Crítica | Resident Evil: a Série é um fiasco sem precedentes

Poucas franquias da história dos games receberam tantas adaptações cinematográficas de baixa qualidade quanto Resident Evil. A escolha em levar para as telas esse jogo em especial se deve a sua trama envolvendo zumbis e seu ambiente de terror que proporciona muita tensão aos gamers. O que realmente não se justifica é o porquê de se fazer tantas adaptações da obra em tão pouco tempo, sendo que em 2021 foi lançado o fraquíssimo Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City, e não sendo o suficiente a Netflix decidiu entrar na parada com Resident Evil: a Série.

A versão live-action da Netflix é uma grande bomba de mau gosto e praticamente lança o nome Resident Evil no esgoto, o que é péssimo, já que o jogo além de ser um clássico dos consoles é também amado pela sua narrativa e pelo seu estilo survivor, com a necessidade de ter que sobreviver ao terror de estar em um local ocupado por zumbis. A série transmite um sentimento contrário ao do game, pois em nenhum momento passa essa sensação de pânico ao público nem o sentimento de pavor em se viver em um mundo cheio de mortos-vivos.

Nessa primeira temporada, entende-se que a trama não tem relação com os filmes em que Milla Jovovich reina como protagonista. No live-action, as irmãs Jade (Ella Balinska) e Billie Wesker,  junto com seu pai Albert Wesker (Lance Reddick), se mudam para uma cidade chamada de Nova Raccoon City, mas com o tempo elas vão descobrindo os reais segredos de seu pai e da Corporação Umbrella. Apesar de aparentemente não ter relação com os longas anteriores, em certo momento da história é mencionado acontecimentos que ocorreram em Raccon City, só que não se aprofundam nisso, fica muito vago para compreender a trama de forma aprofundada.

Medíocre do início ao fim

Impressiona como os vários roteiristas conseguiram a façanha de mais uma vez conceber outra versão fraca de Resident Evil, com a diferença de que a série se supera em ruindade, até porque teve muito mais tempo para desenvolver a narrativa, e seu resultado final é pífio no quesito de qualidade e de eficiência, não acrescentando nada para o futuro da franquia no audiovisual, pelo contrário, só atrapalha.

Quando produções são adaptadas de livros e hqs é normal que os fãs assistam esperando o mínimo de fidelidade à obra original, e com os games não é diferente. Porém, a principal falha do live-action da Netflix é o de querer reestruturar um universo que teve sete filmes já (sem contar as diversas animações), e a maioria de qualidade bastante duvidosa.

O que se vê em Resident Evil: a Série é uma total falta de fidelidade aos jogos, mesmo com os roteiristas inserindo easter eggs dos games na produção, como a aparição do chefe Grave Digger (Resident Evil 3) logo no primeiro episódio, assim como a menção ao grupo que pratica culto religioso, como ocorre em Resident Evil 4 com o grupo Los Iluminados, entre outras pequenas alusões ao game que ou passaram despercebidas pelos fãs ou simplesmente foram mal planejadas e executadas pela direção e roteiristas.

É muito pouco para uma produção desse tamanho ficar se prendendo em easter eggs em vez de realmente tentar criar um universo mais fiel sobre a franquia, diferente do que a Netflix fez com Sandman, pois pegaram vários elementos das Hqs e não tentaram reinventar sua narrativa.

Drama em excesso

Há uma decisão equivocada por parte do roteiro ao criar duas linhas temporais e querer focar com igual importância nas duas, sendo que a principal delas, na qual Jade transpira força de vontade para tentar sobreviver a todo tipo de ameaça, termina por não ter um mínimo trabalho decente em se conceber uma história que prenda o espectador. Já a outra linha temporal, em que as duas irmãs vivem brigando e fazendo bobagens, tem muito mais destaque, sendo que o drama juvenil das duas é um tremendo saco de acompanhar, ajudando ainda mais a enfraquecer a trama principal em que Jade tentar escapar dos perigos impostos.

Havia a possibilidade de se mostrar a origem do apocalipse zumbi de outro ponto de vista e com outro formato, sem precisar apresentar todo essa trama e essa bobagem de clones que a série mostra. Fora que o drama exagerado faz com que uma narrativa que não demandava um tom dramático torne a execução da história em um grande fardo de se acompanhar. Parece que nunca assistiram The Walking Dead e perceberam as falhas estruturais do roteiro que fizeram a conhecida saga dos zumbis perder força com o tempo.

Em contrapartida ao drama, que foi a principal linha de desenvolvimento da série, há uma tentativa praticamente nula de se fazer um terror convincente, já que as principais cenas em que os Zeros (como são chamados os zumbis na série) aparecem e que deveriam causar algum suspense e tensão ao público acabam por não causar esse efeito.

Puro amadorismo

Para piorar ainda há situações que demonstram o total amadorismo da obra. Isso fica claro quando Jade Wesker pega um notebook sem conexão com a internet para fazer uma vídeo chamada e o programa usado para a ligação é o Paint. Há ainda a cena – podemos dizer constrangedora – em que Evelyn Marcus (Paola Núñez), a vilã, dança e canta de forma patética ao som da música Don't Start Now, da cantora Dua Lipa, com isso inovaram em transformar Resident Evil em uma série de terror na pegada do Tik Tok.

Outro fator desanimador da série são as atuações, que não convencem em nada, e isso não é culpa propriamente do elenco, já que o roteiro e a direção não ajudam muito a fazer com que o elenco mostrasse o seu potencial. Há ainda personagens fracos e que não ajudam a dar força para a história, ainda que alguns inseridos na trama tivessem força para ir mais longe, mas são pessimamente utilizados, casos de Wesker, que aparece alguns minutos em ação como vilão e Evelyn, que é uma caricata antagonista e faz exatamente o que a maioria dos personagens nessa posição costumam fazer: no caso de Evelyn, desenvolve e pretender comercializar uma medicação que pode disseminar um vírus mortal pela humanidade.

Resident Evil: a Série é outra oportunidade perdida de retratar o apocalipse zumbi da consagrada franquia de games no audiovisual, o que é bem triste, já que haviam muitos caminhos para onde a produção poderia seguir com sua narrativa. É um fato que a obra não tem quase nada a ver com os jogos, parece qualquer outra coisa, menos Resident Evil. O futuro da franquia no cinema e na TV precisa ser repensado urgentemente e que as futuras produções sejam mais eficientes e levem mais a sério o que está sendo adaptado.

Resident Evil: a Série – 1ª Temporada (Resident Evil, EUA – 2022)

Showrunner: Andrew Dabb
Direção: Rachel Goldberg, Bronwen Hughes, Rob Seidenglanz, Batan Silva
Roteiro: Andrew Dabb, Jeff Howard, Tara Knight, Garett Pereda, Mary Leah Sutton, Shane Tortolani, Lindsey Villarreal, Kerry Williamson
Elenco: Ella Balinska, Siena Agudong, Paola Núñez, Lance Reddick, Connor Gosatti, Anthony Oseyemi, Turlough Convery, Emily Child
Streaming: Netflix
Episódios: 8

https://www.youtube.com/watch?v=mUisls0Z-C0&ab_channel=NetflixBrasil


Netflix aposta alto em Sandman que consegue satisfazer alguns sonhos exigentes dos fãs

Não é segredo para mais ninguém que a Netflix começa a entrar em um cenário relativamente grave. Lançando filmes originais aos montes que não conseguem atrair elogios - com exceção daqueles criados visando o Oscar -,, e muitas séries que não emplacam sofrendo cancelamentos repentinos, a base de assinantes começou a entrar em queda. 

Mais de 1 milhão de assinantes já se despediram da Netflix e a empresa sabe que esse sinal é um aviso importante de que mudanças são necessárias. Sofrendo em encontrar uma nova franquia que emplaque tão bem quanto Stranger Things que já está na reta final, muitas apostas da empresa estão com Sandman que estreou hoje, dia 5, em todo o mundo. 

A obra de quadrinhos de Neil Gaiman, massiva, densa e complicada, era vista como “inadaptável”. Por anos a Warner batalhou ao lado de Joseph Gordon-Levitt em uma adaptação que nunca saiu do papel. 

Percebendo que as histórias dos quadrinhos se comportariam melhor como uma série, a Netflix teve a brilhante ideia de adaptar Sandman em uma aventura seriada, trazendo o próprio Gaiman em parceria com David Goyer para trabalhar nessa adaptação. 

Com o afinco do criador e a paixão de um time inteiro de bons profissionais em um trabalho de planejamento que levou anos - ainda mais com os contratos complexos envolvendo os direitos do personagem que estão com a Warner, finalmente Sandman será apresentado a uma vasta gama de espectadores, podendo se tornar uma das maiores conquistas da Netflix.

A plataforma nos enviou os três primeiros episódios da temporada e felizmente posso afirmar que a série não decepciona e que torço para a qualidade se estender aos outros sete episódios desse primeiro ano. 

Dream a little dream of me

A série, em geral, tenta seguir os quadrinhos originais à risca. O roteiro de Gaiman, Goyer e Allan Heinberg já traz os arcos Prelúdios e Noturnos nos primeiros episódios da temporada. 

Visando trazer seu filho favorito morto na Primeira Guerra Mundial, na campanha de Galipoli, Roderick Burgess (Charles Dance) realiza um ritual sombrio para tentar aprisionar a Morte. Entretanto, por um erro bizarro, quem acaba aprisionado é Morfeus (Tom Sturridge), ou Sonho, o senhor do Sonhar. 

Se recusando a falar com seu captor e seus acólitos, Morfeus não negocia sua liberdade e acaba preso por mais de um século. Escapando na primeira oportunidade, ele encontra diversos desafios: restaurar a ordem no Sonhar, devolver os sonhos e pesadelos para a humanidade e encontrar seus três artefatos místicos que foram roubados durante o cativeiro. 

Gaiman havia dito muitas vezes que pretendia trazer Sandman para um mundo contemporâneo, realizando mudanças bem-vindas, além de ajeitar a narrativa para um melhor formato cinematográfico. 

Quem leu as HQs, logo vai perceber uma miríade de pequenas mudanças que fazem sentido e são bem-vindas. Por exemplo, Coríntio (Boyd Holbrook, sempre excelente), tem um papel muito mais importante no contexto geral da desventura de Sonho. O pesadelo foragido do Sonhar é arquitetado como o grande antagonista da temporada, culminando em um desfecho na conclusão do segundo arco que será adaptado nessa temporada: A Casa de Bonecas

Há sim as famigeradas mudanças visando atender uma agenda de diversidade que a Netflix gosta muito de pautar em suas obras, mas elas não trazem nenhum malefício à adaptação - afinal Sandman desde sempre foi uma obra muito diversificada. Na verdade, há detalhes interessantes como o fato de Johanna Constantine (Jena Coleman) substituir John Constantine em uma aventura com Sonho. 

A personagem herda as características descoladas de John e Coleman faz um ótimo trabalho em acertar uma verve ousada e trágica, muito similar até mesmo a Karl Urban e seu Billy Bruto em The Boys

Em geral, a série assume mais acertos do que falhas nos primeiros episódios. O trabalho de elenco é ótimo e o casting é bastante refinado com bons atores surgindo a cada novo episódio. Muito do excelente texto original é preservado trazendo diferentes tragédias humanas, tão pequenas, em contraste com a presença eterna de Sonho.

Aliás, saliento que Tom Sturridge tem o físico e a voz certa para o papel - profunda e grave -, provando que o casting foi mesmo criterioso. Ele segue às vezes até demais a obra original, deixando Sonho por vezes um pouco insípido com seus muitos biquinhos de insatisfação, mas é compreensível já que faz parte de um arco maior de desenvolvimento do personagem.

Se o ator não evoluir ao longo das histórias, nitidamente há um problema, mas como só vi três episódios, é injusto categorizar o trabalho de Sturridge vendo tão pouco.

O design de produção também dá muita personalidade com cenários bonitos, principalmente para a mansão Burgess e do cativeiro de Sonho, trazendo o ar gótico necessário para a obra. Infelizmente, essa é uma característica que destaca mesmo o primeiro episódio, centrado no começo do século XX.

Assim que a narrativa é transportada para os tempos contemporâneos, muito da identidade visual sofre e cai em um genérico esquecível. Já com o Sonhar, terra mística onde Sonho vive, praticamente tudo é feito em computação gráfica. 

Como já sabemos, a qualidade desses efeitos visuais é irregular, variando bastante ao longo dos episódios, além de limitar bastante a direção na construção da linguagem cinematográfica da obra, afinal não é possível ficar recortando os cenários virtuais da mesma forma que se pode fazer com um cenário físico, construído. 

De certo modo, o mesmo ocorre com a direção dos episódios. A qualidade varia bastante, mas há um certo cuidado em recriar algumas das ilustrações mais icônicas dos quadrinhos de modo bastante eficiente. Em geral, quando se trata de apresentar um fator original, algo próprio da série, o resultado é um tanto decepcionante, pois há escolhas genéricas, se não preguiçosas. 

Para começar, visualmente não há distinção entre o mundo real e o Sonhar. O que é um desperdício de linguagem por si só. Para piorar a situação, a série sofre com uma escolha um tanto bizarra nas objetivas usadas nas gravações. Todas dão um efeito curioso de “espichar” os personagens, todos esquálidos e compridos, causando um estranhamento visual imediato. 

Ao longo dos episódios, o espectador se acostuma com o efeito, mas ele não deixa de intrigar. O traço das HQs realmente apresenta personagens magricelas e esquálidos em geral, mas isso ser traduzido visualmente não foi uma das melhores escolhas. Há muita predileção também por grandes angulares e efeitos de tilt focus para criar vinhetas borradas nas bordas da tela.

É uma apresentação visual que torna sim a série distinta, mas é difícil acreditar que de todas as opções, essas escolhas seriam as mais interessantes. Quando deixa de incomodar ou chamar demais a atenção, quebrando a imersão do espectador, é suportável pela qualidade da narrativa que fisga rápido. 

Aliás, é curioso a série ter recebido censura alta sendo que é muito mais branda na violência e na abordagem visual de vários eventos que os próprios quadrinhos.

Por fim, há o destaque para o trabalho musical. Em Prelúdios e Noturnos, Gaiman menciona frequentemente as músicas que os personagens estão escutando, todas envolvendo o tema de sonhar. Infelizmente, a série não traz nenhuma das canções licenciadas e aposta somente na trilha original que traz até um bom tema principal, mas nada que ultrapasse a marca da funcionalidade. 

Mr. Sandman

Sandman tem um bom começo de primeira temporada que deve agradar os fãs mais exigentes. Há bastante esmero na criação da série e na adaptação das excelentes histórias criadas por Gaiman. 

A qualidade varia bastante pelos motivos já mencionados, com bons acertos, alguns erros e escolhas dúbias, mas o resultado final é positivo. 

Fica a esperança de que Sandman se afaste o máximo possível dos tropeços vistos que lembram bastante algumas obras medíocres da CW e se firme com eficácia em algo ótimo que poderá render novos assinantes ávidos por mais desse universo fantástico.


Crítica | O Predador: A Caçada é o melhor filme da franquia desde o original

Poucos ícones da cultura pop foram tão desperdiçados nos últimos anos como o Predador. Após o seminal filme de John McTiernan em 1987, que ajudou a revolucionar o cinema de brucutu de ação ao acrescentar uma deliciosa pitada de slasher e sci-fi, Hollywood nunca conseguiu replicar o resultado. Predador 2: A Caçada Continua é uma sequência divertida, mas longe do mesmo impacto. 

O mesmo pode ser dito de Predadores, que trazia um belo conceito, mas também distante de realizar todo o seu potencial. Os dois filmes de Alien vs Predador foram duas bobagens com seu fator de diversão relativo, enquanto Shane Black deu a maior cuspida na cara do alienígena caçador com seu péssimo reboot de 2018, batizado simplesmente de O Predador.

Agora, tanto tempo depois, a 20th Century aposta novamente na franquia, reduzindo a escala na história e no lançamento, com O Predador: A Caçada (ou Prey, no original) servindo como um prelúdio diretamente para a Hulu - e Star+ no Brasil. O resultado, alegra-me dizer, é que finalmente temos um grande filme do Predador novamente.

A trama é ambientada na Nação Comanche em 1717, centrando-se na jovem Naru (Amber Midthunder). Por mais que todos insistam que ela se torne uma curandeira, sua grande ambição está nas caçadas pelo território, especialmente com seu irmão mais velho. Tentando provar seu valor, Naru sai em busca de um urso que aterroriza a região, mas logo descobre algo bem pior ao se deparar com um Predador alienígena, marcando a primeira visita da espécie na Terra.

O Predador: A Caçada: De volta para o passado

Um conceito simples, mas absolutamente sensacional. Partindo da imaginação do diretor Dan Trachtenberg e do roteirista Patrick Aison, ambientar o Predador nesse período histórico é genial por dois motivos: primeiro, consegue aproximar o longa ainda mais do fator instintivo e brutal do longa original de 1987, especialmente pela ambientação na selva. E segundo, a evidente limitação tecnológica dos personagens humanos (armados com machadinhas, arco-e-flecha e lanças) que precisam enfrentar uma criatura altamente armada com apetrechos extraterrestres - mas não totalmente, já que esta versão do Predador é apropriadamente mais rudimentar do que nos filmes anteriores. Tal decisão, naturalmente, acrescenta uma camada de suspense e tensão muito maior, já que os protagonistas estão severamente desfalcados.

Em essência, o texto de Aison é extremamente simples. Não é nada revolucionário e inovador, chegando até mesmo a ser formulaico, o que não é exatamente um problema. O filme gasta um bom tempo - quase 30 minutos - ambientando a história, os dilemas de Naru e a relação da protagonista com seus familiares, garantindo uma base sólida para o filme que vai se desenrolar. Temos mais um exemplar de uma narrativa com viés feminista, com Naru precisando mostrar seu valor em um ambiente dominado por homens, algo que Aison faz com certa eficiência; todos os coadjuvantes são bem cartunescos, encarnando a figura do “bully" em torno de Naru, mas é algo que ao menos ajuda a tornar a protagonista mais interessante.

Felizmente, O Predador: A Caçada tem a melhor protagonista que a franquia já teve na forma de Naru. Vivida pela excelente Amber Midthunder, a personagem domina a tela em uma performance bem silenciosa, mas cheia de nuances. Midthunder está em praticamente todas as cenas do filme - e na maioria delas, sozinha - e é ótimo observar como o longa consegue aproveitar seu talento de formas diferentes. Seu raciocínio, inteligência e capacidade de montar estratégias são muito bem traduzidos para a tela, muitas vezes sem diálogo algum. Nunca antes eu torci tanto para uma personagem humana na franquia Predador como quando Naru e seu fiel cachorro de caça estavam em cena.

O jogo mais perigoso

E por mais que eu diga que este novo filme é simples, isso absolutamente não é um problema. Afinal, a base direta e sem firulas garante que o diretor Dan Trachtenberg (do ótimo Rua Cloverfield, 10) realmente consiga se sobressair aqui, em uma direção que valoriza a imensidão das paisagens rurais, detalhes da natureza e um olhar quase "Terrence Malick” para alguns dos elementos cenográficos. É um filme que merecia ser visto no cinema, justamente por essa escala bem aproveitada, e que só fica melhor quando os embates com o Predador começam. 

Apresentado quase como um co-protagonista, o Predador da vez se destaca por sua máscara ossuda e um método de luta ainda imperfeito. De certa forma, Trachtenberg nos faz criar um tipo de afeição pela criatura alienígena, já que gasta um tempo considerável acompanhando suas primeiras caçadas na Terra, sua procura por animais e o eventual momento em que sua linha se cruza com a de Naru. Isso torna cada confronto ainda mais interessante e intenso, já que Trachtenberg é inteligente na forma como mistura a ação (onde planos abertos e longos aproveitam a impressionante coreografia de luta) e o suspense, com destaque para a forma icônica como o sangue de oponentes vai marcando a camuflagem da armadura do Predador. 

O embate final entre a criatura titular e Naru é desde já um dos pontos altos de toda a franquia, já que oferece uma sequência muito mais pautada na inteligência dos oponentes, e não necessariamente em suas capacidades físicas. 

O Predador: A Caçada é uma excelente nova entrada na franquia. Após tantos fracassos e ideias ruins pelo caminho, finalmente a 20th Century pôde honrar uma de suas grandes joias, graças a uma ideia original, uma protagonista icônica e uma condução segura. Se o futuro de Alien e Predador realmente está no streaming, então uma nova fase brilhante pode estar tendo início.

O Predador: A Caçada (Prey, EUA - 2022)

Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Patrick Aison e Dan Trachtenberg
Elenco: Amber Midthunder, Dakota Beavers, Dane DiLiegro, Stormee Kipp, Michelle Trush, Julian Black Antelope, Stefany Mathias, Bennet Taylor
Gênero: Ação
Duração: 99 min

https://www.youtube.com/watch?v=WuThwIYT2Ns


Crítica | Light & Magic é a melhor produção que o Disney+ já fez

Um dos grandes deleites do cinema é poder ver os bastidores da magia. Em uma era onde extras de DVD e Bluray são praticamente uma raridade, é de grande alegria ver um investimento maciço de uma empresa nesse tipo de conteúdo. É o caso de Light & Magic, do Disney+.

Dirigida por Lawrence Kasdan e produzida por Ron Howard, a série documental investiga as origens e o crescimento da Industrial Light & Magic, companhia de efeitos especiais fundada por George Lucas na década de 70, justamente para garantir a realização complexa do primeiro filme de Star Wars.

São 6 episódios de 1 hora cada, contando com entrevistas, depoimentos e uma fascinante jornada pela história dos efeitos visuais em Hollywood: do Star Wars original até a revolução do cinema digital no início da década de 90, com obras como O Exterminador do Futuro 2 e Jurassic Park.

São conversas profundas, intensas e que garantem um olhar maravilhoso sobre a arte de criar "magia" nas telas, com destaque para os insights de George Lucas, James Cameron e Steven Spielberg.

Simplesmente obrigatório para os fãs da Sétima Arte, e pode muito bem ser a melhor produção original que o Disney+ já disponibilizou até hoje.

Confira a análise completa no canal de YouTube do Lucas Filmes.

https://www.youtube.com/watch?v=Y27MLKeDq20&t=4s


Crítica | Trem-Bala não vai muito além de uma imitação de Quentin Tarantino

David Leitch é a outra metade da dupla genial que presenteou Hollywood com a franquia de ação John Wick. Ao lado de Chad Stahelski, ambos dublês que se converteram em diretores, os dois revolucionaram a forma de se fazer ação no Ocidente, e rapidamente se tornaram alguns dos nomes mais requisitados da indústria.

Enquanto Stahelski ficou bem concentrado nas continuações da saga com Keanu Reeves, David Leitch se tornou um verdadeiro faz-tudo de Hollywood: dirigiu Atômica com Charlize Theron em 2017, assumiu a aguardada continuação Deadpool 2 em 2018 e, no ano seguinte, trouxe o primeiro derivado da saga Velozes e Furiosos com Hobbs & Shaw. Ou seja: não parou de trabalhar e se firmou como um dos nomes mais ocupados do mercado. Ele entrega no prazo e, na maioria dos casos, faz um serviço eficiente.

Anteriormente desenvolvido pelo igualmente prolífero Antoine Fuqua (Dia de Treinamento, O Protetor), Trem-Bala se origina de um livro homônimo de Kōtarō Isaka. Quando Fuqua desistiu do projeto (ainda que se mantenha como produtor), Leitch rapidamente foi a escolha da Sony Pictures para lançar seu grande projeto de verão. O resultado, porém, novamente nos comprova que David Leitch sem dúvida não é a melhor parte do combo formado com Stahelski.

Na trama, acompanhamos um carismático contratante conhecido como Joaninha, (Brad Pitt). Depois de um retiro espiritual que lhe garantiu uma perspectiva muito mais zen da vida, ele é mandado para um trabalho aparentemente simples: recuperar uma maleta dentro de um compartimento do trem-bala que viaja pelo Japão. Porém, Joaninha logo percebe que ele não é o único atrás da maleta, e que muitos outros golpistas e criminosos estão resolvendo seus próprios problemas naquele trem, na mesma fatídica noite.

Desembarque pelo leque de referências

É o clássico tipo de premissa de estranhos se trombando e encontrando num único espaço, mas que logo vai se desenrolando e revelando que tais pessoas não são exatamente estranhos, desenrolando conexões ocultas, encontros passados e todas as demais peças comuns desse tipo de produção. Há uma intenção muito forte de Leitch em se aproximar do cinema mais despojado e maximalista de Quentin Tarantino e Guy Ritchie, ainda mais levando em conta a quantidade de flashbacks, o olhar mais cartunesco para esses personagens e o colorido mundo onde habitam. Especialmente, e nem digo isso pela ambientação japonesa, o Tarantino do primeiro Kill Bill.

Porém, infelizmente David Leitch não está no mesmo nível desses realizadores, por mais que se esforce. O roteiro de Zac Olkewicz aposta no mesmo estilo de diálogos requintados, com assassinos mortais discutindo temais banais como apelidos criativos, desenhos de crianças e outros elementos mundanos. Tudo isso aliado a uma construção de universo mais fantasioso e violento, além de um uso bem excessivo de trilha sonora pop ao longo da narrativa. 

A impressão deixada pelo filme, é a de um diretor tentando simular o estilo de outros cineastas, mas sem compreender por completo o que realmente funciona, como essas peças se encaixam. Justamente por isso, Trem-Bala nunca soa empolgante ou original, como se Leitch não soubesse como montar o quebra-cabeças cheio de peças potenciais que reuniu. No lugar disso, a narrativa se perde em um verdadeiro redemoinho de subtramas, personagens e digressões temporais constantes.

Há momentos em que Joaninha está em perigo, mas o filme então resolve transferir o ponto da narrativa para outro núcleo, praticamente ignorando a construção de tensão, em uma decisão bem falha da montagem. Algo similar acontece em todos os momentos em que o espectador acompanha a trama da Princesa, personagem de Joey King que é muito mal posicionada na narrativa geral, e cuja reviravolta é bem previsível justamente por seu apelido - que, curiosamente, também é o título de outro filme de ação estrelado por King, e também desse ano.

E a forma como o filme quer amarrar todos os eventos no final? Um descarrilhamento de história em todos os sentidos, evidenciando o clássico exemplo de um roteiro que almeja ser muito mais inteligente do que realmente é, o que acaba tornando todo o resultado arrastado e frustrante.

Próxima estação de Trem-Bala: pancadaria

Mas Trem-Bala não tem pretensão alguma de ser um grande estudo de personagem, mas sim de filme de ação. Infelizmente, até nesse quesito o longa se mostra decepcionante, já que Leitch claramente se vê limitado pelo espaço confinado dos vagões, e a grande maioria das cenas de ação apostam em lutas apertadas onde seus integrantes usam de objetos cotidianos para tentar matar uns aos outros - quase sempre levando a uma morte acidental, em bruscas tentativas de humor.

Quando o filme tenta aumentar a escala e apostar em algo mais grandiloquente, o resultado é bem prejudicado pelo CGI pouco convincente (algo que sempre foi um ponto fraco na carreira de Leitch). Curiosamente, todo o arco de ação de Trem-Bala pode ser resumido pela sequência do comboio em Deadpool 2, especialmente em seu desfecho que envolve um dos personagens usando uma criatura de pelúcia para se salvar. David Leitch deve ter realmente gostado dessa sequência, já que desenvolveu um filme inteiro em cima dela.

Mas vale apontar que, mesmo carecendo de um tipo de ação inspirado como aquele visto no brutal plano sequência de Atômica, Trem-Bala traz uma nítida evolução para Leitch: o visual. Novamente assinada por seu habitual colaborador Jonathan Sela, a direção de fotografia de Trem-Bala faz bonito ao apostar no neon colorido, na alta saturação interna e toda a iconografia que as metrópoles japonesas podem oferecer. Um resultado ainda mais impressionante considerando que o longa todo foi rodado em estúdio, no backlot gigante da Sony Pictures. Esteticamente, pode muito bem ser a melhor coisa que David Leitch já fez.

Atenção: Passageiros muito carismáticos

Mas se há algo que realmente merece muito destaque em Trem-Bala, é seu elenco estelar. Brad Pitt em especial está claramente se divertindo e não levando nada a sério, o que é um ótimo sopro de ar fresco após sua fase mais “séria" nos últimos anos. Há um mix muito interessante entre seus personagens de Era Uma Vez em Hollywood e Snatch: Porcos e Diamantes, e que fica ainda mais divertido ao se colocar a filosofia de não violência de Joaninha em ação; quase como se tivéssemos o The Dude de O Grande Lebowski envolvido em trocas de socos e pontapés.

Outro grande destaque é a dupla formada por Brian Tyree Henry e Aaron Taylor-Johnson, como os atrapalhados irmãos Limão e Tangerina. Os dois são peças coadjuvantes no grande plano de Trem-Bala, e garantem ótimas cenas de discussão e discordâncias, principalmente porque Johnson pode usar seu sotaque britânico dele em máxima capacidade, rendendo um personagem desagradável na medida certa. Henry é igualmente carismático por ser o sujeito mais calmo, mas acaba prejudicado pela decisão infeliz do roteiro em acrescentar a seu personagem uma obsessão com o Thomas: A Locomotiva, algo que o longa insiste em bater como uma piada (que nunca rendeu risadas na minha sessão).

Entre os demais, é sempre uma alegria ver o imponente Hiroyuki Sanada, apesar de seu personagem não ser muito diferente do perfil que Hollywood o atribuiu recentemente: o guerreiro sábio e exótico. E vale destacar as inúmeras participações especiais, algumas já divulgadas, como os personagens de Michael Shannon e Zazie Beetz, mas há também algumas surpresas ao longo da projeção que merecem ser preservadas.

Infelizmente, Trem-Bala não atinge todo o potencial delicioso de sua proposta. Talvez por desejar ser algo muito maior do que precisava ser, a experiência de um filme de ação pipoca é logo convertida em um produto que se acha muito mais esperto do que é, e que não é exatamente compensador na ação. Porém, vale para ver um Brad Pitt engraçadíssimo, encabeçando um elenco estelar que certamente está se divertindo à beça.

Só queria ter me divertido tanto quanto eles.

Trem-Bala (Bullet-Train, EUA - 2022)

Direção: David Leitch
Roteiro: Zac Olkewicz, baseado na obra de Kōtarō Isaka
Elenco: Brad Pitt, Aaron Taylor-Johnson, Brian Tyree Henry, Joey King, Andrew Koji, Logan Lerman, Sandra Bullock, Michael Shannon, Zazie Beetz, Hiroyuki Sanada, Bad Bunny, Masi Oka
Gênero: Ação
Duração: 126 min

https://youtu.be/UWPA0V5-4P0


Crítica | O Predador (2018) é uma péssima tentativa de reboot

Trazido ao mundo por John McTierman no excelente filme de ficção científica de ação, o Predador rapidamente tornou-se um dos ícones do gênero no cinema. É uma conquista praticamente única, visto que a continuação protagonizada por Danny Glover não provocou o mesmo entusiasmo, o reboot com o estelar elenco liderado por Adrian Brody não alcançou seu potencial e os conflitos em Alien vs Predador definitivamente não passaram de um entretenimento guilty pleasure.

O Predador definitivamente merecia mais, e é uma barra alta para alcançar. Por isso, a Fox resolveu tentar novamente, encomendando um novo reboot com o diretor Shane Black, conhecido por seu trabalho em comédias policiais - como Máquina Mortífera, Beijos e Tiros e o fantástico Dois Caras Legais. Porém, o experimento deu terrivelmente errado. Batizado simplesmente de O Predador, o novo filme comprova que Black deveria manter sua atenção em sua zona de conforto, e mostra tudo o que não devemos fazer com o personagem.

A trama começa quando um Predador rebelde segue em rumo para a Terra, sendo perseguido por uma versão maior e mais brutal do alienígena. Com a queda de sua nave, alguns de seus aparatos acabam nas mãos do atirador de elite Quinn McKenna (Boyd Holbrook), que logo os envia para sua própria casa a fim de escondê-los do governo. A máscara e a manopla do Predador acabam com o filho de Quinn, Rory (Jacob Tremblay), iniciando uma corrida contra o tempo entre os dois Predadores rivais, McKenna, a cientista Casey (Olivia Munn) e um grupo de soldados lunáticos.

Shane Blackismos

Confesso que não foi nem um pouco fácil sumarizar e tentar lembrar de cabeça a premissa básica de O Predador. Desde sua concepção inicial, a ideia de ter Shane Black envolvido com um dos grandes ícones da ficção científica parecia equivocada. Não importa se Black até participou do filme de Arnold Schwarzenegger como ator, seu trabalho na criação da história (ao lado de Fred Dekker) é absolutamente desastroso, pois notamos como o estilo muito particular de sua escrita não é capaz de sustentar a fórmula específica do gênero, tampouco reinventá-lo ou trazer algo novo.

Todas as decisões parecem ser erradas, principalmente em execução. A própria ideia de McKenna enviar a caixa com equipamento alienígena altamente perigoso para sua própria família é de uma estupidez insana, assim como a ideia ainda mais absurda de que uma criança seria capaz de acionar e controlar os aparatos do Predador em seu próprio porão. 

De muitas formas, este novo Predador remete muito ao desserviço que Colin Trevorrow fez com a franquia Jurassic Park em seu Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros. O fato de termos personagens constantemente referenciando o filme original, as piadas auto conscientes com a mitologia do alienígena e até mesmo o fato absurdo de alguns personagens literalmente "brincarem" com as armas do Predador resultam em sua completa desmistificação. Algo que era especial, misterioso e único tornou-se banal, com destaque para a cena final do longa, que é uma verdadeira ofensa não apenas aos fãs do personagem, mas diria que também do bom cinema. 

Mesmo com um bom elenco em mãos, é difícil se afeiçoar aos personagens, que são tão mal escritos e têm infortúnio de proclamar alguns dos diálogos mais ridículos do ano - não existe fan service pior do que os vistos aqui ("You are one beautiful motherfucker"). Boyd Holbrook faz um bom papel como protagonista, mas nada que realmente se destaque. Olivia Munn surge deslumbrante como sempre, mas sem ter muito o que fazer. A grande surpresa fica com Sterling K. Brown, que interpreta um sujeito deliciosamente asqueroso e inescrupuloso, e comprova a versatilidade do ator para papéis antagonistas.

A carta fora do baralho, especialmente quando ouvimos o nome Predador, é o jovem Jacob Tremblay. Infelizmente, o esforçado ator está preso em um filme completamente diferente, apenas servindo à necessidade obsessiva de Black de ter "crianças espertinhas" em seus filmes, algo presente em praticamente em todos os seus roteiros. O retrato que Tremblay faz de um garoto autista é funcional e respeitoso, mas desperdiçado a serviço de algo anacrônico e sem sentido. Por fim, Trevante Rhodes (de Moonlight: Sob a Luz do Luar) tenta trazer algum peso dramático na pele de um comandante suicida, enquanto Keegan-Michael Key, Thomas Jane, Augusto Aguillera e Alfie Allen preenchem a cota de alívios cômicos. 

A Caçada é uma Bagunça

Como diretor, Black não apresenta nada demais. Se comparar com seu trabalho feito no irregular Homem de Ferro 3, que ao menos contava com algumas cenas de ação interessantes, é uma tremenda queda em seu talento. Colocando todas as cenas de ação à noite, sua mise en scéne é vítima da confusão e de efeitos visuais medianos, onde mal conseguimos acompanhar as lutas e perseguições. Há um terrível desequilíbrio tonal, onde Black mistura as intenções de fazer um tipo de cena intensa e rápida com uma abrupta entrada de atmosfera mais lenta (apenas reforçada pelo desaparecimento da trilha musical de Henry Jackman), algo que gera um desapego completo do espectador, que não sabe se deveria estar vibrando, com medo ou dando risada. 

A montagem do filme é das mais problemáticas, do tipo em que diversos núcleos (como o da esposa/ex-esposa de McKenna, o status nem ao menos fica claro) acabam simplesmente esquecidos de uma transição de cena a outra. E sabemos que elipses são importantes para economizar informações, mas elementos cruciais como um novo arsenal de armas e até mesmo um helicóptero não podem surgir magicamente nas mãos dos protagonistas, que eram soldados repreendidos naquele ponto - e me questiono quantos soldados americanos realmente conseguiriam arranjar um helicóptero tão rápido, no meio da noite. Fica aí uma ideia de derivado bem mais interessante.

Quanto à criatura do título, Black não faz nada para expandir sua mitologia de forma animadora. O chamado "Super Predador" é uma mera versão mais alta e forte do Predador comum, com a diferença de ser criado inteiramente por efeitos digitais, que transparecem facilmente em cena - especialmente quando temos um ator de carne e osso interpretando o outro Predador. O vilão nunca torna-se ameaçador ou memorável, com a ausência de uma máscara também atuando contra sua vantagem, e nem todo o sangue digital do mundo (o gore é presente, mas artificial e risível) conseguem nos fazer temer esse personagem tão genérico. 

Get to the chopper... E fuja desse filme

O Predador é uma verdadeira bagunça de filme, nunca sabendo se irá mesmo honrar o terror e suspense do original ou descambará de vez para o trash e o humor negro deslocado. Força a violência gráfica de forma artificial e tece algo que definitivamente é uma das manchas mais feias que o alienígena já teve em sua trajetória pelos cinemas. Mostra que Shane Black definitivamente não funciona fora de sua zona de conforto, e ele faria um grande favor a si mesmo - e ao público - se ficasse longe de blockbusters e trouxesse mais pérolas preciosas como Dois Caras Legais.

O Predador (The Predator, EUA - 2018)

Direção: Shane Black
Roteiro: Shane Black e Fred Dekker, baseado nos personagens de Jim Thomas e John Thomas
Elenco: Boyd Holbrook, Olivia Munn, Sterling K. Brown, Keegan Michael Kelly, Jacob Tremblay, Trevante Rhodes, Thomas Jane, Alfie Allen, Augusto Aguilera
Gênero: Ação, Ficção Científica
Duração: 108 min

https://www.youtube.com/watch?v=7GSendHREkw

Especial Predador