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Crítica | Com Amor, Van Gogh

Quem é apaixonada pelos quadros e lê sobre a vida do pintor Vincent Van Gogh desde que se conhece por gente, é suspeita para escrever uma crítica sobre o filme recém-lançado (considero um presente de aniversário / Natal para mim), Com Amor, Van Gogh.

O pintor, maluco para muitos, gênio para todos, recebe uma homenagem honesta por uma vida sofrida e completamente desesperançada na maioria dos anos que viveu na Terra. Segundo filho de um casal, cujo pai era pastor protestante e a mãe, rígida e sofrida, levava o pequeno Vincent para visitar o túmulo do primogênito diariamente, colocando flores para o filho que havia morrido, sem dar a menor atenção para o que estava vivo. Quando nasceu Theo, um de seus irmãos, Vincent se identificou com o irmão e a amizade que tiveram por toda a vida torna-se exatamente o roteiro desse filme. Ou melhor, a última carta escrita pelo pintor que não chegou às mãos do irmão antes da sua morte. A surpresa do espectador começa com a sensibilidade da produção e execução do filme. Ele é todo feito como telas de Van Gogh, pintadas frame a frame por mais de mil pintores que deram vida ao trabalho dos atores, que também são os personagens retratados pelo artista, nos seus mais de 800 quadros e 2 mil gravuras.

Se, por um lado, a história do pintor é contada rapidamente – em cada memória de atitudes de Vincent Van Gogh, as “telas’ tornam-se escuras e o tempo passado é simbolizado como dolorido e sofrido –, fica a certeza de que, mesmo na dor, a união desses dois irmãos foi real e verdadeira. A ponto de estarem enterrados lado a lado na província de Auvers-sur-Oise.

O filme é todo roteirizado sobre a carta não entregue ao irmão e todos os questionamentos que ficaram em torno de seu suicídio e da herança que ele deixou para a humanidade. E é tão genial quanto os seus quadros. O início do filme é um presente aos olhos dos aficionados do pintor. A história se inicia na tela Noite Estrelada com o carteiro que entregava – e levava as cartas trocadas entre os irmãos – pedindo ao filho, Armand Roulin (Douglas Booth) levar a última carta que não foi entregue a Theo, um ano depois da morte do pintor holandês.

O carteiro Joseph Roulin (Chris O’Dowd), que também tinha sido pintado por Van Gogh, sente que a carta deve chegar a seu destino e coloca seu filho na investigação de uma vida que foi perdida no auge da sua produção artística e do tão sonhado equilíbrio emocional.

O filme envolve quem assiste, traz vida aos personagens – e às paisagens – pintadas por Van Gogh e traz toda a suavidade e delicadeza do maior recado que ele deixou à humanidade – suas obras que são verdadeiros atos de amor. Cada modelo retratado ganha história e a genialidade de Van Gogh ganha cores e vida no filme, que traz uma parte de sua vida e o seu constante sofrimento com o temperamento violento para a época.

A trilha musical acompanha a dor e o sofrimento do artista e, principalmente, de Armand que, por várias vezes, não se conforma com as descobertas que faz. E questiona como seria o mundo se Van Gogh estivesse vivo.

É uma obra de arte retratando várias obras de arte de um dos artistas mais geniais que temos notícia e o final do filme emociona, permitindo que lágrimas apareçam nos olhos como compreensão da dor vivida por ele. Um filme lindo que só para conhecer as obras de Van Gogh já vale o ingresso.

Com Amor, Van Gogh (Loving Vincent, Reino Unido/ Polônia – 2017)

Direção: Dorota Kobiela, Hugh Welchman
Roteiro: Dorota Kobiela, Hugh Welchman, Jacek Dehnel
Elenco: Douglas Booth, Josh Burdett, Holly Earl, Robin Hodges, Chris O’Dowd, John Sessions, Helen McCrory
Duração: 94 min

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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