Confira as cenas pós-créditos de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa
Como já é tradição nos filmes de super-heróis da Marvel há cenas pós-créditos em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. Uma delas não entrega muita coisa, serve mais para descontrair e inserir um personagem no universo do Spider-Man de Tom Holland, enquanto que a outra cena já é mais empolgante e entrega muito mais, vamos elas.
SPOILERS!!!!
Primeira Cena Pós-Créditos
A primeira cena que surge rapidamente já era esperada pelo público, pois em Venom: Tempo de Carnificina, Eddie Brock e Venom assistiram pela TV ao vídeo de Peter Parker sendo desmascarado pelo Clarim Diário. Pois agora Eddie Brock está em um bar conversando com um barman sobre Thanos e sobre o Peter Parker.
A conclusão que se tem sobre o diálogo é que Venom foi parar naquele universo do Peter Parker do Tom Holland por conta da consciência de colmeia que os simbiontes possuem. Quando Doutor Estranho refaz a magia, Eddie Brock e o Venom são levados de volta para o seu universo de origem.
Eddie Brock e Venom retornam para o seu universo de direito, mas algo de estranho fica no universo de Peter Parker de Tom Holland, que é um pedaço do simbionte do Venom. Ou seja, possivelmente teremos uma versão cruel de Venom no universo de Tom Holland e que será o vilão do Homem-Aranha nos cinemas em um futuro próximo, pelo menos essa é a aposta que os fãs estão fazendo, já que o Venom dos filmes da Sony funciona mais como um anti-herói.
Segunda Cena-Pós-Créditos
Havia toda uma expectativa para que a segunda cena pós-crédito fosse relacionada ao filme Dr. Estranho no Multiverso da Loucura, já que é uma das próximas apostas da Marvel, tendo a data de estreia para 5 de maio de 2022.
E não é uma simples cena, é um teaser bastante complexo, com o Dr. Estranho surgindo logo e encontrando Wanda e pedindo sua ajuda, a Feiticeira Escarlate está com um uniforme novo nesse teaser e parece estar ainda procurando seus filhos, algo que fez com frequência na série Wanda/Vision, ela também surge flutuando na dimensão espelhada em que o Dr. Estranho costuma interagir.
Aparece também pela primeira vez a personagem nova da Marvel, chamada pelo nome de América Chavez. Também aparece botando para quebrar um monstro conhecido pelo nome de Gargantos, com um aspecto bastante parecido com o de um polvo gigante.
O principal do teaser está em seu final, quando surge o Dr. Estranho Supremo, que esteve presente na série What If. Ele surge ameaçando o Doutor Estranho. Tudo leva a crer que o Doutor Estranho Supremo seja o grande vilão de Doutor Estranho No Multiverso da Loucura.
Afinal, são mesmo três Tom Holland em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa? Confira
Spoilers! Spoilers! Spoilers de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
Desde que a produção de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa se iniciou é óbvio que acabou por gerar muita curiosidade e ansiedade por parte dos fãs, até aí nada fora do comum, já que o herói aracnídeo é um dos mais amados pelos fãs de super-heróis. Mas o que mais chamou a atenção é o hype que surgiu desde então, principalmente nos últimos meses em que as filmagens haviam sido finalizadas, isso em relação a dois nomes especificamente e que não estavam no elenco principal do longa: Tobey Maguire e Andrew Garfield.
Tobey Maguire é um astro das antigas que “marcou” uma geração de jovens que estavam aprendendo a consumir filmes de super-heróis, em um período em que essas produções não eram comuns de se ver e também não estavam na moda. Os heróis do momento não eram o Capitão América, Thor nem Homem de Ferro e sim o Homem-Aranha, o amigo da vizinhança, e esse personagem era simbolizado no início dos anos 2000 por Tobey, que interpretou o herói em três filmes, entre os anos 2002, 2004 e 2007, num período em que a sociedade precisava esquecer os atendados às Torres Gêmeas do 11 de setembro e Tobey Maguire soube fazer isso com maestria, por isso é considerado por muitos o melhor Spider-Man até hoje, não apenas por soltar teias de aranha naturais.

Já Andrew Garfield tem poucos momentos espetaculares como Homem-Aranha em dois filmes fraquíssimos (2012-2014), e mesmo sendo um excelente ator teve azar por ter trabalhado em horríveis longas que ainda não tinham um aval Sony-Marvel-Disney. Um ator tão bom e que acabou sendo desperdiçado, e assim cedeu sua vez para Tom Holland, um ator que vinha evoluindo em Hollywood, era jovem e tinha tudo o que a Disney/Sony podia dar para o personagem. Já que a ideia era contar a origem de um Peter Parker mais juvenil, nada melhor do que um astro que realmente aparentasse ser jovem e que pudesse dialogar com essa faixa etária.
Porém, em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa ocorre algo que memes já profetizavam, que rodas de amigos debatiam e que já gerava discussão redes sociais, que era a aparição dos três Homem-Aranha, mas não dos três Tom Holland como muitos brincavam por aí que iria acontecer (e isso caso realmente ocorresse frustraria as expectativa de 98% dos cinéfilos).
É verdade que são três Homem-Aranha em cena no filme, lutando lado a lado por um ideal, tentando derrotar o Duende Verde e sua trupe, e felizmente são eles: Tom Holland, Tobey Maguire e Andrew Garfield. A Sony e a Marvel fizeram o impossível ao trazer três gerações do Aracnídeo de uma só vez.
Os três estão espetaculares juntos e farão os olhos dos fãs brilharem e lacrimejarem por mais. Uma pena que tão logo os três se reúnam para lutar juntos, também tão logo ela termina...
Crítica | Um Menino Chamado Natal - Só mais um filme de Natal
Natal é conhecida como uma época mágica e de diversão, em que é possível se reunir com a família para se confraternizar. É também um período em que estreiam nos cinemas e nos serviços de streaming as já tradicionais produções natalinas, e mais uma delas surge com destaque na Netflix, com um sugestivo nome de Um Menino Chamado Natal.
Produção adaptada do livro best-seller do autor Matt Haig imagina como seria o Papai Noel caso fosse um menino, no caso do longa da Netflix, funciona como um filme de origem, pensando como o jovem Nikolas (Henry Lawfull), iria vir a se tornar no futuro, a lenda do bom velhinho e como viria a ter ideias que hoje são tradicionais e que não conseguimos dissociar do Natal, como entregas de presentes e até mesmo a confraternização familiar em época natalina relacionada a lenda do Santa Claus (Papai Noel em inglês).
O roteiro, mesmo adaptado, é bonitinho e funciona bem em época de natal, uma época carregada de boas intenções, e é disso que a produção é feita. Há vários bons atos nela, desde as boas vontades do garoto em ir até a vila dos duendes encontrar seu pai, até o encontro do duende sequestro e o retorno para livrar os duendes da tirania cruel imposta pela vilã protagonizada por Sally Hawkins. Porém, falta uma dinâmica no roteiro, e é essa total falta de ritmo que acaba transformando o longa em algo enfadonho e monótono.
Há uma clara escolha feita pelo diretor Gil Kenan ao trilhar os caminhos feitos pelo roteiro e nisso fica perceptível as mudanças que levam o protagonista em sua jornada pessoal em busca do pai. A mensagem é clara, que o natal precisa existir para que esqueçamos tudo aquilo de ruim que foi feito passado, no caso a ordem que o rei deu para sequestrar o duende, e que ele deva dar presentes em vez de causar o mal em si, e que o caminho do bem deva ser trilhado e o mesmo deva ser seguido pelos duendes e que a tirania não é o caminho correto, e sim que os duendes devam presentear e viver em meio da alegria e do bem estar. Não tem como ter uma mensagem mais bonita e alegre e que simbolize melhor o natal do que essa.
Há uma quebra na narrativa com a trama focando no protagonista Nikolas e na personagem de Tia Ruth (Maggie Smith), que conta a história para as crianças da lenda do Papai Noel. Essa escolha por sinal, de colocar a Tia Ruth quebrando a história a todo instante, se torna cansativo em alguns momentos, sendo que muitas vezes a narrativa vai se desenrolando bem e seu desenvolvimento vai funcionando bem, até que o diretor resolve colocar a quebra da história com a Tia Ruth aparecendo para falar algo bastante irrelevante e que quebra a linha da história principal e tirando a atenção do que estava acontecendo.
Um Menino Chamado Natal tinha potencial para ir mais longe do que realmente foi, é bonito visualmente, agrada por ter uma história bonitinha e fofa, e tem elementos que irão fazer crianças do mundo todo felizes, ainda mais por trazer duendes divertidos (pena que esses duendes não cantam!), mas ainda está muito longe de outras produções do serviço de streaming, ainda mais no quesito de roteiro, como o próprio filme Crônicas de Natal, que é belíssimo.
Um Menino Chamado Natal (A Boy Called Christmas, Lapônia, Finlâdia. – 2021)
Direção: Gil Kenan
Roteiro: Ol Parker, Gil Kenan
Elenco: Maggie Smith, Henry Lawfull, Michiel Huisman, Jim Broadbent, Joel Fry, Kristen Wiig, Toby Jones, Sally Hawkins
Gênero: Aventura, Drama, Família, Fantasia
Duração: 106 min
https://www.youtube.com/watch?v=g4yFnZg5eAw&ab_channel=NetflixBrasil
Crítica | Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City - Um dos Piores do Ano
Quando Resident Evil: O Hóspede Maldito estreou, no ano de 2002, foi natural que os fãs entrassem em êxtase, já que o longa inspirado no consagrado game de mesmo nome levaria para as telas as aventuras (pelo menos essa era a ideia dos fãs) de personagens como Jill Valentine, Claire Redfield, Chris Redfield e Leon Scott, mas nada disso de fato ocorreu, e a franquia com Milla Jovovich se mostrou decepcionante com o passar do tempo.
Estes e outros personagens acima citados estão em uma nova tentativa de reboot da saga. Geralmente dá certo a ideia de reiniciar alguma franquia para o cinema, sendo que algumas delas necessitam de gás novo, mas isso possivelmente enterrou o já primeiro capítulo de Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City, que traz uma abordagem terrivelmente equivocada e trilha um caminho diretamente para o fundo do poço da saga.
Um Roteiro Fraco
Quem cresceu jogando vídeo games nos anos 90 lembra bem da experiência de jogar Resident Evil, de como era apavorante passar por aquelas portas e encontrar algum zumbi, ou simplesmente ter que correr de algum cachorro raivoso pelos corredores de uma mansão mal assombrada ou de precisar se esconder em uma delegacia abandonada, nos casos do primeiro e do segundo Resident Evil. São sensações nostálgicas que esses fãs procuram ao assistir a uma produção como Bem-Vindo à Raccoon City e não é nada disso que irá encontrar nesta produção, a não ser pura trasheira e resquícios do que poderia realmente ser, do mais nada além disso.
A maioria dos filmes adaptados de games erram por serem feitas por produtores, diretores e roteiristas, em suma, uma equipe que em alguns momentos nem se quer jogou o game que está sendo adaptando para as telas, e nisso acaba acarretando em certos erros cruciais para a produção. Erros não apenas em relação a narrativa e ao roteiro, mas também em em relação a todo o projeto em si, como os personagens, direção artística e por aí vai. É daí que nascem bizarrices como o longa do Super Mario Bros. e Street Fighter. Exemplos positivos e que deram certo existem, casos de Detetive Pikachu e Silent Hill e que infelizmente são casos raros ou receberam continuações fracas.
O roteiro e a direção do filme ficou sob a responsabilidade de Johannes Roberts, que faz um trabalho com uma abordagem fraca, o diretor até que tenta salvar algo tentando contar uma origem da infecção, mas a ideia é tão vaga e nada sombria que que beira ao amadorismo. Johannes até se esforça para fazer um filme competente, mas é nítido que ele não tem a mínima ideia do que ele está fazendo ali. O diretor faz uma bela mistureba entre o primeiro Resident Evil e o segundo e é aí que a narrativa já começa a ficar perdidinha. Seria muito, mas muito mais interessante e até com mais potencial para a franquia que, pelo menos pudesse contar a história com a trajetória do vírus na cidade e assim unindo a narrativa dos dois primeiros games, nem precisava contar de forma didática o que acontecia no primeiro nem no segundo game. Foi exatamente isso que o roteiro quis fazer e o fez de forma totalmente errada. Pegue o exemplo da série da Netflix Black Summer, que nada é explicado, mas mesmo assim prende a atenção do público em querer entender o que está acontecendo no apocalipse zumbi.
Resident Evil: Franquia Desgastada
Desde que sua primeira versão foi levada aos cinemas, em 2002, com O Hóspede Maldito, e recebendo outras cinco sequências, sempre houve uma vontade de retornar com a saga ou como uma série ou como um filme, algo que acabou realmente acontecendo. A grande questão de tudo isso é que quando se produz em massa um capítulo atrás do outro um filme de uma franquia tão conhecida e famosa como é Resident Evil, é que essa franquia acaba se desgastando com o tempo, não apenas frente ao público, mas também frente aqueles que não são fãs e querem conhecer algo novo ou que precisam de alguma coisa impactante para que as façam primeiro irem ao cinema e depois que as façam consumirem o game. Se nada disso acontecer esses simpatizantes não vão ao cinema, não importa quão bom o produto seja, e no caso deste reboot horroroso é bem capaz que novos fãs fiquem longe das telonas e também das prateleiras.
Falando novamente de Johannes Robertso cineasta de Medo Profundo não erra apenas no roteiro, mas também em como montou a narrativa, e isso fica bastante evidente no resultado final, pois os caminhos que os personagens e que a história caminha se mostra perdida em vários aspectos. Isso para não dizer em como as atuações do elenco é péssima, de todos eles, a pior de todas interpretações e mais caricata é a de Avan Jogia, que interpreta um Leon sem alma. Mas ele não é o culpado, a culpa está no diretor que não consegue tirar o melhor de seu elenco, soma-se a Avan em uma atuação desastrosa e teatral todo o elenco, inclusive os vilões, que parecem terem saído de um casting de uma novela da Record.
Algo que também incomodou bastante os fãs das antigas dos jogos foi a total falta de clareza com os games. Mais uma vez o diretor e também roteirista não tinha a mínima ideia do que fazer com os personagens e misturou tudo ao não dar relevância alguma a Jill Valentine nem a Chris, dando assim mais importância para Claire e para Leon, personagens que são mais importantes no segundo game de Resident Evil. Ficou bem claro que o cineasta quis empurrar os quatro protagonistas em um filme só e não conseguiu dar protagonismo algum para os quatro. Na verdade nem se sabia para qual dos quatro se devia dar mais relevância.
Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City é um dos piores filmes do ano sem dúvida alguma e isso se deve a uma total falta de visão e uma tremenda pressa em querer tirar do papel uma franquia bastante lucrativa, mas que já deu o que tinha que dar e que não traz nada de novo há algum tempo. A grande questão é se esses sucessivos erros vão acabar afastando os fãs dos cinemas ou se em um futuro próximo vão acabar acertando. A verdade é que esta versão é um belo tiro no pé da franquia.
Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City (Resident Evil: Welcome to Raccoon City, Ale/Can. – 2021)
Direção: Johannes Roberts
Roteiro: Johannes Roberts
Elenco: Kaya Scodelario, Hannah John-Kamen, Robbie Amell, Tom Hopper, Avan Jogia, Donal Logue, Neal McDonough, Lily Gao, Chad Rook, Marina Mazepa
Gênero: Ação, Terror, Ficção Científica
Duração: 107 min
https://www.youtube.com/watch?v=nuAfnSEO2GI&ab_channel=Ingresso.com
Crítica | Jogo Perigoso - Correndo Contra o Tempo
Produções em que os protagonistas são desafiados a encarar a uma série de jogos de sobrevivência são bastante conhecidos na história do entretenimento, e acabam por se eternizarem na memória do espectador por trazerem aventura, ação e quebra dos limites. Jogo Perigoso segue direitinho essa cartilha ao colocar o jovem Dodge Maynard na missão de ter de salvar sua própria pele em um passatempo insano.
A premissa é bastante fácil de se assimilar e conhecida, em que Dodge ao descobrir ter um câncer terminal na cabeça, e de difícil cirurgia, também descobre por coincidência estar em situação financeira muito delicada, e como muitas pessoas que se encontram nessa fase da vida, em que não sabem como vão deixar a família depois que morrer, Dodge decide topar participar de um jogo ao estilo Jogos Vorazes, em que empresários bem sucedidos pagam para caçar por 24h pessoas para as matar. Claro que há algumas regras nesse game que são explicadas durante o longa, como o não uso de armas de fogo e a não comunicação com a polícia, um esquema sofisticado para uma brincadeira macabra.
Corrida Frenética
O que é possível ser visto nas duas horas de Jogo Perigoso é uma corrida contra o tempo do protagonista. No primeiro ato há toda a construção da ideia de se desenvolver o drama pelo qual Dodge passa, apresentando sua doença, sua falta de dinheiro e sua escolha em participar de um jogo tão maluco, em que ele precisa ficar vivo por 24 horas ou morrer. Esse drama é construído, sendo amarrado de uma maneira inteligente no ato final, com uma reviravolta que irá surpreender o público. Miles Sellers (Christoph Waltz), o homem encarregado pela estrutura do jogo envolvendo pessoas bem sucedidas que pagam para caçar pessoas em estado terminais, é inserido como um homem "do bem" na trama, que surge para ajudar Dodge Maynard e sua família, mas que logo adiante, surpreendentemente, descobrimos que na realidade é um vilão daqueles que encontramos em filmes como os de James Bond.
Jogo Perigoso nasceu como uma série de TV em 2020 pela plataforma Quibi, que acabou falindo e depois foi comprada pela Roku, sendo posteriormente exibida pelo Roku Channell. Foi então que a Amazon comprou os direitos da produção para exibi-lo em seu streaming e comprimiu seus quinze episódios em apenas um filme só, com uma narrativa que no fim das contas funciona ao nos convidar a assistir esse espetáculo maluco envolvendo Dodge. É natural que o roteiro deixe algumas pontas soltas, isso se deve por se tratar de uma série de TV, que tem um ar meio armador. Isso fica claro no ato final com as pontas soltas que ficam envolvendo alguns dos personagens.
Com reviravoltas que funcionam, o roteiro acerta ao dar maior dinâmica para as cenas de ação, que queira ou não são o principal atrativo deste tipo de produção. Filmes ao estilo Busca Implacável ou John Wick, em que o protagonista precisa correr alucinadamente pela cidade o tempo todo, ou fugindo de alguém ou correndo atrás de alguém, dão certo pelas sequências de ação serem bem executadas e coreografadas, não apenas as cenas de luta, mas também todo o envolvimento que o desempenho sugere, como também a perseguição, a violência e as explosões que estão envolvidas, e nisso o longa dirigido por Phil Abraham tem de monte.
É verdade que o roteiro mesmo sendo vazio, pois não há uma ideia nova e nem nada que se acrescente de novo em um gênero já saturado em meio a tantas ideias iguais ou parecidas, há pelo menos há uma tentativa em se fazer algo de diferente ou de se fazer algo fora da caixinha ao trazer o protagonista, um homem doente em primeiro momento e que será caçado até a morte por toda a cidade em um game ao modo survivor de diversão, muito parecido com o de Round 6, mas em vez dos empresários assistirem aos jogos eles participam pessoalmente dos jogos, algo que já se mostra algo diferente. E isso em si já prende a atenção, o do porquê destes empresários bem sucedidos quererem participarem de jogos tão macabros e sádicos. Nisso o roteiro se sai bem, pois consegue trazer vilões que são pessoas comuns e ao mesmo tempo cruéis.
Um Thriller Divertido
Phil Abraham conta em seu currículo com diversos trabalhos, sendo a maioria feitos para a televisão, como The Walking Dead, Demolidor e Jack Ryan, portanto é um nome certo e com experiência para trabalhar em um projeto em que precise de certas doses dramáticas e de adrenalina, e nisso o cineasta e se sai bem em manter não apenas a atenção do público, mas também em saber como contar a história, ao usar e adaptar referências já conhecidas da cultura pop, como Breaking Bad e o já mencionado Jogos Vorazes.
Por ter um elenco reduzido é natural que toda a atenção esteja voltada para o protagonista e sua fuga frenética pela cidade, mas mesmo assim há de se notar na presença de outro personagem secundário que está ali para equivaler ao peso de Dodge, no caso Miles Seilers. Os dois personagens são interessantes, são carismáticos, mas falta algo em ambos, uma camada de profundidade, principalmente de desenvolvimento, ainda mais em relação a Miles, pois ninguém tem a mínima ideia de como ele surge na narrativa nem como ele some dela.
Jogo Perigoso tem tudo para ser um dos grandes sucessos da Amazon Prime Video, pois o serviço de streaming adora investir neste estilo de gênero, isso se lembrarmos de séries consagradas, como Hanna e Jack Ryan. A grande questão é se o público comprou a ideia da produção a ponto de se tornar fã da marca e ter entusiasmado a plataforma a criar uma franquia duradoura. É esperar para ver.
Jogo Perigoso (Most Dangerous Game, EUA – 2020)
Direção: Phil Abraham
Roteiro: Scott Elder, Josh Harmon, Nick Santora, Richard Cornnell
Elenco: Liam Hemsworth, Sarah Gadon, Christoph Waltz, Zach Cherry, Aaron Poole, Chris Webster, Devon Bostick, Billy Burke, Al Sapienza, Natasha Liu Bordizzo
Gênero: Ação, Suspense
Duração: 127 min.
https://www.youtube.com/watch?v=vAeu1semlYc&ab_channel=AmazonPrimeVideoBrasil
Crítica | Casa Gucci desperdiça elenco e não empolga
É quase que unânime entre os cinéfilos que Ridley Scott é um dos grandes nomes da sétima arte. O cineasta que dirigiu grandes clássicos, como Alien: O Oitavo Passageiro e Blade Runner, mas que ultimamente vem tendo vários resultados pífios na bilheteria com suas últimas estreias, com filmes que deixam muito a desejar com roteiros médios e sem profundidade. Nesse último caso se pode dizer que Casa Gucci é uma nova decepção do diretor, pois o longa tinha tudo para ser ótimo, mas acabou deixando muito a desejar.
O longa conta uma história de ganância e poder em que a família Gucci se envolveu, dando foco maior na relação do casal Patrizia Reggiani e Maurizio Gucci, herdeiro da Gucci e que foi assassinado em 1995. A película foi adaptada do livro Casa Gucci, obra de mais de 500 páginas escrita por Sara Gay Forden.
Por ser uma adaptação de um livro extenso é compreensível que o filme tenha quase três horas de duração. O que é incompreensível é o fato de uma história que instiga a todos ser tão enfadonha de se acompanhar. Isso ocorre não pelo fato da produção ser longa e sim por ela ser chata e extremamente cansativa, tendo um ritmo lento e contando com uma narrativa que se desenvolve no estilo de uma novela. O cineasta perde bastante tempo apresentando os personagens e estabelecendo relação entre eles na primeira uma hora e depois precisa correr para apresentar os fatos e as intrigas que resultaram na morte de Maurizio Gucci.
O roteiro escrito pela dupla Becky Johnston, Roberto Bentivegna, usou quase todo o primeiro ato para criar o relacionamento entre Maurizio e Patrizia. É de se entender que a trama conta uma história de amor que acaba resultando em tragédia, mas há muito mais nesse caso Gucci que um conto de amor. Os próprios planos criados por Patrizia para passar a perna nos parentes de Maurizio e assim adquirir os 100% das ações da Gucci, e que deveriam ser o ponto forte da trama, acabam por perder o brilho e o protagonismo para as brigas relacionadas entre o casal Gucci.
Não seria nenhum erro afirmar que House of Gucci (nome original) se sairia melhor se tivesse sua narrativa abordada em uma minissérie, até porque a impressão que se dá ao terminar o longa é que ficou faltando algo a ser mostrado. Esse item a mais que faltou pode ser observado no ato final, em que se esperava uma investigação para descobrir quem era o assassino e também para tentar entender melhor as motivações que levaram ao crime. O problema é que esses acontecimentos são mostrados de uma forma tão genérica e rápida que acaba deixando a sensação no público de quero mais. No momento mais empolgante acaba por se correr e contar tudo de uma forma tão resumida que tira a força do final.
Tendo como principal estrela do elenco, a superstar Lady Gaga tem a difícil tarefa de interpretar a protagonista, uma personagem forte e com muitas camadas a ser desenvolvida. A atriz e cantora até que se sai bem em alguns momentos, mas o problema nem é sua interpretação que soa como brega em alguns momentos, isso tamanha a forçação de barra para passar sentimentos como raiva e tristeza, e sim a dificuldade de Ridley Scott em realmente desenvolver Patrizia Reggiani. Em vários momentos a atuação de Gaga lembra a vista em novelas americanas, de tão falso que ficou.
Mas não apenas Lady Gaga fica parecendo uma cópia mal feita de Patrizia, como o outro protagonista também não se sai bem em interpretar Maurizio Gucci, um homem simples em um primeiro momento, mas que depois começa a pensar alto demais e a gastar os milhões da empresa como se fossem seu. Adam Drive teve essa complicada tarefa e o ator, assim como Gaga, se esforça bastante para legitimar o personagem, porém acaba soando como algo brega e até mesmo ridículo suas caras e bocas.
Quem realmente rouba a cena são dois atores veteranos, mas que acabaram por não ter tanto destaque na trama, até porque seus personagens são secundários. Al Pacino e Jeremy Irons estão fantásticos, tanto na caracterização, quanto também no jeito que dão vida aos irmãos Rodolfo Gucci e Aldo Gucci, os criadores da Gucci. Diferente dos protagonistas, ambos prendem a atenção do público e dão uma melhor caracterização para dois nomes que se não são tão importantes na trama, pelo menos acabam por ganharem destaque justamente pela atuação dos dois.
Casa Gucci tinha tudo para ser uma filmaço, pelo menos trazia todos os elementos para isso. No longa, encontra-se alguns problemas de roteiro e a própria direção de Ridley Scott não é espetacular, além de trazer um ritmo lento da narrativa, algo que transforma o longa em chato e cansativo, também traz uma abordagem novelesca para a trama. A produção daria um ótimo roteiro para a série criminal American Crime Story, que poderia destacar com riqueza de detalhes várias questões particulares que não são abordadas em Casa Gucci, e isso é realmente uma pena, pois havia potencial para o filme ser maior do que realmente foi.
Casa Gucci (House of Gucci, Canadá/EUA – 2021)
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Becky Johnston, Roberto Bentivegna, Sara Gay Forden (livro)
Elenco: Lady Gaga, Adam Driver, Al Pacino, Jeremy Irons, Jared Leto, Jack Huston, Salma Hayek
Gênero: Policial, Drama
Duração: 158 min.
Crítica | Titane vai muito além do horror
Julia Ducournau se tornou conhecida no mundo do cinema após dirigir e roteirizar o envolvente Grave (2016), em que uma garota estudante de veterinária se descobre obcecada em comer carne humana. É sem dúvida uma produção inteligente e de difícil digestão pelo público. A diretora parece ter gostado de fazer trabalhos complexos do gênero e retorna com o esquisitíssimo Titane, produção vencedora da Palma de Ouro de Cannes em 2021.
Titane é de difícil interpretação, além de ser um longa que é nada fácil de se assistir, muito menos de se assimilar as várias mensagens simbólicas que surgem a cada ação de Alexia. Em alguns momentos a produção passa o sentimento para o espectador de repulsa, não apenas pelo jeito que a violência crua é exibida, mas também pelas várias cenas que geram aflição.
Alexia quando criança sofreu um acidente grave e por isso teve inserido no lugar de parte de seu crânio uma placa de titânio, tal placa irá a acompanhar por toda a vida, e sua cicatriz fica sempre exposta para que Alexia lembre deste dia em sua infância que mudou a sua vida. O longa trata por contar de forma rápida como foi feita a cirurgia e logo corta para mostrar a fase adulta de Alexia, em que presenciamos sua relação problemática com seu pai, que a ignora sempre que possível. Também descobrimos que ela é uma assassina em série e que mata por prazer, e justamente por causa desses crimes foge e acaba se passando por Adrien, o filho desaparecido de Vincent e que há muito o procura.
Toda essa estrutura do roteiro no primeiro ato é contada de um jeito que pode parecer confusa em uma análise inicial. Titane não foi feito para ser compreendido de maneira lógica. Há de se entender que é uma história de uma mulher assassina e que acaba por pegar a identidade de um homem para fugir da polícia, mas não é bem essa mensagem que a diretora quer passar para o público, e é aí que vem a inteligência do roteiro, também escrito por Julia Ducournau.
O fato de Alexia pegar a identidade de Adrien faz com que ela passe a se aceitar como ela é. Essa mudança de identidade vai ficando cada vez mais forte e presente com o tempo, podendo ser representado pelo metal em sua cabeça, um corpo estranho que está dentro de seu corpo. O roteiro sabe bem quais caminhos tomar, e aí vem outra grande sacada, que é a relação de Alexia com seu pai, apresentado nas cenas inicias.
Quando a personagem encontra pela primeira vez Vincent, pai de Adrien, fica claro que há uma relação paternal ali, uma relação de amor e carinho, mesmo Alexia não sendo Adrien. Vincent percebe as mudanças em Alexia/Adrien, principalmente corporal, e mesmo assim aceita seu filho do jeito que ele é. Uma bela mensagem de aceitação e simbolizada por vários elementos que não saltam a cara em um primeiro momento, sendo necessário pensar e se debruçar sobre os acontecimentos para interpretar realmente o que o roteiro quer transmitir ao público.
Em um emblemático e marcante trecho do longa, Alexia se relaciona sexualmente com um carro, algo esquisito e bizarro, que só dá margem a diversas interpretações. Ao engravidar do carro, a protagonista passa por mudanças comportamentais e físicas que vão ficando cada vez mais claras com o desenrolar da trama. Essa gravidez também tem um sentido figurativo, é como se estivesse nascendo uma nova pessoa dentro de Alexia, que seria Adrien.
Já a violência está presente em diversos aspectos da trama, com os assassinatos cruéis cometidos por Alexia e causando muita aflição ao público. Esse extremismo em mostrar a violência na mais pura totalidade de forma explícita simboliza algo para a protagonista, é como se ela estivesse confusa pelo momento que está passando e pelo processo de aceitação de si mesma ainda não ter ocorrido, fato que só acontece no último ato, com a protagonista tendo o bebê.
Ducournau pegou como referência as produções do subgênero do Terror conhecido como body-horror, em que há o uso intencional de violência extrema e perturbadoras do corpo humano. O jeito que a cineasta mostra a protagonista suportando diversas situações agonizantes em relação ao seu corpo, incluindo a cena inicial em que é colocado o titânio em sua cabeça, é um elemento importante para contar a história e a trajetória de Alexia.
A estreante Agathe Rousselle rouba a cena com uma atuação impactante, em que precisa nos mostrar as mudanças pela qual Alexia passa, e faz isso com mérito. Não apenas ela está ótima no papel quanto Vincent Lindon, um ator conhecido por trabalhar em filmes franceses e que em Titane se sai belamente no papel de Vincent, um homem que busca o seu filho e encontra em Alexia/Adrien a pessoa que o ajuda a se redimir de suas angústias pessoais.
Titane é um conto bizarro de terror, com muita violência explícita e sexual, e eficiente em sua mensagem, sobre a busca pela aceitação e sobre relacionamentos pessoais. Sem dúvida é uma para poucos, mas que deve ser vista e revista.
Titane (idem, França/Bélgica – 2021)
Direção: Julia Ducournau
Roteiro: Julia Ducournau
Elenco: Vincent Lindon, Agathe Rouselle, Garance Marillier, Myriem Akheddiou, Bertrand Bonello
Gênero: Drama, Terror, Ficção Científica
Duração: 108 min
GGCON21: Maior evento de games do Nordeste será em formato digital
Irá ocorrer neste ano, nos dias 20 e 21 de novembro, a GGCON21, o maior evento de eSports, tecnologia e games do Nordeste brasileiro. A edi;ção deste ano será novamente digital e terá transmissão ao vivo de todos os painéis, concursos de cosplay, torneios, entre outras atrações.
Após duas edições, que ocorreram em 2018 e 2019 com muito sucesso na cidade de Natal (RN). Quando ocorreu no formato presencial, a GGCON teve a presença de 10 a 15 mil pessoas acompanhando o evento.
Estão marcados para a edição deste ano, torneios de Counter-Strike, Free Fire e League of Legends, entre outros. As premiações serão no valor de R$ 10 mil. A programação pode ser vista no site oficial da GGCON21.
Crítica | Halloween Kills - Michael Myers vira Highlander
Lançado em 2018, Halloween surgiu como uma grata surpresa e recebeu inúmeros elogios da crítica, além de uma resposta positiva vinda da bilheteria mundial. Muito desse sucesso se deu devido a nostalgia causada pelo ressurgimento de Michael Myers, o assassino serial que retornou para provocar pânico à cidade de Haddonfield.
Com tamanho êxito era evidente que uma sequência viria, mas não com a força que os fãs esperavam. Halloween Kills: O Terror Continua (David Gordon Green) segue o modelo clássico dos slashers, com muita matança desnecessária, rios de sangue, lesões graves e muito mais. Mas mesmo assim, ao terminar de assistir ao longa, surge aquele sentimento de que faltou algo para criar uma narrativa mais empolgante e interessante.
Roteiro Superficial de Halloween Kills
Como quase toda continuação de um filme do gênero slasher é comum que alguns deslizes ocorram relacionados ao roteiro e com Halloween Kills não é diferente. Como era esperado, Michael Myers ressurge para se sabe lá fazer o que, até porque o objetivo do assassino, e que havia sido bem destrinchado no longa anterior, acaba por se deteriorar, não se sabe mais porque ele está matando, se é apenas para voltar para a sua residência que vivia quando criança, se é porque quer matar todos que tenham alguma ligação com o seu passado, sua motivação vai se tornando vaga com o tempo.
A conclusão que se chega a respeito deste novo episódio da franquia de terror é a de que o cineasta David Gordon Green queria fazer uma sequência com muita matança desproposital, entregando assim o que os fãs do gênero queriam ver, e assim deixou o longa vazio, sem uma história relevante por trás de todos os crimes. E justamente por ser vazio de novas ideias, sendo praticamente um repeteco do que aconteceu no longa de 2018 também dirigido por David Gordon, pensando assim em colocar novamente Myers andando pela cidade e matando, mais de uma hora de filme só sobre isso e sem acrescentar algo de novo que pudesse lançar luz para a franquia.
O resultado final é bastante decepcionante, com uma trama completamente rasa, digna de um slasher sem conteúdo, deixando bem claro que o trio de roteiristas, no qual David Gordon Green faz parte, não tem a mínima ideia de qual caminho tomar para dar mais força a narrativa, algo que não ocorreu em A Lenda de Candyman, com a franquia sendo completamente revigorada. O que o roteiro se propôs a fazer foi de apenas deixar Michael Myers mais assustador - para não dizer praticamente imortal - do que já era. O público já sabe que ele é um assassino forte, impiedoso e que mata por matar, sendo assim havia uma necessidade de pelo menos falar mais sobre quem é Michael Myers e nisso o roteiro falha, pois não há um mínimo debate sobre o seu passado - há sim um retorno ao passado, mas sem uma discussão aprofundada - apenas que é um assassino cruel, e isso todo mundo já percebeu.
A maior decepção de todas fica por conta da protagonista Laurie Strode, interpretada por Jamie Lee Curtis, e que é completamente jogada de lado nesta sequência. Tá certo que ela tomou uma fada quase que letal, mas mesmo assim Laurie é muito mal aproveitada, não tem falas de impacto e os diálogos que participa não empurram a trama para algum lugar que a narrativa possa crescer. O diretor teve a coragem de colocar uma personagem clássica e importante presa em um quarto de hospital, pensando assim em dar maior protagonismo para Allyson (Andi Matichak), filha de Laurie.
Retorno ao Passado
O roteiro até tenta fazer algo de novo, recontando uma parte importante da história da franquia e que esperava-se ser contada na primeira versão, que é respeito dos acontecimentos que ocorreram em Halloween: A Noite do Terror (1978), clássico absoluto dirigido por John Carpenter, e que teve uma sequência irregular e que praticamente impossibilitou novas continuações, que foi Halloween II.
O que os três roteiristas tinham em mente ao realizar esse retorno nostálgico ao passado, era o de trabalhar alguns elementos que pudessem ser usados em Halloween Kills, como a própria casa de Michael Myers, utilizando um flashback que foi montado para recontar como ocorreu a prisão do serial killer em A Noite do Terror, algo que até hoje não se tinha ideia de como ele havia ido parar no hospício pela primeira vez, e assim criando um elo com o longa de 2018.
Esse é um acerto do roteiro e novamente pegando os fãs pela nostalgia do longa dirigido por Carpenter. Outra questão que intrigava até hoje na franquia é o que teria acontecido com os personagens que sobreviveram a matança do primeiro filme de 1978, como o garoto e a garota que Laurie Strode cuidou naquela noite macabra. Há sim um retorno destes personagens, agora já adultos, que ficaram marcados pelo massacre e até hoje convivem com esse trauma, mas mais do que trazê-los de volta há também uma necessidade de confronto final, fechar as pontas soltas que tantos longas ruins da franquia fizeram e tentar assim dar uma continuidade para os próximos longas que se seguirão.
Halloween Kills: O Terror Continua poderia ter levado a trama para outro patamar, na realidade, o diretor poderia ter dado mais indicativos de como a narrativa iria continuar. Uma oportunidade perdida, assim como foi Halloween II, jogando novamente a franquia para um futuro incerto de assassinatos e banho de sangue. Que as próximas sequências pensem bem qual rumo tomar e o que fazer com Michael Myers, até porque ainda há muitas perguntas a serem respondidas.
Halloween Kills: O Terror Continua (Halloween Kills, EUA, UK – 2021)
Direção: David Gordon Green
Roteiro: Scott Teems, Danny McBride, David Gordon Green
Elenco: Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak, James Jude Courtney, Nick Castle, Airon Armstrong, Will Patton, Thomas Mann, Jim Cummings, Dylan Arnold, Robert Longstreet
Gênero: Crime, Horror
Duração: 106 min
https://www.youtube.com/watch?v=3XWn1ATpvck&ab_channel=UniversalPicturesBrasil
Crítica | O Direito de Viver - Debate Superficial
Nunca o aborto foi tão debatido como nos dias atuais, com a Argentina aprovando em janeiro de 2021 uma lei nacional e mais recentemente com a Suprema Corte americana entrando no assunto, ao analisar uma lei do Mississipi que proíbe a maioria dos abortos no estado após 15 semanas de gravidez. É certamente um tema delicado que já ganhou destaque em várias produções, e no cinema não é diferente.
Em O Direito de Viver (Cathy Allyn e Nick Loeb), produção com mais cara de propaganda que uma obra cultural, tenta discutir o tema, mas só tenta mesmo, pois o que se vê na tela é um longa extremamente tendencioso, que apresenta o outro lado da história sempre como se fosse o vilão e mostrando que apenas um lado nesta discussão está certo. É a mesma coisa que fazer um longa sobre vacina, apontar o ponto de vista negacionista sobre a vacina e apontar que o outro lado só pensa em vacinar as pessoas à força sem direito de escolherem se querem ou não se vacinarem.
A produção faz exatamente isso, ao retratar o Doutor Bernard Nathanson, homem que era a favor da legalização do aborto e que diz ter feito centenas ou até milhares de abortos, que processou os EUA junto com uma líder feminista. Para que o julgamento seja bem sucedido encontram uma vítima perfeita, a enganam e a fazem falar em julgamento o motivo de ter realizado o aborto para legitimar o caso. Há também um confronto no longa com a Dra. Mildred Jefferson, pioneira do movimento pró-vida, mas todas essas questões são organizadas de uma forma tão banal que é até difícil entender como um projeto desse foi tocado adiante.
Não há um debate claro a ser feito, como é comum de ser presenciado nas tramas. É visto apenas uma tentativa rasa de discussão, que está ali apenas para dar a falsa ideia de que o tema está sendo debatido, mas não está. O roteiro a todo instante aponta, com diálogos e atitudes dos médicos, como o aborto é arriscado, como ele é errado, como não é prejudicial, mas quase nunca sem trabalhar o argumento do outro lado da história.
Até mesmo a questão moral do médico e que é o protagonista é rala, deixada para o final, sendo mostrada apenas para mostrar que o cirurgião se arrependeu de ter realizado as práticas abortivas por tantos anos e que agora é contrário ao aborto, ou seja, a mensagem é a de que o próprio médico que lutou para aprovar o aborto agora é contrário a ideia. Há também o caso dele ter mentido e criado muitos dos dados para influenciar a opinião pública e o governo para que o aborto fosse aprovado. Todas essas situações vão de encontro ao que o filme justamente queria desde o início, que era mostrar o seu ponto de vista contra o aborto.
Assim como assina a direção, o cineasta Nick Loeb também é o protagonista do longa, em uma atuação sofrível e que não passa veracidade alguma para o público, lembrando mais uma interpretação de novela mexicana de tão ruim que foi. Por falar em novela, o filme é feito nesse estilo, lembrando bastante uma novela, não apenas no jeito da filmagem, mas também na fotografia exagerada, nos enquadramentos básicos. Uma direção mais eficiente da dupla, possivelmente, poderia ter dado novos rumos para o roteiro e também no jeito de se contar a trama.
O Direito de Viver é daquelas produções que nascem com uma ideia interessante: a de discutir o aborto, porém, o faz de maneira completamente errônea e toma caminhos que levam a narrativa para o total esquecimento e para um debate superficial sobre o tema.
O Direito de Viver (Roe v. Wade, EUA – 2019)
Direção: Cathy Allyn e Nick Loeb
Roteiro: Cathy Allyn, Ken Kushner, Nick Loeb
Elenco: Nick Loeb, Jon Voight, Stacey Dash, Jamie Kennedy, Joey Lawrence
Gênero: Drama, História
Duração: 112 min
https://www.youtube.com/watch?v=FShb-p46cPI&ab_channel=A2Filmes
