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Critica | Thanos: Final infinito

Em 2013, a Marvel decidiu que retornaria com o seu editorial  de Graphic Novels, para satisfazer o desejo dos novos fãs que a empresa conquistou com seu universo compartilhado, e que estavam em busca de histórias mais individuais dos personagens, que não tivessem muita ligação com a linha cronológica. Em 2014, o grande Jim Starlin foi chamado de volta a editora para escrever uma nova trilogia, envolvendo aquela que foi sua maior criação, Thanos, o Titã Louco. A série de 3 histórias teve início no mesmo ano com a história Revelação Infinita, onde o escritor faz uma dissecação da alma do personagem e também nos mostra uma grande mudança que está para acontecer no universo e que é pressentida pelas três maiores entidades cósmicas do universo. A segunda parte da trilogia veio no ano seguinte, Relatividade Infinita, e nela vemos que a grande mudança que a realidade pode sofrer esta relacionada ao vilão Aniquilador. Em 2016, Starlin traria uma conclusão épica para essa belíssima trilogia, e uma grande homenagem ao personagem Thanos.

Após os eventos de Relatividade Infinita e Entidade Infinita, Adam Warlock se encontra prisioneiro de Mefisto (que está escondido na forma do serviçal Bultar) que revelou ser o responsável por manipular o Aniquilador para que ele pudesse destruir a realidade. Para isso, ele precisaria de uma grande fonte de energia, que esta contida dentro de Warlock. Como sabemos, esse Adam não é o dessa realidade, ele veio de uma alternativa e dentro dele possui todo um universo, o que lhe dá poderes de um deus. Já Thanos, mandado para o nada pelo vilão da Zona Negativa, conseguiu escapar. Porém para isso teve que tomar a drástica medida de se matar. Porém, a morte nunca foi algo permanente para o Titã, e ele acorda algum tempo depois na morada de sua amada morte, e descobre o terror que que aconteceu enquanto esteve fora do plano dos vivos. Viu que planetas, raças e seres poderosos como Galactus e Celestiais foram obliterados. Decide se juntar então a uma pequena resistência de heróis da terra e de outros planetas formada na lua para poder destruir a ameaça.


Falei isso em nas duas reviews que eu fiz das duas primeiras partes da trilogia, e falo aqui mais uma vez, porque acho sempre bom lembrar. A idéia de Starlin com essa HQ era fazer uma homenagem a aquele personagem que ele criou,e que conhece como poucos. Então, ele começou primeiro trazendo na primeira HQ, uma junção de todas as personalidades do Titã louco, e depois foi trazendo de volta outros personagens que foram importantes na trajetória de Thanos. Nessa HQ final, ele repete o que vinha fazendo e traz vários vingadores, e faz com que Thanos se una a eles, para trazer um efeito de nostalgia, pois claramente vamos remeter a saga Guerra Infinita dos quadrinhos. Esqueça por um segundo aquele ideia do Titã vilão e destruidor, aqui o personagem assume o papel de, podemos dizer um Anti herói, acho que herói seria demais. E a motivação de Thanos é aquela que sempre guiou muito dos seus atos ( ao menos quando está nas mãos de Jim) que é buscar um equilibrio no universo. E como ser maquiavélico que é, para ele os fins para buscar isso justificam muito mais do que os meios.

Mais uma vez Jim Starlin traz aqui o seu melhor e mistura todas as características que lhe fizeram se tornar um escritor querido pelos fãs de quadrinhos. Temos o já esperado cataclismo do universo, provocado pelas loucuras do Aniquilador algo que já era esperado desde a primeira parte, devido a previsão das Entidades cósmicas. Mas ainda sim, Starlin deixa uma ponta de mistério. Será que essa é a real mudança? Ou algo maior está vindo? A vontade de ter essas perguntas respondidas é um combustível a mais para ler a revista. E temos também muita ação, algo que Starlin sempre soube colocar muito bem em suas histórias. É extremamente excitante ver Thanos e os heróis unidos juntos enfrentando o grande exército do vilão da Zona Negativa, e ver eles usarem todo o poder que tem dentro de si, porque sabem que a existência depende unicamente deles. Thanos, obviamente, se destaca. Ver ele usar todo seu poder para combate é algo incrível e implacável.

Mas não é apenas pela ação que a história deve ser lida. Starlin sempre foi um mestre dos roteiros, e aqui mais uma vez ele mostra o porque disso. Ele é extremamente cuidadoso nessa parte, para que tudo se torne coeso para quem lê. Até mesmo partes que parecem desfocadas do centro da história, tem sua importância, como a do personagem Pip, que vai em buscar de alguma maneira para salvar Warlock. Os diálogos são extremamente profundos, e algumas vezes até difíceis, obrigando que a leitura seja feita com bastante atenção para não se perder nada. A relação entre Thanos e Adam é extremamente organica dentro da histórias, afinal estamos de um cara que conhece muito esses caras. As conversas entre os dois tem ao mesmo tempo um tom de drama e um pouco de humor. Starlin também coloca dentro de Final Infinito outras características que sempre gostou de trabalhar, como realidades alternativas, e um pouco de filosofia sobre o cosmos e a existência, algo que remete muito as HQS mais psicodélicas da marvel nos anos 70. E quando falamos da Era de Prata, não se pode esquecer de Jack Kirby,uma das grandes inspirações de Starlin, que é homenageado em Final Infinito com a aparição do criador do Multiverso, Aquele Acima de Nós.

Uma boa história de Starlin precisa de um bom desenho. Se o escritor mostra que ainda esta afiado na sua escrita, Ron Lim, responsável pelos traços de Guerra Infinita e Cruzada Infinita, também mostra que ainda tem o dom dos desenhos. Primeiro devo dizer que ele consegue muito bem com sua arte demonstrar os sentimentos dos personagens Warlock e Thanos, algo que bastante difícil, o que é um ótimo aditivo para o texto de Starlin. Seu desenho é também bastante detalhista e ele sabe utilizar das escalas para mostrar a magnitude do confronto, e ainda consegue fazer a leitura extremamente dinâmica. Os seus traços do universo e de outras regiões também são extremamente ricos e acompanhado pelo belo uso de cores de Guru eFx.

Final Infinito é um fim digno para uma trilogia incrível, de um escrito fantástico e de um personagem icônico. Toda a trilogia sabe envolver o leitor até a última página, e vemos Starlin trazendo tudo aquilo que ele sempre soube fazer com excelência. Se você é fã do escritor, e principalmente tem um grande apreço pelo Thanos, não pode deixar de ler essa trilogia. Infelizmente Jim acabou por sair da Marvel em 2017, por alguns problemas, mas deixou pronta uma última história sobre o Titã Louco, e com certeza todos nós estamos ansiosos para ver o que ele preparou.

Thanos: Final Infinito (Thanos: The Infinity Finale, EUA – 2016)
Autor: Jim Starlin
Arte: Ron Lim
Arte-final: Andy Smith
Cores: Guru eFX
Letras: Clayton Cowles
Editores:Tom Brevoort, Will Moss
Editora original: Marvel Comics

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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