Crítica | Moonage Daydream – As Múltiplas Faces do Camaleão

Moonage Daydream é um documentário feito para os fãs pensado em homenagear Bowie, e o resultado final dá muito certo

David Bowie foi um dos grandes nomes da história do Rock, tinha uma alta capacidade de inovar e se renovar através do tempo, não à toa foi apelidado como camaleão do rock. Realizar uma abordagem sobre a vida de Bowie é algo que caberia facilmente em uma minissérie, tamanho o vasto material existente. Não é uma tarefa das mais simples, e mesmo assim o documentário Moonage Daydream (Brett Morgen) cumpre com perícia esse objetivo.

Dividido em fases de sua carreira, o documentário biográfico faz uma análise a respeito de sua vida, mas não de maneira aprofundada, sem trazer uma reflexão sobre algumas passagens importantes que são apresentadas e que deveriam ter uma maior importância da produção. Há também momentos que ficaram de fora, como a própria fase final do cantor, em seus últimos anos de vida, que o diretor evitou mostrar no documentário.

LEIA TAMBÉM  De Matrix a Matrix Resurrections: Ranking da saga com Keanu Reeves

O roteiro, também escrito por Brett Morgen, traz muito da genialidade de Bowie, mas pouco da vida íntima do cantor, o que pode não agradar muitos aos fãs do astro do rock. Essa superficialidade do roteiro não atrapalha a trama, até porque a mensagem é passada com eficácia: a de que David Bowie, através do tempo, mudou não apenas o seu jeito de pensar, como é mostrado no documentário, mas também mudou a cultura com as suas músicas e performances.

Brett Morgen trabalhou na produção por longos quatro anos. Diferente do que se vê em muitas obras do gênero, em que há algum tipo de narração apresentando os fatos como aconteceram ou que há algum tipo de divisão por capítulos, o cineasta decidiu simplesmente colocar Bowie como sendo o narrador de sua própria história. Há várias aparições do cantor em entrevistas que foram concedidas pelos artista, fazendo com que esses relatos reais trouxessem uma maior aproximação com o público que assiste a produção.

LEIA TAMBÉM  Crítica | A Oeste do Rio Jordão - Consequências de Um Conflito Sangrento

A história do documentário começa nos anos 1970, e vai apresentando Bowie como um personagem de múltiplas personalidades, mostrando os principais momentos do artista ao longo dos anos. Na obra não se vê muita conversa com empresários, colaboradores da carreira de Bowie ou parentes, o foco é total no artista britânico, e esse é um dos grandes acertos de Moonage Daydream, pois quem assiste a um documentário a respeito de David Bowie quer ver algo centrado em sua vida e a partir de seu ponto de vista, e não algo a partir do relato de pessoas terceiras que o conheciam e saber o que elas pensavam dele.

A obra se mostra bastante previsível ao contar quem era o artista, como foi sua carreira e como era seu estilo de vida, porém acerta ao dar um equilibrado tom dramático. O ponto alto, sem dúvida, são as performances musicais, como o clássico concerto Ziggy Stardust. Há também espaço para para a inserção de cenas com Bowie atuando em filmes conhecidos pelo público, casos de Labirinto, a Magia do Tempo (1986) e O Homem Que Caiu na Terra (1976.)

LEIA TAMBÉM  Crítica | Cidade de Fantasmas

Moonage Daydream é um documentário feito para os fãs pensado em homenagear Bowie, e o resultado final dá muito certo. Em sua mais de 2h, mesmo sendo cansativo em alguns momentos, é possível conhecer mais da genialidade do cantor, roteirista, diretor e ator, e dá para entender como sua influência se deu sobre a cultura pop até os dias atuais. É sem dúvida um dos materiais mais completos já produzidos a respeito do artista britânico.

Add a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

Ler posts desse autor