Especial | Piratas do Caribe
Não existe franquia mais popular e adorada nos Sete Mares! Confira aqui todo o nosso conteúdo de Piratas do Caribe, uma das mais bem sucedidas franquias da Disney de todos os tempos.
Cinema
Crítica | Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra
Publicado originalmente em 18 de maio de 2017
Crítica | Piratas do Caribe: O Baú da Morte
Publicado originalmente em 19 de maio de 2017
Crítica | Piratas do Caribe: No Fim do Mundo
Publicado originalmente em 20 de maio de 2017
Crítica | Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas
Publicado originalmente em 7 de julho de 2016
Crítica | Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar
Publicado originalmente em 22 de maio de 2017
Home Video
DVD | Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra - Edição de Colecionador
Publicado originalmente em 18 de maio de 2017
DVD | Piratas do Caribe: O Baú da Morte - Edição Especial
Publicado originalmente em 19 de maio de 2017
DVD | Piratas do Caribe: No Fim do Mundo - Edição Limitada
Publicado originalmente em 20 de maio de 2017
Listas
Os 10 melhores personagens de Piratas do Caribe
Publicado originalmente em 26 de maio de 2017
Ranking da franquia Piratas do Caribe
Publicado originalmente em 20 de maio de 2017
Os 7 melhores jogos de Piratas
Publicado originalmente em 26 de maio de 2017
5 animes sobre Piratas
Publicado originalmente em 27 de maio de 2017
Artigos
Retorno Amaldiçoado | O Final de Piratas do Caribe 5 Explicado
Publicado originalmente em 27 de maio de 2017
Pirates of the Caribbean: Armada of the Damned - A História do Jogo cancelado
Publicado originalmente em 24 de maio de 2017
Lista | Os 10 Melhores Momentos da franquia Alien
SPOILERS!
A franquia Alien é construída através de grandes momentos.
Mesmo seus capítulos mais fracos beneficiam-se de cenas fabulosas, e quando temos sequências realmente excepcionais, são do tipo que tornam-se ícones do cinema, seja para marcos do gênero da ficção científica, do terror ou até mesmo da ação. Com grande esforço, tentamos reunir aqui os 10 melhores momentos de toda a franquia, com exceção óbvia de Aliens vs Predador 2, que é simplesmente abominável.
Confira:
https://www.youtube.com/watch?v=L4_-rVenLVs
10. A morte do Recém-Nascido | Alien - A Ressurreição
A criatura híbrida entre Alien e humano que nasce no terceiro ato de Alien - A Ressurreição é um dos seres mais horrendos e grotescos a aparecer na franquia, e isso é dizer muito. No final, quando Ripley precisa encontrar uma forma de destruí-lo, temos uma dolorosa cena onde a criatura é triturada por um buraco na nave que lentamente o suga para o espaço, e acompanhamos assim as nojentas consequências dessa deteriorização.
https://www.youtube.com/watch?v=Xh1TwRilcLo
9. Primeira luta | Alien vs. Predador
Podem falar o que quiser de AVP. É um filme de qualidade duvidosa e não faz jus ao brilhantismo de nenhuma das duas franquias, mas que atire a primeira pedra quem não se empolgou ao ver as duas criaturas titulares saindo na mão. Surpreendentemente, Paul W.S. Anderson demonstra um domínio até que eficiente aqui, especialmente pelo uso notável de efeitos práticos e de uma coreografia criativa, desde as rajadas de ácido da cauda decepada do Alien até as marcas da rede metálica em seu céfalo. É uma ótima luta.
https://www.youtube.com/watch?v=syyXdBg9BIc
8. Ash é um robô! | Alien, o Oitavo Passageiro
Certamente a segunda melhor reviravolta do primeiro filme, a revelação de que Ash é um andróide surge em uma cena estranha e que faz o espectador questionar o que diabos está acontecendo. O sério personagem de Ian Holm subitamente começa a atacar Ripley, batendo sua cabeça na parede e então enfiando uma REVISTA enrolada em sua garganta. Quando o restante da tripulação aparece para salvá-la, uma pancada em Ash acaba deixando seu pescoço pendurado, revelando sua natureza artificial. Que choque, ainda mais partindo de uma sucessão de eventos intensos.
https://www.youtube.com/watch?v=MZWvsIBrfxM
7. Aliens encurralam os Fuzileiros | Aliens, o Resgate
Depois de um primeiro encontro intenso onde os fuzileiros espaciais tiveram sua primeira experiência com os xenomorfos, os humanos ganham a vantagem: eles acompanham pelo radar a chegada de uma horda de aliens, esperando-os do outro lado da porta com suas poderosas armas de fogo. Porém, à medida em que o som do bipe vai enloquecendo-os com a antecipação, James Cameron nos revela que as criaturas não estão do outro lado, mas sim rastejando pela grade no teto acima deles... Do suspense, partimos para um combate violento e épico entre os fuzileiros e os aliens, rendendo uma série de sacrifícios e cabeças de ácido explodindo.
https://www.youtube.com/watch?v=U-mmbStFrAA&t
6. O Confronto Final | Alien, o Oitavo Passageiro
Quando tudo parece tranquilo e favorável nos minutos finais do primeiro filme, eis que o Xenomorfo surpreende Ripley e aparece escondido na tubulação de seu módulo de emergência. Temos então mais um exemplo da condução precisa e silenciosa de Scott, que nos coloca ao lado da protagonista enquanto ela lentamente vai acionando as válvulas para expulsar a criatura da nave, aumentando ainda mais o clima de terror com a personagem tentando manter sua consciência ao cantar uma música. Um final memorável para um antagonista formidável, e a consagração de Sigourney Weaver como a protagonista definitiva da franquia.
5. A Cesariana | Prometheus
Aqui pudemos ter um gostinho do velho Ridley Scott. Quando a cientista Elizabeth Shaw descobre estar grávida de algum tipo de parasita alienígena, ela desesperadamente tenta se livrar do embrião, recorrendo a um pod médico para realizar uma dolorosa cesariana. É uma cena angustiante e pesada, que choca pelo realismo e a revelação apavorante da criatura tentapóde. Essa cena sozinha deve ter garantido uma censura R para Prometheus.
https://www.youtube.com/watch?v=DNuzmKc7mq4
4. Contato imediato na enfermaria | Alien 3
Mesmo que seja um dos filmes mais esquecidos e menos amados da franquia, Alien 3 tem sua parcela de momentos memoráveis. O maior deles certamente é a cena da enfermaria, onde Ripley e o Dr. Clemens trocam um íntimo diálogo enquanto ele prepara uma vacina, apenas para ser interrompido pelo brutal aparecimento do xenomorfo. É uma cena intensa e que ganha pontos pela fabulosa construção, já nos mostrando o David Fincher que hoje admiraríamos tanto, além da imagem icônica do Alien abrindo a boca a poucos centímetros do rosto de Ripley.
https://youtu.be/3YTIMGmZUr4
3. A Morte de Brett | Alien, o Oitavo Passageiro
Uma aula sobre como trabalhar-se o som no suspense. Quando o pobre Brett sai à procura do gato Jonesy, ele segue para um depósito sombrio onde ouvimos uma irritante goteira e o agonizante som de correntes metálicas lentamente se chocando. É o cenário perfeito para a primeríssima aparição do xenomorfo crescido, que surpreende Brett e o carrega para cima. Não só o som é responsável por ditar todo o clima da cena, mas é um toque de gênio acabar a tensa cena com uma reação assustada de Jonesy.
https://www.youtube.com/watch?v=j51DfrLHUek
2. Get Away from her, you bitch! | Aliens, o Resgate
Os pelos do braço arrepiam só de lembrar dessa cena incrível. Não bastando a apavorante revelação da Rainha Alien, temos o ápice em níveis de cenas da ação da saga, quando Ripley usa de uma imponente empilhadeira para literalmente sair na mão com a gigantesca Rainha, entregando um clássico bordão ao gritar para que a criatura se afastasse de Newt. O que se segue é um impressionante combate que mistura efeitos práticos com alguns dos melhores trabalhos de miniatura e marionetes já feitos, com uma luta devagar onde o espectador sente o peso da armadura e cada golpe deferido. Sem falar que a conclusão, movida pela trilha intensa de James Horner, é uma bela homenagem ao final do original.
https://www.youtube.com/watch?v=AdBu6VAESeI
1. O Chestburster | Alien, o Oitavo Passageiro
Não tinha como ser outra. Queria apenas ser um espectador desavisado em 1979 para ter uma ideia de como ter sido a reação chocante da primeira revelação do alien chestburster, que violentamente explode do peito de Kane durante um agradável jantar que é lentamente convertido a um pesadelo. É uma cena brutal, sem música ou qualquer pirotecnia muito chamativa, onde a reação do elenco (não ciente do efeito especial que veriam) acompanha a do espectador durante o horror. É disso que são feitos os clássicos.
Hors Concurs
https://www.youtube.com/watch?v=j89mqdV0M-4
Cada segundo de participação de Bill Paxton | Aliens, o Resgate
Ah, Bill Paxton. Que falta você fará. Naquele que é sem dúvida um de seus personagens mais marcantes, o hilário soldado Hudson de Aliens é o clássico exemplo do perfeito alívio cômico, com o fuzileiro fornecendo algumas das melhores frases de efeito do filme e garantindo uma leveza que ajuda a equilibrar o tom de suspense no filme. Game over, man! Game over!
Criador e Criatura | Alien: Covenant
Mesmo com seus defeitos, é incontenstável que Alien: Covenant tenha ao menos uma cena brilhante: o diálogo inicial entre Peter Weyland e o andróide David, onde os dois discutem a natureza da Criação e temos uma apresentação perfeita para todo o comportamento e motivação do andróide que rapidamente vai se firmando como um dos personagens chave da franquia. Seja pelo visual clean marcante ou pelo roteiro inteligente, é uma ótima cena.
Leia mais sobre Alien
Crítica | Invocação do Mal
Antes de entrar na sala para a sessão de Invocação do Mal, o bilheteiro do cinema olhou para o título do filme presente nos ingressos e soltou um apavorado “boa sorte” a mim e minha amiga. Primeira vez que encaro uma situação divertida como essa e, ao fim da projeção do longa, ressalto – ainda suando devido à tensão provocada por estes 110 minutos – que o funcionário não exagerara. Temos aqui um dos melhores filmes de terror dos últimos anos.
Na trama, uma família acaba de se mudar para uma casa enorme e misteriosa, mas não demora para que seja sentida a presença de entidades paranormais dentro do local (como sempre). O que faz a diferença é a presença do casal de demonólogos/investigadores/caça-fantasmas Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga, ambos excelentes) que é contratado para analisar e tentar por um à sinistra situação. Tudo isso baseado em fatos reais – mas, claro, pode apostar que há muita ficção e liberdades artísticas aqui.
Quando o gênero demanda fenômenos sobrenaturais, não tem como alterar muito a fórmula. O roteiro assinado por Chad e Carey Hayes mantém-se à tradicional premissa da “casa mal assombrada”, mas acerta ao trazer, de forma controlada e coesa, praticamente TODOS os elementos populares nas mais diferentes variações do gênero: espíritos, demônios, exorcismos, brinquedos sinistros (a boneca Annabelle entra para a História), fotos borradas, câmeras dentro da história… Daria pra passar a madrugada inteira enumerando-os. Isso sem falar que a dupla acertadamente brinca com diversos “medos clássicos”, como a suspeita de aparições embaixo da cama ou no interior de armários – todos esses escapam do velho clichê do susto rápido, graças à competência de seu diretor.
Aliás, que revelação é James Wan. Saído de projetos medianos dentro do gênero (seu longa mais famoso é o primeiro Jogos Mortais, além de ter sido contratado para comandar o sétimo Velozes e Furiosos), Wan demonstra um talento invejável para causar medo – e não apenas sustos – no espectador. Optando por longos planos que exploram cada cômodo da residência em um cruel exercício de provocação, o diretor é hábil ao criar movimentos de câmera inteligentes e que contribuem na revelação de suas perturbadoras ameaças (e quando as vemos, o efeito é multiplicado). Além de comandar uma das mais poderosas (e até, veja só, emocionantes) cenas de exorcismo que já vi na vida, Wan mostra sua admiração pela escola Alfred Hitchcock de suspense ao trazer um súbito ataque de pássaros que atravessa janelas e uma lâmpada pendurada que alcança o efeito de iluminação em uma das cenas-chave de Psicose. Olha só…
Mas um dos pontos centrais para o sucesso deste filme reside em seus personagens. Contando um núcleo familiar extenso, todas as cenas com a família Perron são extremamente eficientes e comoventes, agradando pela naturalidade com que trata temas clichês, mas que também nos faz torcer e ficar ao lado daqueles personagens - que definitivamente ignoram a burrice das figuras que geralmente povoam o gênero. O amor da mãe vivida por Lili Taylor é genuíno a cada cena, e o fantástico trabalho da atriz é um dos pontos altos de toda a produção, seja em suas cenas mais amorosas, ou naquelas em que é literalmente tomada pelo demônio. E já falei brevemente sobre os dois ali em cima, mas Patrick Wilson e Vera Farmiga são simplesmente impecáveis como o casal Warren, deixando explícito o profissionalismo do casal para lidar com eventos sobrenaturais, assim como a forte paixão que os mantém unidos. Se eu visse algo estranho na vizinhança, eu definitivamente chamaria Farmiga e Wilson.
Contando também com um trabalho de som espetacular, Invocação do Mal é uma grande surpresa. O terror não anda lá grande coisa nas terras ianques, mas é sempre bom encontrar uma obra decente em um gênero cada vez mais esgotado. Que James Wan siga comandando a arte de nos meter medo por muito tempo.
Obs: Uma curiosidade divertida: em determinado momento do filme, a personagem de Vera Farmiga menciona “um caso em Long Island”. Trata-se de uma referência ao famoso massacre de Amityville, episódio investigado pelo casal na vida real.
Invocação do Mal (The Conjuring, EUA - 2013)
Direção: James Wan
Roteiro: Chad e Carey Hanes
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Lili Taylor, Ron Livingston, Joey King, Mackenzie Foy, Shanley Caswell, Joseph Bishara
Gênero: Terror
Duração: 112 min
https://www.youtube.com/watch?v=GQrrXceHn2E
A Criação do Alien | O Final de Alien: Covenant Explicado
SPOILERS
Foram 5 longos anos, mas o público finalmente pôde descobrir o que aconteceu com David (Michael Fassbender) e a Dra. Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) após os eventos de Prometheus, quando a dupla partiu para encontrar o planeta natal dos Engenheiros. De certa forma, Alien: Covenant responde a essas perguntas, trilhando um caminho que o deixa mais próximo de Alien, O Oitavo Passageiro, mas que infelizmente ignora diversas questões deixadas em aberto pelo filme de 2012.
Quem eram os Engenheiros? O que eles queriam? O que é a gosma preta? Por quê criaram os humanos e logo depois armaram uma missão para destruí-los? E o que diabos aconteceu com o alien Deacon nascido ao final de Prometheus? Alguns livros e HQs acabaram dando suas versões para os acontecimentos, mas é certamente decepcionante que não tenhamos uma versão definitiva disso colocada nas telas, limitando-se a um prólogo diretamente para YouTube.
Mas falemos sobre o final de Alien: Covenant, que coloca o andróide David como antagonista definitivo dessa nova trilogia, além de criador incontestável do xenomorfo. O sintético transformou-se numa espécie de Dr. Frankenstein naquele planeta, fazendo diversos experimentos com o patógeno alienígena ali, nos 10 anos em que ficou isolado após dizimar a população de Engenheiros e também sua companheira, Elizabeth. Vemos a pobre doutora morta e com o corpo todo aberto em uma mesa, durante uma cena do filme, o que certamente contribui para o fato de que o xenomorfo foi criado com uso de DNA humano - já perceberam como o facehugger lembra muito um certo órgão feminino? Acho que o design aqui vai além da Arte sexual de H.R. Giger...
A primeira incubação
David precisava de hospedeiros humanos a fim de "despertar" os ovos alienígenas que criara em seu templo, algo que ele consegue quando o Capitão Oram (Billy Crudup) e o Sargento Lope (Demián Bichir) aproximam-se de seus experimentos. Oram é o primeiro infectado, dando origem ao xenomorfo que os persegue pelo templo e acaba enfrentando Daniels (Katherine Waterston) durante a fuga pela nave. Já Lope acaba sendo preso pelo facehugger, mas um dos tripulantes consegue tirá-lo de seu rosto com muito esforço. Essa é uma das pegadinhas de Covenant, já que tudo indicaria ali que Lope não foi contaminado - afinal, todos bem se lembram que o personagem de John Hurt ficou muito tempo apagado em O Oitavo Passageiro, graças ao longo processo de incubação do parasita. Porém, o sargento foi sim infectado, e um novo xenomorfo acaba nascendo na Covenant.
A outra pegadinha - bem óbvia - é que o andróide a bordo da nave durante o terceiro ato é na verdade o maligno David, e não Walter. Durante a briga entre os dois sintéticos, Ridley Scott faz questão de trazer um plano de David pegando uma faca, já indicando que o personagem cortaria sua mão para simular seu semelhante. O que se segue é praticamente mais um experimento do andróide, que estuda a perseguição do xenomorfo dentro da espaçonave, apenas para ser expelido para o espaço por Daniels e Tennessee (Danny McBride).
Então, o grande final enfim nos confirma - duh - que era realmente David ali, que coloca Daniels e Tennessee no hipersono, adotando o controle da Covenant enquanto ela segue para a colônia de Origae-6. Para piorar, o andróide invade a sala dos fetos e revela dois "ovinhos" de facehuggers, tirados de sua boca. Ele os coloca em congelamento junto com os demais fetos humanos, e então parte triunfante para ouvir um bom Richard Wagner enquanto espera pela chegada da nave em um novo planeta.
O que isso nos revela?
A Juggernaut usada por David e Shaw
David certamente tentará contaminar todos os 2.000 colonos a bordo da nave. Vale notar como o andróide rapidamente se interessa neles quando o Capitão Oram informa sobre a missão de colonização, durante seu primeiro encontro, deixando claro que seu objetivo agora é exterminar a raça humana e dar espaço à criação de seu organismo perfeito, o xenomorfo. Como o próximo filme foi anunciado como Alien: Awakening, isso provavelmente lidará com o "despertar" dos colonos e a chegada em Oregae-6, e me pergunto se todos eles estarão devidamente impregnados com o alien. Vale notar também que David tem apenas dois facehuggers consigo, provavelmente um para cada um dos tripulantes sobreviventes (Daniels e Tennessee). Lembrando que só é preciso um alien para iniciar a reprodução total, então estamos diante da origem de uma Rainha.
Porém, tudo isso me dá um gigantesco nó na cabeça. Como a história se conectará com o início de O Oitavo Passageiro? Como bem lembramos, a tripulação da Nostromo aterrissa no planeta LV-246 onde encontram a nave Juggernaut (o mesmo modelo dos Engenheiros, também usada por David e Shaw para chegar ao planeta natal dos mesmos) já carregada com um arsenal de ovos xenomorfos, além de um Engenheiro fossilizado na gigantesca cadeira que já havíamos visto em Prometheus.
Como amarrar isso?
Talvez tenhamos um novo modelo da Juggernaut, que poderia ser - talvez - um Engenheiro sobrevivente que desesperadamente busca vingança pelo massacre de David, talvez até seguindo-o à Oregae-6 (ou outro planeta que deveria ser revelado como LV-246) e encontrando seu destino trágico ao ser derrotado e ter sua espaçonave transformada em ninho de ovos. Vale lembrar que David menciona no final de Prometheus que há muito mais naves naquele planeta, LV-223, a base militar dos Engenheiros, então a solução pode estar ali.
Ou será... Que Walter ainda está vivo no planeta deixado para trás? Imaginem que possibilidade louca, a de que o andróide "do bem" acaba corrompido pelo discurso de David e segue com seus experimentos, chegando a forjar uma nova transmissão de sinal que acabe atraindo novas cobaias humanas. Ou até mesmo a Nostromo, talvez? Pouco improvável, mas nunca descarte nada.
No fim, Alien: Covenant acaba deixando muitas perguntas. A franquia ainda terá novos capítulos com o comando de Ridley Scott, então agora é torcer para que enfim tenhamos respostas satisfatórios.
Deixe seu comentário abaixo e fale sua opinião/teoria sobre o final!
Leia mais sobre Alien
Lista | Ranking da franquia Alien, do pior para o melhor filme
Franquia Alien redefiniu o cinema de horror
Ao longo dos anos, a franquia Alien apresentou filmes que vão desde a perfeição minimalista do terror até experimentos ambiciosos e divisivos, explorando temas existenciais, tecnológicos e corporativos.
Com a chegada de Alien: Romulus, dirigido por Fede Alvarez, a icônica franquia de terror e ficção científica ganha um novo capítulo, reacendendo o interesse dos fãs e trazendo à tona uma questão inevitável: como ele se compara aos seus predecessores?
Desde o lançamento do revolucionário Alien, o Oitavo Passageiro (1979), de Ridley Scott, o universo da criatura xenomorfa evoluiu de um clássico do horror espacial para uma saga repleta de misturas de estilos, tons e abordagens.
Nesta matéria, ranqueamos todos os filmes da saga, analisando suas contribuições, seus altos e baixos, e como eles moldaram a mitologia em torno de uma das criaturas mais aterrorizantes do cinema.
Confira abaixo o ranking atualizado da franquia Alien, do pior para o melhor filme (até o momento):
9. Alien vs Predador 2
A premissa era interessante e partia do tentador gancho do primeiro, agora trazendo um híbrido entre o xenomorfo e o predador espalhando o caos em uma pequena cidadezinha americana. Infelizmente, o segundo AVP é um festival de mediocricidade e decisões erradas, com personagens tão idiotas e uma história que não sustenta o embate entre os dois monstros. Isso sem falar que a fotografia é tão escura que mal podemos enxergar alguma coisa. Terrível.
8. Alien vs. Predador
A ideia desse crossover já era antiga, partindo de pequenos easter eggs em alguns filmes da franquia e diversas reimaginações em quadrinhos e literatura. Porém, Paul W.S. Anderson pôde trazer todos os brinquedos para AVP, e confesso que ver o embate entre as criaturas é um entrenimento trash e agradável, especialmente pelo uso competente de efeitos práticos. Já o resto... Bem, completamente ridículo.
7. Alien - A Ressurreição
Último filme da franquia estrelado por Sigourney Weaver, o quarto longa da série original é uma coisa estranha. Graças a um roteiro maluco de Joss Whedon, Ripley foi trazida de volta ao ação ao termos um clone da personagem, algo que acaba servindo de ponto de partida para uma aventura despretensiosa e trash, que agrada pela boa performance central e algumas das ideias do diretor Jean-Pierre Jeunet, mas que no fim é apenas uma tentativa desesperada de manter a franquia viva.
6. Alien: Covenant
Tal como Prometheus, Covenant se tornou outra incursão divisiva nessa franquia sempre polêmica. Baseado no jogo de extremos, o história de origem do xenomorfo pode te dar motivos de sobra para amá-la ou odiá-la. O que segue sempre consistente é o personagem do androide David que consegue agradar (ao menos um pouco) até mesmo o mais profundo hater do filme. Covenant tem o mérito de tentar trilhar seu próprio caminho, abandonando a linha existencialista do anterior, para abordar filosofias ainda mais interessantes sobre a Criação. Fora isso, há elementos de todos as outras obras da franquia aqui gerando até mesmo uma mistura esquisita dos três primeiros longas da franquia em seu clímax.
5. Prometheus
O ambicioso retorno de Ridley Scott à franquia. Também traz sua grande parcela de adoradores e haters, mas acredito que o resultado final de Prometheus pende mais para o positivo. A começar que o longa é um verdadeiro deleite visual, seja no design das naves e criaturas até o trabalho de cinematografia digital brilhante, trazendo uma escala épica e grandiloquente que não víamos em uma ficção científica há muito tempo. Há também muitas questões interessantes sobre a vida, a morte e a criação, que cometem diversos deslizes com o roteiro bipolar de Jon Spaihts e Damon Lindelof. No fim, uma boa lição de um prequel que consegue contar uma história anterior ao original, ao mesmo tempo em que é algo totalmente novo.
4. Alien 3
Sem dúvida alguma o caso de "amor ou ódio" da franquia, o primeiro filme de David Fincher traz uma das produções mais conturbadas da história do cinema, em um clássico embate de estúdio vs diretor. No fim, este terceiro Alien é um filme que impressiona por seu apuro visual e o conceito central da prisão espacial, mas que falha em trazer algo verdadeiramente novo ou empolgante como os anteriores. Porém, é um dos filmes que melhor entende sua protagonista, que ganha mais uma performance brilhante de Sigourney Weaver, além de um corajoso e necessário final.
3. Alien: Romulus
“Alien: Romulus” pode não ser o clássico que os fãs mais ardorosos esperavam, mas é um retorno digno às raízes da franquia, equilibrando com habilidade o terror e a humanidade. O diretor Fede Álvarez nos lembra por que Alien é uma das franquias mais queridas do cinema, ao mesmo tempo em que abre caminho para novas histórias que exploram as profundezas do medo e da sobrevivência no espaço. (por Luiz Henrique Oliveira)
2. Alien, o Oitavo Passageiro
Uma verdadeira aula de suspense e terror. A grande referência quando estamos falando de terror espacial, Alien é um poderoso execício de claustrofobia e atmosfera, com Ridley Scott elevando um material simples para uma obra verdadeiramente especial, favorecida por um design de produção incrível, um elenco afiado e o melhor design para uma criatura alienígena já criada na História do Cinema. É um filme simples, que fala por si próprio, e representa-se como um clássico absoluto do gênero.
1. Aliens, o Resgate
OK, agora é quando tocamos na ferida. Praticamente 8 entre 10 pessoas escolhem o primeiro filme quando perguntadas qual o melhor da franquia Alien, com o segundo filme sendo escolhida por esses 2 hipotéticos sujeitos. É uma mera questão de gosto, com o primeiro sendo uma obra-prima de terror enquanto o filme de James Cameron surge como uma obra-prima de ação. Pelo fato de lidar com a difícil tarefa de continuar uma história fechada e concisa, e reinventar a forma de se realizar uma sequência no processo, Aliens ganha meu voto. É uma aventura sombria, divertida e empolgante como poucas, onde Cameron oferece uma alternativa genial à franquia, ao aumentar a escala e transformar a Ripley de Sigourney Weaver na melhor heroína da História do Cinema. Uma maravilha de filme.
Leia mais sobre Alien
Especial | Alien
Talvez o maior monstro da História do Cinema, Alien tem uma das franquias mais únicas da Sétima Arte, passando por diversos estilos, gêneros e diretores que ajudaram a narrar essa história de horror espacial.
Confira todo nosso conteúdo da antologia Alien:
CINEMA
Crítica | Alien, o Oitavo Passageiro
Publicado originalmente em 5 de maio de 2017
Crítica | Aliens, o Resgate
Publicado originalmente em 18 de julho de 2016
Crítica | Alien³ - Assembly Cut
Publicado originalmente em 7 de maio de 2017
Crítica | Alien - A Ressurreição
Publicado originalmente em 8 de maio de 2017
Crítica | Alien vs. Predador
Publicado originalmente em 9 de maio de 2017
Crítica | Aliens vs. Predador 2
Publicado originalmente em 10 de maio de 2017
Crítica | Prometheus
Publicado originalmente em 11 de maio de 2017
Crítica | Alien: Covenant (Sem Spoilers)
Publicado originalmente em 7 de maio de 2017
Crítica | Alien: Covenant (Com Spoilers)
Publicado originalmente em 12 de maio de 2017
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Blu-ray | Antologia Alien
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Blu-ray | Prometheus - Edição de Colecionador
-Publicado originalmente em 11 de julho de 2016
GAMES
Análise | Aliens vs. Predator
Publicado originalmente em 15 de maio de 2017
Análise | Aliens: Colonial Marines
Publicado originalmente em 12 de maio de 2017
Análise | Alien: Isolation
Publicado originalmente em 13 de maio de 2017
LISTAS
Ranking da franquia Alien
Publicado originalmente em 14 de maio de 2017
As Melhores Cenas dos Filmes Alien
Publicado originalmente em 16 de maio de 2017
Melhores Design de Alienígenas no Cinema
Publicado originalmente em 14 de maio de 2017
Mulheres na Ficção Científica
Publicado originalmente em 16 de dezembro de 2016
Os vários tipos de Xenomorfos
Publicado originalmente em 17 de maio de 2017
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Os 10 Melhores Bonecos NECA de Alien
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5 animes cheios de alienígenas
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7 Jogos Inesquecíveis do Alien
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ARTIGOS
H.R. Giger, o artista por trás do Alien Xenomorfo
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Alien e a Filosofia do Pessimismo Cósmico
Publicado originalmente em 14 de maio de 2017
O Final de Alien: Covenant Explicado
Publicado originalmente em 15 de maio de 2017
A Direção de Ridley Scott nos filmes de 1979 e 2017
Publicado originalmente em 16 de maio de 2017
A biologia do Alien Xenomorfo
Publicado originalmente em 17 de maio de 2017
Cine Vinil #04: Lado A - Por que Amei Alien: Covenant)
Publicado originalmente em 18 de maio de 2017
Cine Vinil #04: Lado B - Por que Odiei Alien: Covenant)
Publicado originalmente em 18 de maio de 2017
Crítica | Alien: Covenant (Sem Spoilers)
Clique aqui apra ler nosso texto COM SPOILERS
É fascinante a trajetória que o Alien teve pelos cinemas. Em uma franquia que só pode ser definida como antologia, cada filme trouxe uma visão e abordagem diferente, praticamente reinventando-se a cada novo capítulo graças às visões distintas de seus respectivos diretores, que incluíram o seleto grupo de Ridley Scott, James Cameron, David Fincher e Jean-Pierre Jeunet. Bem, er... Paul W.S. Anderson e os Irmãos Strause com seus AVP, mas vamos deixar esses quietinhos ali no canto.
Scott foi o único do grupo a revisitar seu precioso xenomorfo, iniciando uma nova fase da franquia ao explorar o passado desta com Prometheus. Era um filme diferente, que contava sua própria história dentro do universo apresentado em 1979 e expandia a mitologia da criatura ao trazer fortes discussões sobre deuses, o mito da criação e mortalidade, ao mesmo tempo em que procurava uma história de origem para o Alien. Com a recepção morna e divisiva para o projeto, Scott tentou fazer em Alien: Covenant um longa híbrido, com as questões filosóficas de seu antecessor e também o espetáculo de terror espacial que transformaram o original em um clássico absoluto. Infelizmente, o experimento erra nas dosagens e transforma este Covenant naquele que é um dos piores exemplares da franquia até então.
Iniciando-se cerca de 10 anos após David (Michael Fassbender) e a Dra. Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) terem partido para encontrar o planeta dos Engenheiros, somos apresentados à nave Covenant, que carrega uma missão de colonização com mais de 2 mil tripulantes, que seguem para um planeta potencialmente habitável. Ao captarem uma misteriosa transmissão vinda de um planeta nebuloso, a tripulação muda os planos para explorá-lo e encontrar ali algo que talvez possibilite uma nova colônia. Como podem imaginar, o que os membros da Covenant encontram ali é um horror alienígena na forma dos xenomorfos, além de outras revelações curiosas.
Um viajante de uma terra antiga
É um planejamento muito estranho o de Ridley Scott. Além deste Covenant, ele já planeja mais 4 exemplares da franquia, com um suposto Alien: Awakening prometendo cobrir os eventos anteriores a este novo filme. Bem... Não teria sido mais fácil fazer Awakening antes de Covenant, então? A impressão que fica aqui é que Scott fez um filme por obrigação, para tirar do caminho. Todo o instante está tentando nos lembrar de como o primeiro filme foi bom, afinal a grande parte de seu primeiro ato é uma tediosa e sem vida repetição de praticamente todos os incidentes incitantes de Alien e Prometheus, desde o despertar da tripulação, passando pela obrigatória transmissão de uma mensagem, o pouso dramático no planeta e as primeiras infecções. Isso revela como a fórmula de Alien é perigosamente limitada, já que novamente estamos diante de uma repetição que não empolga mais como antes.
Tudo bem que o roteiro de John Logan e Dante Harper acerta ao apostar em um núcleo distinto - formado inteiramente por casais -, mas não vai muito além disso, contando também com o problema extra de ter personagens demais para tentar desenvolver. Todo o apego entre os casais até funciona graças ao trabalho correto do elenco, com um destaque especial para o formidável Danny McBride, mas em sua maioria acabam reduzidos a clichês e piadinhas que talvez tenham sido engraçadas nos anos 90. Mas a verdade é que estamos mesmo diante de meras figuras humanas sem graça e que aguardam para serem trucidadas pelo Alien, e estou particularmente decepcionado com o desperdício de Katherine Waterston, presa a uma personagem fraquíssima e sem o carisma ou arco da fabulosa Ellen Ripley de Sigourney Weaver. Daniels passa metade do filme em um estado de luto, e sua mudança repentina para "grande heroína de ação" é simplesmente risível, já que não houve a menor construção de caráter ou superação, ainda que o filme nos force a aceitá-la como tal, seja através da regata típica de Ripley em Aliens, o Resgate ou por suas ridículas frases do tipo "vamos matar esse puto".
Quando a equipe explora este novo mundo recém-descoberto, eis que temos alguns elementos inéditos na estrutura da franquia, mas que tristemente acabam revelando-se como um dos pontos mais fracos da projeção. O personagem de David é extremamente importante aqui, assim como sua relação com o outro androide, Walter, e confesso que algumas das ideias de Logan e Harper realmente enriquecem o personagem e o transformam em uma figura enigmática e fascinante, beneficiada também pela ótima performance dupla de Michael Fassbender. Porém, o texto acaba indo longe demais em suas ideias e o conceito do personagem começa a transformar-se em uma caricatura, com frases prontas e citações de óperas, poesias e outras obras que parecem querer demonstrar um nível de superioridade intelectual completamente artificial - mesmo para uma máquina - e aqui até o ator revela-se acima da nota em diversos momentos, sendo impossível controlar o riso quando o personagem solta uma fala do tipo "I'll do the fingering".
De forma resumida, daria pra dizer que temos aqui um conteúdo ótimo para Blade Runner. Mas péssimo para Alien.
Nada resta, junto à decadência
Pior é ver como tudo isso se encaixa na mitologia do Alien, que tem seu conceito simples e funcional do longínquo primeiro filme extrapolado para algo muito mais grandiloquente e exagerado, que acaba eliminando toda a essência do conceito de Dan O'Bannon. Algumas coisas simplesmente não precisam de tanto invencionismo para se justificar, e acabam deturpando o próprio sentido de sua criação... Em diversos momentos me peguei lembrando de algumas das ideias "brilhantes" de O Exterminador do Futuro: Gênesis e Jurassic World, apenas para citar o nível de problema que temos aqui, pois este filme praticamente destrói a imagem do xenomorfo ao lhe trazer as ideias mais estúpidas e pavorosas desde que Jean-Pierre Jeunet inventou de cruzar Sigourney Weaver com um Alien em Ressurreição.
O mais triste é ver como nem mesmo a direção de Ridley Scott é capaz de oferecer algum brilho a este material tão pobre. O homem que um dia chocou todas as plateias com a cena do chestburster em O Oitavo Passageiro ou até mesmo a infame cena da cesariana em Prometheus parece não estar presente, já que nenhum momento da projeção tem metade do impacto que essas duas sequências tiveram em seus respectivos filmes. A única que chega perto de reproduzir esse efeito é quando um dos tripulantes agoniza enquanto um xenomorfo começa a sair de sua coluna vertebral, onde temos uma imagem gráfica e chocante graças à crueza de Scott e sua coragem de apostar no gore. Porém, é uma cena tão rápida e sem o suspense, a antecipação ou o jogo de câmera que tornou o chestburster tão memorável, sem falar que os efeitos digitais da criatura que nasce dali são terrivelmente artificiais, e o design sonoro do bicho é tão agudo que chega ser patética sua tentativa em ser ameaçador.
E pior, Scott está mais genérico do que nunca. Mesmo quando temos sequência mais elaboradas de perseguição, vide o clímax em que dois personagens estão dentro de um espaço fechado procurando o temível Alien escondido através de corredores e portas - um prato cheio, convenhamos - o diretor decepciona com uma decupagem previsível e sem a menor criatividade, além de tomar emprestado praticamente todo o conceito da cena do emprisionamento em Alien³. Mesmo com uma fotografia mais dark de Dariusz Wolski e uma trilha acertada de Jed Kurzel (que é bem feliz ao trazer de volta o icônico tema de Jerry Goldsmith), são decisões ruins atrás de decisões ruins e, novamente, é realmente broxante ver o ameaçador xenomorfo sendo criado através de um péssimo CGI. Poxa, até o Paul W.S. Anderson trabalhou com aliens práticos em seu AVP...
Contemplem minhas realizações
Porém, ao menos a produção geral do projeto merece uma enxurrada de elogios. O brilhante design de produção de Chris Seagers segue expandindo os mundos estranhos e alienígenas desse universo, já nos impressionando logo na ótima cena de abertura onde temos um prólogo com a primeira sessão teste de David, sentado em um ambiente que assusta de tão clean e branco, com os móveis palaciais e as obras de arte aleatórias dando uma forte impressão de 2001: Uma Odisseia no Espaço. Seguindo essa linha, o design da espaçonave Covenant impressiona por seu tamanho e pela engenhosidade de seu sistema de energia, funcionando bem plastica e narrativamente. Por fim, aplausos para todo o visual dos domínios de David, seja pelo desolado "quintal" que traz estátuas petrificadas que imediatamente nos remetem à tragédia do Vesúvio ou à sua sinistra sala de experimentos.
O novo Alien aqui, batizado apropriadamente de Neomorph, também ganha um design muito interessante. Trocando a marcante cor preta por um branco assustador e a boca gigantesca por um tipo de mandíbula circular que muda de tamanho, é um visual ameaçador e criativo para a criatura alienígena, e confesso que até mesmo o efeito visual usado aqui funciona de forma muito mais eficiente do que no xenomorfo clássico. As novas formas de contágio também trazem certa inovação, com o patógeno alienígena sendo transmitido através de minúsculas partículas no ar, e que rendem uma criatura diferente dependendo da via de infecção - vide as formas diferentes do Neomorph ao se hospedar através de um ouvido ou de narinas.
É realmente decepcionante que o mesmo diretor que tenha feito o brilhante Alien, o Oitavo Passageiro tenha feito um desserviço tão grande a uma de suas obras-primas com um filme tão genérico, sem graça e indigno de um dos maiores monstros da História do Cinema. Alien: Covenant demonstra o desgaste da franquia, que insiste em repetir fórmulas batidas e confiar na condução de um diretor que, tal como o Ozymandias de Shelley, agora é apenas a ruína de um gigante enterrado na areia.
Só espero que Alien possa descansar em paz, ou que James Cameron largue Pandora e apareça em um power loader para salvar o xenomorfo das garras de Ridley Scott.
Alien: Covenant (Idem, EUA - 2017)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: John Logan e Dante Harper, argumento de Michael Green e Jack Paglen
Elenco: Katherine Waterston, Michael Fassbender, Danny McBride, Carmen Ejogo, Billy Crudup, Demián Bichir, Callie Hernandez, Tess Haubrich, Amy Seimetz, Nathaniel Dean, James Franco, Noomi Rapace
Gênero: Ficção Científica, Suspense
Duração: 122 min
https://www.youtube.com/watch?v=G2i3QofZDfk
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Crítica | Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Sem Spoilers)
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Fazer a sequência de um filme aclamado sempre oferece seu leque de vantagens e desafios. Por um lado, é mais interessante do ponto de vista de roteiro colocar os personagens em novas situações, assim como desenvolver suas personalidades e o universo onde vivem; afinal, criá-los do zero e introduzi-los é um desafio muito mais complexo. Porém, manter o nível à altura de seu predecessor é algo difícil, e basta observar como as continuações de Homem de Ferro e Os Vingadores desastrosamente falharam em recapturar o brilho do original.
Para o cineasta transformado em estrela James Gunn, ele tinha um desafio ainda maior com este novo filme. Com Guardiões da Galáxia, o diretor e roteirista teve a vantagem de estar trabalhando com personagens desconhecidos pelo público geral, dando origem a uma estratégia de estúdios que acabou influenciando a chegada de adaptações de Deadpool e Esquadrão Suicida, pra citar os mais recentes. Com a continuação, Gunn tinha a tarefa de apresentar algo novo e que não soasse como uma mera repetição do original, além de manter justamente a essência que possibilitou seu sucesso. Para a alegria geral, Guardiões da Galáxia Vol. 2 é aquele raro tipo de continuação que supera o primeiro em todos os níveis, e o faz justamente por manter o foco em seus personagens.
A trama se passa algum tempo após o anterior, com o grupo formado pelo Senhor das Estrelas, Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), Rocket (Bradley Cooper) e o adorável Baby Groot (Vin Diesel) aproveitando a reputação favorável de sua aventura em salvar Xandar e a Tropa Nova para coletarem recompensas ao redor da galáxia. Quando um serviço para a raça batizada de Soberanos acaba terminando em um mal entendido, os Guardiões são postos sob a mira da impiedosa Ayesha (Elizabeth Debicki), que coloca os Saqueadores (liderados pelo Yondu de Michael Rooker) em seu encalce. Para complicar ainda mais, o misterioso Ego (Kurt Russell) encontra o grupo e revela-se como o pai perdido de Peter Quill.
Dinâmica de grupo
Em muitos sentidos, este novo Guardiões segue a fórmula certeira de algumas das melhores continuações já feitas, como O Exterminador do Futuro 2 e Homem-Aranha 2, mas a mais óbvia e apropriada é mesmo O Império Contra-Ataca. Assim como George Lucas, Irvin Kershner e Lawrence Kasdan fizeram no melhor episódio da franquia Star Wars, Gunn elabora um roteiro onde um fiapo de história muito simples é excepcionalmente preenchido com personagens e relações bem aprofundadas entre estes; e quando estes envolvem guaxinins falantes, árvores bebês e um sujeito que é literalmente um planeta vivo, acredito que vê-los interagindo e lidando com questões humanas é muito mais interessante do que uma mera pancadaria.
Literalmente todos os personagens do filme passam por algum tipo de dilema moral ou enfrentam conflitos com outros, eficientemente mostrando a evolução de uma relação entre indivíduos defeituosos e que foram unidos pelo único motivo de sobreviver em uma prisão. Agora, tal como um relacionamento, vemos Peter Quill e Gamora desajeitadamente lidando com a atração deste por ela, o fato de que Rocket é tão agressivo e egoísta com os outros, Drax cada vez mais perdido (e hilário) com sua incapacidade de entender metáforas e o próprio Baby Groot revela-se confuso e um peso quase desnecessário à equipe, além de promover uma dose de fofura.
Até mesmo Yondu tem um papel imensamente mais relevante aqui, que infere diretamente com suas decisões em ajudar Quill e os Guardiões no anterior, trazendo um bem-vindo drama para o personagem e em sua relação com o protagonista, e a ciborgue Nebulosa (Karen Gillan) tem a oportunidade de sair da cartunesca categoria de capanga a qual foi conferida no primeiro filme, ganhando mais profundidade e um peso maior em sua relação de irmã com Gamora. Surpreendentemente, o filme coloca esses elementos pessoais e dramáticos em primeiro plano.
E o melhor é que todos esses personagens têm uma distribuição favorável, sendo capaz de criar um equilíbrio perfeito entre suas histórias e núcleos narrativos. Temia pela inclusão de novos membros da equipe quando o longa foi anunciado, mas uma personagem tão rica e carismática como Mantis (Pom Klementieff), uma aliada de Ego que tem a habilidade de sentir emoções, torna a dinâmica do grupo ainda mais divertida - especialmente em suas interações com Drax, e aqui Gunn age sem medo de ser bobo ou exagerado e oferece um leque de piadas mais insano e histérico do que o original, com destaque especial para as referências aos anos 70 e 80 que o personagem de Quill lança constantemente.
Daddy Issues
Ainda seguindo a escola de O Império Contra-Ataca, Gunn separa os personagens para diferentes e ações e joga nosso protagonista em uma fascinante trama envolvendo sua paternidade. Quando o personagem de Ego é apresentado, vemos um lado realmente notável da escrita de Gunn, que mantém todo seu bom humor e habilidade em escrever diálogos sarcásticos, mas também revela uma naturalidade palpável ao lidar com um tema tão espinhoso, com Ego realmente demonstrando um apego por Peter e também por seu tempo na Terra. Então, aprendemos todo o passado do personagem e sua natureza realmente grandiosa e impressionante, indo mais longe na exploração do Universo Cósmico da Marvel do que qualquer outro filme da editora até então. É algo realmente belo de se ver, e ao mesmo tempo muito simples, e Russell merece créditos por dar vida tão bem a uma das figuras mais envolventes e complexas que o gênero já viu até então.
O elenco segue mais entrosado do que nunca. Chris Pratt segue com seu carisma invejável e um timing cômico acertado, mas revelando um lado mais interessante quando o personagem é tentado por forças sombrias aqui, onde o ator faz um ótimo trabalho ao equilibrar uma certa fúria com sua persona de crianção. Certamente notando a resposta positiva no primeiro filme, Gunn aproveita muito mais de Dave Bautista, que surge duplamente engraçado e exagerado como Drax, beneficiado também por algumas das melhores piadas e sacadas; e a confusão do ator diante de ironias e metáforas segue divertida, assim como a inesperada carga dramática que vemos aqui e ali quando o personagem recorda de seu passado. Zoe Saldana ganha mais o que fazer e garante uma Gamora mais complexa aqui, especialmente pela relação com sua meia-irmã Nebulosa, e confesso que alguns momentos entre as duas são realmente emocionantes em sua abordagem sincera - um tanto novelesca em certos momentos, mas nada menos do que eficiente.
Com um papel muito maior e relevante do que no primeiro filme, Michael Rooker traz um Yondu mais humano e menos fanfarrão, com um drama muito presente ao sofrer um motim de sua equipe de Saqueadores. A relação entre o alienígena azul e Peter Quill também ganha uma nova camada, e fico feliz que a Marvel Studios tenha dado a liberdade a James Gunn de fazer as coisas que ele faz aqui. E claro, temos o trabalho vocal agressivo e descolado de Bradley Cooper como Rocket, que segue divertido e garante bons momentos de sarcasmo aqui - e contribuem para a lição moral que o personagem precisa superar no longa. E, bem, Vin Diesel tem 80% de seu trabalho de dublagem aqui modificado pela edição de som, já que Groot tem uma voz muito mais aguda aqui. Eu disse 80%, vejam bem...
Gunn' down
Não que isso signifique que Guardiões Vol. 2 seja um drama familiar, já que em suas ambições de espetáculo, o filme se sai tão bem quanto. Surgindo muito mais seguro e maduro na direção, Gunn já impressiona logo na memorável sequência de créditos de abertura, onde acompanhamos uma colossal batalha com um monstro extradimensional através do ponto de vista de um Baby Groot dançante ao som de "Mr. Blue Sky " da Electric Light Orchestra, esbajando um elaborado plano sequência digital que diverte pela interação do pequenino personagem com a ação em grande escala ao fundo. De forma similar, Gunn mistura estilo e personalidade para a incrível cena em que Yondu e Rocket lidam com o motim dos Saqueadores, com muita câmera lenta, planos abertos e a canção "Come a Little Closer", de Jay & The Americans.
E se mencionei duas canções ao analisar o trabalho de Gunn, é porque a seleção musical para o Awesome Mix Vol. 2 está fantástica, e o diretor sabe bem como aproveitar as músicas em seus diversos momentos. Há, inclusive, uma piadinha sensacional com um ator/cantor icônico que eu nunca imaginaria que poderia ser feita em um filme do gênero, e para que tenham a mesma surpresa que eu tive, paro de falar qualquer coisa relacionada ao assunto aqui mesmo.
A condução do diretor em sequências de ação mais diretas também melhorou consideravelmente, especialmente no quesito efeitos visuais. Além da já mencionada batalha com a criatura, temos duas cenas que envolvem centenas de pequenas espaçonaves perseguindo a nave principal do grupo, e Gunn se sai muito melhor ao não poluir a imagem com explosões ou destroços, além de estabelecer uma física de movimentos muito mais orgânica do que no primeiro filme. Isso sem falar na inventiva solução para o fato de que os heróis estariam cometendo um genocídio em massa durante as batalhas espaciais, colocando os tripulantes para controlar as naves remotamente em uma espécie de fliperama - o que curiosamente condiz com a natureza mais requintada dos Soberanos.
O melhor filme da Marvel Studios?
E um quesito que torna este Guardiões infinitamente melhor do que todos os seus antecessores é uma birra que muitos especialistas vinham apontando há tempos, e que você pode ver com detalhes neste ótimo video essay: a paleta de cores. Com o auxílio do diretor de fotografia Henry Abraham, e também pelo uso de um novo modelo da potente câmera RED e um trabalho mais evidente de color grading, Guardiões da Galáxia 2 é simplesmente maravilhoso de se olhar. As cores aqui são muito mais vibrantes e vivas do que os longas anteriores, e percebe-se que o nível de preto é nitidamente mais escuro e contrastado, com as luzes de Abraham constantemente balanceando tons quentes e azulados. O momento em que vemos a sala do trono dos Sobreanos é um dos pontos altos nesse quesito, pelo contraste impecável criado entre a pintura dourada dos habitantes e dos objetos com a parede branca e azul. É uma explosão visual no melhor sentido possível, e até o 3D torna-se relevante.
Finalmente a Marvel Studios consegue oferecer algo realmente incrível, depois de tanto tempo. Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um filme onde percebe-se a total liberdade e segurança de seu diretor, seja em oferecer uma aventura verdadeiramente engraçada ou aprofundar nos sentimentos e na relação de seus personagens cartunescos, saindo dali com resultados imprevisíveis.
Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2, EUA - 2017)
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Kurt Russell, Michael Rooker, Pom Klementieff, Karen Gillan, Elizabeth Debicki, Sean Gunn, Sylvester Stallone, Chris Sullivan
Gênero: Aventura, Ficção Científica
Duração: 137 min
https://www.youtube.com/watch?v=4-i8nTNSQFI
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Crítica | A Longa Caminhada de Billy Lynn
É sempre curioso ver os projetos que diretores escolhem após uma vitória no Oscar. Podem ser escolhas que os mantém na temporada de prêmios, como foi o caso de Kathryn Bigelow ao fazer A Hora Mais Escura após Guerra ao Terror, Danny Boyle seguir com histórias de sobrevivência com 127 Horas após seu Quem quer Ser um Milionário? fazer a limpa, ou o caso recente de Alejandro G. Iñarritu, que saiu vitorioso na categoria de Diretor duas vezes consecutivas, por Birdman e O Regresso. Praticamente todos os diretores dessa última década acabaram retornando aos prêmios da Academia logo com seus projetos seguintes à vitória.
Porém, é bizarro quando seus trabalhos seguintes acabam sendo negligenciados, e é simplesmente inacreditável que o cineasta Ang Lee tenha tido uma recepção tão indiferente ao promissor A Longa Caminhada de Billy Lynn, que marca seu retorno após a vitória por As Aventuras de Pi e também um importante experimento tecnológico, visto o ambicioso formato de gravação optado pelo diretor. Infelizmente, a recepção negativa e a total ignorada do projeto não foram à toa, já que o filme realmente é muito, muito fraco.
O filme adapta o livro homônimo de Ben Fountain, acompanhando a turnê que um pelotão das tropas americanas realiza pelo país após uma batalha na Guerra do Iraque, em 2004. A passada dos soldados é particularmente marcante pela presença de um certo Billy Lynn (o estreante Jon Alwyn), que recebeu condecorações e uma fama inesperada após um vídeo seu realizando um ato de heroísmo em pleno campo de batalha viralizar. Assim, acompanhamos os pensamentos e dilemas de Billy enquanto segue para o grande show de inte rvalo de um jogo da NFL, assim como os dramas pessoais que circundam a vida que deixou para trás ao se alistar.
Um dos grandes problemas em se analisar Billy Lynn é a impossibilidade de conferi-lo na versão desejada por Lee, que gravou o filme em 3D e com uma taxa de frame rate de inacreditáveis 120 frames por segundo (como comparação, um filme normal tem 24fps, a televisão 30fps e a trilogia Hobbit de Peter Jackson arriscou exibir suas imagens em 48fps), algo que nunca fora realizado no cinema antes. Isso torna as imagens mais vívidas e nítidas, e talvez até justificasse a decisão do filme em apostar em cores tão naturais e até uma fotografia que retrata o violento combate no Iraque de forma tão... Limpa e cirúrgica, o que claramente provoca uma estranheza - até se compararmos com o trabalho de Kathryn Bigelow nos filmes citados acima.
Mas, de qualquer forma, por mais fascinante que o resultado visual possa ter sido em sua versão original, não corrigiria o fato de que A Longa Caminhada de Billy Lynn tem uma história fraca e que falha em conquistar qualquer afeto ou identificação com seus personagens. O roteiro de Jean-Christophe Castelli (estreando na função após produzir As Aventuras de Pi) flerta com a abordagem de diversos temas interessantes, em especial a forma como as conquistas das tropas rapidamente tornaram-se um entretenimento para as massas e garantiram uma desconfortável atenção, desde o conceito do show do intervalo até o fato de que estúdios de Hollywood tentam barganhar uma adaptação cinematográfica baseada nos feitos do pelotão.
Porém, tudo surge artificial e clichê, sem a presença de um conflito maior que realmente justificasse essas subtramas, e também pelo fato de que Chris Rock e Steve Martin (duas figuras cruciais nesse núcleo) sejam tão maniqueístas e vazios, e o próprio personagem de Rock invalida um discurso de moral de um dos soldados ao comentar que "se isso fosse um filme, esse seria o grande momento", em um grave erro que literalmente joga pela janela tudo o que o filme vinha tentando construir em troca de uma metalinguagem imprópria. E ainda que Castelli tente aprofundar na visão pública da população americana em geral do trabalho das tropas, armar um conflito físico entre os protagonistas e um grupo de civis sem o menor motivo é uma jogada infeliz e risível, enfraquecendo ainda mais o clímax da narrativa.
O estresse pós-traumático de Billy Lynn também é difícil de ser sentido, ainda que o texto de Castelli constantemente afirme que o soldado sofre de algo e que sua irmã Kathryn (Kristen Stewart) insista em levá-lo para um psicólogo o mais rápido possível. Não há nada realmente concreto que nos faça crer nessa informação, com exceção da excelente performance de Jon Alwyn, que marca sua estreia como ator de forma carismática e emotiva. Se há um único elemento que mantém nosso interesse no filme e não nos faça cair de sono ou tédio, é a performance de Alwyn, cuja dinâmica com alguns dos personagens ainda eleva um trabalho regular de Garret Hedlund (o sargento durão) e de um eficiente Vin Diesel (o sargento espirituoso).
Não há muito invencionismo na direção de Ang Lee, ainda que - mesmo excluindo-se o 3D e o high frame rate - seja possível observar conceitos visuais elaborados e que impressionem pela plasticidade, como o gigantesco telão que traz imagens coloridas e um close pornográfico do rosto de Billy Lynn enquanto um show da extinta Destiny's Child (sério, temos dublês de corpo de Beyoncé) explode com sua pirotecnia ao fundo. De forma similar, a montagem de Tim Squyres é feliz ao bolar transições e fusões criativas (dada a estrutura de flashbacks constantes), que incluem fogos de artifício transformando-se em explosões de areia e até uma inesperada mixagem de som que combina o hino nacional americano com pensamentos eróticos de Lynn.
Com uma história tão fraca e falha em desenvolver seus temas e personagens, A Longa Caminhada de Billy Lynn provavelmente nasceu apenas para um experimento tecnológico, que infelizmente não fui capaz de conferir por simplesmente não ter chegado ao país. Mas que fique a lição, nada funciona sem uma boa história e um tratamento adequado.
A Longa Caminhada de Billy Lynn (Billy Lynn's Long Halftime Walk, EUA – 2016)
Direção: Ang Lee
Roteiro: Jean-Christophe Castelli
Elenco: Joe Alwin, Garrett Hedlund, Kristen Stewart, Vin Diesel, Chris Rock, Steve Martin, Makenzie Leigh
Gênero: Drama, Guerra
Duração: 113 minutos.
https://www.youtube.com/watch?v=bEG2uamc324
Crítica | Velozes & Furiosos 6
A franquia Velozes e Furiosos já está em seu SEXTO capítulo. Na maioria das vezes, tal número de continuações serve apenas para comprovar a falta de criatividade e o esgotamento da fórmula do original (algo que pode ser muito bem exemplificado pela pavorosa saga de Jogos Mortais). Mas com Velozes, os elementos sofrem constante inovação ao longo de cada filme e mesmo que isso seja uma vantagem, prejudica este Velozes & Furiosos 6, que se perde em sua própria tentativa de ser algo maior.
A trama tem início quando o anabolizado agente Luke Hobbs (mais uma vez, o gigante Dwayne Johnson) é forçado a pedir ajuda ao aposentado Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua insana equipe de motoristas, que gozam do exorbitante lucro do assalto no Rio de Janeiro do longa anterior. O objetivo é neutralizar o criminoso Owen Shaw (Luke Evans) e sua equipe de corredores igualmente letal, responsável por uma série de golpes em países europeus.
A curto modo, é o velho arquétipo do “encontrar e matar”, tão popular no gênero ação. O problema aqui é a necessidade do roteirista Chris Morgan em criar diversas subtramas para os personagens. Mesmo sendo uma iniciativa admirável, as ideias de Morgan carecem ora pela ineficácia de seus intérpretes (Paul Walker não tem o menor carisma para sustentar seu papel de pai de família), ora por suas próprias incongruências. No segundo caso, o retorno de Letty (a sempre durona Michelle Rodriguez) parecia muito instigante no final do longa anterior, mas ganha aqui a esgotadíssima história da personagem sem memória – que merecia ao menos uma explicação melhor para o incidente responsável por essa. De qualquer forma, roteiro nunca foi a grande exigência dos fãs da franquia, mas já que Morgan arrisca em nos fazer identificar com os dramas de seus personagens, seria preciso um trabalho melhor.
O que importa mesmo são as cenas de ação, que continuam a fazer Isaac Newton se revirar no túmulo. Aqui, vale o destaque para a monstruosa presença de um tanque de guerra em plena rodovia (que ainda ganha pontos em destruição por trazer um repentino ataque de sadismo do vilão Shaw) e uma perseguição de carros pelos túneis de Londres que trazem até pequenos “batmóveis” para os antagonistas, cujo visual e som são interessantes pela inspiração em veículos de fórmula 1.
Todas as sequências são comandadas com eficiência por Justin Lin, que também aproveita com inteligência as habilidades da ex-lutadora de MMA Gina Carano (que protagoniza com Rodriguez a “cat fight” da década) e a força bruta de Diesel e The Rock. Mas é preciso sentar e relaxar para engolir os muitos absurdos – que ainda sofrem com o excesso de computação gráfica – que vão de personagens voando de uma ponte a outra até automóveis atravessando o bico de uma aeronave em chamas.
Muito menos divertido que o anterior (as piadas estão aqui, mas são artificiais demais), Velozes & Furiosos 6 agrada pelas sempre inventivas cenas de ação, mas falha ao tentar criar dramas complexos e reviravoltas que não fazem sentido. Mas de qualquer forma, esse sexto filme encontra uma boa forma de amarrar todos os filmes da série, e o que vem a seguir é promissor.
Velozes & Furiosos 6 (Furious 6, EUA - 2013)
Direção: Justin Lin
Roteiro: Chris Morgan
Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Tyrese Gibson, Michelle Rodriguez, Gal Gadot, Luke Evans, Sung Kang, Jordana Brewster, Ludacris, Gina Carano
Gênero: Ação
Duração: 130 min
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