Crítica | O Matemático - Mudando a História
É uma tarefa extensa e árdua a de se contar a história do século XX sem pelo menos mencionar as duas Grandes Guerras que ocorreram no período, com a Segunda Guerra Mundial deixando rastros de corpos por todo o mundo, principalmente na Europa. O que marcou muito esse conflito, e outros que se somaram a seguir, como a Invasão americana ao Afeganistão, foram as inovações tecnológicas e a revolução causada pelos novos tipos de armamentos, principalmente a Bomba Atômica, no caso da Segunda Guerra Mundial.
Em O Matemático (Thor Klein) há um trabalho intrigante em apresentar como que ocorreu o plano de se criar a Bomba de Hidrogênio, que viria a suceder a já letal Bomba Atômica em potência e em danos causados. O longa realiza uma leitura de como ocorreram os encontros entre os matemáticos e qual foi o real propósito de se criar uma arma tão destrutiva.
O longa conta uma parte da vida do matemático polonês Stanisław Ulam, que participou do Projeto Manhattan junto com outros cientistas, e acabou fazendo história por ter uma participação importante no desenvolvimento da Bomba de Hidrogênio. Foi devido aos seus cálculos que o mundo conheceu uma das maiores armas já criadas e por ser uma cinebiografia é bastante óbvio que a narrativa irá se desenvolver em torno de Ulam.
A direção de Thor Klein se mostra eficiente ao pegar a história do imigrante que fugiu dos nazistas durante na Europa para ganhar a vida na América e mostra como essa vida é transformada após participar do Projeto Manhattan, que nada mais era que um local construído no Novo México em que vários pensadores usavam suas mentes para descobrir soluções de como os EUA poderiam se defender de uma invasão externa que nunca aconteceu.
E a produção mostra toda essa discussão a respeito de a nova arma ser usada para o bem ou para o mal de uma forma filosófica e que lembra aquelas discussões de universidades, porém, com os debates se tornando rasos a partir do momento em que os diálogos e o tempo de cena que essas discussões estão presentes em cena. São tão breves e rápidas essa questão moral que acaba perdendo a força que realmente tinha.
A ideia de ter uma lição de moral, que surge, mas de forma extremamente rasa como já mencionada, deixa roteiro vazio em suas convicções por não saber se queria focar na vida do matemático, tanto pessoal quanto profissional, ou na realização e concepção da Bomba de Hidrogênio. Pegue o clássico Uma Mente Brilhante (2001) em que há todo um tom dramático por traz do protagonista e mesmo assim a trama é desenvolvida em torno de seu drama particular, sem abandonar uma linha de raciocínio principal do roteiro.
O roteiro este, escrito também por Thor Klein, segue um ritmo lento, que torna o longa monótono ao ponto de ficar chato, mesmo tendo uma discussão muito interessante. As várias quebras na narrativa principal, em que Stanislaw Ulam trabalha para descobrir um jeito de colocar a invenção em prática, inserindo um drama exagerado em sua relação pessoal e até mesmo uma situação em que entra em estado de depressão, acabam por tirar a força do roteiro e da trajetória do matemático que é muito rica.
Há pouco desenvolvimento entre os personagens que surgem em tela, e também um aprofundamento baixo em relação ao do protagonista. A vida de Stanislaw Ulam nos é mostrada a partir de sua rotina, nada mais que isso, sem colocar sua esposa, ou até mesmo outros cientistas com mais força na narrativa. Nomes conhecidos como Robert Oppenheimer (inventor da Bomba Atômica) e Johnny von Neumann (criador do computador digital) acabam se tornando nomes secundários e muitas vezes o público nem sabe que eles estão ali na história.
O Matemático é um bom drama histórico que apresenta uma personalidade mundial importante, sendo que poucos conhecem a sua trajetória de vida. Mesmo com um desenvolvimento que poderia ter sido melhor trabalhado e com escolhas de roteiro que tiram o foco da trama a produção tem sim sua importância e deve ser assistida por todos que curtem cinebiografias.
O Matemático (Adventures of a Mathematician, Alemanha, Polônia, UK – 2020)
Direção: Thor Klein
Roteiro: Thor Klein
Elenco: Philippe Tlokinski, Esther Garrel, Sam Keeley, Joel Basman
Gênero: Biografia, Drama
Duração: 102 min
https://www.youtube.com/watch?v=cEmIidHiNvk&ab_channel=A2Filmes
Crítica | Ron Bugado - Amizade Acima de Tudo
Com bastante frequência é mostrado nas produções hollywoodianas o surgimento de novas criações tecnológicas, que servem como ponto de partida para conceber roteiros mais criativos. A Disney já apresentou Baymax em Operação Big Hero (2014), um robô que ganhava a vida e transformava a rotina de um garoto. Muito parecido com Baymax, surge agora Ron Bugado, uma animação dos estúdios Locksmith Animation e que cumpre, se não de forma eficiente, mas sim divertida, a missão de entreter o público.
Distribuído pela 20th Century Studios, Ron Bugado é muito parecido a Operação Big Hero em alguns aspectos, desde a invenção do simpático robô conhecido pelo nome de B-Bot, que também acompanha um garoto em uma jornada de descobertas, até o desenvolvimento da narrativa, com a diferença de que a produção da Disney tem um roteiro mais inteligente e organizado.
Uma Nova Tecnologia
A trama da animação é bastante simples de se assimilar e parecida com muitas outras produções do gênero que surgiram recentemente, com um protagonista solitário, com dificuldade de interagir com as pessoas, e tendo um desafio a ser vencido. Barney Pudowski (Jack Dylan Grazer) é esse jovem, ele se sente deslocado no colégio, e isso se deve ao fato de todos os colegas de sua escola terem ganhado dos pais a nova moda ultra tecnológica entre os jovens, o B-Bot, uma inovação que serve basicamente para acessar redes sociais, receber likes e compartilhar momentos, nada de diferente que um smartphone já não faça.
Porém, Barney só recebe o seu B-Bot no seu aniversário, algum tempo depois de todos os colegas da escola, mas uma versão totalmente bugada e que tem em sua composição (ou não tem) uma ausência do algoritmo de controle, algo inexplicável para uma tecnologia e que não explica como que funciona sem esse comando do controle de suas funções.
Se o propósito de uma animação é o de se fazer rir, nisso, o roteiro escrito por Peter Baynham e Sarah Smith, acerta em cheio ao dar um toque de humor necessário para uma trama complexa. É evidente que esse humor vai se desgastando ao longo da narrativa e os diretores também fazem uma escolha equivocada de tirar o pé desse lado cômico, trabalhando no terceiro ato um ar mais dramático e sensível, dando assim uma virada total do roteiro.
Criticando o Sistema
O lado positivo do longa animado é o de justamente dialogar a respeito de um tema bastante atual que é o vício de se estar sempre conectado, de querer mostrar o dia a dia de forma ininterrupta e também o de ficar preso a um mundo virtual e esquecer que existe toda uma realidade para ser vivida e amigos e familiares para que se tenha uma conexão no mundo verdadeiro.
É uma crítica acertada e ela é feita de forma inteligente, sendo que são muitas questões apresentadas nos dois primeiros atos e que constroem toda a narrativa. Desde o processo de Barney começar a interagir com os possíveis novos amigos até o seu estranho relacionamento de amizade com uma máquina, que acaba lhe trazendo desafios e apontando caminhos para seguir adiante, sem precisar ficar preso a tecnologia para se desenvolver como pessoa.
Alguns buracos vão surgindo no roteiro durante o processo em que a história se desenrola, com Barney e Ron sendo perseguidos pela empresa responsável pelo B-Bot e também pelo início da amizade com os colegas da escola. Esses buracos passam batidos pelo público, pois não são situações que saltam aos olhos, são bem trabalhadas pelos diretores para maquiar essas indefinições do roteiro.
Mais do Mesmo
A direção compartilhada entre os cineastas Jean-Philippe Vine, Sarah Smith e Octavio E. Rodriguez surte um efeito imediato, com a trama sendo contada de forma eficiente, isso em um primeiro momento, no que diz respeito ao jeito em que a trama é contada, e na maneira de se desenvolver os personagens. Porém, depois da metade do segundo ato o filme se torna desequilibrado, repetitivo e chato em alguns momentos.
É a falta de imersão nos principais assuntos que deixa o roteiro raso, até porque haviam muitas questões a serem discutidas e que não foram aprofundadas, com tanta coisa sendo jogada na tela acabou por deixar as coisas sem foco e não tendo um desenvolvimento dos principais temas. Uma abordagem inteligente e que foi bem trabalhada foi em relação a amizade entre Barney e seus futuros amigos, de resto acabou por sendo uma tentativa de se debater um tema sério e atual.
Ron Bugado cumpre sua tarefa de entreter, não apenas o público mais novo, mas também os mais velhos, que irão gostar bastante da produção, pois o tema que o longa animado se propõe a contar é universal e também muito presente em nossas rotinas, como o vício nas novas tecnologias, a prisão das redes sociais e o julgamento frequente da internet. São questões relevantes e que devem servir de alerta e também de ensinamento para todos, principalmente para os mais jovens que estão entrando em uma fase de autoconhecimento e de descobertas.
Ron Bugado (Ron's Gone Wrong, EUA – 2021)
Direção: Sarah Smith Jean Philippe Vine Octavio E. Rodriguez
Roteiro: Peter Baynham, Sarah Smith
Elenco: Zach Galifianakis, Jack Dylan Grazer, Olivia Colman, Ed Helms, Justice Smith, Rob Delaney, Kylie Cantrall, Ricardo Hurtado
Gênero: Animação, Aventura, Comédia
Duração: 106 min
https://www.youtube.com/watch?v=whjIYJemjHc
Napo | premiado curta brasileiro vai estrear diretamente no YouTube
O premiado curta-metragem brasileiro Napo irá estrear diretamente no YouTbe, no canal da produtora Miralumo Films, às 20h. A ação vai ocorrer no Dia Internacional da Animação (28).
Dirigido por Gustavo Ribeiro, o curta em animação circulou por mais de 60 festivais pelo mundo, sendo que em mais de 20 saiu premiado.
A história gira em torno de um senhor chamado Napo, e que por conta do agravamento do alzheimer irá viver com a sua filha e seu neto.
Crítica | A Casa Sombria - Verdades e Mentiras
É bem comum de acompanhar em histórias de filmes de terror, e que se passam em casas ou mansões mal assombradas, de se presenciar vultos, vozes que surgem do nada, barulhos estranhos ou aparelhos ligando do nada. É quase um clichê do gênero que geralmente aparece em muitas produções, e essas e muitas outras questões estão presentes em A Casa Sombria (David Bruckner).
No caso do longa não se trata apenas de uma casa mal assombrada apenas, mas de duas. E a ideia do diretor, pelo menos no primeiro ato, é o de apresentar os elementos que transformam a vida de Beth (Rebecca Hall) em um tormento. Após a morte de seu marido, que se suicidou misteriosamente, Beth tenta arrumar sua vida em meio aos lamentos pela morte repentina de Owen (Evan Jonigkeit), e nisso ela acaba se deparando em uma rede de mentiras.
The Night House (título original) não é uma produção espetacular, tem os seus defeitos é verdade, mas mesmo assim cumpre o seu papel, que o é de entreter, também causa uma certa tensão com cenas bem dirigidas e cria um mistério cercado de um suspense que é bem desenvolvido. Seu principal elemento é o horror em que envolve a tal assombração que surge para Beth, uma espécie de sombra que se manifesta, mas não mostra o seu real objetivo de estar na casa.
No primeiro ato do filme há uma apresentação deste vulto estranho, que depois passa a se manifestar com mais frequência até começar a assombrar Beth ao longo da trama. Beth é apresentada como alguém que sofre uma espécie de sonambulismo e em vários momentos surge dormindo acordada, como se em seus sonhos estivessem vivendo uma outra realidade, realidade essa que ainda havia a esperança de encontrar seu grande amor que se matou.
O drama particular da protagonista é algo que é bem elaborado pelo roteiro da dupla Ben Collins e Luke Piotrowski, apresentando um passado da personagem que se envolveu em um acidente e morreu por alguns minutos. Pelo incrível que pareça, essa sua morte tem total ligação com a sombra que surge na casa, é como se a protagonista tivesse visto o que havia do outro lado depois de morta e essa sombra nefasta acabou por atraí-la até aquela casa.
Outras questões envolvendo a vida pessoal de Beth também são bem inseridas, mas não aprofundadas e sem receber o devido tratamento, pois a preocupação do diretor estava mais em fazer Beth descobrir as traições de Owen e os seus segredos que necessariamente o de tratar de temas como depressão, suicídio e até mesmo a ideia de uma outra vida, assuntos interessantes e que foram deixados de lado no terceiro ato.
Mesmo com algumas situações ficando claras, em relação do que se tratavam, ainda assim ficou um sentimento de que faltava algo a mais para que a trama fluísse com maior naturalidade, nisso o roteiro errou em não deixar mais nítido algumas questões, e também erra ao não aproveitar a atmosfera de suspense criada ao longo da narrativa. O espectador fica a todo instante esperando o susto, que quase nunca aparece. A ideia do roteiro é a de criar um ambiente em que a protagonista pudesse descobrir a matança que seu marido promoveu a mando do espírito maligno, que buscava matar todas as mulheres que eram parecidas com a sua esposa.
Por não se aprofundar em várias questões e também por apresentar várias situações não muito claras, como o próprio envolvimento do marido nas mortes e do porque ele teria cometido suicídio, que se tem o sentimento da narrativa ser bagunçada, possivelmente uma montagem melhor desenvolvida teria feito com que várias situações fossem melhores apresentadas.
O foco total está na personagem de Beth e por isso mesmo é elogiável a atuação de Rebecca Hall (Godzilla vs. Kong). Com uma interpretação intensa e dura - já que a protagonista é desenvolvida como uma mulher forte e decidida – em que são passados para o público os mais variados sentimentos, ainda mais a respeito do seu trauma particular. A direção de David Bruckner se mostra equilibrada, mesmo com algumas falhas ao desenvolver a trama, com bons golpes de câmera que são feitos para causar maior tensão e para dar uma sensação de suspense em algumas cenas.
A Casa Sombria engana bastante o espectador, principalmente o seu trailer que foi eficiente em apontar para uma direção diferente da mostrada no filme. A sensação que fica é que o longa poderia ser bem melhor estruturado, não apenas no jeito de se contar a narrativa, mas também nas várias ideias que apresentou. Havia potencial para ser muito melhor do que foi, mas mesmo assim cumpre a tarefa de ser um horror agradável e que seguiu o script que a trama pedia.
A Casa Sombria (The Night House, EUA, UK – 2020)
Direção: David Bruckner
Roteiro: Ben Collins, Luke Piotrowski
Elenco: Rebecca Hall, Sarah Goldberg, Vondie Curtis-Hall, Evan Jonigkeit, Stacy Martin, David Abeles
Gênero: Horror, Mistério, Ação
Duração: 107 min
https://www.youtube.com/watch?v=M4y8HayUSio&ab_channel=20thCenturyStudiosBrasil
Crítica | Cry Macho traz um Clint Eastwood ainda em boa forma
Aos 91 anos Clint Eastwood ainda atua e dirige seus próprios trabalhos, pelo menos foi assim em A Mula e agora em Cry Macho: Caminho para a Redenção, produção em que o ator surge imponente e inspirador em uma faixa de idade que não se vê grandes nomes trabalhando. O astro que atuou e dirigiu alguns clássicos do faroeste, como O Estranho sem Nome (1973) e Os Imperdoáveis (1992), não perde a majestade e se mantem na ativa, mesmo tendo algumas limitações físicas visíveis. Nada disso impede o ator a se desafiar e trazer para o espectador outra bela história.
Baseado na clássica história do livro Cry Macho: A Novel, de N. Richard Nash, o longa segue a vida de Mike Milo (Clint Eastwood), um ex-cowboy de rodeios e criador de cavalos e que, no ano de 1979, recebe a missão de ter que buscar o filho de seu ex-chefe que está sob a tutela da mãe no México. O que se vê a partir daí é uma emocionante aventura de descobertas pelo México rural, e é aí que mora a grandiosidade da narrativa, desconstruindo totalmente tudo o que Eastwood havia feito em filmes anteriores.
Um Homem à frente de seu tempo
É de conhecimento público que o Leste americano realizou uma grande corrida pela colonização para o Oeste, e é óbvio que o período foi retratado no cinema americano com vários personagens sendo apresentados, inclusive os cowboys e os índios. É nesse cenário que surgiria também grandes nomes do cinema, inclusive Clint Eastwood. É importante conhecer essa parte da história do cinema, pois ao assistir Cry Macho a experiência acaba se mostrando bastante agradável, seguindo o protagonista em uma jornada de auto descoberta.
O mais interessante da trama é que não é uma história de ação como estamos acostumados a ver na tela, tendo geralmente várias sequências de tiroteio e muita pancadaria. Em Cry Macho a ação é mais lacônica, com Mike Milos e o jovem Rafo (Eduardo Minett) atravessando o México em busca da promessa de o menino ter uma vida melhor com o seu pai nos EUA. Há cenas de perseguição, lutas e em todas essas cenas Clint está fantástico, trabalhando no seu tempo e mesmo assim se saindo muito bem no papel.
Cry Macho também trabalha com intensidade a questão do drama familiar, do garoto Rafo que tem uma mãe alcóolatra e do pai que o deixou para trás, e do próprio Mike Milos que parece se redescobrir como pessoa, ajudando animais em um pequena vila, sendo carismático com crianças e encontrando um grande amor. Todas essas situações mostram que o antigo cowboy durão se transformou em um poço de simpatia, nos dizendo que não há mais espaço para o personagem ser truculento e sair pegando em armas a qualquer momento. É como se Clint fizesse uma redenção de seus antigos personagens ao mostrar que criou uma moral.
Uma Relação Familiar
Uma das coisas mais atraentes no roteiro escrito por Nick Schenk é a questão da família, um tema que é visto em inúmeras produções hollywoodianas e que já foram apresentados dos mais diversos jeitos. Em Beleza Americana (1999) era mostrada uma família tipicamente americana vivendo seus dramas particulares, em Capitão Fantástico (2016) é mostrada uma família que mora no meio do nada e pensa em viver uma vida naturalista. Já em Cry Macho o conceito de família é construído durante a trama, com Mike Milos olhando Rafo como o filho que perdeu há muito tempo, e o garoto enxergando em Mike a figura paterna que nunca teve.
Isso para não falar do grande amor que Mike encontra em uma vila perdida do México, um local que não seria atraente para muitas pessoas, mas que para o protagonista acaba se tornando uma zona de conforto. O roteiro é inteligente em mostrar essas relações familiares, que melhoram com o passar do tempo que a história vai se desenrolando, tudo sobre os olhares do diretor Clint Eastwood, que mostra para o público ainda é capaz de dirigir ótimos dramas humanos.
Cry Macho: O Caminho para a Redenção demorou mais de 30 anos para ser levado aos cinemas, sendo que a primeira tentativa, em 1991, teria Roy Scheider como protagonista, e depois em 2011 um projeto com Arnold Schwarzenegger foi imaginado. Clint Eastwood ficou com o papel e com a dura missão de fazer com que o filme acontecesse, e o que se vê na telona é um resultado entusiasmante e empolgante que somente um astro das antigas como Clint iria conseguir imprimir.
Cry Macho: O Caminho para Redenção (Cry Macho, EUA – 2021)
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Nick Schenk, N. Richard Nash (livro)
Elenco: Clint Eastwood, Natalia Traven, Eduardo Minett, Dwight Yoakam, Fernanda Urrejola
Gênero: Drama, Ação
Duração: 104 min
https://www.youtube.com/watch?v=kN3Am38GWHo&t=8s&ab_channel=WarnerBros.PicturesBrasil
Crítica | Escape Room 2: Tensão Máxima - Diversão Macabra
Os jogos fazem parte da civilização humana há muito tempo. Os mais conhecidos jogos da antiguidade foram aqueles que aconteceram no Coliseu, na Itália – Sim, aquilo era considerado um jogo – e desde aquele período até os dias atuais estamos cercados por diversos tipos de games. Jogos para videogames, esportes em geral e as famosas salas de escape room compões os jogos modernos, sendo que o escape room é um jogo bastante popular por colocar pessoas em uma sala temática com a finalidade de descobrir os seus desafios e assim sair do local o mais rápido possível. A s salas são muito atraentes, o que faz com que seja uma diversão de primeira.
Não à toa surgiu um filme com o nome desse game, que recebe uma sequência tão interessante quanto o primeiro. Escape Room 2: Tensão Máxima (Adam Robitel), é uma continuação básica, pensada para criar uma possível franquia nos cinemas e que segue o modelo e a estrutura narrativa do longa anterior, mantendo a pegada e acrescentando novos atrativos ao roteiro, como métodos diferentes de matar os participantes, acrescentando armadilhas fatais e produzindo um espetáculo sinistro para os fãs do gênero.
Pelo jeito que terminou a versão anterior era bastante óbvio que teria uma continuação, que até demorou para sair do papel levando em conta o sucesso que foi o primeiro longa. Retornam para a sequência o diretor Adam Robitel (Sobrenatural: A Última Chave) e a dupla de protagonistas interpretados por Taylor Russell e Logan Miller. O mais interessante é que o cineasta não tentou inventar uma nova trama com protagonistas diferentes, continuou a história do primeiro, dando uma encorpada boa no roteiro, fazendo com que os personagens Zoey Davis e Ben Miller procurassem os responsáveis por criar esses jogos cruéis pelo mundo. De início essa ideia funciona bem, pois diferente de outras continuações feitas por Hollywood, em que pensam primeiro em mostrar alguma morte impactante para prender a atenção do espectador, há uma narrativa por trás que movimenta o filme para a frente.
Mesmo sendo praticamente igual ao anterior, Escape Room 2 tem um roteiro que funciona bem. O roteiro trabalha com eficiência a ideia de existir uma organização maquiavélica que pensa em fazer uma espécie de jogos mortais apenas por divertimento. É verdade que a ideia por trás de Escape Room lembra bastante a de um clássico do gênero, que é Cubo (1997), em que pessoas acordavam dentro de um cubo e precisavam encontrar um jeito de sair do local, com a diferença de que Cubo tinha uma premissa interessante, mas que os produtores não souberam fazer continuações atraentes e inteligentes, algo que Escape Room 2 conseguiu fazer muito bem.
Seria difícil assistir a essa sequência sem que o roteiro pelo menos mostrar um pouco mais sobre os organizadores desses jogos. O público espera por respostas e torcia para que elas viessem nesta continuação, algo que não acontece. Primeiro que se mostra os protagonistas fazendo uma investigação particular e depois a esperança de que as respostas viriam acabam sumido, pois logo que começam os jogos se esquece de esclarecer o que essa organização quer com esses jogadores (além da diversão) e quem está por trás destes games. São muitas perguntas e que ao terminar o longa acabam ficando sem uma solução, dando assim um gancho para outra sequência.
É notável que os produtores estejam transformando esta produção em uma franquia que deve se tornar um grande sucesso com o passar do tempo, isso se mantiver a pegada da trama original e não se desviar do foco central que inspirou toda a narrativa. Já no final de Escape Room 2 há um direcionamento para uma futura continuação e ela ocorre de um jeito estranho. Ficou claro que o diretor quis forçar a barra para dar um gancho que puxe a próxima história. Havia a possibilidade de terminar o longa de um jeito bem interessante e intrigante, mas o cineasta vai lá e apresenta outro plot twist bastante desnecessário e que ocorre no apagar das luzes.
Pensando na produção como uma futura franquia, fica a torcida para que em nenhum momento se cometam os erros de outra franquia de sucesso no cinema e que acabou se perdendo ao longo das inúmeras continuações, que é Jogos Mortais. O primeiro filme dirigido por James Wan é um clássico, o que se seguiu depois do primeiro longa foi apenas decepção, e Escape Room conseguiu, pelo menos nesta continuação, manter o nível e com a mesma estrutura de roteiro do primeiro e acrescentando certas mudanças que podem dar um direcionamento para a saga.
O diretor, mesmo errando a mão em não contar nada de novo e deixando a trama mais vazia do que já era, tem uma boa visão para filmar. Pelo menos os enquadramentos e o jeito que conta a história são feitos de um jeito que torna suportável acompanhar a aventura dos campeões, além de conseguir passar um suspense que serve para prender na frente da tela quem está assistindo, criando cenários bem elaborados e com mortes e armadilhas cruéis e criativas.
Escape Room 2: Tensão Máxima é entretenimento que funciona ao atingir seu público-alvo ávido por ver justamente o que o longa apresenta: mortes, suspense e aventura. Há um trabalho nesta sequência em querer destravar mais a história, mas acaba não andando para a frente ao não responder os vários mistérios que rondam a narrativa. É basicamente um repeteco com a mesma mensagem, de que no mundo há pessoas que pagam para ver outras pessoas morrerem, algo parecido com o que acontecia no show bizarro de O Albergue (2005), mas com a diferença de que em Escape Room quem assiste a esse show bizarro é o espectador, que acaba assistindo a essa diversão macabra e se entusiasmando com o resultado.
Escape Room 2: Tensão Máxima (Escape Room: Tournament of Champions, EUA, África do Sul – 2021)
Direção: Adam Robitel
Roteiro: Will Honley, Maria Melnik, Daniel Tuch, Oren Uziel
Elenco: Taylor Russell, Logan Miller, Deborah Ann Woll, Thomas Cocquerel, Holland Roden, Indya Moore, Carlito Olivero, Jamie-Lee Money, Tyler Labine, Isabelle Fuhrman
Gênero: Aventura, Horror, Mistério
Duração: 88 min
https://www.youtube.com/watch?v=8_7FWdztKrQ&ab_channel=SonyPicturesBrasil
10 Melhores Filmes com Keanu Reeves
Keanu Reeves é um dos nomes mais conhecidos atualmente de Hollywood e dificilmente se passa um ano em que não tenha pelo menos um filme de Reeves nos cinemas. Ao longo dos anos, desde a sua estreia, o astro vem melhorando em suas performances artísticas, que antes eram bastante criticadas, falavam que era um ator sem expressão e com uma atuação apagada. Keanu Reeves melhorou muito e se hoje ele é quem é isso se deve justamente por sua vontade em cada vez querer melhorar mais. Claro que em sua cinebiografia constam trabalhos em muitos filmes questionáveis, mas aí já é assunto para outra lista...
Nesta lista se encontram os melhores trabalhos de Reeves no cinema.

10. A Casa do Lago (2006)
Tá aí um romance desconhecido do grande público e que é bastante interessante. Nele, Keanu Reeves faz o par romântico com Sandra Bullock, e mesmo tendo uma atuação contida acaba se sobressaindo e dando mais força para o personagem. Há uma química grande entre o casal, isso além do roteiro ajudar a estabelecer essa relação entre os protagonistas, criando um laço atrativo entre o casal que acaba hipnotizando o espectador.

9. Caçadores de Emoção (1991)
A década de 1990 foi um período mágico para Reeves, que começou o período fazendo um clássico dos filmes de ação. Caçadores de Emoção não é uma produção espetacular, mas mesmo assim entrega o que o público quer ver. No longa, o astro já mostrava que podia vir a se tornar um grande intérprete de filmes de ação no futuro, algo que acabou se concretizando com o tempo.

8. Garotos de Programa (2006)
Engana-se quem acha que Keanu Reeves só trabalha em filmes de ação ou romance. Em Garotos de Programa, do diretor Gus Van Sant, o ator surge com um tom mais dramático do que estamos acostumados a ver na telona. É fato que a produção tinha esse caráter mais dramático pela estrutura do roteiro. Este é outro longa desconhecido que merece ser redescoberto pelos cinéfilos e que assim consigam conferir a atuação de Reeves nele.

7. Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica (1989)
Anos antes de protagonizar Bill & Ted, Keanu Reeves já havia feito participações em algumas produções, como no longa Ligações Perigosas (1988). Pode-se dizer que Bill & Ted abriu as portas para que Reeves pudesse trabalhar em muitos outros trabalhos, não que o filme tenha sido o seu primeiro grande papel, mas é verdade que sua interpretação de bobalhão mostrou para Hollywood que ali tinha um ator que poderia sim ser usado em outros papéis.

6. Drácula de Bram Stoker (1992)
Nesta adaptação dirigida por Francis Ford Coppola, o astro interpreta Jonathan Harker, um homem que vai até o castelo de Drácula para realizar uma negociação. O longa é um clássico do gênero e uma das melhores adaptações para o cinema do aristocrata. Keanu Reeves se sai bem em seu papel, com sua atuação dando ao longa maior dinâmica.

5. Advogado do Diabo (1997)
Nesta produção o ator faz o papel de um homem que deseja se tornar um dos melhores advogados do país, ao lado de Reeves estava simplesmente Al Pacino. A dupla acabou dando bastante dinâmica à narrativa, isso devido a suas interpretações contrastantes. Reeves estava em um bom momento da carreira e cada vez mais se tornava o foco das grandes produções de Hollywood.

4. Constantine (2005)
Até hoje os fãs de Constantine sonham por uma continuação, que nunca veio. É verdade que se fosse pelo público já teria ocorrido uma sequência, isso por que a produção é recheada de ação, terror e simbologia que os fãs não apenas de histórias em quadrinhos, mas também do ator tanto amam ver em filmes. Na época de sua estreia, surpreendeu ao público a atuação do astro, que interpretou um ocultista capaz de desvendar inúmeros mistérios e pronto para ir até os confins do inimaginável para enfrentar seus adversários.

3. Velocidade Máxima (1994)
Um verdadeiro clássico da Sessão da Tarde e de tantas outras programações que passavam na TV brasileira na década de 90. Se fosse para definir Velocidade Máxima em uma palavra certamente ela seria "adrenalina pura", é isso que a película transpira durante todo o tempo com muita ação e dramaticidade. Keanu Reeves nos mostrou que podia sim ser um astro de filmes de ação, e não por acaso isso acabou definindo muito do que foi a sua carreira a partir do megassucesso que foi a produção. Quem diria que um longa sobre um ônibus que não podia parar de circular pelas vias se não iria pelos ares acabaria alavancando a carreira do ator?

2. De Volta ao Jogo (2004)
Quando De Volta ao Jogo estreou no Brasil, muitos dos fãs de Reeves nem sequer sabiam da existência da produção, tanto que não fez muito barulho com o espectador quando foi para os cinemas, isso além do longa se chamar John Wick no original e ter recebido outro título por aqui. Quando o filme começou a cair no boca a boca, mais e mais pessoas passaram a amar e pedir por uma sequência, que logo veio e acabou virando uma franquia bastante lucrativa. Keanu Reeves luta, espanca e mata seus adversários de uma forma tão crua que acabou se tornando referência para outras produções do gênero que se seguiram a sua estreia.

1. Matrix (Trilogia) (1999 - 2003)
A trilogia Matrix se tornou um grande clássico do gênero de ficção científica, mesmo que a qualidade dos dois filmes (Reloaded e Revolutions) lançados em 2003 não seja tão espetacular, ainda assim Keanu Reeves despontou para o grande público no primeiro filme da franquia. Ao interpretar Neo, o ator deu alma e dinamismo para um protagonista que era sério demais. Dificilmente se pode imaginar o filme sem a participação de Reeves. É provável que se outro ator tivesse feito o papel de Neo não teria entregado o que o astro entregou ao público.
Menção Honrosa:
Meu Eterno Talvez (2019)
Quando Meu Eterno Talvez estreou ninguém tinha ideia de como seria sua trama e nem quais atores que estavam no elenco. Era de conhecimento apenas a presença da dupla de protagonistas interpretados por Randall Park e Ali Wong. Eis que do nada surge Keanu Reeves, engraçadíssimo e solto como quase nunca se vê em uma comédia, fazendo com que a narrativa ficasse mais suave e engraçada com a sua presença.
Cenas pós-créditos de Shang-Chi é um preparo para Vingadores 5 e outras produções da Marvel
Cuidado! Spoilers à frente
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis manteve a tradição dos filmes da Marvel e adicionou duas cenas pós-créditos, sendo que uma delas já serve como preparativo para Vingadores 5 e outras produções da Marvel, como as séries do Disney+.
Na primeira cena é possível ver Shang-Chi e Katy fazendo uma refeição com alguns amigos depois da batalha final do filme ter acontecido. É nesse momento que surge um portal dentro do restaurante em que sai de dentro dele Wong.
Então Shang-Chi e Katy vão com Wong até o Sanctum Sanctorum, local que Wong pega os anéis e os analisa. Somam-se a eles, por meio de hologramas como os vistos em Vingadores: Ultimato, Bruce Banner e a Capitã Marvel.
Bruce Banner fala que o material de que os anéis são feitos é vibranium e discute se a origem dos anéis é Chitauri. Carol comenta que aquilo não é como qualquer tipo de tecnologia alienígena que ela já tenha presenciado. Ela ainda perguntou por quanto tempo que o pai de Shang-Chi era detentor dos anéis antes de transferi-los para Shang-Chi.
O herói do MCU respondeu que eram pelo menos "uns 1000 anos" e então Bruce Banner percebe que as relíquias são mais antigas do que isso. Wong menciona que a primeira vez que ele usou os Anéis, foi sentido em Kamar-Taj, e daí os pega e analisa as imagens mais de perto.
Dá para reparar que há algo brilhando e Carol Danvers fala que aquilo se trata de um sinal. Já Bruce Banner diz que eles poderiam estar "mandando uma mensagem" e Shang-Chi pergunta para onde a mensagem estaria sendo enviada.
Carol, que é vista com o mesmo uniforme de Vingadores: Ultimato, recebe um alerta e fala que precisa ir cuidar de uma coisa, e ainda diz para pegarem o número dela com Bruce "Foi bom conhecer vocês".
Wong finaliza a conversa dizendo para Katy e Shang-Chi que a vida dos dois será muito diferente daqui em diante.

Mulher-Hulk (She-Hulk)
Bruce Banner surge pela primeira com seu aspecto humano desde Vingadores: Guerra Infinita, e isso já serve como uma possível conexão com outra produção da Marvel, She-Hulk. .
O que dá para tirar de conclusão sobre isso é que Banner voltou à sua forma humana depois que se transformou no Hulk Inteligente que aparece em Ultimato. O seu ferimento no braço direito é uma consequência por ter utilizado as Joias do Infinito e trazer as pessoas de volta.
No filme de Shang-Chi não há menção de como o herói conseguiu dar uma revertida em sua mutação, mas é possível que isso seja revelado em Mulher-Hulk.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
Na cena pós-créditos do filme de Shang-Chi pode estar preparando de forma direta Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.
É possível que a aparição de Wong no longa seja uma justificativa para uma futura presença de Shang-Chi e Katy em Doutor Estranho 2.
Outra possibilidade é a de que os Anéis possam estar enviando um sinal para alguma entidade, que pode ser Shuma-Gorath, um dos possíveis vilões de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.

The Marvels (Capitã Marvel 2)
Há bastante expectativa para The Marvels, pois a produção promete expandir o universo em que a Capitã Marvel está inserida, e com a possibilidade de que tenha uma ligação com WandaVision, ainda mais por meio de Monica Rambeau e da Ms Marvel.
Outra possibilidade é a de que Carol Danvers tenha passado mais tempo na Terra desde sua aparição em Ultimato, isso pensando em sua relação com o Hulk que poderia também ser explorada na série.
É quase certo que o alerta que a personagem recebeu na cena pós-créditos seja um preparativo para o que a Capitã Marvel irá enfrentar em The Marvels.
Vingadores 5
É bastante clara a referência na cena pós-créditos quanto a um futuro filme de Vingadores 5. Depois de Ultimato, a equipe que era liderada pelo Capitão América se reduziu bastante e ao que parece está sendo formado um novo grupo com novos membros nele.
O manto do Capitão América já está com Sam Wilson, como pode ser visto em Falcão e o Soldado Invernal, que também já foi confirmado como o protagonista de Capitão América 4.
E ao término da cena pós-créditos houve praticamente uma confirmação por parte de Bruce Banner de que Shang-Chi fará parte do grupo dos Vingadores, mesmo que não tenha nenhum filme da franquia Vingadores sendo filmado ou anunciado.

Shang-Chi 2
E claro que não poderia ficar de fora uma futura sequência de Shang-Chi 2. Na cena que surge na metade dos créditos já é um preparativo para as produções da Marvel que virão pela frente, mas é possível ver logo no final o que ocorreu com Xialing e com a organização dos Dez Anéis.
Pode-se ver Xialing assumindo o controle do regime que antes era de seu pai, trazendo algumas mudanças em como as coisas eram antes. No fim da cena mostra que Os Dez Anéis irão retornar.
O que se pode concluir disso é que a organização dos Dez Anéis deve ser o vilão de Shang-Chi 2, tendo Xialing em seu comando.
Os fãs podem aguardar, portanto, o retorno de Shang-Chi em um filme solo ou até mesmo em uma série, mas não há nada definido por enquanto.
Crítica | Uma Noite de Crime: A Fronteira – Tentando colocar a Franquia no eixo
Quando uma franquia começa a se tornar longeva demais no cinema os produtores e roteiristas pensam em algo de novo que possa funcionar como uma faísca para futuros capítulos, aconteceu de forma equivocada em Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma (2015) quando a franquia já dava sinais de cansaço com o público e o mesmo ocorreu com muitas outras produções de terror. Uma Noite de Crime entra nesta categoria, até porque A Primeira Noite de Crime (2018), o quarto episódio das diversas sequências, é um tremendo equívoco e praticamente sufocou uma franquia que já vinha dando sinais de desgaste.
Em Uma Noite de Crime: A Fronteira, o quinto filme da saga, ocorre algo que já era esperado para os longas anteriores, mas que até agora não havia sido colocado em prática, que é uma trama que possa servir como um arco dramático para outra sequência, um sexto filme que já tem até Frank Grillo escalado para retornar. O problema de todas das as produções – com exceção do primeiro – é que eles acabaram se prendendo sempre à mesma premissa de fazer as pessoas saírem na rua e tomarem cuidado para não morrerem no dia do expurgo, por isso que houve uma tentativa de mudança para que esse quinto capítulo não soasse como um repeteco.
Já estava ficando muito batido e chato a história das continuações de Uma Noite de Crime, isso levando em conta que não dá para fugir muito do tema central, que é o de ver as pessoas saindo às ruas para se matarem, isso é algo certo que terá em quase toda sequência, mudando assim somente os protagonistas. Até o terceiro longa havia essa ideia, que acabou se mostrando uma saída preguiçosa para os roteiristas que não pareciam ter uma ideia nova para que pudesse dar maior vitalidade para a franquia. No quarto longa ocorreu de se filmar a origem do expurgo, apresentando a primeira noite de crime, que se apresentou bastante desastrosa para uma produção de origem.
Em A Fronteira há alguns temas que são tratados e que poderiam servir para um debate político e social mais profundo. Um deles é o de que o expurgo em si – como já foi mostrado em outros filmes da série - tem uma motivação política, já que o governo criou esse método das pessoas se matarem por apenas uma noite ao ano. Só que não há um aprofundamento da discussão a respeito do massacre de minorias em nenhum dos longas, trabalhando assim o tema apenas como pano de fundo para contar mais uma história sobre matança.
São poucos os filmes de terror que tentam passar alguma mensagem relevante para o espectador, e aqueles que conseguem discutir alguma realidade social com eficácia acabam sendo consagrados pelo público e pela crítica, casos recentes são Corra! e A Lenda de Candyman. E é exatamente isso que o quinto filme da franquia quis – ou tentou – debater, os temas da imigração ilegal, da violência nos EUA, um dos países que mais arma a população civil, e principalmente faz uma crítica em relação ao governo do ex-presidente Donald Trump.
O longa que coloca como protagonistas da história o casal mexicano Adela (Ana de la Reguera) e Juan (Tenoch Huerta) que entram de forma ilegal nos EUA para viver uma vida melhor, acabam sobrevivendo a noite sangrenta do expurgo, mas um grupo armamentista e nacionalista que tem como lema “expurgar para sempre” acabam continuando a noite de crime por dias e dias, até que nem o governo americano consiga mais impedir a morte desenfreada da população e leve o país a uma guerra civil com desdobramentos trágicos.
O grande problema está no fato de o diretor Everardo Valerio Gout (Marte) não se decidir se quer focar na questão política ou social e isso leva a realização de um debate vazio em alguns momentos, que poderia ter se tornado muito mais eficaz se tratado do jeito correto. Se percebe que situações envolvendo a imigração e população armada só estão ali mesmo para dar embasamento ao roteiro e tentar fugir da mesmice de sempre.
A crítica política é muito clara e evidente ao governo de Trump, não apenas no assunto da imigração ilegal, mas também em querer discutir a questão da população se armar com facilidade, criando um retrato parecido com o visto nos recentes ataques antidemocráticos que resultaram na invasão ao Congresso americano. Isso para não falar também dos crimes de ódio e preconceito proporcionado contra minorias e que são apresentados na película. O resultado dessa mistura de situações abordadas em Uma Noite de Crime 5 são de total caos e o cineasta tenta imaginar como seria caso algo do tipo acontecesse nos EUA, muito provavelmente o país iria entrar em uma guerra civil entre diversos grupos armados.
Ao retratar uma América em total destruição é válido dizer que esse é um dos pontos altos franquia, mesmo com o roteiro se resumindo apenas a essa narrativa, com discussões vazias e violência pura, violência essa que é o que realmente o público do gênero quer ver na tela. É elogiável que o roteiro tenha dado um passo a mais em alguns debates que antes nem eram apresentados na série de filmes e dando esperança para dias melhores nas futuras sequências.
Everardo Gout tenta focar menos na violência em si, não dando foco a cenas muito violentas e brutais, sempre concedendo cortes rápidos ou colocando a câmera em ângulos que privilegiem a ação e que mostre menos crânios sendo esmagados. A violência que o cineasta quer retratar é mais a do cotidiano que as minorias sofrem, o preconceito contra elas e como tudo isso está se tornando um barril de pólvora nos EUA.
A ideia de colocar o "expurgo para sempre" como lema dos vilões foi feito justamente para dar um ar mais radical para o grupo armado, só que o roteiro não deixa claro qual a real motivação desse grupo nacionalista ou se eles querem apenas matar quem pensa diferente deles ou se realmente querem só continuar o expurgo por continuar, claro que tem uma motivação por trás, mas ela não fica evidente. Outra falha também foi em não apresentar a origem dos antagonistas, parece algo muito organizado, mas não há mais detalhes sobre quem são essas pessoas.
Uma Noite de Crime: A Fronteira é uma tentativa aceitável de reformular uma franquia que estava perdida e não sabia qual rumo tomar, além de dar esperanças para que outros filmes continuem nessa linha do roteiro e mostrem um país emergindo na guerra total. O grande desafio é deixar o roteiro com menos furos e com uma mensagem que seja melhor passada para o público.
Uma Noite de Crime: A Fronteira (The Forever Purge, Estados Unidos, México – 2021)
Direção: Everardo Gout
Roteiro: James DeMonaco
Elenco: Ana de la Reguera, Tenoch Huerta, Josh Lucas, Leven Rambin, Cassidy Freeman, Alejandro Edda, Will Patton, Will Brittain, Sammi Rotibi,
Gênero: Horror, Ação
Duração: 97 min
https://www.youtube.com/watch?v=9o3bT-BpoRY&ab_channel=UniversalPicturesBrasil
Artigo | Os imortais da Marvel - Quem São os Eternos?
Os Eternos é a aposta da Marvel para inserir um grupo de personagens que até então não deram as caras em seu universo cinematográfico. Há apenas algumas possíveis sugestões do porque desses seres tão poderosos ainda não terem surgido nas telonas. Uma delas é a de que o estúdio talvez não tivesse confiança de que os heróis pudessem ter força suficiente para segurar um filme, mas diante dos últimos acontecimentos envolvendo suas produções - incluindo filmes e séries - e a necessidade de colocar em cena Os Celestiais e outros seres cósmicos que vivem no Universo, é que surgiu a motivação para fazer o filme de Os Eternos.
Neste artigo iremos contar de forma breve a origem dos Eternos nas histórias em quadrinhos. Confira:

A Origem dos Eternos
Os Eternos são uma raça de humanóides derivada dos Celestiais, foram eles os primeiros habitantes da Terra. Esses seres alienígenas conhecidos pelo nome de Celestiais manipularam geneticamente esses seres humanóides em sua primeira visita ao planeta Terra. Há várias gerações de Eternos, que geralmente são classificados em hordas. A versão do cinema irá mostrar uma destas gerações.
O objetivo destes deuses intergalácticos ao criarem os Eternos era o de dar a missão para esses seres de se tornarem defensores da Terra, o que acaba fazendo com que eles se confrontem contra os Deviantes, conhecidas figuras com comportamentos destrutivos.
Há séculos que Os Eternos protegem o planeta Terra dos Deviantes, que também foram criados pelos Celestiais. Outra missão dos heróis é o de ajudar no processo de ter que guiar a humanidade em uma direção certa, fazendo isso em total segredo, sem se meter na vida dos humanos. Claro que acaba por esse segredo muitas vezes não ser bem guardado, tendo relatos de que alguns dos Eternos foram idolatrados como deuses pelos humanos.

Após realizar uma visita ao planeta Terra, os Celestiais fizeram diversas experiências envolvendo o DNA humano e assim acabaram por criar duas ramificações, que são Os Eternos e Os Deviantes. O primeiro grupo recebeu a imortalidade como “presente”, enquanto que o segundo acabou se deformando devido ao DNA instável. Ao que parece essa origem podem mudar um pouco no MCU, transformando o grupo de heróis em seres tão antigos a ponto de terem descoberto a Terra há cerca de milhares de anos. Thanos, o Titã, pertence família dos Eternos/Deviantes.
De acordo com o que saiu sobre o filme e segundo sua própria sinopse, os seres saíram de seus esconderijos após os acontecimentos em Vingadores: Ultimato. Thena, que é interpretada por Angelina Jolie no longa, é prima de primeiro grau de Thanos nas Hqs.

Thanos e Os Eternos
Nas hqs, Os Eternos acabaram transformando a Terra em sua morada após a sua criação. Porém, os líderes Cronos e Uranos acabam por entrar em uma guerra civil para decidir quem realmente deveria liderar o grupo. Uranos acaba por ser derrotado e leva parte dos Eternos para o espaço e acabam por se estabelecer em Titã.
Cronos então acabou por experimentar energia cósmica e morreu, antes concedeu a todos os Eternos a capacidade de poder manipular a força cósmica. Com a morte de Cronos um novo líder foi escolhido para o grupo de heróis. Dos filhos de Cronos, A'lars e Zuras, acabou de o primeiro ser derrotado e foi embora da Terra em direção à Titã. Lá encontrou um cenário de total desolação, com o local totalmente em ruínas, mas tendo uma sobrevivente: Sui-San. Então A'lars e Sui-San acabaram por repovoar o planeta e tiveram um filho chamado Thanos. Na Terra, Zuras teve uma filha, chamada Thena.
A grande questão nisso tudo é que Thanos nasceu com a Síndrome de Deviante, algo parecido com o gene mutante visto em muitos que compõem o grupo dos X-Men, mas nesse caso servindo para Os Eternos e Deviantes. Justamente por esse motivo que Thanos tem o seu rosto deformado e também é muito forte. Não se sabe até agora quanto desta narrativa das hqs poderá ser visto no filme, mas como em sua está sendo usada a história de Vingadores: Ultimato como pano de fundo, é muito provável que algo apareça na trama a respeito de Thanos.
Esse foi apenas um rápido resumo dos acontecimentos e como eles ocorreram nas Hqs. É muito provável que Os Eternos sirva mesmo como pontapé inicial para que surjam outros alienígenas e seres cósmicos poderosíssimos. Galactus e os Skrulls são os mais prováveis próximos vilões a serem combatidos, mas por enquanto nada foi definido no MCU.
