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Crítica | Mob Psycho 100 – Volume 1: O humor paranormal de One

Após o sucesso gigantesco de One-Punch Man no Brasil, com o anime produzido pelo estúdio Madhouse e o mangá publicado pela Panini desenhado por Yusuke Murata, chegou a hora do público  brasileiro ser apresentado a mais uma obra do criador One, com o mangá de comédia paranormal Mob Psycho 100. Originalmente lançado como uma webcomic, o mangá mais tarde recebeu uma versão tankōbon em 2012, pela editora Shogakugan. Agora, essa versão chega ao Brasil pela Panini Comics no selo Planet Manga.

O mangá conta a história do colegial com poderes paranormais chamado Mob, que junto com o autoproclamado médium Arataka Reigen, ajudam pessoas com os seus poderes, expurgando fantasmas e mau agouros. Porém, com Arataka sendo apenas um charlatão e Mob sendo um adolescente reprimido, os trabalhos acabam tendo resultados…inesperados.

Enquanto a maioria dos mangás com esse tema usaria os poderes do protagonista para mostrar grandes lutas e habilidades especiais (como de certa forma é feito em One-Punch), Mob Psycho se utiliza das habilidades do protagonista para resolver situações mundanas e problemas de sociabilidade do personagem. Mob pode ser o maior paranormal que existe, mas ainda assim não consegue falar com a garota que gosta, por exemplo.

O humor de Mob

O humor do mangá de One mais uma vez é o ponto forte do quadrinho, funcionando muito bem no primeiro volume, com os personagens fazendo caretas exageradas e situações inusitadas, como a tirinha onde o cliente de Arataka pede para que seja exorcizado os fantasmas que impedem dele ser popular com as mulheres, ou quando o médium charlatão faz apenas uma massagem no cliente e diz que o trabalho de exorcismo foi cumprido.

A história foca nos problemas de Mob em socializar e se tornar alguém na vida. Mesmo com todos os poderes, Mob não sabe o que quer e apenas aceita o que os outros personagens pedem, especialmente seu chefe, Arataka, que sempre se utiliza das habilidades de Mob para tirar vantagem e compensar sua falta de habilidades paranormais. A dinâmica da dupla funciona tão bem quanto a de Saitama e Genos em One-Punch Man, mostrando como o autor sabe trabalhar comicamente uma dupla de protagonistas.

O sensato e mundano Mob é o contraponto de Arataka. Por ser alguém extremamente reprimido, seus poderes também foram suprimidos. Durante os finais dos capítulos, vemos uma contagem regressiva que mostra o progresso da explosão mental de Mob. Dando expectativa para o leitor sobre o que vai acontecer (e consequentemente, o que vai despertar a sua raiva) quando Mob liberar seus poderes.

Como a maioria dos mangás de comédia, as situações acabam se tornando mais episódicas, com alguns capítulos sendo dedicados a um caso paranormal que Mob e Aratake precisam resolver. O principal nesse primeiro volume é o caso do culto LOL (uma paródia de 20th Century Boys e o culto do Amigo), controlado pelo líder Covinhas-Sama. Nele, a dificuldade de socializar de Mob junto com seus poderes paranormais dá vantagem para que ele não seja influenciado pela tática do vilão, que usa da necessidade na sociedade das pessoas estarem constantemente alegres para manipulá-las com seus poderes mentais.

O autor pega os personagens e as situações aparentemente fora da realidade para comentar sobre as angústias da juventude e da sociedade japonesa. Seja pelos estudantes que não se interessam por nada ou pelos adultos que buscam felicidade a qualquer custo. Sim, bem mais profundo do que aparenta.

Traço e versão nacional

E como a primeira impressão deixa, o traço não é dos mais rebuscados e complexos. Para quem já era familiarizado com o autor pela versão original de One-Punch Man, já sabe que One é famoso por ter um desenho simplista e pouco detalhado, bem diferente da versão de OPM que temos com Yusuke Murata desenhando. Porém, por ser um quadrinho de humor, tal desenho “rústico” acaba funcionando muito bem para o clima do mangá, dando um ar tosco para os personagens e situações, enfatizando apenas o necessário para as cenas serem engraçadas, como as expressões exageradas dos personagens e artifícios metalinguísticos (como um balão atravessando violentamente a cara de um personagem em uma cena) oferecendo boas risadas para o leitor. Mesmo sendo pouco detalhado, o traço de One tem um bom acabamento em momentos-chave dos capítulos e cumpre muito bem o seu papel. Então como Mob, não julgue o mangá apenas pela sua aparência simplista.

A versão nacional da Panini não deixa a desejar e entrega o trabalho esperado da editora, com um bom acabamento gráfico na parte de dentro do volume e adaptação certeira nas piadas do mangá. Baseado no modelo padrão simples da editora, no formato 13,7 x 20 cm, papel jornal, sem orelhas ou páginas coloridas e com periodicidade bimestral. O mangá tem 15 volumes até agora no Japão, com o fim de sua publicação ocorrido há pouco tempo. O título também recebeu um anime, pelas mãos do estúdio Bones, em 2016.

Veredito

Mob Psycho 100 tem um ótimo primeiro volume e que mostra um promissor mangá de humor nas mãos de One, criador de One-Punch Man. Engraçado e com situações inusitadas (e contendo comentários interessantes sobre a sociedade e a juventude no Japão), é uma ótima pedida para os fãs da obra anterior do autor.

Mob Psycho 100

Autor: One
Preço: R$ 13,90
Periodicidade: Bimestral
Formato: 13,7 x 20 cm
Acabamento: Papel Jornal
Volumes no Japão: 15 volumes até agora

Mangá analisado com edição oferecida pela editora Panini Comics.

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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