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Crítica | Shazam! Fúria dos Deuses é divertido, mas não tem novidade alguma

Lançado em 2019, o primeiro Shazam! ofereceu um sopro de ar fresco ao catálogo mais sombrio e sóbrio da DC. O longa de David F. Sandberg era uma aventura divertida e bem-humorada, que mergulhava na percepção de uma criança para entender o mito do super-herói. Com uma recepção calorosa e um sucesso modesto de bilheteria, uma continuação logo foi aprovada pela Warner Bros, certa de que estava diante de uma nova franquia.

Porém, a situação da DC nos cinemas é extremamente delicada após a venda da Warner para o grupo Discovery de David Zaslav. Com uma nova gestão comandada por James Gunn e Peter Safran, todos os projetos produzidos até então têm um destino incerto em relação a longevidade – e isso inclui Shazam! Fúria dos Deuses, que foi adiado três vezes até finalmente chegar aos cinemas nesta semana.

Independente de uma conexão com universo compartilhado ou não, um filme precisa funcionar por conta própria. Infelizmente, o novo Shazam pouco consegue fazer para se manter relevante em um cenário que encontra-se cada vez mais esgotado criativamente.

Na trama, o jovem Billy Batson (Asher Angel) segue atuando como o super-herói Shazam (Zachary Levi), ao mesmo tempo em que forma uma equipe poderosa com os membros de sua família. A ações do grupo acabam chamando a atenção das Filhas de Atlas, três irmãs ancestrais que almejam recuperar os poderes roubados pelo Mago (Djimon Hounsou) e distribuídos para Shazam.

Escrito por Henry Gayden e Chris Morgan (da franquia Velozes e Furiosos, que é citada aqui), Fúria dos Deuses acerta por manter o melhor elemento do anterior: o sentimento de fraternidade e emoção familiar. Poucas vezes vimos um filme de heróis com uma dinâmica de grupo tão complexa e diversificada quanto a da Família Shazam, que garante bons momentos e piadas divertidas – ainda que torne a experiência bem mais carregada e gigantesca do que a do original, que se beneficiava da simplicidade temática e do fato de ter apenas um protagonista.

Nesse sentido, ainda que hajam personagens demais, ao menos o elenco continua fazendo um ótimo trabalho. Zachary Levi é carismático e mantém um bom timing cômico e dramático com todos os membros da família, mas é mesmo a trinca de vilãs que garante o melhor aproveitamento: Helen Mirren, Lucy Liu e a novata Rachel Zegler (do remake de Amor, Sublime Amor) oferecem um núcleo antagonista interessante e com bons momentos; com o texto se aproveitando das diferentes qualidades dramáticas de cada atriz.

Como diretor, o cada vez mais experiente David F. Sandberg mostra que sua especialidade está mesmo no terror, e até mesmo na comédia. Ainda que seja impressionante como o cineasta alcance um resultado bem mais grandioso com o mesmo orçamento do anterior, a condução de Sandberg nas múltiplas sequências de batalha, lutas com criaturas e voos de dragão é burocrática e sem imaginação. Os efeitos visuais são razoáveis, e quando as trocas de socos e magia começam a sair em disparada, é uma replicada de tudo o que o gênero vem apresentando nos últimos 10 anos, garantindo um verdadeiro sentimento de tédio absoluto.

Há de se destacar o inventivo trabalho do design de criaturas, onde a veia de Sandberg como realizador de terror é definitivamente sentida. Mas assim como no anterior, que apresentava monstros inspirados nos Sete Pecados Capitais, a realização gráfica dos efeitos fica muito aquém do sofisticado trabalho conceitual, que certamente deve se destacar mais em uma pintura do departamento de pré-produção da obra.

A verdade é que não há nada de inovador em Shazam! Fúria dos Deuses. Inovar não é necessariamente o objetivo de todo filme, mas em um cenário absolutamente dominado por produções de quadrinhos e super-heróis, o longa de Sandberg não tem muito com o que se destacar ou tornar memorável. A tal da fadiga do gênero de super-heróis definitivamente está pesando.

Shazam! Fúria dos Deuses (Shazam! Fury of the Gods, EUA – 2023)

Direção: David F. Sandberg
Roteiro: Henry Gayden e Chris Morgan
Elenco: Zachary Levi, Asher Angel, Zack Dylan Grazer, Djimon Hounsou, Helen Mirren, Lucy Liu, Rachel Zegler, Grace Caroline Currey, Meagan Good, Adam Brody, Ross Butler, Marta Milans, D.J. Cotrona
Gênero: Aventura
Duração: 130 min

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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