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Crítica | Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City – Um dos Piores do Ano

Quando Resident Evil: O Hóspede Maldito estreou, no ano de 2002, foi natural que os fãs entrassem em êxtase, já que o longa inspirado no consagrado game de mesmo nome levaria para as telas as aventuras (pelo menos essa era a ideia dos fãs) de personagens como Jill Valentine, Claire Redfield, Chris Redfield e Leon Scott, mas nada disso de fato ocorreu, e a franquia com Milla Jovovich se mostrou decepcionante com o passar do tempo.

Estes e outros personagens acima citados estão em uma nova tentativa de reboot da saga. Geralmente dá certo a ideia de reiniciar alguma franquia para o cinema, sendo que algumas delas  necessitam de gás novo, mas isso possivelmente enterrou o já primeiro capítulo de Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City, que traz uma abordagem terrivelmente equivocada e trilha um caminho diretamente para o fundo do poço da saga.

Um Roteiro Fraco

Quem cresceu jogando vídeo games nos anos 90 lembra bem da experiência de jogar Resident Evil, de como era apavorante passar por aquelas portas e encontrar algum zumbi, ou simplesmente ter que correr de algum cachorro raivoso pelos corredores de uma mansão mal assombrada ou de precisar se esconder em uma delegacia abandonada, nos casos do primeiro e do segundo Resident Evil. São sensações nostálgicas que esses fãs procuram ao assistir a uma produção como Bem-Vindo à Raccoon City e não é nada disso que irá encontrar nesta produção, a não ser pura trasheira e resquícios do que poderia realmente ser, do mais nada além disso.

A maioria dos filmes adaptados de games erram por serem feitas por produtores, diretores e roteiristas, em suma, uma equipe que em alguns momentos nem se quer jogou o game que está sendo adaptando para as telas, e nisso acaba acarretando em certos erros cruciais para a produção. Erros não apenas em relação a narrativa e ao roteiro, mas também em em relação a todo o projeto em si, como os personagens, direção artística e por aí vai. É daí que nascem bizarrices como o longa do Super Mario Bros. e Street Fighter. Exemplos positivos e que deram certo existem, casos de Detetive Pikachu e Silent Hill e que infelizmente são casos raros ou receberam continuações fracas.

O roteiro e a direção do filme ficou sob a responsabilidade de Johannes Roberts, que faz um trabalho com uma abordagem fraca, o diretor até que tenta salvar algo tentando contar uma origem da infecção, mas a ideia é tão vaga e nada sombria que que beira ao amadorismo. Johannes até se esforça para fazer um filme competente, mas é nítido que ele não tem a mínima ideia do que ele está fazendo ali. O diretor faz uma bela mistureba entre o primeiro Resident Evil e o segundo e é aí que a narrativa já começa a ficar perdidinha. Seria muito, mas muito mais interessante e até com mais potencial para a franquia que, pelo menos pudesse contar a história com a trajetória do vírus na cidade e assim unindo a narrativa dos dois primeiros games, nem precisava contar de forma didática o que acontecia no primeiro nem no segundo game. Foi exatamente isso que o roteiro quis fazer e o fez de forma totalmente errada. Pegue o exemplo da série da Netflix Black Summer, que nada é explicado, mas mesmo assim prende a atenção do público em querer entender o que está acontecendo no apocalipse zumbi.

Franquia Desgastada

Desde que sua primeira versão foi levada aos cinemas, em 2002, com O Hóspede Maldito, e recebendo outras cinco sequências, sempre houve uma vontade de retornar com a saga ou como uma série ou como um filme, algo que acabou realmente acontecendo. A grande questão de tudo isso é que quando se produz em massa um capítulo atrás do outro um filme de uma franquia tão conhecida e famosa como é Resident Evil, é que essa franquia acaba se desgastando com o tempo, não apenas frente ao público, mas também frente aqueles que não são fãs e querem conhecer algo novo ou que precisam de alguma coisa impactante para que as façam primeiro irem ao cinema e depois que as façam consumirem o game. Se nada disso acontecer esses simpatizantes não vão ao cinema, não importa quão bom o produto seja, e no caso deste reboot horroroso é bem capaz que novos fãs fiquem longe das telonas e também das prateleiras.

Falando novamente de Johannes Robertso cineasta de Medo Profundo não erra apenas no roteiro, mas também em como montou a narrativa, e isso fica bastante evidente no resultado final, pois os caminhos que os personagens e que a história caminha se mostra perdida em vários aspectos. Isso para não dizer em como as atuações do elenco é péssima, de todos eles, a pior de todas interpretações e mais caricata é a de Avan Jogia, que interpreta um Leon sem alma. Mas ele não é o culpado, a culpa está no diretor que não consegue tirar o melhor de seu elenco, soma-se a Avan em uma atuação desastrosa e teatral todo o elenco, inclusive os vilões, que parecem terem saído de um casting de uma novela da Record.

Algo que também incomodou bastante os fãs das antigas dos jogos foi a total falta de clareza com os games. Mais uma vez o diretor e também roteirista não tinha a mínima ideia do que fazer com os personagens e misturou tudo ao não dar relevância alguma a Jill Valentine nem a Chris, dando assim mais importância para Claire e para Leon, personagens que são mais importantes no segundo game de Resident Evil. Ficou bem claro que o cineasta quis empurrar os quatro protagonistas em um filme só e não conseguiu dar protagonismo algum para os quatro. Na verdade nem se sabia para qual dos quatro se devia dar mais relevância.

Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City é um dos piores filmes do ano sem dúvida alguma e isso se deve a uma total falta de visão e uma tremenda pressa em querer tirar do papel uma franquia bastante lucrativa, mas que já deu o que tinha que dar e que não traz nada de novo há algum tempo. A grande questão é se esses sucessivos erros vão acabar afastando os fãs dos cinemas ou se em um futuro próximo vão acabar acertando. A verdade é que esta versão é um belo tiro no pé da franquia.

Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City (Resident Evil: Welcome to Raccoon City, Ale/Can. – 2021)

Direção: Johannes Roberts
Roteiro: Johannes Roberts
Elenco: Kaya Scodelario, Hannah John-Kamen, Robbie Amell, Tom Hopper, Avan Jogia, Donal Logue, Neal McDonough, Lily Gao, Chad Rook, Marina Mazepa
Gênero: Ação, Terror, Ficção Científica
Duração: 107 min

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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