Game of Thrones | Por que a 7ª e 8ª temporadas são mais curtas?
Muita gente deve fazer essa pergunta. Com a proximidade do final desta sétima temporada de Game of Thrones, é bem capaz que muitas pessoas fiquem surpresas ao descobrir que o sétimo episódio da temporada é também seu último.
Esse foi um tema polêmico quando anunciado há pouco menos de um ano. Os showrunners e roteiristas D.B. Weiss e David Benioff deram entrevistas para muitos veículos explicando a razão dessa peculiaridade que pode ter deixado muita gente triste.
Em entrevista, declararam: Estamos falando de apenas mais duas temporadas para terminar o seriado. Desde quando começamos a pré-produção da primeira temporada, já tínhamos definido que Game of Thrones seria uma série de 75 horas no máximo. Hoje, já queremos encurtar para 73 horas.
Com o final da 6ª Temporada em 2016, já tínhamos pouco mais de 60 horas de seriado. Logo, teríamos direito a mais 13-15 episódios. Para deixar as duas partes finais da série equilibradas, foi decidido que a 7ª contaria com 7 e a 8ª teria apenas 6 episódios. Logo, temos apenas 13 episódios confirmados.
Também, na época, muita gente especulava que por conta da diminuição da quantidade de episódios, eles seriam mais longos para compensar. O que sinceramente, não faz o menor sentido indo completamente contra o que os showrunners haviam declarado para as ditas 75 horas planejadas. Essa 7ª temporada, porém, contou com episódios mais curtos como The Spoils of War e também terá episódios mais longos (os episódios 6 e 7 terão 71 e 81 minutos, respectivamente).
D.B. Weiss e David Benioff, as mentes criativas nos bastidores do seriado.
Benioff contou mais: Queremos contar uma história coesa com início, meio e fim. Nós conhecemos o final dessa história há bastante tempo e finalmente estamos próximos dele. Os jogadores restantes já estão em suas posições partindo para a inevitável batalha final. Isso me faz lembrar da época que fizemos o pitch para a HBO. Ao contrário das outras séries, Game of Thrones conta uma história gigante e não diversas com a presença dos mesmos personagens. Não queríamos fazer uma história só de 10 horas para cada temporada. Mas sim fazer com que o espectador que pegasse todos os episódios e os assistisse em sequência sentindo que estava vendo uma história só, épica, enorme e divertida.
Essa característica das temporadas finais permitiram que Weiss e Benioff fizessem um planejamento de produção bastante distinto do que havia sido utilizado para as outras temporadas. A HBO destinou uma verba de um filme de médio orçamento para o grand finale da série que quebrou convenções na História da Televisão. Ou seja, as duas temporadas juntas podem chegar a custar de 130 a 180 milhões de dólares. E isso para uma produção televisiva permite muitas possibilidades fantásticas para aprimorar encenação e efeitos para tornar o final o grande espetáculo que ele merece ser.
Particularmente, penso que é uma decisão bastante louvável. Se eles quisessem, facilmente poderiam estender a série para até 10 temporadas. Todos nós já vimos diversos seriados que se estenderam muito mais do que deveriam, perdendo o fio da meada e encanto das primeiras temporadas. Isso mesmo já aconteceu na HBO com True Blood, por exemplo. Logo, é satisfatório ver dois grandes realizadores mantendo a ideia nos eixos e preservando a paixão iniciada e compartilhada com todos nós em 2011.
Imagino que será algo tão satisfatório e belo quanto ver a despedida de Breaking Bad que durou exatamente as 5 temporadas planejadas por Vince Gilligan. Obviamente será triste ver uma série tão querida sair da programação e também do nosso cotidiano, mas há certa beleza que as fazem inesquecíveis.
Por outro lado, a HBO não é boba. Game of Thrones é um dos carros-chefe da emissora e Martin construiu um universo gigantesco nessa história. Nesse exato momento, diversos ótimos roteiristas trabalham em cinco ideias que podem originar seriados derivados de GOT muito em breve. (Leia nossas cinco ideias para esses spin-offs aqui).
2018 marcará o fim da canção de Gelo e Fogo, mas não será nosso último adeus a Westeros.
Game of Thrones | Profecia sobre Cersei pode se concretizar ou mudar em breve
Spoilers
Tanto na série como nos livros, a rainha Cersei é assombrada por uma profecia transmitida pela bruxa Maggy. Nessa profecia, Cersei se casaria com o rei (Robert) e seria rainha por um tempo, mas depois viria outra mais jovem e bonita que acabaria com seu poder (Cersei acreditava que seria Margaery, mas agora só pode ser Daenerys). O rei teria 20 filhos e Cersei teria três. Cada um deles usaria coroas de ouro e depois mortalhas.
Essa profecia se cumpriu em partes ao longo do seriado. Rei Robert teve vinte filhos bastardos e Cersei teve três filhos com Jaime: Tommen, Joffrey e Myrcella (todos já vestindo suas mortalhas). Outra parte importante da profecia envolve "quando Cersei se afogar em lágrimas, o valonqar colocaria as mãos em sua garganta e a estrangularia até a morte" (Valonqar é irmão mais novo: Jaime ou Tyrion).
Nesse último episódio, tivemos Cersei anunciando uma nova gravidez oriunda da relação incestuosa. Caso ela realmente venha a dar à luz, Cersei se livrará de um destino trágico, mas conhecendo Game of Thrones é provável que ela tenha um aborto espontâneo levando a se afogar em lágrimas que a levarão para sua morte.
SPOILERS E TEORIAS DOS PRÓXIMOS EPISÓDIOS A SEGUIR
Como vocês sabem Game of Thrones tem um histórico ferrenho de ter seus roteiros vazados em questão de anos antes da exibição dos capítulos. Nos cantos escuros da internet, um homem diz ter o conhecimento sobre o que acontecerá na oitava temporada da série. Dado também os acertos que esse homem acumula ao longo já de dois anos, há crédito. Não leia além daqui caso não queira saber o que PODE acontecer.
Trazendo de forma bem resumida, o aborto de Cersei só deve acontecer na próxima temporada. Ela realmente perderá o bebê. Arya, disfarçada de Jaime Lannister, viaja até Porto Real e a assassina nas celas negras do castelo vermelho. Esse assassinato deve acontecer somente no último episódio que deve se chamar A Dream of Spring. Logo, a profecia de Maggy realmente acontece. "Jaime", segundos mais novo que Cersei, a estrangula. Isso também se deve pelo erro de Arya não colocar a mão de ferro de Jaime enquanto disfarçada de Regicida.
Um homem se limita a trazer somente esses possíveis spoilers no post.
Game of Thrones é exibida aos domingos às 22 horas.
Game of Thrones | Entenda como a revelação dada por Gilly é um dos eventos mais importantes da série
Spoilers da série e do livro
Sam ficou muito bravo no último episódio exibido de Game of Thrones. Durante sua ira, ele pode ter interrompido uma das informações mais importantes que o seriado já transmitiu para os espectadores.
Tudo isso veio através da leitura de Gilly sobre as memórias de Meistre Maynard em Vilavelha. Enquanto Sam está ocupado transcrevendo algo, Gilly conta algumas curiosidades da Cidadela até chegar na parte crucial: "Maynard conta que foi arranjada uma anulação do casamento de Rhaegar Targaryen. Ao mesmo tempo, o príncipe se casou com outra mulher em uma cerimônia secreta em Dorne.".
Essa informação é crucial. Como já sabemos, Jon Snow é filho Lyanna Stark - muito provavelmente filho de Rhaegar também (uma das teorias mais firmes de Game of Thrones e sustentadas pela própria encenação do episódio revelador da sexta temporada). Entretanto, ainda continuava um bastardo... até esse episódio, caso essa teoria for confirmada!
Esse casamento secreto, obviamente com Lyanna, torna Jon um filho legítimo na família Targaryen e, logo, o mais próximo ao Trono de Ferro, por direito hereditário por ser filho do primeiro herdeiro de Aerys Targaryen. A leitura de Gilly só deu ainda mais forças para essa teoria. Daenerys pode não ser mais a última Targaryen como também pode perder o direito legítimo ao Trono de Westeros.
Muita gente especula que Dany acabe formando um par romântico com Jon - preservando a linhagem incestuosa dos Targaryen (uma tia com o sobrinho é light para o nível do seriado). Também não será preciso esperar por muito tempo para ver como essa incrível história será finalizada.
Leia a nossa review de Eastwatch, último episódio exibido de GOT!
E vocês? O que acham?
Game of Thrones | Leia a carta descoberta por Arya no último episódio
Spoilers!
Próximo do fim do episódio desta semana: Eastwatch (leia nossa crítica aqui), Arya espiona as tramoias de Mindinho em Winterfell. Com o personagem escondendo uma carta em seu quarto, Arya prontamente arromba a porta e lê o que estava escrito nela. O conhecimento registrado parece ter perturbado a Stark. Veja o que estava escrito:
“Robb, escrevo com o coração pesado. Nosso bom rei Robert está morto, por conta das feridas de uma caçada de javalis. Nosso pai foi acusado de traição. Ele conspirou com os irmãos de Robert contra meu amado Joffrey e tentou roubar seu trono. Os Lannisters estão me tratando muito bem e me dando todo o conforto. Eu te imploro: venha para Porto Real, jure lealdade a Joffrey e evite qualquer conflito entre as grandes casas Lannister e Stark.”
Essa é a carta que Sansa envia para Robb na primeira temporada quando ainda estava aprisionada por Joffrey. No fim da cena, descobrimos que Mindinho sabia que estava sendo seguido. Logo, a carta foi plantada por ele para jogar as irmãs Stark uma contra a outra. Um plano maléfico digno do personagem.
Isso parece ser um dos momentos finais do núcleo de Winterfell desta temporada, jogando a narrativa desse arco para seu clímax. Desconfiamos que a história não termine bem para Mindinho no fim das contas.
Game of Thrones é exibido na HBO todos os domingos na faixa das 22 horas.
Crítica | Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
A história de Luc Besson com Valerian é extremamente pessoal. Tanto que não é por menos que Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é dito como o projeto da vida de Besson. Fã declarado dos quadrinhos de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières, Besson batalhou por duros sete anos para conseguir trazer uma das histórias de seu herói de infância para as telonas.
O projeto é tão pouco modesto quanto o realizador. Besson investiu ao menos 180 milhões de dólares nesse blockbuster europeu, considerado o filme mais caro do continente até agora. Com essa pretensão, Besson eleva sua nova ficção científica a apoteose dos efeitos visuais cravando seu filme como um marco do gênero. Mas, infelizmente, as coisas saem dos trilhos com bastante facilidade.
Bradando quase 140 minutos, Valerian é uma das experiências mais monótonas e divisivas do ano. E não é por menos. Seu pior defeito é a narrativa e, sem ela, não existe filme que sustente uma projeção tão ostensiva.
Todo o conflito gira em torno de Valerian e Laureline descobrindo o que está acontecendo em Alpha, a cidade dos mil planetas. Uma zona radioativa surgiu no miolo da cidade e está expandindo. Cabe os dois agentes descobrirem como parar a ameaça que pode destruir toda a cidade. Mas a descoberta do casal revela segredos obscuros sobre a própria humanidade.
A Alma do Filme
Como fã de carteirinha e também o mais entendido do assunto, coube a Luc Besson a roteirizar a história deste Valerian. Nascido na nem tão falada escola Cinéma du Look, Besson pode ter a desculpa de ter seguido os preceitos dessa filosofia cinematográfica: pouca substância narrativa para potencializar ainda mais o visual majestoso.
Acontece que, estudando toda a sua bendita carreira, nenhum filme de Besson chega no extremo que aplica em Valerian e a Cidade dos Mil Planetas. Na verdade, o texto do longa muito se assemelha ao comportado em Mad Max: Fury Road, BvS, Warcraft e outros blockbusters menos relevantes. É uma trama muito acelerada com pouco espaço para estabelecer os personagens, apostando na concisão e conceitos fortes. Geralmente, essa responsabilidade cai no colo do diretor, para pintar imagens fabulosas e complementar as lacunas deixadas pelo texto.
Já afirmei que é uma técnica muito arriscada que somente bons diretores conseguem fazer com qualidade. Duncan Jones, por exemplo, errou feio em Warcraft. Já Luc Besson, enquanto cria um espetáculo visual de ponta, falha horrivelmente até mesmo em criar uma aventura para inserir Valerian e Laureline.
O melhor que Besson pode oferecer está concentrado na introdução do filme. Mantendo a obra silenciosa por longos minutos, conhecemos a origem de Alpha, a cidade dos mil planetas, além de situar o conflito com os alienigenas Pearls do planeta Mul. Depois de fornecer as peças principais de um enorme mistério que se comporta exatamente como uma narrativa digna dos piores episódios de Scooby-Doo.
A apresentação dos protagonistas também não colabora muito. Praticamente não conhecemos nada além de que Valerian é um agente federal pegador (que nunca pega ninguém) com uma obsessão nata em se casar com Laureline que resiste às investidas do colega sabendo do histórico mulherengo do rapaz. Esse tema do casamento praticamente delineia toda a relação entre os dois, desde o minuto que são apresentados até o fim do filme. Logo, ficar acompanhando essa DR eterna sobre o casa ou não-casa dentro de uma trama espacial de perigos gigantescos é algo que destoa e te tira da atmosfera.
Além do conflito ser repetido à exaustão, nós nunca conhecemos Valerian e Laureline. Dane DeHann e Cara Delevingne também não colaboram em nada resultando em equívoco de casting tremendo. Apesar da dupla se esforçar, a figura simpática e debochada de Valerian não combina com as feições soturnas de DeHann, além da figura esquálida do agente não impor confiança durante as missões – nem preciso dizer sobre a completa falta de química nesse casal mais que apático.
Ambos não contam com qualquer substância, além do humor do protagonista e da força feminina de Laureline. Então, a tensão artificial que Besson cria vai para o espaço a partir do momento que se torna impossível criar uma empatia verdadeira pelos personagens. Afinal, com eles ou sem eles, não faz a menor diferença simplesmente porque não nos importamos com o desfecho da narrativa. Ao menos, ambos não chegam no cúmulo de serem irritantes, mesmo que sejam repetitivos.
Para ter noção, a personagem de Rihanna, Bubble, consegue ser dez vezes mais complexa que Laureline e Valerian! E olha que sua participação é restrita apenas em duas benditas cenas. O desfecho é totalmente gratuito, assim como a exposição de seus desejos, mas existe uma lógica perturbadora na inserção de suas atividades em Alpha.
Porém, ainda sobre Rihanna, é absolutamente assustador como a presença da artista na obra a torna completamente inchada. Essa sequência em especial desvia a dupla da missão de uma forma tão gratuita e abrupta que não faria a menor diferença deletá-la completamente do corte final. É como se o próprio Besson criasse conflitos ruins e inúteis apenas para mostrar mais detalhes daquele universo. Uma obsessão tão ruim a ponto de quebrar o ritmo e a lógica estrutural de seu texto.
Antes dessa sequência, também existe outra cena grande para justificar um pseudo deus ex machina a fim de unir os dois personagens, além de traçar jornadas individuais nas quais cada um visa salvar a pele do outro. Ou seja, são duas narrativas independentes dentro de uma maior, mas que somente uma faz algum sentido dentro da lógica do roteiro.
Mensagens da Maldade
Besson também tampouco se preocupa em estabelecer o vilão da obra. O lado antagonista é uma verdadeira porcaria que não incute o menor senso de ameaça. Até existe um personagem que parece indicar ser o verdadeiro vilão da obra, mas ele apenas jura vingança a Valerian e nunca mais aparece na narrativa. Totalmente bizarro.
Disse acima sobre o formato Scooby-Doo e não é por menos. O mistério guiado por uma investigação insossa desemboca na revelação de quem é o vilão do filme. Como também não há o mínimo investimento emocional, não há interesse no desfecho de tudo aquilo. Besson perde seu público na terceira vez que Valerian e Laureline estão discutindo sobre o casamento...
Existe também uma moral e alguma mensagem. Se você limpar toda a poluição que existe no texto, vai encontrar discursos contra genocídio e reflexões sobre a evolução da humanidade, sobre um estado utópico de perfeição que o homem quase nunca atinge, além de ser obrigado a receber lições “humanas” através de outros alienígenas.
Felizmente, ao menos, a narrativa não gira em torno de um bendito Macguffin, apesar dele existir na trama apenas movimento o divertido primeiro ato. De resto, há muito pouco para se salvar na história de Valerian. Há o alívio cômico de três aliens traficantes de informação que mais funcionam como Moiras dentro do contexto, mas nada que marque realmente.
É estranho pensar em quão rico é esse universo que Besson apresenta, cheio de mitologias, culturas e costumes, mas que nesse filme se torna flácido, opaco e totalmente entediante.
Estilo, estilo e estilo
Luc Besson viaja em Valerian. Apresenta elementos que realmente nunca tínhamos visto antes em qualquer ficção científica, além de conferir muita elegância visual para cada enquadramento. É uma obra-prima visual que, por incrível que pareça, não cansa por sua beleza estonteante.
Mesmo com orçamento menor, Valerian parece ser o filme mais caro dessa temporada, mais caro até mesmo que Star Wars: O Despertar da Força. É uma administração de recursos avassaladora. Não demora praticamente nada para ficarmos embasbacados com a beleza estética de Valerian. Parece ser coisa de outro mundo.
No planeta paradisíaco, já temos a demonstração de uma computação gráfica muito adianta do que estamos acostumados. Tudo tem sua textura, brilho e polimento, banindo o efeito “borrachudo” tão presente em diversas outras produções. Se a WETA não ganhar o Oscar de VFX nesse ano, não sei quem conseguiria desbancar esse trabalho de tão absurdo que é.
É possível ver diversas raças alienígenas, construções estranhas e mecanismos criativos em ação na profundidade de campo. Tudo segue uma lógica riquíssima comportando extrema credibilidade para o universo. Besson realmente criou um mundo totalmente novo com frescor repleto de potencial.
A cidade dos mil planetas também não decepciona. Alpha possui divisões diversas para abrigar diversas espécies alienígenas em sua extensão. E a riqueza de detalhes é capaz de te deixar sem palavras. Vemos castas sociais ordenadas através do figurino inventivo e belo para uma infinidade de criaturas. Até mesmo as mais difíceis e gelatinosas possuem visual trabalhado com afinco. Desde Avatar que não via tanta qualidade visual em um ambiente criado por computação gráfica.
O espetáculo visual é garantido. E em dois momentos específicos, Besson orquestra planos sequência fenomenais que injetam vida a um filme já meio moribundo pela história tediosa. A direção é bastante correta com domínio pleno na técnica para perseguições e cenas de ação diversas, mas em alguns momentos, em establishing shots aéreos, principalmente o da cena do Grande Mercado, Besson movimenta a câmera virtual tão rapidamente que o efeito judder fica insustentável deformando o CGI.
Besson também peca em recair em clichês de encenação tão manjados que surpreendem por figurar neste filme. O clímax em si é um desastre completo. Beesson divide a narrativa em três pontos de vista, sendo um deles bastante banal. As reviravoltas são telegrafas e bastante previsíveis e o pior clichê reside apostar toda a tensão em uma manjada contagem regressiva de uma bomba que pode explodir todos os heróis em cena. Quando vemos uma contagem regressiva e uma bomba em cena, já sabemos tudo o que acontecerá, inclusive quantos segundos restarão no fim da contagem...
Mas é possível perdoar todos os deslizes do terceiro ato truncado pela fantástica sequência do Grande Mercado. O conceito da cena é estabelecer o espaço de ação em duas dimensões. Uma é a física, centrada no deserto, e a outra é “virtual”, por falta de melhor nome. Besson estabelece regras claras de como o conceito funciona tornando de fácil compreensão para o espectador. O mais impressionante é ver a diferença de pontos de vista e como Besson utiliza recursos visuais para diferenciar um lugar de outro.
O que ocorre na outra dimensão pode afetar a segunda e vice-versa. Ou seja, se o herói morrer, ele morre nas duas dimensões. A perseguição interpolada desses espaços é praticamente o único momento que rende verdadeira tensão para o espectador. A inventividade de linguagem provocada pela montagem e excelente direção é digna de aplausos. Com certeza já entra em uma lista de melhores cenas do ano.
Infelizmente, é uma pena guardar comentários pífios para a trilha musical do grande Alexandre Desplat. Apesar de ser eficiente, os temas passam longe de ser memoráveis. Há até mesmo trechos do tema que se assemelham demais a uns timbres do tema de Homens de Preto.
Cidade do Amor e do Ódio
Acredite, não há prazer em criticar ferrenhamente uma obra. Ainda mais uma que é extremamente perceptível enxergar o esforço do realizador em trazer a melhor versão possível de uma antiga paixão de infância. Sete anos de produção não são brincadeira e destronar uma obra que deveria ser um monumento do gênero é uma tarefa inglória. Crítico nenhum é maior que um filme, por pior que ele seja.
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas não é um desastre completo ou uma obra que ofenda seu intelecto como já tivemos neste ano. Mas também está longe de ser um filme bom que realmente te entretenha. Acho essa relação entre filme e espectador uma variação completa. Vai depender muito da sua bagagem com essas obras, mas pelo que o longa apresenta e nessas falhas graves de desenvolvimento dos protagonistas, é perfeitamente plausível que não exista empatia.
O que temos é um filme magnifico de tão belo, mas completamente insosso na narrativa, com punhados inteiros que não servem para absolutamente nada. Quando a narrativa estaciona em um desses pontos, realmente é difícil tirar algum divertimento do parque de diversões de Luc Besson.
Para ser a história que inspirou George Lucas a criar Star Wars, Luc Besson conseguiu tornar Valerian em uma das experiências belíssimas mais esquecíveis do ano. Uma bela lembrança de que a estética é uma peça importante de uma obra, mas que nunca a torna espetacular.
Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, França - 2017)
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson, baseado na obra de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières
Elenco: Dane DeHaan, Cara Delevingne, Rihanna, Clive Owen, Ethan Hawke, Herbie Hancock, Kris Wu, Rutger Hauer
Gênero: Aventura, Ficção Científica
Duração: 137 min
https://www.youtube.com/watch?v=hG-euPafiUI
BGS 2017 | Hideo Kojima é convidado especial do evento
A organização da Brasil Game Show tentou fazer um leve mistério hoje de manhã sobre o convidado especial da feira. Mas isso praticamente não durou nada! O pessoal descobriu em segundos que se tratava de Hideo Kojima.
E para remover toda sombra de dúvida, o lendário game designer e produtor confirmou a presença em seu twitter:
https://twitter.com/KojiPro2015_EN/status/894849659792797696
Essa é a primeira vez que Kojima virá ao Brasil! Porém, pouco se sabe se ele trará consigo mais informações sobre seu novo game, o exclusivo Death Stranding, ainda sem previsão de lançamento.
Neste ano, a Brasil Game Show acontece entre os dias 11 e 15 de outubro no Expo Center Norte, em São Paulo.
Lista | Os 10 Melhores Personagens da franquia Planeta dos Macacos
Desde 1968, os filmes Planeta dos Macacos conquistam os corações de fãs da ficção científica ao redor do mundo. Contando com nove filmes ao longo de quase cinquenta anos de existência, diversos personagens marcaram presença. Alguns ficaram inesquecíveis entrando no rol de personagens memoráveis da sétima arte por completo. Aqui, separamos os nossos dez favoritos. Confira!
10. Dr. Will Rodman | James Franco
Planeta dos Macacos: A Origem
Quem poderia prever que James Franco seria tão importante no cânone de Planeta dos Macacos? No primeiro filme da nova fase da franquia, o ator dá vida ao cientista Will Rodman, obcecado em descobrir a cura para a doença de Alzheimer e livrar seu pai de todo o sofrimento. Sendo o "pai" de César, Will é um dos personagens mais determinados e inteligentes do filme, além de provocar grande empatia e admiração graças a sua forte conexão com o símio.
9. O Coronel | Woody Harrelson
Planeta dos Macacos: A Guerra
O grande antagonista de Guerra já entra no rol de grandes personagens que a franquia já viu. Seu senso de maldade transita em um área cinzenta repleta de justificativas. Com presença pontual no filme, Woody Harrelson consegue criar uma presença avassaladora para o personagem que passa longe de ser simplório como muitos outros vilões de franquias consagradas. A problemática do passado de Coronel deixa a situação desconfortável até mesmo para César no conflito final.
8. Bad Ape | Steve Zahn
Planeta dos Macacos: A Guerra
Steve Zahn estava inspiradíssimo ao construir o fantástico alívio cômico de Planeta dos Macacos: A Guerra. Com piadas simples e timing impecável, o inocente macaco carismático rapidamente conquista a afeição do espectador. Destaque sempre para os modelitos das vestes que usa para se proteger do frio. Mesmo podendo funcionar apenas como uma ótima piada, Bad Ape também tem seus conflitos e participação ativa na resolução da história do filme.
7. Maurice | Karin Konov
Planeta dos Macacos: A Origem/O Confronto/A Guerra
Maurice é o grande conselheiro e bussúla moral de César. O orangotango de olhares sábios está presente desde o primeiro filme oferecendo sua proteção e amizade para o protagonista da nova trilogia. Em Guerra, mais camadas do personagem são aproveitadas, deixando sua figura um pouco mais complexa.
6. George Taylor | Charlton Heston
O Planeta dos Macacos
George é o humano detestável e egoísta que representa nossa raça no'Planeta dos Macacos original de 1968. Com o niilismo à flor da pele, o personagem faz de tudo para sobreviver ao mundo repleto de macacos. Em uma das melhores atuações da carreira de Charlton Heston, o ator entrega um grande personagem que transparece bem o problema de empatia e diálogo que tanto marca nossa existência.
5. Zira | Kim Hunter
O Planeta dos Macacos/De Volta ao Planeta dos Macacos/Fuga do Planeta dos Macacos
Apesar do fim trágico que os roteiristas destinaram para o casal Zira e Cornelius, a personagem cientista veterinária cativa os fãs. Kim Hunter transmite doçura e ingenuidade na personagem que sempre está disposta a se arriscar para fazer o que acha correto.
4. Dr. Zaius | Maurice Evans
O Planeta dos Macacos/De Volta ao Planeta dos Macacos
O ministro da Ciência e da Religião é o antagonista preferido dos fãs de Planeta dos Macacos. Mesmo participando ativamente de apenas dois filmes (sendo um deles bastante ruim e insano), o doutor orangotango consegue provocar nossa ira pelos entraves burocráticos que coloca na jornada dos heróis. A atuação de Maurice Evans também consegue transmitir um senso que passa longe da maldade personificada, mais para algo voltado no instinto de sobrevivência e preservação da sociedade símia.
3. Koba | Toby Kebbell
Planeta dos Macacos: A Origem/O Confronto
O insano oponente de César é o vilão mais ardiloso e genocida da franquia até agora. Conseguindo tramar planos verdadeiramente engenhosos e extremamente cruéis, Koba se torna um grande estrategista que parte para a ação. O personagem provoca o caos e desestabiliza a ordem de duas sociedades ao mesmo tempo, além de ter uma aparência realmente medonha. Apesar de ser muito racional, Koba é um ser psicótico e assustador. Basta lembrar de suas cenas em Origem que já é o suficiente para te provocar arrepios.
2. Cornelius | Roddy McDowell
O Planeta dos Macacos/De Volta ao Planeta dos Macacos/Fuga do Planeta dos Macacos
O marido de Zira, interpretado pelo grande Roddy McDowell, é outro favorito de muita gente. Pesando melhor as consequencias das ações arriscadas de Zira, COrnelius é o contrapeso perfeito para a balança moral que norteia o casal de chimpanzés. Profundamente fascinado pela misteriosa condição humana, Cornelius dedica seus dias para a arqueologia de artefatos há muito tempo esquecidos. Assim como Zira, seu destino é extremamente trágico destoando completamente do espírito bondoso e simpático do casal.
1. César | Andy Serkis
O Planeta dos Macacos/De Volta ao Planeta dos Macacos/Fuga do Planeta dos Macacos
Aqui falamos obviamente do César da nova trilogia. O personagem é excepcional. Não somente pela magnífica atuação de Andy Serkis muito consistente ao longo dos três filmes, mas pela alta qualidade da escrita. A cada nova aventura, César precisa superar desafios que sempre o colocam na beirada da sua moral e ética. O personagem é extremamente rico, assim como é sua relação com os humanos, conhecendo o melhor e o pior lado da humanidade desde pequeno. Com a consciência de um líder e intelecto aguçado, vemos o protagonista se direcionar cada vez mais para aspectos humanizados. E isso inclui também todos os defeitos emocionais que carregamos. Simplesmente impossível tirar a coroa desse estupendo protagonista.
E para você? Qual é o seu favorito?
Leia mais sobre Planeta dos Macacos
Pokémon GO | As dicas certas para vencer as Reides Lendárias
Há algumas semanas, chegaram os tão cobiçados pokémons lendários nas raids de Pokémon GO. Apesar do CP monstruoso ultrapassando a marca dos 40.000, é relativamente fácil derrubar os monstros se todos os participantes estiverem usando os pokémons certos.
Articuno
Apesar do fim das reides de Articuno, vale sempre deixar as dicas certas para derrubar o pássaro de gelo quando ele retornar futuramente no game. Os melhores tipos Elétrico, Fogo, Aço e Pedra (ataques desse tipo dão o dobro de dano). Logo, os melhores pokémons para derrubar o Articuno são: Omastar, Flareon, Arcanine, Typhlosion, Tyranitar e Scizor (com os golpes de Aço).
Moltres
Nessa semana, temos reides de Moltres em todo o mundo até o dia 7 de agosto (o Zapdos fica disponível a partir do dia 8). Moltres também é um pokémon relativamente fácil de derrubar, apesar de ter menos fraquezas que o Articuno. O Moltres é vulnerável a pokémons do tipo Água, Elétrico e Pedra (dobro de dano). Então a lista de pokémons é relativamente parecida: Golem, Tyranitar e Omastar (com golpes Pedra) são os favoritos para entrar no seu time. Vaporeon, Gyarados, Feraligatr e Blastoise também te ajudarão a conquistar o lendário de fogo.
Zapdos
Zapdos certamente será o seu próximo alvo na semana que vem. Das três aves, é o mais resistente, contando apenas com fraquezas contra Gelo e Pedra. Novamente Tyranitar, Golem são favoritos, mas é aconselhado usar Rhydon nesse time também. Jinx, Piloswine e Dragonite te ajudarão a derrubar Zapdos.
Lugia
Outro pokémon que está causando frisson nas reides é Lugia! A vantagem é que ele possui diversas fraquezas: Sombrio, Rocha, Gelo, Fantasma e Elétrico. Isso te dá um leque enorme de opções para estrelar seu time, mas as dicas seguras ainda são Tyranitar, Golem, Jolteon, Magneton, Jinx e Gengar.
Ho-Oh
Quando Lugia sair de campo, é bem provável que entre Ho-Oh para substitui-lo. Logo, já é válido dar as dicas também nesse artigo. Ho-Oh toma muito dano de pokémons do tipo Pedra (dobro), Elétrico e Água. Golem e Tyranitar também serão os destaques do seu time, mas considere incluir Jolteon, Vaporeon, Gyarados, Omastar e Blastoise.
Mew e Mewtwo
Ainda é um mistério quando grandes favoritos da 1ª geração chegarão ao jogo, mas com a existência desse tipo de evento, também vale mencionar as fraquezas de Mew e Mewtwo. Para derrubar esses lendários psíquicos, o jogador deverá usar pokémons do tipo Inseto, Sombrio e Fantasma. As melhores opções são: Tyranitar, Gyarados (com Crunch e Bite), Houndoom, Scizor, Pinsir e Gengar.
Usando os pokémons certos, é impossível perder as reides contra os lendários. Agora capturá-los já são outros 500. Tente sempre capturar o máximo possível de pokémons dos mesmos tipos dos lendários para conseguir os bônus de captura, facilitando a conquista. Use os bônus do bom, ótimo e excelente, além dos adicionais das bolas curvas. E mais do que tudo, tenha paciência! Boa sorte!
Crítica | O Planeta dos Macacos (1968)
Existe um antes e depois no gênero de ficção científica na história do cinema americano. Coincidentemente podemos definir que o ano de 1968 foi o mais importante para chamar a atenção de Hollywood para o potencial de histórias que o gênero podia contar. Apesar do antes e depois ser definido por 2001: Uma Odisseia no Espaço através dos esforços hercúleos de Stanley Kubrick, dois meses antes o mundo também havia testemunhado o alvorecer de uma das obras-base da ficção cientifica no cinema: O Planeta dos Macacos.
Mesmo que Franklin Schaffner não seja nenhum Stanley Kubrick, é inegável reconhecer sua importância aqui. Ao contrário de muitas obras regressas do gênero, O Planeta dos Macacos não tinha tantas tosqueiras ou macacaquices que atiravam esses filmes na beira do ridículo e do risível. Na verdade, Planeta foi um dos primeiros a realmente se importar em firmar um universo crível extremamente importante para os espectadores entendessem o que raio aconteceu naquele planeta dominado por macacos. E claro, apostar em sua maior pérola: a reviravolta mais surpreendente que já vimos na História do Cinema.
Acompanhamos a jornada interestelar de um grupo de astronautas liderados por George Taylor (interpretado por Charlton Heston). Hibernando durante a jornada, a nave cai em um planeta perdido em uma galáxia distante. Três astronautas sobreviventes desbravam o lugar aparentemente inóspito, mas logo descobrem algo perturbador: criaturas parecidas com humanos, mas totalmente primitivas. Caindo nesse grupo, logo são caçados por seres misteriosos. Posteriormente, descobrimos que são símios como orangotangos, gorilas e chimpanzés, mas extremamente inteligentes. Uma sociedade invertida surge com os humanos ocupando a base mais ingrata de toda as classes. Nesse cenário bizarro, George Taylor tenta sobreviver, mas possui um grande revés: durante a caçada, leva um tiro na garganta que o impossibilita de falar.
Sobre Macacos e Homens
O filme se baseia na ideia principal do livro de Pierre Boule, mas há adaptações tremendas para “ajeitar” a obra ao gosto americano do espectador da época. Quem estava em alta por conta do sucesso de Além da Imaginação era o showrunner Rod Serling, revolucionando a ficção científica com suas reviravoltas e premissas impossíveis que caíram no gosto do povo. Logo, foi convidado para participar ativamente no processo criativo do roteiro em conjunto de Michael Wilson.
Justamente por isso, O Planeta dos Macacos tem lá seus ares de episódio de seriado, mas isso acabou se provando bom e eficiente. Serling e Wilson escrevem o roteiro pautados sempre pela concisão, longos hiatos sem diálogos e, principalmente, na latência insuportável do mistério que cerca aquela sociedade de símios.
Por isso, a abordagem conceitual é preservada, exatamente como visto nos outros trabalhos de Serling na televisão. Nosso protagonista é uma representação do pior lado do homem: egoísta, rude e totalmente desprovido de companheirismo. Mas ainda assim torcemos por sua sobrevivência por conta do impacto psiocológico que uma sociedade invertida súbita causaria.
Em um dos pouquíssimos diálogos entre o trio astronauta com Dodge e Landon, vemos como George enxerga o modo de vida na Terra, as ambições dos outros, etc. É um pessimista nato que odeia tudo e a todos recorrendo a viagem interestelar para ficar o mais longe possível de tudo o que a Terra representa. Nisso, um pequeno arco é criado para Landon, o astronauta que viaja em busca de glória e reconhecimento na Terra – por isso, seu desfecho, é bastante irônico e trágico.
A circunstância da mitologia dessa sociedade é o que movimenta o filme. Ainda preservando a sátira ao ‘humanocentrismo’, os roteiristas provocam o choque da revelação justamente durante uma caçada aos humanos primitivos e mudos que vivem nas selvas. Invertendo os papéis, toda a sequência é muito chocante mesmo sem a necessidade de recorrer à violência gráfica explicita. Quando nos colocamos nos lugares dos animais que caçamos hoje por esporte, o choque da crueldade sem sentido é potencializado.
A captura do protagonista nos joga ao núcleo dos símios inteligentes, compreendendo melhor a sociedade que se firmou naquele planeta. Lá temos a apresentação do trio de personagens mais desenvolvidos: os veterinários (cuidadores de humanos), cientistas e arqueólogos Cornelius e Zira; e o ministro da Ciência e Religião (fina ironia), Dr. Zaius.
O primeiro detalhe que nos chama a atenção até hoje é a maquiagem soberba de John Chambers. Conseguindo preservar a expressividade do olhar de Kim Hunter, Maurice Evans e Roddy McDowall, as máscaras de orangotangos e chimpanzés não prejudicam a performance do elenco a ponto de se tornarem distrações.
Cornelius e Zira logo viram aliados de George, mesmo com o protagonista ainda ferido e, logo, mudo. As constantes torturas físicas e psicológicas, além do risco de ser submetido aos experimentos de Zira fazem esse miolo de filme se comportar como uma agonizante história de sobrevivência. Também há uma espécie de romance de George com uma humana calada, a clássica personagem Nova, imortalizada por Linda Harrison.
Enquanto isso, dr. Zaius toma as rédeas para se comportar como um antagonista do filme. Após reviravoltas necessárias e lógicas, além de muitas frases de efeito marcantes (a principal, finalmente peças do mistério são colocadas em discussão. Novamente, o poder dos conceitos introduzidos pelo roteirista se faz presente. A sociedade ainda rudimentar dos símios é muito similar a um simulacro torto de uma sociedade humana e isso tem certa lógica dentro do filme. Leis e religião são discutidas, assim como punição e ordem de castas.
Basicamente, Serling busca inverter todos os conceitos básicos da Ciência humana para criar essa sociedade fictícia enquanto insere pistas arqueológicas de uma antiga civilização extinta daquele planeta. Mesmo nesse mundo sem humanidade racional, George continua deslocado. Nunca há uma grande catarse para o personagem, além da reviravolta final, mas não sentimos que há alguma transformação em seu egoísmo crônico.
Mas o filme ganha pontos por não se transformar em uma história de herói derrubando distopias preservando a proposta mais crítica e cínica do livro. O roteiro contém diversas mensagens importantes e conceitos que trazem reflexão, mas em termos de personagem, a relação entre Zira e George é a que mais chama a atenção.
Nessa sociedade de símios, Zira é a mais humanizada e a que mais gera algum fascínio no protagonista que até mesmo se despede da personagem com beijo nos lábios. Entre esses contrastes, também há o grande mistério da Zona Proibida na qual Zaius faz de tudo para que sua sociedade permaneça distante. Na reviravolta final entendemos bem a razão das escolhas duras e política intransigente do personagem: evitar que os símios encontrem o mesmo trágico fim que a humanidade.
Livramento de um gênero
O japonês Franklin Schaffner é um dos principais nomes para livrar o gênero da ficção cientifica do campo ridículo que estava restrita na sétima arte. Enquanto Serling revolucionava na televisão, os sci-fi continuavam no pastiche.
Shaffner se vira com o que tem. Dispondo de pouco dinheiro, a direção de arte de O Planeta dos Macacos é bastante apagada com construções razoáveis e uma nave espacial sofrível. Logo, a proposta anti-nuclear e pós apocalíptica do roteiro cai como uma luva para essa situação. Boa parte da obra se sustenta com as locações naturais fantásticas capturadas pelas lentes do diretor. Com planos abertos mostrando a insignificância do homem naquele cenário gigantesco, para focar a atenção do espectador, Shaffner usa zoom ins ligeiros.
Nem é preciso pensar muito para ver como esse recurso de linguagem envelheceu mal. Tira a elegância da estética profundamente teatral aplicada na encenação do diretor. De resto, Schaffner opta sempre por planos afastados ou conjuntos para mostrar os acontecimentos do filme deixando essa impessoalidade de assinatura.
Porém, é inegável: o diretor é eficiente ao filmar cenas de ação. Nada supera o domínio visual e de eficiência de decupagem ao mostrar proezas de diversos dublês na sequência da caçada. Outro grande momento se concentra na escolha inteligente da revelação final da twist do filme. Mantendo um vigor excepcional, também há sempre uma saudável movimentação de câmera que ele vinha desenvolvendo desde o começo de sua carreira na televisão nos anos 1950 – sempre foi celebrado por revolucionar a linguagem do formato.
Para completar esse espírito avant gard, há a trilha instrumental bem ousada de Jerry Goldsmith misturando percussões que podem muito bem ter criado o clichê para músicas instrumentais de “selva”, ou seja, muitos batuques e mistério.
God damn you all to Hell!
Em um projeto bastante desacreditado, surgiu a fagulha de uma revolução, além do nascimento de uma franquia que está viva até hoje. O Planeta dos Macacos é aquele divertimento obrigatório para todo cinéfilo ou fã da história do gênero de ficção cientifíca nos cinemas. Na melhor das realizações de sociedade invertida, surge o questionamento do nosso papel como espécie. Um filme catártico repleto de momentos importantes, além de uma das atuações mais poderosas de Charlton Heston.
Ninguém conhece melhor Planeta dos Macacos do que seu diretor. E conhecendo o projeto desde o início, Franklin Shaffner sabia que faria história. E assim foi feito.
O Planeta dos Macacos (Planet of the Apes, EUA – 1968)
Direção: Franklin Schaffner
Roteiro: Rod Serling e Michael Wilson, baseado no livro de Pierre Boule
Elenco: Charlton Heston, Roddy McDowell, Kim Hunter, Maurice Evans, James Daly, Linda Harrison, Robert Gunner, Lou Wagner, Jeff Burton
Gênero: Ficção Científica
Duração: 112 minutos.
https://www.youtube.com/watch?v=VjcpRHuPjOI
Crítica | Planeta dos Macacos: A Guerra
Raramente inicio um texto desse modo. Mas há momentos em que vale a pena quebrar as convenções de uma introdução. Planeta dos Macacos: A Guerra é um desses casos por um motivo muito simples: esse filme está além da cortina de incertezas para afirmar, desde já, que se trata de uma das obras mais memoráveis que já surgiram na Sétima Arte.
Conheço os riscos de afirmar algo assim tão prematuramente. Filmes históricos demoraram décadas para serem reconhecidos e verdadeiramente apreciados, como foram os casos de Blade Runner e Cidadão Kane. Em termos de História recente, digo que a obra-prima de Matt Reeves é o blockbuster mais relevante de um estúdio desde 2008, quando a Warner e Christopher Nolan lançavam o majestoso O Cavaleiro das Trevas, um filme que é praticamente uma unanimidade quando analisado e já concretizado como um dos pilares da cinematografia americana do novo milênio.
O mesmo deve acontecer com a parte final da trilogia excepcional que a Fox e Matt Reeves construíram ao longo desses anos. O motivo desse filme quebrar a banca é muito simples: coragem e audácia. Coisas que raramente vemos em grandes produções hollywoodianas mais acostumadas a convenções narrativas fracas e obras mastigadas atualmente. Aliás, esse é o destaque da 20th Century Fox como um todo nesse ano imbatível. Mesmo com obras muito polêmicas, o estúdio cavou um caminho interessante com narrativas pouco convencionais como A Cura, Logan e Alien: Covenant.
Com segurança, Planeta dos Macacos: A Guerra faz parte dessa linha de pensamento do estúdio, embora nenhum outro lançamento chegue perto da qualidade indubitável que Matt Reeves apresenta nesse que, até então, considero como o segundo melhor filme desse ano.
A Origem do Confronto de uma Guerra
É curioso notar que o nome de Matt Reeves não está dentre os produtores do filme. Parece que houve uma junção criativa sem igual para preservar uma narrativa que, apesar de bastante comunicativa e clara para o público, é tão rara para um filme desse porte. O momento que Guerra aborda também pode ter propiciado uma virada tão favorável ao que é visto em tela: silêncio, contemplação, psicopatia e espírito humano.
Pela primeira vez em anos e na franquia, Matt Reeves assina o roteiro da obra, em conjunto com Mark Bomback. Para encaminhar essa história, Reeves opta por oferecer uma introdução similar a que havíamos visto em Confronto, porém, de abordagem mais sutil, retomando a história da trilogia através de curtos parágrafos.
Neles, também há uma pequena sinopse que oferecerei aqui: César e sua comunidade vivem em isolamento na floresta. Porém, um general veterano caça seu grupo. Apenas o extermínio é desejado. Através dessa violência, com perdas de ambos os lados, César terá que lidar com os seus piores sentimentos que motivam uma jornada pessoal por vingança e morte.
E é somente isso que ofereço sobre Guerra. Essa é uma daquelas produções que quanto menos souber, melhor ela fica. Justamente por isso, usarei a abordagem que mais odeio nesse texto: ser consideravelmente vago até que o filme estreie e toda a análise seja aprofundada com a abordagem analítica que merece.
O que mais impressiona dentro do texto de Guerra é quão impossível é dissociar a narrativa da estupenda direção de Matt Reeves. Isso é fato por conta do caráter extremamente silencioso da obra. É uma progressão natural dentro da trilogia que passou a ver cada vez menos falas. Dessa vez, não há núcleos humanos. Reeves opta em oferecer um estudo de personagem rico para César quase nunca abandonando o ponto de vista do protagonista.
As únicas vezes que isso ocorre, é para justificar algum ponto narrativo que terá influência importantíssima em uma resolução de arco no futuro. Mesmo com poucas palavras, Reeves delineia um desenvolvimento nítido para César com reviravoltas surpreendentes que tocam temas sensíveis em paralelo a História da humanidade. A jornada por vingança não entra em clichês de filmes de ação. Na verdade, o que ocorre aqui, é uma desconstrução de convenções narrativas do gênero.
Não serão raras as vezes que o diretor subverterá as expectativas do público. Isso toca até mesmo a própria premissa do filme em uma jogada muito audaciosa do estúdio. Porém, não se trata de uma enganação. O payoff explosivo está lá para os apreciadores de boa ação, mas Guerra é muito mais do que algumas setpieces caríssimas e bem dirigidas.
Pela performance excepcional de Andy Serkis como César auxiliada sempre pela encenação poderosíssima, raramente os roteiristas precisam recorrer a cenas que jorram exposição na cara – há somente uma, mas excelente. Isso ocorre por conta de Reeves tratar a trilogia inteira como uma unidade. Nós já sabemos quem é César e a filosofia que predomina em sua sociedade primitiva: macaco não mata macaco e macacos são fortes unidos.
Em Confronto, essa filosofia foi posta à prova, explorando o pior que a psique dos primatas ofereciam, de modo similar ao pior do pensamento humano. Aqui é o contrário com César flertando com a autoridade para proteger seu grupo mesmo que isso custe seus princípios. Então temos mais um filme que o conflito externo se trata de uma enorme alegoria para a guerra interna moral que César sofre em sua jornada.
O estopim inicial que dá origem a essa narrativa é consequência do filme anterior, reforçando o elo forte entre os filmes – no caso, deste com o segundo. Mas a preocupação do roteirista não é apenas com César. Os coadjuvantes, entre novos e antigos personagens, tem funções específicas para auxiliar no desenvolvimento do protagonista, pois sem alguns dos conflitos intelectuais apresentados aqui, as ações de César não seriam tão sentidas como são.
O destaque continua para Maurice, o orangotango de olhos gentis, a muda garotinha sem nome e para o Bad Ape, o único alívio cômico de toda a narrativa que surge apenas no final do segundo ato. Cada um tem o propósito específico de resgatar a luz no coração do protagonista cada vez mais tentado para a escuridão e infelicidade – isso é muito bem justificado na história.
Com começo e miolo praticamente sem falas devido à falta de humanos e de outros símios que conseguem se comunicar verbalmente – apenas César fala perfeitamente e Bad Ape constrói algumas frases, resta ao final a maior quantidade de bons diálogos. É nele que temos enfim a apresentação do antagonista principal, o Coronel interpretado no tom certo por Woody Harrelson.
Aliás, essa é uma das grandes marcas do roteiro de Guerra: o núcleo humano apenas no tempo necessário. Isso é um grande acerto. Mesmo gostando dos personagens de Confronto, muitas vezes o filme caia em clichês típicos para provocar tensão. Agora com um mundo muito mais deserto, selvagem e sem leis, o personagem do Coronel e sua tirania caem como uma luva. Em apenas uma cena, Reeves e Bomback conseguem delinear todo um passado crível, estabelecer uma nova ameaça, motivar genuinamente o vilão, além de sugerir uma enorme subversão de expectativa – um pedigree dessa franquia. Ao fim, o terceiro inteiro torna-se outra alegoria bebendo na fonte bíblica do Livro de Êxodo. Sim, é sensacional a esse ponto.
A Consagração de um novo Mestre
A trajetória profissional de Matt Reeves é inspiradora. Mesmo fracassando horrivelmente em sua estreia na comédia romântica O Primeiro Amor de um Homem, Reeves não se deu por vencido. Ainda orbitou a indústria dirigindo pouquíssimos episódios de seriados. O ponto da virada foi mesmo com Felicity, seriado que criou com o amigo J.J. Abrams em 1998. Bom, na verdade seria a origem do ponto da virada.
Com o parceiro J.J. Abrams crescendo na indústria com sua produtora Bad Robot, Reeves viu a chance de ouro bater à sua porta quando convidado para dirigir o ótimo Cloverfield: Monstro em 2008. Com o sucesso do found footage, não demorou nada para ser convidado a um novo projeto de terror: Deixe-Me Entrar em 2010, remake do sueco sensação Deixe Ela Entrar.
Novamente, outro filmaço. Somente em 2014 que teríamos um novo filme do curioso diretor: sua primeira incursão na franquia Planeta dos Macacos. Como um bom amigo sempre fala, o segredo da boa direção está no planejamento. E isso leva muito tempo. Consequentemente, por filmar muito pouco, Reeves tem um aproveitamento invejável se colocarmos seus longas na balança.
Com 3 anos de hiato, a aguardada consagração vem com a obra-prima que é a parte final dessa trilogia. Reeves caminha na contramão das tendências estilísticas adotadas por inúmeros diretores de blockbusters de verão. Guerra tem toda a roupagem de um filme do Cinema Clássico, mas com um ritmo de narrativa mais acostumado a filmes indies e, talvez, até arthouses. Mas não se engane, ainda se trata da boa e velha narrativa clássica, mesmo que bastante calada.
O trabalho de câmera é sucinto, opta sempre por grandes profundidades de campo – menos em cenas tensas nas quais o grupo passa por algum perigo, movimentos lentos, passagens de foco elegantes. É a direção spielbergiana Chapman crane que tanta gente adora. Com tudo tão elegante e poderoso, o magnetismo visual da obra e tremendo mesmo sem recorrer a contrastes coloridos saturados. Saímos do verde para o ocre terminando com o branco azulado de um inverno deprimente ao longo de toda a viagem com César.
Tudo isso é o visual contando uma história por si só. Para delinear o ódio de César com o Coronel, temos o primeiro encontro poderosíssimo dessas duas figuras. Ali, é explicita a homenagem de Reeves ao cinema western e samurai com os enquadramentos dos olhos de ambas as figuras preenchendo toda a tela. O ódio pulsa e a montagem responde com trocas lógicas de planos estabelecendo uma estrutura clássica dos impasses entre o herói e o opressor nos duelos finais de tantos faroestes americanos. Evidentemente, por essa situação acontecer no início do filme, há essa subversão do próprio uso da linguagem. É belo.
Outro ponto que entre em força plena durante a viagem é o olhar do cineasta para conferir o realismo de um mundo humano que já virara história. O cenário pós-apocalíptico entra no embate clássico de civilização vs. natureza com esta já conquistando e enterrando tudo o que o homem já amou um dia. São pinceladas inorgânicas dentro de uma paisagem exuberante que só afirmam o quão desconexo é o homem perante esse ponto sem volta. Isso rende imagens melancólicas, mas profundamente belas que tocam o nível de reflexão sem precisar proferir palavra alguma. É a valorização do sentido mais valioso do Cinema: a visão.
E isso é afirmado por sucessivas vezes pelo diretor. O olhar é sempre muito valorizado como já dito pelo jogo de plano/contraplano com César e o Coronel. O outro momento desse tipo é justamente o oposto do mencionado focado em ódio. Neste, com Maurice conquistando a confiança da menininha amedrontada. São olhares que começam discrepantes: um de curiosidade e outro de medo. Mas que, aos poucos, se alinham até atingir olhares de compaixão e confiança.
É por conta justamente dessa transmissão tão pura de sentimentos que também se deve muitos parabéns para a Weta que se superou com o trabalho de animação e texturas para os macacos. Há sim momentos de CGI medíocre, mas em grande maioria, a riqueza de detalhes deixa qualquer um embasbacado.
Há mais por trás da direção de Reeves que merece ser levantado sim, mas isso toca o cerne dos spoilers da obra. Uma das coisas mais legais de ver, é a valorização do trabalho de iluminação a ponto de fazer parte de uma das sequências-chave da obra tornando a fotografia uma peça ativa da narrativa – isso é algo que Reeves preserva desde Cloverfield.
Algo também bastante clássico na sua encenação é o uso da trilha musical soberba de Michal Giacchino que merece uma indicação ao Oscar pelo trabalho. O uso de instrumentos de percussão, obviamente, marca a trilha inteira, porém, além de preencher o vazio deixado pelos poucos diálogos, a música pontua a encenação.
Geralmente, isso é visto com maus olhos pela crítica, pois se trata de uma guia muito poderosa de sentimentos. Mas nem com isso é possível criticar a fantástica direção de Matt Reeves. Tudo ocorre de modo muito orgânico e, quando acontece explicitamente, você já está tão mergulhado na obra que praticamente não se importa.
Experiência Cinematográfica
A experiência de imersão cinematográfica mais competente do ano até agora está centrada nesse excelente filme. Planeta dos Macacos: A Guerra já se trata de uma das obras marco já trazidas pelo blockbuster americano. Com proposta bem interessante, narrativa corajosa, ritmo contemplativo e subversão de expectativas enraizadas por grandes produções menos audaciosas, Guerra triunfa em todos os sentidos. Mas o principal vencedor, como em todo grande filme, é o espectador.
Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes, EUA – 2017)
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves, Mark Bomback
Elenco: Andy Serkis, Toby Kebbell, Judy Greer, Woody Harrelson, Steve Zahn, Ty Olsson, Amiah Miller, Karin Konoval
Gênero: Ficção Científica, Drama, Thriller
Duração: 130 minutos
https://www.youtube.com/watch?v=QzgWDG4QviU
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