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Crítica | Thanos – Volume 1: Thanos Retorna – Reformando um deus

Depois do evento cataclísmico de Guerras Secretas de Jonathan Hickman, muitos torceram o nariz para a fase All New, All Different Marvel que comandaria esse “renascimento” da Casa das Ideias. Apesar de muitos títulos realmente tenham deixado a desejar, certamente Thanos foi uma das maiores surpresas em sua série de HQs solo.

Foi uma jogada acertada da Marvel para que o seu maior vilão ganhasse mais popularidade já que era questão de tempo, na época, para que Thanos aparecesse pela primeira vez em uma produção cinematográfica. Embora esse Thanos escrito por Jeff Lemire tenha muito pouco a ver com o ser cordial e emocionalmente controlado com o que vimos em Vingadores: Guerra Infinita, há um forte magnetismo nessa história que prende o leitor já na primeira edição.

O Titã Louco Retorna

Apesar de termos um início morno na primeira edição, apenas mostrando Thanos destroçando Corvus Glaive para retomar seu trono falido no quadrante no qual reina, Lemire é muito inteligente em logo exibir um cliffhanger excepcional nas últimas páginas do quadrinho: Thanos sangra copiosamente depois da batalha. O leitor acostumado com a força do vilão, naturalmente, já percebe que há algo de muito errado naquela situação.

Através da presença bem-humorada de um narrador onisciente e onipresente, o leitor então descobre uma intrigante verdade: Thanos está doente e tem poucos dias de vida. Logo, toda a premissa desse arco envolve a busca do vilão por uma cura que também forçará o personagem a encarar alguns dos fantasmas de seu passado violento.

Lemire e Mike Deodato Jr abordam todo o quadrinho de forma bastante adulta e também violenta. Por isso não espere passagens poéticas ou de matança apenas sugerida, já que a abordagem aqui é mesmo muito explícita. Isso não incomoda e até mesmo diverte o leitor por ver o vilão totalmente sem freios cometendo atrocidades ainda maiores pelo medo de morrer.

Paralelamente, vemos por onde anda Thane – é recomendado que o leitor leia Infinito para ter certa familiaridade com o filho de Thanos. O ódio pelo pai só cresce, mas como o personagem está totalmente fraco por conta da magia das Irmãs das Estrelas, acaba preso por Corvus Glaive. Na cadeia, ele conhece Slatterus, o Campeão do Universo. Os dois se afeiçoam e acabam se tornando amigos. Entretanto, conforme o tempo na cadeia aumenta, mais Thane se aborrece e enlouquece, permitindo assim que a Senhora Morte o seduza e o manipule, alimentando ainda mais a promessa de vingança contra Thanos.

Com a ajuda sobrenatural da Morte, Thane consegue escapar do cárcere e logo se coloca em uma missão para reaver seu poder, mas desta vez com a intenção de se fundir à Fênix. Embora seja um núcleo mais fraco e que de fato seja pouco desenvolvido para que o leitor melhor compreenda a relação conturbada entre pai e filho, Lemire traz reviravoltas interessantes o suficiente para satisfazer a curiosidade do leitor em conhecer mais desse personagem relativamente novo no universo Marvel.

É apenas uma pena que tenhamos algumas passagens inteiras focadas em filler para suprir a demanda de ação que o título exige, burocratizando a jornada de ambos os personagens até o inevitável encontro final que encerra o arco também de modo criativo. Os desvios trazem algumas boas e outras más ideias para a jornada, principalmente uma envolvendo a edição 3 com outros personagens sendo entrevistados sobre a luta contra Thanos.

Há outros clichês para livrar o personagem-título de algumas enrascadas, mas nada que seja verdadeiramente absurdo. Já com a arte de Deodato, há uma estranha escolha, já que os desenhos realmente são muito bem feitos, apesar da anatomia robusta e pouco equilibrada de Thanos. Isso envolve a diagramação dos quadrinhos que, vez ou outra, é totalmente sem imaginação ou exibida em uma ordem realmente de mal gosto artístico com um plano de fundo totalmente genérico.

O que Deodato realmente acerta é no erotismo entre as cenas de Thane e a Morte, além de todas as sequências de ação serem excepcionais.

A Boa Premissa

Apesar de trazer uma história repleta de potencial, Lemire apenas prepara o terreno para os acontecimentos épicos que ocorrem no segundo volume de sua fase com Thanos. Há muito filler e escolhas estéticas de diagramação realmente tenebrosas aqui, mas temos boas ideias a todo momento para o texto que consegue trabalhar o vilão de um modo inusitado já que o joga em uma busca para sobreviver e driblar a Morte – algo irônico para um personagem tão lembrado por ser completamente apaixonado pelo espectro.

Vale a leitura, mas é recomendado que já tenha em mãos o volume dois para ver como a história termina em uma escala mais interessante que a vista aqui, apesar do ótimo cliffhanger.

Thanos Vol. 1: Thanos Retorna (Thanos Returns, EUA – 2016)

Roteiro: Jeff Lemire
Arte: Mike Deodato Jr.
Editora: Marvel
Edições: 1 a 6

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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