Os Guardiões da Galáxia Originais - A Formação de 1969

Falar dos Guardiões da Galáxia nos dias atuais é quase como que falar dos Vingadores. As pessoas sabem descrever personagens, elas tem seus favoritos da equipe e com certeza você ouvirá um "Eu sou Groot!". E não é por menos. A equipe que já era pouco conhecida dos ávidos leitores de quadrinhos Marvel era ainda menos conhecida do público em geral antes do lançamento de Guardiões da Galáxia em 2014.

No entanto, pouco sobre a verdadeira origem dos Guardiões da Galáxia é realmente conhecida. Como por exemplo, sua formação original de 1969 que não possuía nenhum dos personagens que conhecemos e amamos hoje. É com isso em mente que nós do Bastidores trazemos este artigo falando dessa primeira equipe que acabou se tornando esquecida com a nova formação e também sua participação ao longo da história da Marvel.

A Era Espacial

No ano de 1969, o planeta observava em silêncio e contemplação a primeira viagem tripulada do homem à Lua. Mais precisamente, no dia 20 de Julho de 1969, Neil Armstrong e Edwin "Buzz" Aldrin plantavam seu pé no solo lunar.

Não é complicado, portanto, entender a fascinação da humanidade com exploração espacial em alta neste período. Fascinação esta que permitiria indústrias de entretenimento explorarem cada vez mais os limites estelares.

Eis que surgem, no mesmo ano, os Guardiões da Galáxia em sua primeira formação oficial:

Esquerda para direita: Major Vance Astro, Capitão Charlie-27, Martinex T'Naga e Yondu Udonta

Como podemos ver na imagem acima, temos uma formação completamente diferente da que está indo para os cinemas no dia 27 de Abril. O personagem que talvez seja mais conhecido é justamente o de Yondu, que possui um arco e flecha em contrapartida com a flecha mágica ativada por assobio.

Origens

A história de origem também é completamente diferente. Enraizada em grandes temas de ficção científica, estas primeiras histórias foram comparadas pela Marvel como uma mistura de Star Trek e Os Doze Condenados (1976). Nela, vemos o "último" de cada povo se unir para enfrentar um vilão intergaláctico chamado Badoon.

As histórias dos personagens se conectam dessa forma, com todos fugindo do vilão no século 31 e também bolando um plano para lhe destruir, antes que este destrua o planeta Terra. Uma origem de certa forma similar com a versão cinemática dos Guardiões da Galáxia. A história possui vários elementos de ficção científica como viagem espacial, viagem no tempo, alienígenas e espaçonaves.

Desde sua aparição em Marvel Super Heroes número 18, escrita por Arnold Drake e desenhada por Gene Collan, esta primeira formação teve participações esporádicas em outros quadrinhos da Marvel como os quadrinhos dos Defensores, Vingadores e até Thor.

Foi somente na década de 90, no início, que a equipe ganhou sua série solo que chegou a surpreendentes 62 edições antes de ser cancelada.

Alguns membros originais permanecem ao lado de novas e explosivas adições

Influência no Relançamento

Mesmo ainda existindo no universo Marvel, a equipe acabou ficando reservada ao plano de fundo, devido baixas vendas. Esta equipe ainda reapareceria nas histórias da nova formação dos Guardiões da Galáxia e seria o motivo pelo qual Peter Quill decide adotar o nome.

A nova formação que agora contava com Peter Quill, Gamora, Drax, Adam Warlock, Phyla-Vell, Rocket Raccoon e Groot (lógico) e Mantis como uma auxiliar do grupo para missões. Em sua segunda missão, eles se encontram com Major Vance Astro, que é identificado como "Major Victory dos Guardiões da Galáxia". E com base nessa identificação que Peter Quill adota o nome para seu grupo.

Capa variante da primeira edição do relançamento da equipe em 2008

E é isso. Mesmo com uma origem baseada na era da exploração espacial, o grupo original dos Guardiões acabou nunca recebendo o destaque de um personagem classe A. Algo que mudou totalmente após o lançamento cinematográfico mais arriscado da Marvel até então, em 2014. Mas, considerando a popularidade que o atual grupo têm recebido, é provável que a Marvel possa tirar esses personagens da gaveta e incluir em seu material editorial.

A equipe Bastidores certamente torce para que sim!


Opinião | Não, a Marvel não sofrerá Reboot Após Vingadores 4

A mídia de entretenimento entrou em frenesi esta semana após uma declaração do presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, em entrevista ao Collider:

"Certamente, ao nos aproximarmos de Guerra Infinita existe um senso de clímax, ou de conclusão aos, no momento que chegarmos ao ainda sem título Vingadores 4, 22 filmes que terão formado as primeiras três fases do UCM. E o que acontecerá depois será bem diferente. Eu não sei se é Fase 4, pode ser algo novo."

Na mesma entrevista, Feige ainda comenta:

"Nós temos uma ideia do que o UCM se parece após Guerra Infinita, e será bem, bem diferente"

E com estas meras duas colocações, o mundo do entretenimento entrou em em pânico. Assim como já entrou várias vezes quando, por exemplo, Robert Downey Jr mencionou não ter certeza se continuaria atuando como Tony Stark e milhares de listas de possíveis atores para lhe substituir surgiram na internet.

No entanto, sob um olhar mais crítico e menos tendencioso, será que um reboot realmente se aproxima do UCM?

O elenco de Vingadores: Era de Ultron ao lado de Kevin Feige, na Comic Con

Aos Fatos

Existe uma quantidade de fatores que levam uma franquia a sofrer o famoso reboot, que é quando a história retorna do zero, novos atores são escalados e continuidade é abandonada. Críticas negativas e bilheterias abaixo do esperado são, na maioria dos casos, motivos suficientes para vários estúdios decidirem puxar a tomada de um projeto. Conclusão de um arco, renovação de contratos com atores e problemas entre estúdio e diretor são motivos também mas que são geralmente contornáveis caso críticas e bilheterias estejam positivas.

O que nos leva ao UCM. Com um histórico de boas críticas, popularidade significativa e um montante massivo de 11 bilhões de dólares em bilheteria mundial (dados de Box Office Mojo), a Marvel não poderia estar mais distante de um cenário onde um reboot é necessário.

Espaço para Novidades

Existe sim a situação de contratos chegando ao fim de personagens chave do universo, como Robert Downey Junior, Chris Evans, Chris Hemsworth e Mark Ruffalo. No entanto, vale lembrar que a Marvel não é mais a mesma que depende exclusivamente dos Vingadores para operar como franquia. Guardiões da Galáxia Vol. 2 está se aproximando do lançamento com previsões de bilheteria aproximando-se de um bilhão de dólares. Sem falar que ainda tivemos (e ainda teremos) vários personagens novos e atores de ponta para seguir a franquia, como o sempre bom Bennedict Cumberbatch, o novato Tom HollandChadwick Bosewick e Brie Larson interpretando respectivamente Dr. Estranho, Homem AranhaPantera Negra e Capitã Marvel. Isso sem falar de Evangeline Lilly, Paul Rudd e Michael Douglas que compuseram o núcleo de Homem Formiga e já confirmaram presença na continuação.

Mais recente painel da Marvel na Comic Con revela diversos novos rostos para o futuro da franquia

Ou seja, cada vez mais a Marvel caminha para além da dependência dos Vingadores. Futuramente, podemos vibrar com a presença de Groot em um filme do Homem Formiga tanto quanto vibramos com a participação da Viúva Negra em Capitão América: O Soldado InvernalA Marvel pode continuar sem estes personagens e pode continuar sem seus atores. Existe uma grande e promissora renovação na Casa das Idéias e isso não pode ser entendido como um reboot.

Outro detalhe que confirma isso é o fato de já termos garantido um lançamento da sequência de Homem Aranha: De Volta ao Lar para 2019 e também uma terceira entrada na franquia de Guardiões da Galáxia. Todos esses filmes estreiam após o lançamento de Vingadores 4.

Sobre Aquele Comentário

Ainda nos resta a declaração de Feige e o furor da mídia. O que deve ser entendido de sua declaração ao Collider?

Simples. Em 2016, Kevin Feige já havia falado sobre o futuro da Marvel ao Entertainment Weekly:

"Eu penso que haverá um fim para momentos da Fase Três, assim como novos começos, e isso pontuará um diferente, bem diferente, distintivamente diferente, capítulo no que um dia será a primeira completa saga feita de três fases"

É interessante notar a presença da palavra "diferente" nas declarações, mesmo com um espaço de um ano entre elas. Essa diferença que Feige se refere é justamente aos rostos de personagens e atores que começaremos a ver nas telas. Sem falar que após criar uma franquia de sucesso estrondoso a Marvel tem mais espaço para assumir novos riscos e tentar coisas diferentes. Um exemplo disso são os heróis que começam a estar presentes em outros filmes, como o Gavião Arqueiro que deve estar em Homem Formiga e a Vespa (2018) ou o mais próximo Thor: Ragnarok que contará com a presença do Incrível Hulk.

"Team ups" terão mais frequência na franquia

Portanto, sem pânico. A Marvel que conhecemos e amamos continuará do modo que gostamos por muito mais tempo com nossos heróis favoritos. Mesmo que mudanças pequenas possam acontecer, podemos ficar tranquilos; o que acompanhamos até agora não será desfeito de um dia para o outro.


Crítica | Guerra Civil 2 #5

Aviso: Esta crítica contém spoilers

Como previsto, a edição 5 é uma batalha em proporções gigantescas entre os dois lados da Guerra Civil. Até o momento não consigo entender como qualquer herói defenda a Capitã Marvel. Talvez o motivo para Brian Michael Bendis não se preocupar em apresentar uma justificativa em se posicionar juntamente à Carol Danvers é porque realmente não exista uma. Como defender o abuso de autoridade que beira à quebrar a lei para prender pessoas que têm uma possibilidade de cometer um crime?

Sem Desenvolvimento

Lembra na última edição onde vimos o Pantera Negra e Capitão América na mesa com os outros vingadores para conversar com a Carol e decidir essa guerra de forma diplomática? Eles aparecem nessa edição lutando um contra o outro. Capitão ao lado de Tony e Pantera (inexplicavelmente) ao lado de Carol Danvers. Pra finalizar a participação de T'Challa, ele segura o Homem de Ferro e pede para ele "Parar essa luta!", sendo que na edição anterior foi mostrado claramente que Tony está tentando justamente isso.

Pantera Negra mal utilizado

E esse é o grande problema da maior parte dessas super sagas. Como você precisa colocar absolutamente todos os heróis dentro da mesma história, não dá tempo pra desenvolver de verdade qualquer um deles. Exigindo do leitor que ele acompanhe todas as edições solo pra ajudar a dar sentido na saga principal, como é o caso de T'Challa. Absolutamente nada na saga inteira explica o posicionamento do rei de Wakanda.

Personalidades Alteradas

O maior problema do quadrinho é justamente que muitas personalidades de heróis diferentes precisam ser significativamente alteradas para que a Guerra anunciada realmente aconteça. Em muitos casos, o personagem em si é totalmente ignorado. O importante é que ele apareça fazendo alguma coisa legal e falando alguma frase que é sua assinatura. Doutor Estranho trancando Tempestade com poderes de magia? É um deleite visual. Mas porque ele realmente está fazendo isso e porque ele decidiu esse lado? Ninguém sabe.

Caos

Adicione a este mix várias outras batalhas e lutas pessoais ausentes de qualquer peso emocional. Rocket Racoon levando um chute do Miles Morales, Sam Wilson enfrentando Magika, Doutor Estranho contra os X-Men... Tudo não passa de barulho e de um espetáculo beirando estupidez. Em dado momento da luta, Tony Stark entra no capacete de Peter Quill para tentar racionalizar com ele, enquanto Quill o consola pela morte de Rhodes. O Visão erra um tiro (de novo!) e destrói a nave dos Guardiões. Chega a ser risível. Não existe nenhuma carga dramática.

Muitos personagens, pouco desenvolvimento

A edição acaba com uma nova visão de Ulysses que interrompe a guerra. Nessa visão vemos o Homem Aranha de Miles Morales matando o Capitão América. Mesmo que Tony saiba que a visão não é algo que realmente acontecerá, todos juntos param de lutar. A edição finaliza com Capitã Marvel se aproximando de Miles e anunciando sua prisão, com todos os heróis somente olhando.

Arte

David Marquez e Justin Ponsor continuam seu bom trabalho para desenhar ação. A confusão das batalhas fica reservada somente para as motivações, não para as lutas. Sempre com bastante dinâmica e belamente feitas, temos explosões e raios de poder para todos os lados, sem perder de vista os ângulos da ação. Existe um painel em específico que me chamou muito a atenção e é justamente o único em que Clint Barton aparece. Na terceira edição tínhamos o painel onde ele se entrega, com muita luz sobre seu corpo em posição de rendição. Nesta, temos ele em isolamento, caminhando por uma floresta com seu arco preso às costas. Agora seu rosto está virado para baixo com sombras e linhas mais rústicas. A cena denota um tom sombrio para o herói.

A única ressalva para o trabalho do desenhista desta edição é que o cenário onde eles estão lutando é desprovido de grandes detalhes. Existem cenas que nos fazem pensar que eles estão lutando dentro da sala de treinamento da Mansão X. Não existem veículos, objetos, paredes... Somente o chão do terraço que é muito pouco detalhado. Grande destaque para os heróis, pouca atenção para o plano de fundo.

Conclusão

A falta de carga dramática tem o efeito de justamente alienar o leitor. Nós acabamos lendo o quadrinho como se estivéssemos vendo um jornal. Sabemos quem está envolvido, sabemos quem matou quem e quem destruiu o quê. Mas não fazemos ideia das motivações pessoais. A história se torna desinteressante.

E o pior é que já estamos na edição 5 e certa profundidade já deveria ter sido conquistada. O leitor já deveria estar mais envolvido com os personagens e familiarizado com o que eles defendem.

Apesar de um início interessante, Guerra Civil continua dando sinais de fraqueza e Bendis entrega um trabalho muito inferior ao que já vimos em seu currículo e extremamente comercial.


Crítica | Guerra Civil 2 #4

Aviso: Esta crítica contém spoilers

E após uma edição que nos mostra que Guerra Civil 2 pode ser uma saga interessante, acordamos dessa ilusão com a edição 4. Guerra Civil 2 será somente mais uma saga.

O que realmente é uma pena, apesar de longe de ser surpresa. Poucas super sagas Marvel têm realmente sido um ponto fora da curva, como Guerras Secretas de 2015. Elas passaram a ser somente algo comercial, caça níquel. Com o lançamento do filme Capitão América: Guerra Civil , é claro que a Marvel não perderia a oportunidade de lucrar em cima da marca.

E isso fica explícito na edição 4. Temos ameaça de uma batalha com praticamente todos os heróis, entrada dos Guardiões da Galáxia, revelações sobre o Ulysses... Mas comecemos pela ponta solta da última edição.

Gavião Arqueiro

Na última edição, o veredito sobre o julgamento de Clint Barton, o Gavião Arqueiro, referente o assassinato de Bruce Banner, o Hulk, estava para sair. Essa edição se inicia com Carol Danvers visitando a Mulher Hulk no hospital, para dar a notícia do que houve. Como era de se esperar, aqui já encontramos ela saindo do coma e pronta pro combate. Algo diferente do fim da edição 1 onde parecia que ela morreria. Carol a informa sobre o assassinato de seu primo e a decisão do julgamento: Clint Barton é inocente. Notícia esta que enche Jennifer Walter de raiva:

Clint Barton tem problemas pela frente

Profiling

Como estamos acompanhando desde a primeira edição deste evento, Tony Stark procura entender o funcionamento dos poderes do personagem Ulysses. Este, por sua vez, é o pivô de Guerra Civil 2 com seus poderes de clarividência. Tony descobre que seu poder não é de fato prever o futuro, mas sim, enxergar o cenário com possibilidade de ser realidade. Ou seja, tudo o que ele viu até o momento poderia acontecer, mas não com certeza. Jogando outro tema atual para dentro da história: o famoso profiling. Profiling é calcular as chances de uma pessoa agir de certa forma, baseado em estatísticas do grupo ao qual ela pertence. Este é um assunto em voga na eleição americana e em muitos noticiários. Ao passo que a idéia de calcular se um refugiado sírio (por exemplo) tem chances de ser um terrorista parece segura, ela também possui uma face racista. E é esse o ponto que o quadrinho quer abordar.

Kamala Khan já escolheu seu lado

Ao passo que eu acho interessante o tema ser discutido dentro dos gibis usando uma ameaça real, o Hulk, para ilustrar o assunto e criar um paralelo, eu penso que não existe mais uma dúvida sobre qual lado estar. É válido prender alguém por um crime que essa pessoa possa cometer? Fico imaginando um julgamento de alguém nesse caso. E o pior, Capitã Marvel já está prendendo pessoas com a ajuda de Ulysses a semanas, dentro da história.

Heróis com cabeça dura Ideais

Tony, com as novas informações sobre o funcionamento dos poderes do inumano, junta uma parte dos heróis, dentre eles Steve Rogers, para uma última tentativa de conversa com Carol Danvers. Nessa conversa, Stark explica que na verdade as previsões do futuro não irão de fato acontecer. São somente possibilidades. Dentro do quarto temos figuras como Dr. Estranho, o Fera, Pantera Negra e Medusa, juntamente com Raio Negro. Todos como mera decoração, diga-se de passagem. Esqueça os diálogos inteligentes de Illuminati. A discussão é entre Tony e Carol, que continua agindo como cabeça dura e sai da reunião no meio da conversa, deixando os heróis para trás boquiabertos. Assim como o leitor, que vai ficar sem entender o porque de tanta dificuldade de comunicação. Mesmo sabendo que as visões de Ulysses são duvidosas, ela parece não se importar. Novamente, para que uma história de briga de heróis funcione, eles precisam estar se comportando como adolescentes de ego super crescido. Mesmo assim, gostaria de ver uma defesa melhor do lado dela. É impossível, por lógica, ficar dividido nessa guerra civil.

Após sair da reunião, Carol começa a interrogar a mais nova prisioneira por algo que pode cometer relacionado à Hydra. Uma simples civil, presa pessoalmente pela Capitã Marvel ao sair de seu trabalho em um banco e colocada dentro de uma cela de um prédio da SHIELD. Esse é mais um exemplo de como a Capitã está agindo de forma irresponsável e exagerada.

Enquanto a interrogação se desenvolve, Noturno tira a civil da cela com seus poderes de teletransporte. Ao mesmo tempo, é dado um alerta de intrusos no terraço do prédio. No topo, está Tony Stark e um contingente de heróis ao seu lado. A mensagem é clara: Carol Danvers e seus aliados precisam ser parados. Apesar de parecer em grande desvantagem, a Capitã possui uma carta em sua manga; por um milagre, os Guardiões da Galáxia.

Eu digo milagre porque não faz nenhum sentido que Peter Quill e seu bando tenham interesse em uma confusão na Terra. Além, é claro, do motivo comercial: o Rocket Racoon na capa da edição 4 .

Conclusão

Por fim, a conclusão é que Guerra Civil 2 chegou ao ponto que queria chegar, uma enorme luta entre vários heróis que vai gerar as consequências duradouras nas edições solo de cada herói (duradouras até a próxima saga que deve chegar em Maio do ano que vem com novas promessas de mudanças e etc...). A idéia de que Ulysses conseguia de fato prever o futuro era a única coisa que poderia deixar alguém indeciso sobre que lado defender. Essa indecisão, infelizmente, foi removida nessa edição com a notícia de que não, Ulysses não prevê o futuro. Carol Danvers está literalmente prendendo pessoas com base em ilusões.

Uma pena. Guerra Civil 2 poderia mesmo ser um ponto fora da curva, mas eu admito que seria um pouco de ingenuidade esperar isso desta saga e de seu roterista, Brian Michael Bendis.


Primeiras Horas em No Man's Sky (PS4)

Caso você não esteja vivendo debaixo de uma rocha nos últimos vezes, você com certeza ouviu falar do ambicioso No Man's Sky estúdio independente Hello Games.  O jogo é um simulador que permite ao jogador exploração espacial, incluindo pousar em planetas e visitar novos sistemas solares.  Jogos com temática espacial não são novidade. DestinySpore e a bem sucedida trilogia Mass Effect estão aí para nos provar que esses jogos nunca saíram de moda. O que torna No Man's Sky diferente é justamente seu escopo: são mais de 18 quintiliões de planetas a disposição, distribuídos em vários sistemas solares diferentes, cada um com sua fauna, flora, clima e topografia própria. Associado a este vasto universo, temos também liberdade para combate, negociações, personalizações e muita viagem espacial.

Hoje, iremos comentar aqui sobre as primeiras horas, jogabilidade, conteúdo e gráficos, usando o console PS4 para análise.

Terra de Ninguém

O nome do jogo se baseia no termo norte americano "No man's land" que geralmente se refere à um local de guerra sem dono ou em conflito. Também pode ser usado para descrever uma terra ou área que não pertence a ninguém, é inabitada ou não desejada. Nome que serve perfeitamente para descrever o ambiente do jogo. Já nas primeiras horas, você se encontra em um planeta deserto, com sua nave destruída e sua roupa espacial precisando de certos componentes para funcionar apropriadamente. Apesar deste ter sido o meu começo específico, outros jogadores iniciando o jogo podem ter pequenas variações quanto ao início. Isso torna a experiência de cada jogador única e pessoal.

Neste primeiro contato com o planeta, nota-se que o jogo foi produzido por uma empresa independente. O ambiente e vegetação tem desenhos e cores mais artísticas do que encontramos no gênero. O terreno onde me encontrava possuía uma forte cor amarelada, que se transformou em púrpura ao cair da noite. As flores, árvores e animais tem cores também, com alta saturação. Em questão gráfica, porém, ao se aproximar muito para enxergar os detalhes, consegue-se ver que os desenvolvedores não investiram em alta renderização. Games de alguns anos atrás como Skyrim, por exemplo, possuem gráficos muito mais detalhados. Mas este é um problema fácil de ser relevado quando consideramos a quantidade absurda de exploração a ser feita.

A busca pelos recursos para reparar e abastecer minha nave se dá de forma fluída. Ao pressionar L3, meu traje lança um sinal fazendo um scan da área, mostrando vários pequenos quadros para coleta de recursos. Ao caminhar para a direção deles, um mostrador em quadro me mostra a distância em minutos que estou do local. Algo novo, considerando que é costumeiro em jogos assim vermos a distância em pés, metros ou quilômetros.

No começo, temos uma pequena pistola que dispara laser. É com ela que fazemos toda a mineração de recursos e nos defendemos de inimigos que possam nos atacar, como pequenos drones de vigilância. Durante essa exploração inicial, encontramos também uma pequena torre enviando um sinal. São indícios de vida inteligente no planeta.

Ao reparar minha nave, posso fazer voos curtos dentro do globo que estou localizado. A primeira direção dada a mim pela interface é uma pequena base, a alguns minutos de distância. Como estou com nave, os minutos se transformam em segundos, tornando a mobilidade aérea muito útil.

Interface

Sobre a interface inicial, a primeira coisa que pode lhe vir à mente é que pegaram alguns elementos de Destiny. Não é só impressão. A interface dos menus de inventário (que é o mais utilizado no jogo) é totalmente igual.

Desde o menu que parece flutuar sobre a tela quando você move os controles, até os botões que você precisa manter pressionado por alguns segundos para efetuar o comando, é como se eu estivesse jogando o famoso multiplayer da Activision. No entanto, vale comentar também que de forma alguma isto seja um demérito. A interface é excelente, simples e intuitiva. É objetiva. Com poucos minutos o jogador já deve se sentir em pleno controle das trocas que ocorrem entre o armazém pessoal e o da nave. Inclusive o sistema de criação de itens, geralmente um sistema difícil de elaborar sem deixar complicado, é extremamente ágil. Eu particularmente sempre evito criar equipamentos ou melhorar os mesmos em qualquer jogo por falta de paciência com a mecânica, muitas vezes burocrática ou complexa. Com No Man's Sky, o processo é divertido e atraente, incentivando o jogador a estar sempre atento para melhorias.

A única coisa que faltou de fato, nessas telas, é a opção de checar suas quests e colocar marcadores no que considera necessário. Talvez isso se deva ao fato de que não existem quests secundárias. Mesmo assim, várias vezes me peguei tentando achar o que eu precisava fazer em seguida, sem sucesso. Tive que esperar até o sistema me mostrar novamente o objetivo, por conta própria.

Jogabilidade

Em termos de jogabilidade pode-se dizer que a Hello Games conseguiu deixar exploração espacial muito convidativa. Os botões para decolar do planeta, sair de órbita, ativar velocidade máxima, combates e exploração, são intuitivos e não exigem demais dos jogadores. Com facilidade consegui me mover, correr, pular e usar o jet pack para chegar aos recursos que precisava minerar. Acaba sendo muito gratificante parar em um planeta e pousar em qualquer lugar que você quiser, sair andando para encontrar equipamentos e plantas para desenvolver novos materiais.

Por falar em gratificante, No Man's Sky lhe permite nomear absolutamente tudo, contanto que você tenha sido o primeiro a achar. Isso vale para sistemas solares, planetas, bases dentro dos planetas, plantas, rochas e animais. Acabei de finalizar minha sessão depois de colocar o nome de meus irmãos em planetas que compunham o sistema solar que batizei com meu sobrenome. Além de rir sozinho batizando um animal que parecia uma mistura de ovelha com tatu andando de nariz empinado de "Eu me Acho", o próprio jogo lhe premia por fazer upload das descobertas e catalogar espécies raras dentro dos planetas. Ou seja, você pode passar uma meia hora explorando um planeta, catalogando espécies de plantas e animais com seu binóculos e, antes de sair do jogo, registrar seus achados na internet para recolher os prêmios, que lhe são entregues na moeda do jogo. Novamente, a interface simples e rápida ajudam ao não deixar esse processo moroso ou repetitivo.

É uma pena que com tanta exploração e interatividade, o que concerne o personagem seja totalmente esquecido. Se passando inteiramente em primeira pessoa, não podemos customizar rosto, roupas ou corpo. Também durante explorações espaciais não conseguimos alterar a câmera para apreciar a vista do universo. Fica sempre em primeira pessoa, mesmo dentro da nave. É uma limitação desnecessária que prejudica o elemento exploração. É provável que a intenção seja habilitar o jogo para realidade virtual, onde os aspectos de customização do personagem e terceira pessoa sejam desnecessários. Mesmo assim, eu entendo como uma oportunidade perdida da Hello Games.

História

Para um jogo deste tamanho e porte, com certeza um modo história é necessário. O objetivo apresentado à mim até o momento é chegar ao centro do universo. Mas outras perguntas e situações chegam ao jogador de forma interessante. Existem mistérios por trás das raças deste vasto espaço, falando línguas inteligíveis e com estações espaciais espalhadas pelo jogo. Ou seja, existe certa civilização controlada por IA dentro do jogo. Você encontrará alguns aliens que lhe permitem negociar ou te entregarão itens pertinentes à sua jornada. Seu personagem tentará entender o que eles falam através da observação dos gestos e expressões. Com o tempo, você aprenderá algumas palavras em "Pedras de Conhecimento", facilitando a comunicação com os mesmos e lhe permitindo melhorar sua reputação com as respectivas facções.

Os alienígenas são sempre bem diferentes e únicos, no entanto, as estações espaciais destoam muito da diversidade que o jogo apresenta em tantas áreas. Com construção externa diferenciada, o interior das estações é exatamente igual. Só muda a cor. Até o design interno, linhas, escadas, portas... É sempre a mesma coisa.

Um Universo à Disposição

O mapa inteiro pode ser explorado a fundo, permitindo ir à qualquer ponto desejado

No Man's Sky chega cheio de ambições e muita expectativa. Com lindas paisagens e um universo tão rico, este simulador espacial impressiona a cada planeta visitado. Algumas vezes me peguei apreciando o design de uma planta ou animal, impressionado com a criação caprichada. Existem cavernas com plantas que brilham, penduradas no teto. Em outro planeta talvez você queria explorar o interior do mar e encontrará coisas novas que nunca ainda viu no jogo. Realmente, é um deleite. Para o jogador que gosta de explorar, viajar e traçar sua própria aventura, eu enxergo como um prato cheio. Desde pequeno eu espero por um jogo desse tipo e com essa dimensão. Fãs de jogos independentes ou com inclinação artística também devem apreciar.  No entanto, para um jogador que precisa de ação ininterrupta, uma história linear ou até mesmo sagas secundárias para aproveitar um jogo, No Man's Sky pode decepcionar. De qualquer forma, vale a experiência.


Crítica | Guerra Civil 2 #3

Aviso: Esta crítica contém spoilers

Um quadrinho que começou com muitas promessas finalmente começa a ganhar tração. A edição 3 tem início em um julgamento. Os participantes mostrados são Tony Stark, Carol Danvers e Matt Murdock, como advogado de um outro membro não revelado. A sessão se refere aos acontecimentos que levarão os heróis de encontro com Bruce Banner, em seu laboratório secreto.

Maior austeridade

Esta mudança de tom e linearidade são bem vindas para o quadrinho, que tinha até então seus heróis em uma escalada de decisões precipitadas. Brian Michael Bendis tem muita capacidade em diálogos quando o assunto diz respeito a tribunais de justiça. No entanto, não sobra espaço para os costumeiros diálogos inteligentes e rápidos. Temos mais austeridade e um clima sério que permeia todo o quadrinho.

Acompanhando o desfecho da edição número 2, onde Ulysses têm uma visão onde todos os heróis são mortos pelo Hulk, Carol Danvers e o resto da equipe fazem uma visita supresa a Bruce Banner. Eles estão preocupados com o tipo de pesquisa que ele está desenvolvendo e seu potencial para lhe transformar em Hulk. Novamente, temos uma linda splash plage mostrando todos os heróis envolvidos na história até agora, juntamente com uma força de operações da SHIELD.

Apesar de ser uma bela imagem composta por David Marquez e Justin Ponsor, é difícil encontrar qualquer sentido ou motivo para o Deadpool ou o Velho Logan estarem ali. Algo que começa a incomodar na arte do quadrinho é a forma que Marquez e Ponsor parecem "beatificar" seus personagens. Explico: em muitos quadros, heróis são retratados com um rosto quase que angelical. Tanto em pose quanto em olhar, com a desnecessária adição de uma iluminação ao fundo que se assemelha a uma auréola.

O objetivo com essas luzes e desenhos é gerar empatia no leitor. É uma imagem que nos faz pensar que ele é inocente, ou pelo menos, agiu na melhor das intenções. Esta mesma tática estava sendo utilizada com Ulysses nas edições 1 e 2. É difícil julgar a necessidade desse "truque". De certa forma, as conclusões a respeito da integridade dos personagens são mastigadas, sem deixar em aberto para julgamento. Essa forma de enquadramento se repete ainda por outras vezes na edição, o que parece exagerado.

Vingador versus Vingador

A história continua seu desenvolvimento alternando os acontecimentos entre a área externa ao laboratório de Bruce  e o julgamento. Este último, um prenúncio de que algo muito errado aconteceu.

Quando confrontado sobre os experimentos que está fazendo em si mesmo com células gama, Bruce discute com os heróis. Em um momento onde ele se irrita com as acusações, uma flecha o atinge em sua cabeça. Bruce Banner, o incrível Hulk, cai morto no chão. Da floresta, surge o assassino: Clint Barton, o Gavião Arqueiro.

Os motivos

Voltamos à cena do julgamento, onde então nos é revelado que o réu é Clint Barton. Ele admite ter recebido a flecha do próprio Bruce Banner com um pedido: em caso dele estar prestes a se transformar, Clint deve disparar o tiro de misericórdia para evitar mortes. Clint é imbuído dessa tarefa porque ele seria o único com a visão capaz de detectar a pequena transformação na íris do olho de Bruce instantes antes dele virar o Hulk.

Nesse ponto, é importante ressaltar que Brian Michael Bendis toma muitas liberdades com relação aos heróis. Uma delas, por exemplo, é que o Hulk já estava controlado pelo Bruce, nas histórias de "Totally Awesome Hulk". A radiação gama havia sido absorvida por Amadeus Cho, que se transformou no mais novo gigante esmeralda.

Um outro problema é a relação um pouco conveniente entre Bruce e Clint Barton. A desculpa que Banner dá para explicar porque ele escolhe o Gavião Arqueiro é, no mínimo, um insulto ao personagem. Mesmo que Clint reconheça o insulto e demonstre surpresa com o pedido, ficou um pouco fora de seu personagem. Clint se divorciou de sua esposa porque ela matou, sem necessidade, o homem que a havia estuprado.

Apesar de que esta já seja a segunda morte na saga (Jeniffer Walters não foi dada como morta oficialmente) e que fique a impressão no leitor que ela seja barata, a morte de Bruce Banner pelas mãos do Gavião Arqueiro é o que coloca Guerra Civil 2 e seu tema em relevância (finalmente).

Recentemente, os Estados Unidos têm encarado instabilidade social no que diz respeito à policiais utilizando excesso de força em situações tensas envolvendo pessoas negras. Alton Sterling, de 37 anos, sendo a mais recente dessas polêmicas, na cidade de Baton Rouge em Louisiana. A nacão se divide sobre questões de raça, treinamento dos policiais, testemunhas do que realmente houve, câmeras, etc... Discussões em torno do acontecido tomam jornais e integrantes de movimentos como o Black Lives Matter inundam as ruas em diversas cidades do país em manifestações.

Conclusão

Em se tratando de um tema como este, a comparação é simples mas pertinente. Em caso de uma situação extrema, em quem confiar? Era necessária a morte de Bruce Banner ou existiam outros meios para deter o Hulk? O quadrinho conclui com o juíz prestes a dar o veredito de Clint e com Friday, a inteligência artificial de Tony Stark que cuida do sistema operacional de sua armadura. Esta última, informando ao Tony que descobriu como funcionam os poderes  de clarividência do inumano Ulysses. Esse gancho no fim da história consegue gerar antecipação pela próxima edição, ao mesmo tempo em que promete um tremor no status moral do conflito.

Bendis consegue, finalmente, colocar a história não só sob espectro político, como também cria finalmente o desastre que divide os Vingadores e ainda insere o governo com o julgamento de Clint. Todos estes três itens até então faziam uma falta tremenda para a história. Guerra Civil 2 passa a ser relevante.