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Crítica | Scream – 2ª Temporada

Bem diferente da temporada anterior, o segundo ano de Scream já estreou com boas expectativas. Mesmo com uma narrativa que tropeça constantemente, a série mostrou que respeita os filmes originais e ainda consegue inovar. Scream faz sucesso, sem dúvida alguma, e enche o twitter de hashtags após cada episódio. O fascínio dos fãs pelos atores do show, inclusive, pode ser explicado em grande parte pela campanha de marketing promovida pela MTV, que na segunda temporada ainda ganhou o apoio da Netflix, liberando os episódios no dia seguinte à exibição. Agradando ou não, a MTV sempre soube promover astros teen.

Bom, deixando a emissora de lado, vamos ao que interessa. No primeiro ano, Scream cumpre o seu papel com ousadia ao trazer o famoso serial killer reformulado. Entretanto, alguns problemas graves assombram a produção constantemente, trazendo à tona os principais erros da temporada passada.

Primeiramente, questionei muito o aumento considerável no número de episódios – foram dois a mais do que o ano anterior. Parece pouco, mas isso reflete em mais de uma hora de material na tela, e Scream já lutava contra o marasmo antes. Antes de prosseguir, todavia, quero deixar claro que essa review trata dos eventos vistos até o episódio 12, When a Stranger Calls, sem considerar o especial de duas horas promovido pela Netflix neste Halloween. Aliás, essas referências nos títulos dos episódios me deixaram com uma pulga atrás da orelha. Pode ser implicância, mas muitas vezes isso não colou.

Poderia elaborar tranquilamente uma lista de fatores que me levam a questionar o aumento do número de episódios. Primeiramente, nessa nova temporada o assassino dá as caras no início e começa a torturar os personagens, mas permanece oculto até o final do quarto episódio! Acho que o principal problema das tramas na segunda temporada é que elas poderiam ter se desenrolado com muito mais desenvoltura. Outro recurso utilizado pelos roteiristas foi a entrada de personagens secundários aleatórios na série. Claro que o show precisa de elenco (até para que as possibilidades de identidade do assassino sejam mais amplas) e Scream se esforça para construir personagens, mas isso acarreta em uma lentidão ainda maior para a trama.

A segunda temporada de Scream ainda tenta consertar um dos seus principais erros e construir uma Emma mais forte e decidida, no melhor estilo Sidney Prescott. Mas a protagonista não convence, em partes porque o texto dramático da série continua com ela e ele não melhora. Emma finalmente confronta o assassino, mas todas as cenas acabam passando uma impressão de descontrole. A garota continua sendo a pior personagem da série e não possui nem mesmo um arco de evolução que possa ser comparado ao de Brooke, por exemplo.

O enredo possui um conceito inteligente. Os sobreviventes agora são os Lakewood Six (os fortes entenderão a referência) e os diálogos continuam repletos de analogias com a cultura pop, seja clássica ou contemporânea. Uma salva de palmas maior ainda para os monólogos de Noah através do seu podcast. As metáforas que fazem Scream ser Scream continuam ali, mas a história parece tantas vezes completamente sem rumo.

Tentando entender qual é o grande problema dessa segunda temporada, acredito que possa ser o medo de se enterrar nas próprias origens. A série chegou num ponto em que permanece superficial por temor de tornar decisões expressivas. As saídas do roteiro têm sido completamente convenientes e nem mesmo as mortes elaboradas poderão salvar Scream dessa situação. A foice, na morte do Jake, e a belíssima homenagem à Carrie (que entra para a história como uma das melhores cenas da série), são ótimas, mas não salvam um texto que insiste em não se desafiar.

Outro ponto em que isso pode ser observado foi na revelação do assassino, que nem mesmo deu ao espectador o momento de vê-lo levantando a máscara. A revelação dessa segunda temporada não chegou a surpreender o público, mas foi bem acertada dentro do cenário coerente que já havia sido estabelecido. O roteiro da série é bom, mas certas horas busca o caminho mais fácil. Scream precisa ousar. E ousar muito mais do que a primeira temporada.

 

Concluindo, a segunda temporada de Scream teve tantos altos e baixos quanto a primeira, mas pisou na bola feio ao desrespeitar os próprios conceitos que já havia estabelecido. O gancho na cena final do episódio 12 me deixou empolgado para ver o que pode ser feito a partir do material construído até aqui, mas vejo esses dois episódios especiais de Halloween como a chance que a série precisa para consertar alguns erros e, assim, vir com tudo para a terceira temporada.

Scream precisa de um up, mas também espero que tome fôlego. A propósito, adorei saber que a terceira temporada terá apenas 6 episódios. Desde que entreguem qualidade, a quantidade é apenas um detalhe.

Texto escrito por Evandro Claudio

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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