Crítica | Jogos Mortais 3 - O Fim de uma Odisseia
Se Jogos Mortais foi um começo digno para a carreira de James Wan como um dos maiores realizadores da contemporaneidade, e Jogos Mortais 2 representou uma queda drástica na qualidade de uma franquia em potencial, a terceira iteração de um dos maiores gores da indústria parece estar no meio termo entre o satisfatório e o insuportável. Em meio a deslizes e acertos, fica quase impossível utilizar adjetivos para descrever um produto que beira o insano, mas que ao mesmo tempo traz certas passagens de pura originalidade para um tema que, mesmo em sua terceira investida, já cansa o espectador.
A narrativa começa exatamente de onde o chocante plot twist do filme anterior termina: o detetive Eric Matthews (Donnie Wahlberg), após ser pego pela engenhosa armadilha criada pela discípula de Jigsaw (Tobin Bell), Amanda (Shawnee Smith), parece ter encontrado sua ruína, mas utiliza-se da dor de perder seu filho e da possibilidade de ter colocado tudo a perder para recompor-se e cometer um último ato de sacrifício para se livrar das literais correntes que o mantêm preso. Apesar do coercitivo começo, é interessante ver que o diretor Darren Lynn Bousman conseguiu aprender com seus imperdoáveis erros e resgatou um pouco da perspectiva de suspense do longa original para compor sua nova investida.
Entretanto, o foco não é exatamente a continuação da saga de Matthews, e sim como Amanda é a “verdadeira herdeira” do legado de John Kramer, e de que modo, após passar por inúmeras provações, ela aparenta ter o necessário para continuar o livramento moral e a concessão de uma segunda chance para aqueles que não apreciam a vida. Agora, o diferencial de Jogos Mortais 3 é que nós acompanhamos os últimos momentos da frágil saúde de Jigsaw, deitado em uma maca improvisada e que pede para Amanda capturar a depressiva e antiprofissional Dra. Lynn Denlon (Bahar Soomekh), uma cirurgiã cuja vida laboral vai de mal a pior, impactando até mesmo na segurança de seus pacientes.
Como forma de lhe garantir uma passagem para a nova vida, o jogo acerca da médica é simples: manter as máquinas e o corpo de John funcionando até que sua outra vítima consiga passar por todos os desafios necessários e sair do confinamento. Caso contrário, um dispositivo construído por Amanda irá disparar e matá-la sem pensar duas vezes, impedindo que ela retorne para sua família - a qual, por enquanto, sabemos ser composta pelo desconhecido marido.
Sacrifícios são necessários para que a transformação catártica e irreversível venha para as vítimas do serial killer. Ele nunca matou diretamente uma pessoa, mas entende que certos indivíduos precisam de um empurrãozinho a mais para entenderem significados atemporais e intrínsecos ao ser humano, como a felicidade, a família e a própria vida. E pelo que sabemos, é justamente o contrário disso que se apossa da conturbada e traumatizada mente de Jeff (Angus Macfayden), um homem que perdeu seu filho num acidente de carro e cuja tão sonhada justiça nunca chegou, visto que a pessoa responsável pelo atropelamento foi condenada a apenas seis meses de prisão e depois respondeu em liberdade condicional.
Apesar das nuances artificiais do personagem e de alguns diálogos superexpositivos, é interessante ver como o quebra-cabeça enfrentado por Jeff talvez seja um dos mais complexos já vistos na franquia: o perdão. Ele não é submetido a nenhuma entrega física para salvar os outros participantes, mas deve enterrar seus sentimentos vingativos para conseguir manter alguém vivo. Diferentemente dos filmes anteriores, não temos uma explicitação saturada de explosões sangrentas ou um gore nu e cru nas sequências: as armadilhas compostas por Amanda são muito funcionais e perigosas, mas também partem do princípio que é necessário encontrar algo que nos permita evoluir.
Não que isso seja seguido à risca é claro: afinal, como Jigsaw bem deixa claro em mais um incrível plot twist - que, como sempre, é um dos grandes pontos altos da franquia -, que Amanda na verdade preza pelo sofrimento e pela condenação, sem a possibilidade de um arco de redenção; desse modo, as armadilhas não insurgem como meios para um fim, e sim como celas intransponíveis e impossíveis de serem quebradas. Em uma das primeiras sequências, a oficial Kerry (Dina Meyer) é capturada e colocada em um jogo em que deve procurar pela chave que pode livrá-la de um dispositivo fincado em suas costelas antes que o tempo acabe. Mas, como percebemos, sua escapatória não é uma opção, levando-a a perceber que a morte é a única certeza.
Apesar dessas interessantes concepções, o filme ainda peca muito nos quesitos de ritmo e desenvolvimento performático e narrativo. Mesmo com o retorno de Wan para colaborar no roteiro, as brechas ainda existem e trazem as mesmas concepções monótonas de monólogos exteriorizados que apenas deixam a atmosfera mais densa - e não de um jeito envolvente, mas sim cansativo. Além disso, a direção, ainda que tenha abandonado alguns vícios de enquadramento, ainda preza pelas múltiplas perspectivas de um mesmo momento, tornando a construção cênica algo arrastado e desnecessariamente longo. Mas, sem sombra de dúvida, o fundo do poço vem com a atuação de Smith: uma Amanda que parece ter se esquecido de sua importância nos filmes anteriores e que se preza por uma entrega tão melodramática que chega a ser ridícula.
Jogos Mortais 3 é essencialmente melhor que seu predecessor, ainda mais se levarmos em consideração um amadurecimento de linguagem estética. Mas isso ainda não quer dizer muita coisa, visto que os deslizes permanecem ali e trazem com grande alívio uma conclusão para a primeira “jornada” de Jigsaw e seus sádicos jogos.
Jogos Mortais 3 (Saw III, EUA – 2006)
Direção: Darren Lynn Bousman
Roteiro: Leigh Whannell, James Wan
Elenco: Tobin Bell, Shawnee Smith, Angus Macfayden, Bahar Soomekh, Donnie Wahlberg, Dina Meyer, Leigh Whannell, Mpho Koaho, Barry Flatman
Gênero: Suspense, Terror
Duração: 103 min.
Crítica | Jogos Mortais 2 - Nada de Novo no Front
Em 2004, Jogos Mortais chegou aos cinemas com uma premissa interessante e um orçamento baixíssimo em comparação a outras obras do gênero que o antecederam: um serial killer justiceiro iria colocar à prova a vontade de viver de pessoas que desperdiçavam sua própria existência com vícios, mentiras e decadência. Ainda que não seja uma obra-prima, esse suspense gore emergiu até mesmo com alguns ares existencialistas e viradas surpreendentes, além de colocar um dos grandes nomes da indústria contemporânea em cena - o do diretor James Wan, responsável por sucessos como Invocação do Mal e Sobrenatural. Depois de seu incrível sucesso de bilheteria, era mais que óbvio que o filme-solo iria se transformar em uma franquia. Infelizmente.
Na segunda parte dessa “odisseia”, Jigsaw/John Kramer (Tobin Bell), responsável pela arquitetura das inúmeras armadilhas e cenários caóticos, retorna com mais um de seus jogos, agora tendo como foco principal o insuportavelmente egocêntrico e violento detetive Eric Matthews (Donnie Wahlberg), porém de uma forma indireta. Ao deixar uma série de rastros para que fosse encontrado em condições deploráveis, John deixa suas regras bem claras para que Eric consiga resgatar seu filho Daniel (Erik Knudsen), raptado juntamente a outras cinco pessoas e encarcerado em um velho casarão desconhecido, utilizando a simples ideia de que as relações entre esses dois personagens são conturbadas ao pontos de precisarem de uma prova muito maior que eles pensam.
O detetive e sua equipe, trazendo o rosto familiar Allison Kerry (Dina Meyer), a qual já sabe como o assassino trabalha - mesmo que superficialmente -, permanecem a narrativa inteira tentando extrair informações de um obsoleto Jigsaw, cujas condições deploráveis aumentam sua caracterização arrepiante e dão mais profundidade às inúmeras metáforas vencidas que despeja durante os noventa minutos de filme. Afastando-se da ideia mais intimista do filme anterior, as cenas protagonizadas por duas forças tão opostas quanto essas - símbolos da paz e do caos - são coreografadas de forma insossa. O roteiro, assinado mais uma vez por Leigh Whannell, não se preocupa em criar uma nova perspectiva para o que já vimos em Jogos Mortais, mas sugere uma reciclagem mal feita das mesmas questões exploradas na primeira iteração.
O resultado não poderia ser diferente: Eric é uma composição tão canastrona e ignorante quanto o resto de seu time, apagado pela presença constante do conturbado detetive. A atuação de Wahlberg não ajuda em absolutamente nada, visto que a transição de seu personagem segue o irracional em detrimento de uma consequência factual: em outras palavras, ele é linear quando pensamos em ações e personalidade, mas tem momentos explosivos que não condizem com seus ideais e que são extremamente presunçosos. Isso sem mencionar todos os maneirismos clichês de personagens da lei, cuja sanidade é colocada à prova por um maníaco homicida. Já sabemos como a história se desenrola, e também sabemos como ela termina.
As coisas não são muito melhores dentro do casarão. Seis pessoas raptadas e ligadas por um elemento em comum, o qual irá ser explicitado provavelmente na passagem do segundo para o terceiro ato. Todos ali devem lutar pela sobrevivência, procurando antídotos espalhados pelos cômodos para refrear os efeitos de um gás venenoso cuja maximização é atingida em duas horas - e aqui está o primeiro twist: as portas se abrem após um período de três horas. Logo, não há nenhuma possibilidade de algum dos personagens sobreviver sem ter injetado a substância salvadora. Não sabemos muito sobre as novas vítimas de Jigsaw, mas é com grande surpresa que revemos Amanda Young (Shawnee Smith) mais uma vez nas garras de seu nêmeses. Para aqueles que não se lembram, Amanda já havia participado dos doentes jogos e vencido, sacrificando seu próprio namorado como forma de provar seu valor à vida, e, por mais que não entenda o motivo de estar lá, enxerga John como aquele que veio para tirá-la do mundo de desespero no qual havia mergulhado.
Em Jogos Mortais, as armadilhas e as pistas deixadas pelo serial killer compunham as sequências mais emocionantes, sem falar na grande virada que ficou conhecida como um epílogo game over. Na sequência, Whannell parece ter perdido a mão ao arquitetar cenas não tão intrigantes ou bem pensadas, e que principalmente contavam com movimentos muito bem demarcados dos personagens. Várias mortes e sacrifícios são feitos em estilo deus ex machina, valendo-se dos acasos e das chances “uma em um milhão” para funcionarem, o que tira a credibilidade dos fatos e dos acontecimentos. Apenas uma das armadilhas é realmente envolvente e que coloca umas das personagens em momentos desesperadores e chocantes: o poço de agulhas, dentro do qual Amanda é forçosamente jogada e, sendo furada por seringas e tubos quebrados, procura por uma chave.
A direção de Darren Lynn Bousman também é outro ponto fraco e que transforma essa continuação em um festival de amadorismos. Os bruscos cortes não seguem um padrão similar ao primeiro filme, preferindo muito mais optar por um compilado de pequenos frames justapostos e que mostrem a reação de cada um dos participantes do jogo frente à morte de alguém. Depois da segunda sequência desse tipo de montagem, o público sente um desconforto avassalador e que, querendo ou não, afasta da atmosfera de puro sofrimento e sacrifício prezados pela própria franquia. O ritmo do último ato é extremamente acelerado e parece entrar como um catalisador de emoções, obrigado os espectadores a adotarem posturas pré-determinadas para os eventos finais.
Os deslizes são inúmeros e quase imperdoáveis, mas cenas pontuais conseguem se salvar em meio a tantos equívocos: o plot twist, que agora já se torna marca registrada do panteão dos filmes, não é tão grandiloquente quanto o original; porém, a forma como ele é apresentado é muito interessante, brincando com os conceitos de tempo e confiança para colocar o suposto herói da história em um arco de punição consideravelmente satisfatório.
Jogos Mortais 2 é o mesmo do mesmo. Ainda que traga poucos pontos altos emergindo dessa sequência, o filme se constrói sobre patamares regurgitados e que simplesmente aproveitam de um conceito que funcionou para realizar uma cópia indigna e esquecível.
Jogos Mortais 2 (Saw II, EUA – 2005)
Direção: Darren Lynn Bousman
Roteiro: Darren Lynn Bousman, Leigh Whannell
Elenco: Tobin Bell, Shawnee Smith, Donnie Wahlberg, Erik Knudsen, Franky G, Dina Meyer, Glenn Plummer, Emmanuelle Vaugier, Beverly Mitchell
Gênero: Suspense, Terror
Duração: 93 min
The Last Czars | Netflix encomenda nova série documentária
A Netflix encomendou um drama histórico em forma de série documentária juntamente à companhia Nutopia, fundada por Jane Root, investindo em mais um de seus nichos de conteúdo original. De acordo com o site Deadline, a série terá um orçamento alto e quase equivalente à sua produção mais cara, The Crown.
O show de seis partes será intitulado The Last Czars, cuja história gira em torno da queda da dinastia Romanov na Rússia. Ele será conceituado pelo mesmo produtor de The Story of Us. Conforme consta no site, a série foi nomeada com uma das diferenciadas dentro do montante não-roteirizado da plataforma de streaming, afastando-se dos grandes dramas ou comédias como a produção supracitada ou Stranger Things, ambas fazendo parte de sua gama original.
The Last Czars trará com foco a queda de uma das famílias imperiais mais famosas da Rússia, comandada por Tsar Nicholas II, que foi assassinado em 1918 logo a Revolução de Fevereiro. Fontes indicam que a produção será uma mistura híbrida entre documentário e reconstrução cênica.
Espera-se que a série estreia ainda em 2018, logo depois da estreia de outro show documentário, intitulado Babies.
NBC e Sean Gray, ex-produtor de 'Veep', estão trabalhando em nova comédia seriada
A NBC já está com seu próximo projeto em mãos!
A companhia trará Sean Gray, antigo produtor executivo da série Veep, para adaptar o artigo de 2016 escrito por Daniel Riley, Inside the Church of Chili's (Por Dentro do Templo do Chili, em tradução livre), em uma série de comédia ainda sem título definido.
A história gira em torno de um time de "super treinadores" que viaja ao redor do Estados Unidos para espalhar seu império de franquias de restaurante enquanto buscam por preencher um vazio existencial. A série será escrita também por Gray, e ainda não há data de estreia prevista.
O produtor trabalhou nas cinco primeiras temporadas da série vencedora do Emmy, protagonizada por Julia Louis-Dreyfus, levando para casa duas estatuetas em 2015 e em 2016. Ele trabalhou com o showrunner Armando Iannucci (criador de Veep) logo depois de ter colaborado em uma série predecessora, intitulada The Thick of It.
Ainda não há nenhuma informação sobre casting ou diretores cotados para a série.
Crítica | Depois Daquela Montanha - Um Filme Desnecessariamente Pretensioso
O subgênero de superação e amadurecimento é costumeiramente associado a dramas ou tragicomédias que colocam personagens humanos ou antropomorfizados dentro de uma situação caótica, a partir da qual eles devem abandonar trejeitos brutos como forma de evoluir, de transcender sua própria personalidade para sobreviverem e alcançarem uma revelação interior e irreversível. De modo generalizado, podemos ver esses arcos sendo desenvolvidos em narrativa em que um evento avassalador coloca seres humanos em contato com a fúria incontestável da natureza - e não me refiro apenas aos filmes-catástrofe como O Dia Depois de Amanhã, mas também a obras intimistas que buscam mexer com a o primitivismo humano.
Essa seria a ideia central de Depois Daquela Montanha, novo longa-metragem dirigido por Hany Abu-Assad, indicado ao Oscar por seu incrível trabalho em Paradise Now. A história gira em torno de dois estranhos que se veem em uma situação de vida ou morte ao ficarem perdidos em meio a montanhas geladas após um acidente de avião. A premissa não é nem de longe a mais original, mas conhecendo o estilo criativo do cineasta e o peso de seu elenco - Kate Winslet e Idris Elba como os personagens principais -, poderíamos imaginar uma perspectiva nova e mais inebriante que os costumeiros tour de force. Infelizmente, não é isso o que acontece.
Depois Daquela Montanha começa com um incrível plano-sequência semi-subjetivo, no qual a câmera acompanha por trás a tentativa apressada de Alex (Winslet) em atravessar um tumultuado aeroporto para a fila do check-in. Alex é uma jornalista e fotógrafa que está prestes a se casar, e precisa pegar o próximo voo para se encontrar com seu noivo, Mark (Dermot Mulroney). Toda a arquitetura cênica é bem pensada, já ditando o tom principal da trama ao optar pela centralização e fechamento dos planos. Enquanto isso, e negando toda a estética supracitada, conhecemos o carrancudo neurocirurgião Ben (Elba), cujo senso messiânico o impede de aceitar o fato de que seu voo foi cancelado devido às tempestades de neve, alegando que precisa realizar uma cirurgia imprescindível e inadiável em um pequeno garoto.
É quase previsível entender como os dois acabam se conhecendo, mas ninguém conseguiria imaginar que o filme abraçaria essa previsibilidade: tudo acontece exatamente do modo que se espera. Os dois personagens estão na mesma situação e, numa saída inverossímil, Alex tem a ideia de ambos alugarem um monomotor para chegarem a seus destinos, respectivamente - e é assim que uma “relação”, se é que posso realmente chamar assim, começa a se desenvolver e a reiterar os clichês dos dramas de superação que estamos cansados de ver. Talvez o maior alívio emerja na breve aparição de Beau Bridges como o piloto Walter; sua personalidade agradável e carismática é um dos poucos pontos altos, mas ele tristemente encontra seu fim com um repentino derrame.
Como se não bastasse, Ben e Alex não apenas correm para tentar salvá-lo da morte, mas tem que lidar com a velha estrutura do avião e uma tempestade perigosa que se aproxima cada vez mais deles. O clímax do primeiro ato também é algo a ser ovacionado - e ele só é memorável pela mediocridade do panorama geral, que promete muito e entrega quase nada: tudo é filmado mais uma vez em um plano-sequência de grande duração, com a câmera deslizando pelo confinamento claustrofóbico do monomotor e transformando-o em algo muito maior do que realmente é. A técnica, entretanto, não é em sua completude original, visto que foi utilizada por Alfonso Cuarón na obra-prima Filhos da Esperança. A referência é clara, mas pode ser encarada tanto como uma intertextualidade cinematográfica quanto como uma falta de brilhantismo por parte do diretor (as duas sequências ocorrem na iminência da morte de um dos personagens e em uma situação extremamente mortal).
A virada para o ato seguinte de Depois Daquela Montanha pelo menos foge às saídas formulaicas, e opta por não mostrar o momento do acidente, e sim os momentos que se seguem. Ben é o primeiro a acordar, e utiliza-se de sua mente calculista para traçar um plano de sobrevivência: ele se livra do corpo do piloto, cuida de seus ferimentos e então parte para impedir que Alex sofra com o frio e com uma possível infecção. Caso conhecêssemos essas habilidades numa breve backstory, suas ações poderiam ser compreendidas de uma maneira mais verossímil - mas o personagem de Elba parece o típico estereótipo de herói dotado de uma abstração macrocósmica que o impede de padecer frente a obstáculos. Aliás, no filme inteiro, podemos contar nos dedos quantos problemas reais são colocados no caminho dos protagonistas - talvez dois ou três. Tudo se resolve da maneira mais simples e calma possível, e a inexistência de um real sacrifício nunca chega à sua completude.
Eventualmente, chega o momento em que Ben e Alex percebem que precisarão se salvar, sem depender de um resgate que nunca apareceu. Logo, eles juntam as poucas coisas que sobraram - incluindo uma câmera semi-profissional mais resistente que o próprio avião - e começam a vagar pelo cenário montanhoso e no auge do inverno. É aí que todo o escopo de sobrevivência é varrido para debaixo do tapete e transformado numa tentativa fracassada de autodescoberta novelesca. Um melodrama tão desnecessário que não os torna mais conectados com o público, mas sim os afasta até mesmo de pessoas reais e que realmente passaram por situações de vida ou morte.
Nem mesmo a extensa filmografia dos dois atores é o suficiente para criar uma mísera centelha de química. Eles são tão superficiais quanto o desenvolvimento da história - mas não posso negar que o último frame do longa é colocado de forma interessante, mostrando os dois correndo um em direção ao outro e, antes de finalmente se encontrarem, serem impedidos pelo black-out final. Porém, não podemos deixar de ficar irritados ao ver que em nenhum momento a história pensa em ousar um pouco, seja na finalização dos arcos, seja nas consequências internas e externas dos personagens após obviamente serem resgatados.
Depois Daquela Montanha é um filme que agrada pouco, e não consegue prender a atenção nem mesmo dos fãs mais assíduos de um bom dramalhão. Se quiser assistir a uma história de superação, recomendo A Luz Entre Oceanos; porque essa “montanha” definitivamente não esconde nada além de decepção e monotonia.
Depois Daquela Montanha (The Mountain Between Us, EUA – 2017)
Direção: Hany Abu-Assad
Roteiro: Chris Weitz, J. Mills Goodloe, baseado no romance de Charles Martin
Elenco: Idris Elba, Kate Winslet, Beau Bridges, Dermot Mulroney, Linda Sorensen
Gênero: Drama
Duração: 112 min.
https://www.youtube.com/watch?v=3jyzGKXBOxA
Stranger Things | Revelado vídeo com audições do elenco
Graças ao carisma e às incríveis performances em Stranger Things, o jovem elenco da série tornou-se um dos mais falados e procurados, um fato impressionante, principalmente se levarmos em conta que todos ainda estão no colégio. Toda essa fama e notoriedade teve que começar em algum lugar, e a série da Netflix, Beyond Stranger Things, divulgou o vídeo com as audições dos atores-mirins.
Confira:
https://www.youtube.com/watch?v=PNOMbqzjGCw
No clipe, vemos Millie Bobby Brown, Finn Wolfhard, Gaten Matarazzo, Noah Schnapp e Caleb McLaughlin em alguns de seus momentos como os personagens que viriam a interrpetar. Enquanto os atores há haviam aparecido em vários trabalhos antes da série, não há dúvida que o show os colocou nos holofotes e desenvolveu um culto de fãs apaixonados pelo universo de Stranger Things.
Estreando em meados de 2016, a primeira temporada foi um sucesso surpreendente, visto que a plataforma não utilizou-se de muitos recursos de marketing até semanas antes da estreia. Os maiores nomes atados ao projetos eram dos veteranos Winona Ryder e Matthew Modine, mas nem suas presença despertaram interesse imediato pela narrativa.
Depois do massivo sucesso, culminando em várias indicações ao Emmy Awards, o segundo ano estreou semana passada, mais uma vez dominando o mundo da cultura pop e da social media.
Todos os episódios estão disponíveis na Netflix.
Velozes e Furiosos | Tyrese Gibson ameaça deixar a franquia
Velozes e Furiosos: a treta - ou, no caso, mais uma delas.
Tyrese Gibson e Dwayne Johnson parecem sempre estar nos holofotes quando o assunto são os bastidores de uma das franquias mais rentáveis da década. De acordo com uma postagem em sua conta oficial do Instagram, Gibson ameaçou deixar a série caso Johnson continuasse envolvido na história.
As conturbadas relações entre os dois atores não são totalmente desconhecidas. Gibson, que dá vida ao personagem Roman Peirce, já declarou seu crescente desgosto pela personalidade do colega de cena, postando um longo texto implorando para que Johnson desistisse da ideia de um spin-off focado em Luke Hobbs (personagem a quem dá vida na franquia) antes das produções de Velozes e Furiosos 9.
Ainda que Johnson não tenha respondido diretamente a Gibson, ele defendeu a ideia de um spin-off. "Eu tenho um tremendo respeito por essa franquia [...] e minha ideia é criar oportunidades ainda maiores não apenas para meus colegas de VV, mas também para outros incríveis atores que querem ser parte de algo novo e legal... Quero usar minha plataforma spin-off para criar novos personagens que os fãs irão adorar", ele declarou.
Essa não é a primeira vez que problemas do tipo ocorrem nos bastidores da franquia. Alguns anos atrás, Johnson e Vin Diesel, que interpreta o protagonista Dominic Toretto, também tiveram seus desentendimentos durante as gravações de Velozes e Furiosos 5.
Blade Runner 2049 | Filme originalmente seria um épico de quatro horas de duração
Blade Runner 2049 dificilmente chegará à marca de 100 milhões de dólares em sua bilheteria doméstica, mas tem grandes chances de se tornar um clássico cult graças à incrível aceitação da crítica e dos fãs. Uma das razões pelo fracasso de arrecadação é a sua duração: o longa-metragem é um dos maiores blockbusters da recente memória, com 163 minutos de transmissão, e só pode ser passado em uma quantidade limitada por dia. Entretanto, essa duração não é nada comparada ao primeiro corte do filme que o editor Joe Walker havia feito.
Em entrevista ao Provideo Coaliton, Walker revelou que o primeiro corte de 2049 chegou às quatro horas de running time. Essa versão tornou-se tão longa que ele decidiu dividir o filme em duas partes - ele e o diretor Denis Villeneuve, cuja ideia para distribuição seria separá-los com subtítulos diferentes.
"Essa divisão revelaria algo diferente sobre a história - e seria em duas partes. Teríamos K descobrindo seu passado e quase 'perdendo sua virgindade'. Na manhã seguinte, teríamos outra história, sobre seu encontro com o criador e seu sacrifício - 'morrer é a coisa mais humana que fazemos'. Estranhamente, as duas metades começariam com um frame de um olho se abrindo. Há um olho gigantesco se abrindo no começo do filme, e o segundo é quando Mariette acorda e vasculha pelo apartamento de K", Walker declarou. "Brincamos sobre como daríamos títulos diferentes, mas logo deixamos essa ideia de lado e resolvemos deixar o filme bem menor".
Desde o primeiro corte, o qual provou-se obviamente muito longo para o lançamento nos cinemas, grande parte do processo de montagem se deu com as decisões de Walker e Villeneuve sobre o que tirar e o que manter para manter o ritmo narrativo do jeito que queriam. O plot se move "peça a peça", como o próprio montador o descreve, o que torna esse processo mais complicado, visto que "remover qualquer parte substancial faz o edifício ruir".
2049 é a sequência do filme de 1982 dirigido por Ridley Scott, Blade Runner - O Caçador de Androides. A história traz Ryan Gosling como o agente especial K e Harrison Ford reprisando seu papel como o ex-blade runner Rick Deckard, trinta anos depois dos eventos originais. O longa está atualmente em cartaz em diversos cinemas brasileiros.
Confira nossa crítica aqui.
Robert Kirkman fala sobre o crossover de 'Fear the Walking Dead' e 'The Walking Dead'
O crossover entre The Walking Dead e Fear the Walking Dead está chegando!
Durante o show que acompanha a série da AMC, Talking Dead (que sucedeu a première da oitava temporada), o criador Robert Kirkman confirmou que a fusão entre as duas séries irá acontecer no próximo ano - o que basicamente estreita as possibilidade do que pode acontecer drasticamente. "Não posso dizer muito", ele declarou. "Tudo o que direi é que isso definitivamente irá acontecer em 2018. Então será ou a segunda metade da oitava temporada ou a primeira da nona, com a quarta de Fear the Walking Dead".
Scott Gimple, showrunner de The Walking Dead e produtor executivo do spin-off, sugeriu que nós iremos encontrar mais detalhes desse crossover muito em breve. "Saberemos mais sobre isso antes do que se espera", ele disse.
Há uma grande especulação de que Abraham (Michael Cudlitz) irá aparecer no derivado da série original, considerando que ele teve um trágico fim nas mãos de Negan (Jeffrey Dean Morgan) na sétima temporada. Além disso, os fãs têm uma hipótese sobre o porquê disso acontecer:
1. Abraham cresceu e morou em Houston, Texas, no norte do México. A terceira temporada de Fear é ambientada no México.
https://twitter.com/ShaunaRitter/status/917578109091766272?ref_src=twsrc%5Etfw&ref_url=http%3A%2F%2Fwww.digitalspy.com%2Ftv%2Fthe-walking-dead%2Fnews%2Fa841268%2Fthe-walking-dead-fear-the-walking-dead-crossover-when-happening%2F
2. Cudlitz postou esses enigmáticos tweets no mesmo dia em que a AMC confirmou o crossover:
https://twitter.com/Cudlitz/status/916885012905050113
https://twitter.com/Cudlitz/status/917016810192486400
3. Na season finale do terceiro ano de Fear, Houston foi mencionada explicitamente por um personagem em específico. No universo de The Walking Dead, Abraham sobreviveu com sua mulher e seus dois filhos nessa cidade antes de morrer.
Enquanto isso, o showrunner do spin-off Dave Erickson falou sobre qual personagem não deveria ter morrido nos planos, bem como uma reviravolta sombria que originalmente tinha para o arco de Madison Clark (Kim Dickens).
Amazon encomenda três novas séries para a temporada de outono nos Estados Unidos
A Amazon está incluindo em seu vasto catálogo uma nova série estrelada por Glenn Close, Sea Oak, como um dos três shows que entrarão para a temporada de outono nos Estados Unidos.
O primeiro episódio da série, bem como mais dois pilotos - incluindo Love You More, de Bridget Everett e Michael Patrick King, e a comédia The Climb, irão estrear na plataforma de streaming no dia 10 de novembro, ainda sem data para transmissão no Brasil.
Sea Oak é baseado no conto homônimo assinado por George Saunders e foi dirigido por Hiro Murai (Atlanta). Evan Dunsky entra como o showrunner, e a história gira em torno da protagonista Tia Bernie, que acaba morrendo durante uma invasão à sua casa, mas acaba retornando dos mortos cheia de raiva e determinada a ter a vida que nunca conseguiu, fazendo inúmeros pedidos insanos para suas duas sobrinhas e o sobrinho "quase stripper", que moram no complexo residencial que empresta o nome à série.
The Climb, por sua vez, traz como protagonista e criador Diarra Kilpatrick. O show é centrado numa assistente de escritório que busca pela fama. Chris Robinson dirigiu o primeiro capítulo, e Christina Lee entra como showrunner. Enquanto isso, Love You More tem como foco Karen Best (Everett), uma grande garota com uma grane personalidade e um grande amor por chardonnay - o que ocasionalmente a leva a cometer grandes erros com os homens. Entretanto, Karen também tem um grande coração, que se mostra muito útil para seu trabalho como conselheira em um complexo residencial para jovens-adultos com Síndrome de Down. Sua habilidade para defender essas pessoas por vezes se manifesta em um número musical de rock, durante o qual descobrimos que ela tem uma voz incrível.
"Estamos animados com tudo isso, e muito comprometidos a contar diversas histórias dos melhores storytellers do mundo", declarou Joe Lewis, responsável pela seção de comédia dos estúdios Amazon. "Não podemos esperar pelos clientes assistirem a esses incríveis novos universos de Diarra, Bridget, Michael e George".