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Personagens de HQs que brilharam fora de seus próprios filmes

Em tempos onde ainda temos novos filmes de origem para personagens de quadrinhos sendo produzidos, e os de velha guarda ainda em atividade de sucesso em filmes de grupo e outros encontros especiais, há uma certa disparidade a se notar o quão diferente certos personagens podem parecer e se encaixar entre esses crossovers, e sob a direção de diferentes diretores.

Em alguns casos, de muita ironia do destino, os atores e seus personagens acabam sendo muito melhor tratados em outros filmes do que não os deles próprios solos. Segue aqui uns exemplos onde é quase impossível discordar e não admitir que certos personagens foram funcionar melhor logo nos filmes de outros!

Pantera Negra em Capitão América: Guerra Civil (2016)

O primeiro caso aqui onde é possível notar um personagem que teve o infortúnio de ser basicamente um coadjuvante em seu próprio filme solo, que parecia mais interessado nos personagens ao redor de T’Challa do que sequer no próprio.

Enquanto o mesmo pode ser dito sobre ele aqui em Capitão América: Guerra Civil, um filme ainda mais repleto e inchado de personagens que já roubavam o filme do próprio Capitão América, T’Challa/Pantera Negra é um dos que se destaca bem ao longo da narrativa, e que ironicamente se sente muito mais um personagem crível do que em seu filme.

Movido por um claro conflito e tendo um arco de crescimento e compreensão de seus deveres como futuro rei de Wakanda e que não vai conseguir isso buscando ter sangue nas mãos em uma busca vã por justiça disfarçada de vingança. Infelizmente pode ter sido a única vez que vimos uma essência de verdade do humano que foi T’Challa, e não apenas meramente retratado como um símbolo!

Homem Aranha em Vingadores: Guerra Infinita (2018)

Em meio às discussões sobre quem é o melhor Homem Aranha do cinema, quem teve os  melhores filmes e performance etc; uma coisa é certa: o Tom Holland foi muito  bem tratado quando esteve por debaixo da direção dos irmãos Russo. Onde ele realmente passa a sensação de estarmos vendo um real Homem Aranha desbocado moleque engraçado interagindo com heróis e seres bem fora de seu campo de ação.

E Guerra Infinita principalmente onde finalmente vemos o personagem fazendo coisas até então raras para o personagem, indo para fora do planeta, ganhando novos suits, basicamente aflorando sua identidade de personagem de quadrinhos, e sendo tratado como um verdadeiro herói e não se prendendo à uma ocasião em seu bairro ou enfrentando androides e funcionários demitidos frustrados pela Europa!

Será que não rolava de chamarem os Russo pra dirigirem os próximos filmes do Aranha do Holland no MCU não?!

Arlequina em O Esquadrão Suicida (2021)

Sem dúvidas uma das melhores coisas (senão a melhor) a ter saído do fatídico filme de 2016, a Arlequina de Margot Robbie conquistou um clamor fervoroso dos fãs, que aguardavam vê-la novamente nas telas e ainda melhor explorada do que o filme de David Ayer não conseguiu bem fazer.

A chance veio em seu filme solo/compartilhado Aves de Rapina (2020), uma bagunça que não sabia ao certo no que queria ser, além de uma obra feminista emancipadora com a Arlequina no meio roubando qualquer holofote que outras personagens pudessem ter, o que quase tornou seus trejeitos bem desgastantes e exagerados na tentativa de torna-la numa espécie de Jack Sparrow feminina, e só acaba sendo irritante.

Mas isso veio a se consertar quando o salvador James Gunn veio com seu estrondoso O Esquadrão Suicida, que para além de novos personagens incríveis, ainda conseguiu recuperar bem os personagens do primeiro filme, um deles sendo claro Arlequina, que consegue ter um balanço incrível em conseguir compartilhar o destaque com outros personagens incríveis, e ela sendo um deles com o melhor balanço do lado psicótico assassino da personagem, sua veia cômica e sua índole quase humana causada depois de tanto trauma sofrido nas mãos de um certo palhaço do crime, e de sobra ainda virou dona da melhor cena de ação do filme!

Por mais Arlequina sendo dirigida pelo James Gunn por favor.

Loki em Thor: O Mundo Sombrio (2013)

Nada contra sua ótima série, mas é inevitável perceber o tanto restringido o personagem de Tom Hiddleston se encontra logo na sua própria série, onde teve um rápido e brusco desenvolvimento de um vilão para um ser em crise existencial e um caminho de moral mais benevolente, o que é ótimo por si só, mas se faz falta do tempo de quando o Loki era cercado de uma imprevisibilidade que dava um charme irresistível ao personagem.

E isso não fica mais claro do que se não em Thor: O Mundo Sombrio, o filme que não só finalmente você enxerga que foi quando Hiddleston se encontrou com o personagem, onde também o mesmo se encontra completamente malicioso em sua lealdade questionável, sempre com um plano por detrás de seus olhos e sorriso canastra. Você não sabe o que esperar dele, mas sabe que ele é uma presença vitável e incessantemente divertida de se assistir! Merecíamos mais desse Loki!

Hulk em Thor Ragnarok

Outro pobre coitado que teve a infeliz sina de nunca ter tido um filme solo à altura de suas qualidades. Quando finalmente tivemos Mark Ruffalo no personagem, ele teve lá sim suas breves participações nos filmes dos Vingadores que, embora divertidas, sempre ou cobriam o mesmo território do cara amaldiçoado com um monstro incontrolável dentro dele que nunca encontrava um teor dramático certo para funcionar, ou ser um (dos vários) alívios cômicos do filme.

O mesmo pode até ser dito sobre sua participação em Thor Ragnarok, mas é também a primeira vez que o vemos sair da mesmice e mostrar uma diferente vertente do personagem Hulk nas telas, que até então só agia como o monstro descontrolado, pronto pra esmagar tudo, mas com uma alma doce no fundo, e agora finalmente o vemos completamente consciente de si, e com voz própria.

O que dá o primeiro indício da relação interna entre Hulk e Banner, dividindo o mesmo corpo, como também bota um pé no traço extraterrestre do personagem ao levá-lo para o espaço, e dando um gostinho para os fãs de Planeta Hulk ao trazer vários elementos dessa história para o filme, sem falar que as interações com o Thor em cena são impagáveis.

O resultado é sem sombra de dúvidas o mais divertido que já se viu do personagem!

Mulher Maravilha em Liga da Justiça de Zack Snyder (2021)

Não querendo de forma alguma se desfazer dos seus dois ótimos filmes solos dirigidos por Patty Jenkins, que sempre vão ter um lugar merecido no coração dos fãs, mas realmente fica-se uma questão interessante sobre a visão que um diretor tem de uma personagem.

Muitos acusam e difamam a visão de Zack Snyder como subversiva e errada querendo permutar seus personagens em uma aura sombria e anti sua real essência, enquanto que Jenkins trouxe a verdadeira índole inspiradora e o coração da personagem para as telas. Mas enquanto que a heroína pacifista de seus filmes tenha sim seu charme classicão, a GUERREIRA Diana que vemos nos filmes de Snyder alçam ainda mais a maturidade que a personagem alcançou em algumas de suas melhores encarnações na era dos Novos 52.

Uma guerreira que parte pra porrada, corta cabeças de inimigos e luta com tudo para mostrar sua esperança pela humanidade, custe o que custar. Isso já tinha ficado claro em sua participação inesquecível em Batman V Superman, e mais ainda agora na Liga da Justiiça de Zack Snyder onde lhe é dado tempo de sobra para brilhar como a heroína de calibre mitológico que ela se torna aqui, que luta ferozmente e ainda encontra espaço para mostrar seu coração e brilho inspirador para uma garotinha que acaba de salvar.

Talvez o melhor e definitivo formato que veremos da personagem nas telonas!

Doutor Estranho em Vingadores: Guerra Infinita (2018)

Quando você tem um ator do calibre de Benedict Cumberbatch, o mínimo que se espera é de você usar o melhor dele possível, o que não foi muito bem o caso quando o próprio teve sua introdução no MCU em Doutor Estranho, um filme ok, mas longe dos potenciais que estabelece, e se perde em meio à piadas bobas sabotando o próprio drama e questões que busca abordar sobre o tempo, existência vida e morte, e o próprio desenvolvimento do personagem titulo que é apressado e mal deixa se apresentar direito para o público que ficou sem saber exatamente do que esperar do personagem titulo em si.

Um pouco dessa remediação veio na ótima curta presença em Thor Ragnarok que sozinha já deixava uma impressão melhor que a dele em seu filme solo por completo, o fato só se cimentou ainda mais quando o vimos ele em Guerra Infinita, onde para além de ser um dos personagens chave da trama, recebe amplo número de cenas de destaque ao lado dos nomes grandes e ainda com momentos pra brilhar quando fica de frente à frente contra o grande Thanos.

Já vamos vê-lo em bastante em ação no vindouro Homem Aranha: Sem Volta Para Casa, o que já deixa claro que vamos ver bem mais participações de grande destaque para o grande mago, e sem dúvidas melhores que seu próprio filme solo (por enquanto até a chegada de seu próximo filme, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura).

Viúva Negra em Qualquer filme da Marvel que ela apareceu (2010 – 2021)

Depois de tantos anos entregando participações memoráveis ao longo da era clássica do MCU, e por todo esse tempo deixando os fãs mais e mais desejosos para que ela tivesse seu próprio filme solo para realmente explorar o potencial da personagem e de sua história.

E quando o mesmo veio, praticamente duas décadas atrasado, ela sofreu do mesmo destino de se tornar uma coadjuvante de seu próprio filme solo que é uma confusão absoluta, que mais vem como um projeto qualquer coisa para pagar uma divida que tinham com a personagem, e estabelecerem uma substituta em Yelena, pouco se importando em aprofundar ou definir de fato um arco final para Natasha e seu legado, recorrendo à mais uma tentativa narrativa de tentar tornar a personagem num símbolo de inspiração, sem sequer pensar em ter construído essa personagem e legado no primeiro lugar.

Um triste fim para uma personagem que teve seu verdadeiro eu bem melhor ilustrado em todos os outros filmes que ela apareceu com sua Viúva Negra.

Menção Honrosa:

Constantine nos Filmes da DC/Warner Bros. Animation

Depois de um filme mais ou menos com Keanu Reeves e depois a encarnação com o ator Matt Ryan que prometia uma nova leitura do personagem, mas em uma série que foi fracasso que mal durou mais de uma temporada em 2014. A CW até tentou dar uma salvada no ator ao trazê-lo como participante ativo em séries como Lendas do Amanhã, mas que novamente nada se fazia real jus ao seu talento no personagem.

Isso mudou incrivelmente quando o mesmo se tornou basicamente a voz oficial do personagem em suas encarnações animadas em filmes e séries da DC Animations, como Constantine: Cidade dos Demônios, e principalmente nos filmes Liga da Justiça Sombria (2017) e Guerra de Apokolips (2020), onde o real espírito do personagem é capturado quase que com perfeição, desde o misticismo macabro, o humor negro com o charme britânico ácido, e a voz de Matt Ryan encaixando como uma luva no personagem.

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Publicado por Raphael Klopper

Estudante de Jornalismo e amante de filmes desde o berço, que evoluiu ao longo dos anos para ser também um possível nerd amante de quadrinhos, games, livros, de todos os gêneros e tipos possíveis. E devido a isso, não tem um gosto particular, apenas busca apreciar todas as grandes qualidades que as obras que tanto admira.

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