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“Mulheres negras sempre estão em segundo lugar”, diz Viola Davis em coletiva de filme

Viola Davis protagoniza o novo filme A Mulher Rei, dirigido por Gina Prince-Bythewood. O longa conta a história de um grupo chamado Agojie, que reúne mulheres guerreiras para a proteção do rei de Daomé.

Davis veio ao Brasil para divulgar o novo projeto. Durante entrevista coletiva, a atriz afirmou que um de seus objetivos é que mulheres negras percebam que podem protagonizar um filme de grande bilheteria em Hollywood:

“[As meninas negras] terão uma chance de se ver em tela, de uma forma que nós não tivemos. Falo isso porque vemos grandes realizadores e produções nos cinemas, e não temos presença nelas. E isso acontece na vida real também. Nossa força, nossa beleza, nossa complexidade não são vistas. Há uma ideia de que as pessoas negras são tão fortes, que não são vulneráveis nunca, parece que somos invisíveis em comparação com nossos pares que são brancos. É muito importante que mulheres negras percebam que podem protagonizar um blockbuster de sucesso. Que não precisa existir um homem ou a presença de alguém branco. Elas são o foco.”

O evento, realizado no Rio de Janeiro, também teve a presença de Julius Tennon, ator e produtor de A Mulher Rei. Segundo ele, que é marido de Davis, foram sete anos para fazer o longa e sempre há um desafio maior para profissionais negros. Justamente por isso, é importante manter o foco nos objetivos:

“Fazer um filme sobre pessoas negras em Hollywood é algo difícil, então sempre é necessário ter foco no que você quer fazer e como quer fazer. Então, embora tenham existido muitos desafios, nós passamos por eles e chegamos ao outro lado com o resultado, que é este filme. Sinto que as pessoas negras vão se sentir emocionadas e mudadas para sempre. Sentimos que este filme pode criar uma mudança que todos queremos ver.”

Na preparação para o papel de Nanisca, líder das Agojie, Davis afirmou que montou uma rotina com cinco horas de treinamento por dia, incluindo atividades como levantamento de peso.

Já sobre a história das guerreiras, que existiram de verdade em meados do século XVIII, a atriz revelou que só tomou conhecimento quando se envolveu com a produção.

Segundo a atriz, há poucos estudos além do livro Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (2011).

Ao ser questionada sobre o título do filme, que define a protagonista como “Mulher-Rei” e não “Rainha”, Davis explica que isso remete ao passado de Nanisca e seus sacrifícios para continuar fazendo parte das Agojie:

“Sendo sincera, como mulheres negras, estamos acostumadas a estar em segundo lugar. Então ver alguém como eu em um pôster, com a palavra ‘rei’, subvertendo a narrativa do que é ser um rei, acho que sugere algo inacreditavelmente poderoso.”

Durante sua visita ao Brasil, Viola Davis revelou que visitou locais como o Cristo Redentor e o barracão da escola de samba Mangueira.

Além de elogiar a comida e o clima festivo do país, ela ressaltou como o Brasil recebeu um grande número de escravos e que é preciso relembrar essas ligações:

“Há um sentimento com a cultura negra, de que estamos separados. Que existem os afro-americanos, os negros da região do Caribe e do Brasil. De alguma forma, não sentimos que estamos conectados como parte de algo maior. Mas há algo neste filme sobre a conexão que temos como pessoas negras. E a contribuição do Brasil para isso é enorme e isso é incluído na narrativa. Eu espero que esse sentimento mude um pouco, que a gente não sinta que há um mistério entre nós, quando todos viemos da mesma fonte.”

Já lançado nos EUA há alguns dias, A Mulher Rei tem sido um sucesso imediato. No Rotten Tomatoes, o longa tem atualmente 95% de aprovação da crítica e 99% do público.

O filme ficou em primeiro lugar nos Estados Unidos no final de semana de 16 a 18 de setembro, com US$ 19 milhões arrecadados.

Ao ser perguntada se chegou a hora de um filme protagonizado por mulheres negras ficar no topo da bilheteria mundial, Viola Davis mostrou mais uma vez porquê é uma das vozes mais importantes de Hollywood atualmente e jogou a questão de volta:

“Essa é uma pergunta para o público: mulheres negras podem ser as heroínas de suas próprias histórias? Assim como acontece com Lara Croft em Tomb Raider, ou com Viúva Negra, Salt, Capitã Marvel… Podemos continuar essa lista. Se vocês dão dinheiro para assistir Scarlett Johansson, Brie Larson e Angelina Jolie em cenas de ação, então vocês podem dar o dinheiro para assistir a mim, Lashana Lynch, Thuso Mbedu, Sheila Atim e várias outras mulheres negras. Se vocês não fizerem isso, então a pergunta se torna mais interessante.”

A Mulher Rei está em cartaz nos cinemas brasileiros.

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Publicado por Daniel Tanan

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