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Crítica | Bohemian Rhapsody – O Nascimento do Queen

Queen é uma das bandas mais icônicas do cenário musical, transitando entre vários estilos dentro do rock, criou canções espetaculares que logo se tornaram hits. Bohemian Rhapsody (Bryan Singer) vem com a complicada tarefa de reproduzir a trajetória de sucesso do grupo composto por Freddie Mercury, Brian May, John Deacon, Roger Taylor.

A ideia foi a de retratar de forma abrangente a criação da banda, como foi realizado o processo de gravação das músicas e dos discos, além de tentar retratar de forma precisa como eram os shows e o principal que era o de trazer um pouco da vida de Freddie Mercury para o filme. O roteiro, em relação a banda, é bastante interessante, mostrando a criação do Queen, as brigas entre os integrantes e outros assuntos relacionados ao conjunto. O longa teve um primeiro e segundo ato bem estruturado, mas que deixa bastante a desejar em relação ao aprofundamento da trama, pois tudo é apresentado de forma rápida, as cenas mais interessantes que são da banda compondo e gravando passam de forma tão acelerada que chega a dar uma frustração.

Essa questão de passar um momento tão importante para o grupo de forma tão rápida deixa o longa raso e com cenas mastigadas. Em um momento do longa estão gravando um álbum e logo já cortam para algum show sendo feito e logo cortam para outro fato que está ocorrendo em algum outro lugar. A história vive pulando de fatos em fatos, são bem organizados e apresentados, mas mal desenvolvidos e se tornam superficiais de tão rápidos que são nos mostrados. 

No segundo e terceiro ato o diretor dá um foco maior para a vida pessoal de Freddie Mercury, só que mais uma vez sem se aprofundar em várias questões da vida pessoal do artista, a ideia era só de mostrar o quanto ele era intenso na sua vida. As partes mais bem trabalhadas foram quando Freddie se isola e quase leva o Queen ao fim e o trecho em que ele descobre ter AIDS, são ocasiões pertinentes e que precisavam ser mostradas com destaque em um filme sobre o Queen.

Outra falha do roteiro foi a contínua quebra na ação. Sempre que aparecia a banda tocando ou compondo logo cortavam para algo sem conexão, dando um salto para outra cena envolvendo a banda. Essa quebra nos acontecimentos ocorreu justamente para colocar tanta informação em tão pouco tempo de filme, só que acabam tirando o principal e o que mais envolvia o público.

O jeito que termina é de uma sutileza perfeita, algo que a história do longa demandava. Ao construir a imagem de Freddie a intenção era a de mostrá-lo como uma pessoa ambiciosa, perfeccionista e alegre, porém houve percalços que o fizeram se afastar em seus últimos dias de vida e não era necessário mostrar esse isolamento, como realmente não o fizeram. Freddie Mercury cantando no Live Aid e divertindo todas aquelas pessoas se tornou um dos grandes momentos da produção e serviu justamente para fechar o longa com chave de ouro, deixando a imagem de lenda do rock que Freddie realmente foi. 

A direção de Bryan Singer é bastante competente no sentido de fazer uma cinebiografia que se não é perfeita está na altura do ícone cultural que foi o Queen. Com pouco tempo conta o que foi a banda para os que não a conhecem e traz a nostalgia existente em relação a morte de Freddie Mercury, não deram foco em sua morte, possivelmente para deixar a imagem de quem ele foi e o que ele representou para a cultura pop. Não atrapalhou o fato do trabalho de Bryan Singer, durante as filmagens, ter sido bastante conturbado, principalmente levando em conta seu relacionamento com o protagonista Rami Malek, fato que corroborou para a demissão de Bryan.

Como não poderia ser diferente usaram músicas do Queen para compor a trilha sonora, ela é fantástica, mas fica a impressão que fizeram um apanhado dos grandes sucessos e foram jogando durante o filme apenas para divertir os fãs, às vezes não há necessidade da música estar lá, mas a colocam, como nos vinte minutos finais em que colocam We are the Champions apenas por colocar, para não ficar aquele gostinho de que ficou faltando alguma música. 

Há de se questionar por que o cinema de Hollywood demorou tanto para trazer Rami Malek para fazer produções de ponta. Rami Malek surgiu na série Mr. Robot e lá sua interpretação já era excelente e em Bohemian Rhapsody Malek encarna de forma primorosa Freddie Mercury, sem dúvida nenhuma o forte da produção é sua atuação, que assustadoramente lembra a de Freddie. Faz os mesmos trejeitos, dança e canta de forma parecida e ainda há o lado dramático que também se sai bem quando requisitado. 

Por Rami Malek estar tão bem e o longa ser praticamente sobre Freddie Mercury não são de se surpreender que o resto da banda se torne apenas um elenco de apoio que está ali apenas para desenvolver o protagonista. Há cenas hilárias e ótimas em que Roger Taylor (Ben Hardy) e Brian May (Gwilyn Lee) aparecem com destaque, hora discutindo, hora criando e tocando músicas, mas são poucas essas cenas e quando aparecem são rapidamente trocadas para dar espaço espaço ao verdadeiro astro do show.

A caracterização de época é bem construída, incluindo ambientes em que o Queen tocou como estádios e bares. Mas o que chama a atenção mesmo é caracterização dos personagens. Todos, sem exceção, encarnaram os músicos de forma perfeita, tanto no aspecto físico como no jeito em que falavam, se olhar de longe nem se percebe a diferença. Há momentos que realmente parece que estamos assistindo ao Queen novamente na ativa.

Bohemian Rhapsody não é feito para emocionar, apesar de conseguir chegar a esse sentimento em algumas cenas, como a hora em que faz o show no Live Aid, emociona por sabermos que ali estava o Queen novamente em cena depois de tanto tempo separado e que a partir daquele momento, já doente, seria uma contagem regressiva até o dia da morte de Freddie Mercury. A produção consegue deixar a imagem de Freddie Mercury tão grande quanto já era o foco era ele e conseguiram a desenvolver, mesmo sendo de forma superficial. É um filme que deve ser visto não apenas pelos fãs, mas por aqueles que querem conhecer melhor a trajetória de uma das maiores bandas de rock já existentes.

Bohemian Rhapsody (Bohemian Rhapsody, Eua, Reino Unido – 2018)

Direção: Bryan Singer
Roteiro: Anthony McCarten, Christopher Wilkinson, Peter Morgan, Stephen Rivele
Elenco: Rami Malek, Ben Hardy, Joseph Mazzello, Aaron McCusker, Aidan Gillen, Allen Leech, Gwilyn Lee, Lucy Boynton, Mike Myers, Tom Hollander
Gênero: Biografia, Drama, Música
Duração: 134 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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