O interessante desse remake não oficial do clássico de 1932, que foi escrito e dirigido por Stephen Sommers (Van Helsing e G.I. Joe) é como foi um grande sucesso de maneira inesperada. E o motivo para esse sucesso é simples: ele faz de maneira muito eficiente um filme de aventura do mesmo molde de Indiana Jones. Além do terror, com os vários sustos que ocorrem durante a projeção. Mas da franquia que se trnasformou depois, com duas continuações (O Retorno da Múmia e A Múmia: Tumba do Imperador Dragão) e um spin off (O Escorpião Rei) podemos afirmar que esse primeiro é o melhor. Entrega o que promete de maneira muito eficiente.
Só lembrando da sinopse: A história se passa em 1926, quando os irmãos Evelyn (Rachel Weisz) e Jonathan Carnahan (John Hanna) descobrem uma importante pista para Hamunaptra, a cidade dos mortos. Para ajudar a irem a cidade perdida, os irmãos chamam Rick O’Connel (Brendan Fraser), um aventureiro americano que conhece a localização da cidade. Ao chegarem, por conta de uma maldição acabam ressuscitando Imhotep (Arnold Vosloo), um sacerdote do faraó que foi almadiçoado após traí-lo participando do seu assassinato e tendo um caso com a sua mulher favorita, Anck-Su-Namun (Patricia Velásquez). Ao ressuscitarem Imhotep, os aventureiros precisam achar um jeito de matá-lo o mais rápido possível, antes que fique invencível e governe o mundo.
Bom, o roteiro segue apenas alguns pontos em comum com o longa de 32: a múmia se chamar Imhotep e ter como objetivo reaver o seu grande amor, que também se chamava Anck-Su-Namun e o fato de seus poderes aumentarem a partir do tempo. Mas Stephen Sommers muda um pouco: ao invés de fazer um filme tenso, ele decide fazer uma aventura com influências da literatura pulp e com pitadas dos filmes de aventura de 1930. É só prestar atenção da caracterização de Rick, que lembra o típico herói aventureiro dessa época, além de Fraser em alguns momentos se inspirar em Errol Flynn. Mas o que Sommers faz com habilidade é como tanto no roteiro quanto na sua direção ele mistura esses elementos clássicos com elementos modernos na linguagem cinematográfica.
Estes vão desde o tipo do humor do filme á cenas mais grotescas com Imhotep, algo que vai se perdendo durante a franquia ao exagerar em elementos mais modernos como câmera lenta, aceleração de frames e excesso de efeitos especiais. Mas como Sommers propõe ao expectador um bom filme de aventura matinê, ele entrega isso com muito excito. Além de ter bons sustos durante a projeção e ótimos alívios cômicos vindo do imenso carisma de Brendan Fraser.
Além de funcionar no sentido narrativo, A Múmia é um filme que não deve em nada na parte técnica. Além de uma reconstituição de época muito bem detalhada, não só da década de 30, mas principalmente do Egito Antigo onde se passa o prólogo. A maioria dos efeitos especiais do longa funcionam até hoje, principalmente quando Imothep está se regenerando que ele não é apenas uma múmia que tira as faixas, mas que mostra elas junto com os músculos e seus órgãos degenerados. É realmente assustador e angustiante. Até o jeito que ele anda lembra a versão de 1959 da Hammer, em que a múmia era o lendário Christopher Lee.
Outro fator que ajuda a criar o clima do filme é a trilha primorosa de Jerry Goldsmisth. Ela muda muito bem o tom do filme, vai da aventura ao terror de maneira construída, nunca abrupta. Ela vai de temas mais épicos com sons de metais e ópera á temas mais calmos de amor. É um forte elemento que ajuda a dar todo o tom do filme.
O elenco está muito bem escolhido. O grande destaque é Brendan Fraser com o seu enorme carisma e presença. Fraser tem um ótimo timing cômico e presença de tela. É como se a câmera realmente quase perseguisse o ator de como ele é bom de ser visto. Rachel Weisz se mostra uma atriz com uma personalidade muito forte e que escapa do estereótipo da mocinha indefesa. Por mais que a personagem foi se transformando mais badass de acordo com o andamento da franquia, esse filme mostra que apenas com a sua inteligência e por conta do charme de Rachel Weisz a personagem já era interessante por si só. John Hanna está ótimo como o alívio cômico do filme, um personagem que não pensa direito nas suas ações e só pensa nas riquezas. Arnold Vosloo se mostra muito ameaçador como Imothep, o ator tem uma boa presença e é intimidador. Ele não cria o monstro apenas como um ser que urra todo o momento, mas como vai se regenerando e ficando com a aparência humano, Vosloo mostra muita tensão a partir do olhar.
Enfim, A Múmia é um filme que funciona até hoje. Tem algumas coisas que ficaram datadas, mas no geral é um filme muito divertido. Quem procura uma boa aventura, não vai se decepcionar.
A Múmia (The Mummy, EUA – 1999)
Direção: Stephen Sommers
Roteiro: Stephen Sommers baseado no argumento de Stephen Sommers, Lloyd Fonvielle e Kevin Jarre, baseado no roteiro original de John L. Balderson, Nina Wilcox Putnam e Richard Schayer.
Elenco: Brendan Fraser, Rachel Weisz, John Hanna, Arnold Vosloo, Patrícia Velásquez, Kevin J. O’Connor, Oded Fehr e Erick Avari
Gênero: Aventura, Terror
Duração: 125 min