Adam Sandler é conhecido por ter uma carreira como ator de um estilo de filme só, interpretando papéis que geralmente não demonstram ser ele o astro de grande gabarito que é. Na maioria das vezes participou de comédias bobinhas e quase sempre sem muita graça. O astro trabalhou recentemente na produção da Netflix Joias Brutas (2019) em que fez um personagem mais sério, e desta vez retorna ao serviço de streaming com O Halloween do Hubie.
O filme é exatamente o que o público esperava ser em uma comédia protagonizada por Sandler: uma comédia que força no tom do humor e que só tem graça em eventuais situações que são bem trabalhadas pelo diretor Steven Brill (Para Maiores). Quem conhecia os trabalhos de Brill sabe bem que o diretor costumava dirigir comédias com um humor bastante duvidoso, para não dizer com piadas bobas e diálogos fracos.
E toda essa fórmula que Brill trabalhou em quase toda a sua carreira cinematográfica está em O Halloween de Hubie, que logo de início, quando o personagem de Adam Sandler e que dá nome ao filme (Hubie), já temos uma ideia de qual será o caminho a ser tomado pelo diretor para conduzir a narrativa, com Hubie bebendo ovos jogados por algumas crianças e os vomitando logo em seguida. Quem não curte esse tipo de humor ou não está acostumado com as obras do diretor, já no primeiro ato tem tempo o suficiente para abandonar o filme e começar a assistir outra produção.
As piadas são fracas, mas não por serem ruins, mas sim por serem pessimamente conduzidas pelo diretor. Ao criar algumas das situações – a maioria delas para humilhar Hubie e tentar fazer o público rir com essas atitudes – o cineasta acaba por fazer uma trama extremamente repetitiva, em que muitas das piadas só são reformuladas durante o filme para tentar fazer o espectador dar risada. Um exemplo são as várias cenas em que Hubie anda de bicicleta pelas ruas e precisa desviar de objetos jogados contra ele, pois os moradores da cidade fazem isso simplesmente porque Hubie é estranho e as pessoas querem apenas tirar uma com a cara dele.
Esta cena é algo que se repete bastante no roteiro, escrito por Adam Sandler em parceria de Tim Herlihy (Os Seis Ridículos), que é o fato de Hubie ser humilhado sucessivas vezes pelos moradores da cidade, além de levar vários sustos idiotas a todo instante. É tudo tão forçado que não dá pra entender qual a real mensagem do longa. Esta mensagem existe, que é a de não se cometer bullying com pessoas desengonçadas ou diferentes delas. Só que essa mensagem não é desenvolvida e nem é debatida a fundo, só surgindo no último ato e dando a clara impressão de que aquilo foi jogado no roteiro apenas para dar um sentido para a trama.
Outro fator que atrapalha bastante na experiência de assistir ao longa é o fato de o personagem de Hubie ser ruim, exagerado e extremamente caricato, tendo um sotaque irritante e usando uma garrafa térmica como um acessório que se parece um canivete com multifunções. E não apenas o personagem de Sandler é ruim, mas também todos os outros personagens secundários que aparecem no longa são igualmente fracos e com pouquíssimo carisma.
Se O Halloween de Hubie não é o pior filme da carreira de Adam Sandler, há um consenso de que ele está entre os piores. Mas o ator parece se sentir confortável com esses papéis, tanto que não foi o primeiro longa em que Sandler interpretou um protagonista caricato. A produção tem algumas piadas que funcionam, mas são poucas, dá até para contar nos dedos quais são. A produção tem o seu público cativo e isso é mais por conta do ator que propriamente do filme.
O Halloween do Hubie (Hubie Halloween, EUA – 2020)
Direção: Steven Brill
Roteiro: Tim Herlihy, Adam Sandler
Elenco: Adam Sandler, Kevin James, Julie Bowen, Ray Liotta, Steve Buscemi, Rob Schneider, Maya Rudolph, Tim Meadows, Michael Chiklis, Shaquille O’Neal
Gênero: Comédia, Fantasia, Mistério
Duração: 102 min.