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Crítica | Esquadrão Suicida (Sem Spoilers)

Enfim é chegada a tão aguardada estréia dos piores heróis já vistos no cinema. E longe de ser o ideal de seu marketing – “Os Piores dos Piores” – Esquadrão Suicida se resume a ser apenas e, nada mais, que o medíocre de um padrão que todos estamos saturados.

Em uma premissa promissora (como é na HQ que leva o mesmo nome), David Ayer nos apresenta a história de grupo de vilões forçados a combater o mal em nome de interesses do governo. Comandados por Amanda Waller (Viola Davis) e composto por figuras já conhecidas como Pistoleiro (Will Smith), Arlequina (Margot Robbie), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), e por outras nem tanto como Amarra (Adam Beach), Capitão Bumerangue (Jai Courtney) e El Diablo (Jay Hernandez), o Task Force 1 – a.k.a Esquadrão Suicida, é requisitado quando uma arma secreta foge do controle de Waller se transformando em uma das maiores ameaças que o planeta já viu desde Apocalipse. Agora, esse grupo muito suspeito, sob a tutela de Rick Flag (Joel Kinnaman) e Katana (Karen Fukuhara), terá que enfrentar esse oponente implacável.

Logo na primeira meia hora de filme já podemos identificar uma certa confusão em sua montagem. Feita de forma apressada e descuidada, são apresentados os vilões e a forma como foram capturados, em uma tentativa falha de estilização e videoclipe (como é muito bem feito em Snatch de Guy Ritchie), onde música e ritmo se tornam demasiadamente destoantes e sem conexão entre si. A sensação que passa é de estarmos vendo a metade de um filme já começado. O ponto fora da curva desse turbilhão de ideias assimétrico seja, talvez, a introdução de Arlequina, onde o ritmo alucinado de tal começo contribui para a sensação de loucura da personagem. Nesse tempo também podemos ver pela primeira vez o Coringa de Jared Leto. Uma mistura de gângster moderno e sua versão animada dos anos 90, cheio de sensualidade e de relevância (assim como em todo filme) zero.

Essa questão sobre o que fazer com seus personagens paira sobre o longa inteiro, como um espectro assombrando o roteiro. Ayer parece não saber muito bem o que fazer com eles durante a missão suicida rendendo pouquíssimos momentos de interação que realmente valham a pena, atingindo alguma complexidade ou profundidade emocional relevante. Apenas com Pistoleiro e El Diablo que temos um trabalho razoável – ainda que seja pautado em clichês já muito clássicos de filmes que acompanham esses estereótipos.

Não colabora também o senso da história apostar muito em macguffins para mover sua narrativa repleta de conveniências narrativas e soluções que são ao mesmo tempo burocráticas e arbitrárias – recorre na maioria das vezes para o uso de explosivos para resolver os principais problemas do filme.

Se Ayer impressiona pouco no roteiro só conseguindo arrancar algumas risadas entre alguns momentos descontraídos enquanto falha em criar relevância para aquela história, na direção consegue decepcionar ainda mais. Saído de filmes bons como Marcados para Morrer e Corações de Ferro, é negativamente impressionante notar o quão preguiçoso ou limitado ele se torna aqui.

As cenas passam, reviravoltas surgem, novos personagens são apresentados, velhos heróis de filmes anteriores aparecem e em meio a todos esses acontecimentos trazidos pelo roteiro, a câmera e decupagem visual permanecem apáticas. Movimentam-se como devem para trazer alguma vida à imagem repleta das atuações caricatas e excelente do elenco, porém não agregam nada narrativamente. A câmera está ali apenas como um transmissor dos acontecimentos do filme, nunca contribuindo de fato para nos envolver em uma atmosfera fantástica e repleta de vida. Para entender do que digo, apenas pense em como Christopher Nolan apresenta o Coringa pela primeira vez ao público em O Cavaleiro das Trevas. Ali sim há a presença de um diretor que sabe bem do que está fazendo.

Esquadrão Suicida era um longa que tinha tudo para dar certo, mas que infelizmente falha em tornar esse universo cinemático da DC em algo mais palpável e bem estruturado. Em meio a seu roteiro problemático e pouco inspirado com direção cinematográfica visualmente broxante, é possível sim encontrar alguma diversão no filme graças aos esforços do elenco espetacular, da trilha musical licenciada bem utilizada e de alguns poucos momentos onde vemos um vislumbre do que poderia ter sido a experiência original do longa. Após a recepção mista dos dois últimos filmes inspirados nas obras da DC, toda a responsabilidade e expectativa caem no colo do vindouro Mulher-Maravilha.

Por enquanto, o melhor a se fazer é esperar para ver.

Redação Bastidores

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