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Crítica | Godzilla e Kong: O Novo Império Não acrescenta nada de novo para a franquia

King Kong e Godzilla são dois ícones da cultura pop. Há algum tempo, era quase impossível vê-los dividindo a tela em um mesmo filme, algo que acabou ocorrendo no sucesso Godzilla vs. Kong (2021), que gerou um confronto de proporções épicas e não deixou pedra sobre pedra por onde os dois passaram.

Agora, em Godzilla e Kong: O Novo Império (Adam Wingard), a disputa entre os dois titãs é deixada de lado para dar espaço a dois novos e poderosos vilões introduzidos na trama. Tal fato acrescenta uma complexidade adicional a uma história que corria o risco de se tornar previsível e monótona. É exatamente por causa desses vilões que a narrativa ganha força, pois evita seguir pelo caminho já conhecido do embate entre os dois.

O MonsterVerse já havia dado dicas em Godzilla II: Rei dos Monstros (2019), de que havia outros Titãs na Terra além de Kong e Godzilla. Nesta sequência, o universo dos monstros recebe novos personagens, mas não vai além do óbvio, pois é certo que Godzilla e Kong irão lutar contra alguma força maligna e causarão grande destruição pelo mundo.

Duelo de Titãs

O roteiro, escrito pelo trio Terry Rossio, Simon Barrett e Jeremy Slater, não chega a ter um roteiro bagunçado como alguns filmes da franquia Transformers, mas comete algumas falhas, como o de conceder um protagonismo exagerado a Kong, relegando Godzilla a um papel secundário na maior parte da história e reduzindo-o a um mero monstro gigante sem alma, cuja única função é causar destruição por onde passa.

Para fortalecer Kong, que não teria chances contra Godzilla e os vilões em uma luta direta, é introduzida uma manopla pneumática, além da lança apresentada no último filme, que essencialmente transforma Kong praticamente em Rei dos Macacos.

Além disso, outros primatas surgem na trama, melhorando a interação de Kong com outros personagens e, consequentemente, reduzindo a relevância dos humanos na narrativa. Personagens como Ilene Andrews (Rebecca Hall), Bernie Hayes (Brian Tyree) e Trapper (Dan Stevens) têm momentos bobos com os titãs, restando-lhes apenas um alívio cômico ocasional e o drama envolvendo Ilene e sua filha Jia (Kaytlee Hottle).

Vilões são o auge

O destaque vai para Skar King, um Orangotango com cara de poucos amigos, e Shimo, gigantesco dragão de gelo que deixaria os fãs de Game of Thrones com inveja. Esses dois vilões surgem como rivais à altura de Kong e Godzilla. Com a qualidade gráfica dos personagens, elaborada por meio do CGI e que confere mais originalidade a esses titãs, fica evidente que há espaço para mais monstros nesse universo. No entanto, o grande problema é como inseri-los na trama e como fazê-los parar de destruir a Terra, pois em breve não restará mais nada a ser destruído.

Após Godzilla Minus One, de Takashi Yamazaki, receber o Oscar de Melhores Efeitos Visuais, os holofotes rapidamente se voltaram para a versão americana do Godzilla, que nem sequer chegou perto de tal consagração, mesmo com a Legendary e a Warner Bros. investindo enormes quantias de dinheiro em suas produções do gênero. A trama não foge do lugar comum, reproduzindo cenas de destruição sem limites e tentando desenvolver dramas pessoais de seus personagens humanos, que não funcionam e nem causam emoção.

O longa de Adam Wingard segue pelo caminho mais previsível possível, que é o da destruição generalizada, atingindo lugares históricos como Roma e Cairo. Até mesmo o Rio de Janeiro não escapou, tendo suas praias invadidas em uma cena divertida. Parece que os roteiristas se cansaram de causar estragos apenas nos EUA e decidiram levar a destruição para um nível global, como se isso acrescentasse algo de novo à narrativa, ao invés de limitar-se aos locais usualmente destruídos nos EUA.

Godzilla e Kong: O Novo Império não é um fracasso total, pois possui seus momentos de destaque, especialmente nas cenas de luta entre os titãs e na exploração da Terra Oca, que é bem desenvolvida e explorada. No entanto, em sua essência, é uma produção vazia e carente de uma identidade própria, acabando por se tornar esquecível ao oferecer ao público apenas entretenimento superficial e sem profundidade.

Godzilla e Kong: O Novo Império (Godzilla x Kong: The New Empire, EUA – 2024)

Direção: Adam Wingard
Roteiro: Terry Rossio, Simon Barrett, Jeremy Slater
Elenco: Rebecca Hall, Brian Tyree Henry, Dan Stevens, Kaylee Hottle, Alex Ferns, Fala Chen
Gênero: Animação, Ação, Aventura, Ficção Científica
Duração: 115 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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