do Mal

Invocação do Mal pegou muita gente de surpresa em 2013. Até 2019, acredito que será muito difícil superar a qualidade que esse filme apresenta. Mesmo calcado em diversos clichês narrativos e se valendo de características de núcleos investigativos experimentados em Sobrenatural, a obra é transformada pela direção e estética aterrorizante que James Wan investe com tanto cuidado criando sequências de verdadeiro horror sem a necessidade de ficar estressando o espectador com sustos estúpidos e efeitos sonoros irritantes. Exemplos para justificar a qualidade gloriosa dessa obra são muitos, mas basta lembrar do magnetismo da cena que uma das irmãs Perron afirma estar vendo algo horroroso no vão da porta. Mesmo quando Wan revela que nada havia ali, essa cena é uma das mais temerosas da obra inteira apenas por apostar na imaginação do espectador para criar os monstros que aterrorizam as meninas durante a noite.

1. O Babadook

Talvez essa seja uma escolha polêmica, mas o australiano O Babadook é uma excelente experiência cinematográfica que vai muito além do óbvio. A sua mensagem é extremamente sombria e perturbadora fadando seus personagens à uma tragédia familiar que nunca chegará às vias do fato. Não é um filme comum sobre monstros e assombrações, mesmo que a narrativa aproveite um ponto de virada bastante clichê e genérico. Não é somente por sua mensagem impactante que está no topo, mas pela atmosfera insuportável que Jennifer Kent constrói gradativamente. Por conta disso, O Babadook vira um dos filmes mais imprevisíveis da década. De primeira viagem, simplesmente não dá para presumir diversas coisas apresentadas pela diretora.

Menções honrosas: Águas Rasas, O Homem nas Trevas, Dêmonio

Por enquanto, esses foram os 20 filmes que consideramos os mais relevantes para o gênero até agora. Até o fim de 2019, algumas coisas devem mudar bastante. Também ressalto, agora, que buscamos não incluir filmes de suspense, ficções científicas e thrillers psicológicos. Esses merecem uma lista individual. Mas já que chegamos até aqui, eu te pergunto: como seria seu top 10? Mande para a gente nos comentários abaixo!