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Review | Skull and Bones diverte e tem potencial para conquistar espaço no mercado

Review | Skull and Bones diverte e tem potencial para conquistar espaço no setor
Ubisoft

“Skull and Bones”, o aguardado jogo da Ubisoft, teve uma jornada de desenvolvimento longa e tumultuada, iniciando sua produção em 2013, logo após o sucesso estrondoso de “Assassin’s Creed IV: Black Flag”. Originalmente concebido como um complemento para “Black Flag“, a empolgação e o interesse dos jogadores pelo aspecto naval do jogo inspiraram a Ubisoft a expandir o projeto para um jogo independente, dedicado exclusivamente à experiência pirata.

A trajetória de desenvolvimento de “Skull and Bones” foi marcada por diversos desafios e obstáculos. Um dos fatores cruciais que impediu o cancelamento do jogo, apesar dos problemas enfrentados, foi o compromisso contratual da Ubisoft com o governo de Singapura. O investimento financeiro do governo no projeto significava que a Ubisoft estava obrigada a lançar o jogo ou enfrentar a necessidade de pagar uma indenização considerável.

Inicialmente, a expectativa era que “Skull and Bones” fosse lançado em 2018. No entanto, essa previsão não se concretizou, e o jogo sofreu vários adiamentos, prolongando seu período de desenvolvimento por mais de uma década. Esse ciclo de atrasos gerou incertezas e especulações sobre o destino final do jogo.

Apesar desse percurso repleto de desafios, “Skull and Bones” finalmente chegou ao mercado em 2024. Mas e aí? É bom? Bom, é, mas há muito espaço para melhorias.

Uma vida limitada de pirata

“Skull and Bones” adentra o mundo dos jogos com a promessa de uma experiência de pirataria imersiva, adotando o formato de jogo como serviço, o que implica em atualizações contínuas e inclusão de passes de temporada. Este modelo indica que, apesar dos longos onze anos de desenvolvimento, a Ubisoft tem planos de expandir e aprimorar o jogo ao longo do tempo, adicionando novos conteúdos que enriqueçam a experiência dos jogadores.

No início do jogo, os jogadores se veem na pele de um pirata que sobrevive a uma devastadora batalha naval, perdendo seu navio e tripulação no processo. A partir daí, inicia-se a saga para reconstruir sua reputação nos mares, começando com recursos limitados e uma pequena embarcação. A ilha de Sainte-Anne serve como ponto central da aventura, onde os jogadores podem criar seus personagens, apesar de um criador de personagens pouco elaborado, e começar a cumprir contratos oferecidos pelo pirata John Scurlock.

O jogo se desenrola através de uma série de missões que introduzem os jogadores às mecânicas essenciais, como aprimoramento de armas, navios e ferramentas, bem como outros aspectos do jogo, como culinária e vestuário. O principal objetivo é engajar-se em atividades repetitivas para melhorar equipamentos e alcançar níveis mais altos de infâmia, que por sua vez desbloqueiam melhorias adicionais.

A Ubisoft tem sido transparente quanto ao conteúdo de “Skull and Bones”, uma abordagem que tem sido bem recebida pelos jogadores. Em relação às microtransações, estas se limitam a itens cosméticos, uma decisão que evita impactar o equilíbrio do jogo e permite aos jogadores personalizar suas experiências sem afetar a progressão no jogo.

No entanto, uma das críticas ao jogo é a falta de opções para personalizar e recrutar membros da tripulação, limitando-se apenas à personalização das roupas. A qualidade visual e a falta de detalhes nos membros da tripulação são pontos que deixam a desejar, impactando a imersão e a conexão dos jogadores com sua equipe.

Desde os primeiros momentos de jogo, torna-se evidente que a desenvolvedora optou por uma jogabilidade que privilegia a mobilidade e a facilidade dos combates navais, permitindo que os jogadores se engajem em batalhas marítimas com uma curva de aprendizado suave e gratificante.

Os navios no jogo, apesar de apresentarem uma mobilidade inicialmente razoável, podem ser aprimorados através de upgrades, permitindo aos jogadores melhorar não apenas a velocidade e a manobrabilidade, mas também o arsenal disponível. O sistema de combate é intuitivo, com a mecânica de mira e disparo dos canhões permitindo ataques a partir de ângulos ampliados, que, embora não realistas, contribuem para uma experiência de jogo mais dinâmica e envolvente.

A possibilidade de escolher entre diferentes classes de navios, como tanques, especialistas em dano e suporte, adiciona uma camada estratégica ao jogo, especialmente ao permitir que navios de suporte curem aliados com seus disparos. Contudo, o jogo apresenta limitações visuais nos efeitos de destruição e na rapidez com que os navios afundam após serem derrotados, aspectos que poderiam beneficiar de uma maior atenção aos detalhes para uma imersão mais completa.

“Skull and Bones” foca exclusivamente no combate naval, descartando a possibilidade de combates terrestres ou explorações mais profundas fora dos navios. Esse foco restrito pode decepcionar aqueles que esperavam uma experiência de pirataria mais abrangente, com duelos de espadas e explorações de tumbas, por exemplo. A coleta de recursos, uma atividade fundamental no jogo, é realizada através de um minigame de navegação costeira que, apesar de funcional, destoa da expectativa de exploração manual das ilhas.

Um dos aspectos mais controversos do jogo é a introdução de um limitador de “stamina” para os navios, que afeta a velocidade máxima de navegação e exige períodos de “descanso” para a embarcação. Essa mecânica, juntamente com a necessidade de considerar a direção do vento, pode tornar a navegação frustrante, especialmente para um jogo que deveria priorizar a liberdade e a aventura nos mares.

Apesar desses desafios, “Skull and Bones” ainda oferece uma experiência de combate naval satisfatória, com uma diversidade de inimigos e eventos que mantêm o jogo dinâmico e desafiador. O sistema de notoriedade e a possibilidade de formar grupos para pilhar fortes e enfrentar inimigos poderosos são pontos altos que incentivam a cooperação entre os jogadores.

No entanto, a limitação do tamanho dos grupos e a progressão atrelada às missões compartilhadas podem restringir a experiência cooperativa. O endgame do jogo, focado na conquista e manutenção de fortes para obtenção de recursos, ressalta a importância do loop de melhorias contínuas, que é central para a proposta de “Skull and Bones” como um jogo de serviço a ser expandido e enriquecido ao longo do tempo.

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Ubisoft

Skull and Bones e o fantasma do pirata assassino

A narrativa de “Skull and Bones” e a construção do mundo sofrem de uma falta de profundidade e engajamento, com diálogos e dublagens que deixam a desejar em termos de qualidade. A representação dos NPCs é outro ponto fraco, caracterizado por animações faciais datadas e problemas de sincronia labial que comprometem a imersão no universo do jogo. Esses elementos refletem uma carência de polimento e atenção aos detalhes que são cruciais para a criação de uma experiência de jogo convincente.

Além disso, a jogabilidade em terra firme apresenta limitações, como a movimentação robótica do personagem e a falta de interação significativa com o ambiente. As ilhas exploráveis são descritas como desertas e carentes de conteúdo que incentive a exploração, uma decisão de design que reduz o potencial de aventura e descoberta que é intrínseco à temática de pirataria.

Apesar dessas questões, “Skull and Bones” introduz alguns elementos positivos, como a mecânica de rotas mercantis que adiciona uma camada estratégica ao jogo. A escolta de navios poderosos em rotas frequentemente atacadas é uma adição bem-vinda que traz dinamismo às atividades de pilhagem. O sistema de câmeras também é um ponto forte, oferecendo diferentes perspectivas que enriquecem a experiência de navegação e combate.

No entanto, a presença de bugs técnicos e problemas de interface, alguns dos quais afetam diretamente a progressão dos jogadores, é um lembrete das dificuldades enfrentadas durante o desenvolvimento prolongado. Espera-se que esses problemas sejam resolvidos por meio de atualizações futuras, mas sua existência no lançamento impacta a percepção geral do jogo.

Em suma, “Skull and Bones” emerge como um título com potencial, mas cuja realização é prejudicada por falhas fundamentais. Comparado a “Assassin’s Creed IV: Black Flag”, um título anterior da Ubisoft que ofereceu uma experiência de pirataria aclamada, “Skull and Bones” parece não atingir o mesmo patamar de qualidade e imersão.

A indústria de jogos, assim como os jogadores, devem refletir sobre as expectativas em relação a novos lançamentos, especialmente quando são apresentados como produtos premium. “Skull and Bones” tem espaço para crescer e evoluir, mas, no momento, enfrenta o desafio de navegar em águas turbulentas, buscando encontrar seu lugar no coração dos fãs de aventuras piratas.

Agradecemos às cópias gentilmente cedidas pela Ubisoft para a realização desta análise.

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Publicado por Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema seguindo o sonho de me tornar Diretor de Fotografia. Sou apaixonado por filmes desde que nasci, além de ser fã inveterado do cinema silencioso e do grande mestre Hitchcock. Acredito no cinema contemporâneo, tenho fé em remakes e reboots, aposto em David Fincher e me divirto com as bobagens hollywoodianas.

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