Crítica | Em Chamas - Um Excelente Exemplar do Cinema Sul-Coreano
Pode não parecer de início, mas Em Chamas (Lee Chang-dong) não é apenas um filme de drama, é também um filme de mistério, lembrando em alguns momentos um suspense de primeira em que há um segredo central e dessa forma desenvolvendo toda a trama principal. O protagonista é Jong-su (Yoo Ah In), um rapaz simples e solitário que encontra por acaso uma antiga amiga chamada Hae-mi (Jong-seo Jeon). Logo os dois voltam a sair juntos, há um inicio de relacionamento entre os dois, e uma terceira pessoa aparece para assim compor o trio de amigos que se encontram ocasionalmente.
O aparecimento desse terceiro elemento, até então desconhecido, muda tudo o que a trama havia proporcionado ao telespectador, e essa mudança é que deixa o longa mais fascinante ainda. A chegada de Ben (Steven Yeun, o Glenn de Walking Dead), traz de início certa harmonia para Hae-mi e Jong-su, mas na mesma proporção que Ben é apresentado como um homem de múltiplas facetas - cozinha, é rico, têm muitos amigos e faz muitas viagens - Hae-mi e Jong-su são apresentados como pessoas pobres, com problemas familiares e vivem entre o tédio do dia a dia e de prazeres momentâneos.
Até a chegada de Ben, o diretor Lee Chang-dong (Poesia) trabalha a hipótese do longa ser apenas um drama sobre relacionamentos e em alguns momentos parece até mesmo um filme sobre amizade, o diretor perde um bom tempo desenvolvendo essa amizade, primeiro entre os dois personagens centrais e depois com o amigo recém chegado. Nesse tempo vai nos mostrando também como é a relação deles com suas famílias, além de dar um ar de mistério em relação ao personagem de Ben. Mas é aí que vem a espetacular mudança de roteiro.
Essa mudança consiste no sumiço de Hae-mi e o diretor começa a focar na busca de Jong-su em tentar descobrir o que aconteceu com sua amiga. Há várias possibilidades apontadas pelo roteiro, ou ela fez uma viagem ou algo de mais sério aconteceu com a garota. É fantástico o jeito que Lee Chang-dong trabalha essa mudança repentina, pois o suspense começa a tomar conta do filme e até passa-se a criar certos momentos de tensão, feitos para nos mostrar qual o paradeiro dela. Claro que toda essa transformação em relação a atmosfera vem da criação de um possível vilão.
Seria errado cravar quem é o assassino e até mesmo se foi assassinato, ou simplesmente Hae-mi fugiu ou sumiu por algum outro motivo. O diretor não diz com certeza quem é esse assassino, deixa uma duvida no ar se aquilo seria a imaginação do protagonista ou se era real. Lee Chang-dong acerta em criar esse um possível vilão (se levar em conta que existe um). O vilão é muito bem construído, a começar pelo sorriso cativante que diz muito sobre o personagem, com seu carisma passa a imagem de ser um homem legal, bacana e acima de qualquer suspeita. A todo instante surge com aquele sorriso de bom amigo prestes a ajudar a quem precise. A questão a se colocar é qual o motivo de tanta alegria. Há duas possibilidades: ou seria ele uma pessoa muito feliz ou seria ele apenas um dissimulador.
Essa questão da duvida é que engrandece Em Chamas. Até a chegada do final havia uma possibilidade de certeza em relação a quem era o assassino, mas foram tantas dicas dizendo o contrário que fica no ar uma discussão de quem realmente cometeu tal crime. O final aberto é uma decisão fantástica tomada pelo diretor, ele fecha o ciclo dos personagens, mas não diz o que foi tudo aquilo apresentado até então, diferente, por exemplo, do filme Os Suspeitos em que há a duvida em quem cometeu o crime e o diretor resolve nos mostrar quem o cometeu de fato. Aqui não há essa decisão e ela é acertada, ajuda a deixar um clima de duvida que faz com que o telespectador esmiúce tudo que foi presenciado até o momento.
Essa ousadia, não apenas em relação ao final, mas também em transformar uma história tão simples em algo tão elaborado e diversificado é trabalho do diretor e do ótimo roteiro, ambos assinados por Lee Chang-dong (no roteiro com participação de Haruki Murakami). A forma com a qual trabalha a narrativa pode fazer com que pareça ser um filme parado, ou até mesmo enrolativo e chato, mas nada disso é verdade. Tudo que é apresentado na trama faz algum sentido e serve para ajudar a desenvolver os personagens e a dar uma noção do que está acontecendo. Em alguns momentos utilizam de métodos que ajudam a enganar o telespectador jogando para um lado ou para o outro o real motivo do desaparecimento de Hae-mi.
A mensagem de Em Chamas existe, mesmo não parecendo haver uma. Esta mensagem está oculta e é carregada e levada em conta com relação à vida de todos os personagens que aparecem. Há, por exemplo, a questão da solidão não apenas dos cidadãos da Coréia do Sul, mas também o isolamento em relação à Coréia do Norte, dois países com o mesmo nome, mas separados por questões políticas, há também um tom de perigo, demonstrado com uma cena em que Trump aparece falando na tv. E ainda há a vida cotidiana dos personagens, todos vivem solitários, sem se relacionar e mesmo quando se relacionam é de modo superficial.
O diretor trabalha belamente o conceito de solidão. Ben é irreverente, vive encontrando com amigos e tem bastante dinheiro para alguém de sua idade, em contraponto aos dois protagonistas que são sozinhos, sem amigos e vivem sem dinheiro O melhor amigo de Jong é um bezerro e quando vai às reuniões de amigos de Ben vive na dele, sem proferir uma palavra. O sorriso de Ben contrasta bastante com o de Jong-su, pois não há do que dar risada sem motivo aparente, Jong vive no mundo dele de solidão e abandono.
O cinema sul-coreano sabe como ninguém trabalhar narrativas, sendo em Oldboy (Park Chan-wook) ou mesmo no recente O Lamento (Hong-jin Na), histórias bem amarradas e diversificadas, sempre colocando um toque de suspense durante a trama e possivelmente com um final arrasador que muda toda a trajetória dos personagens criada até então. Dificilmente se encontra uma produção do país com problemas em relação a narrativa o que mostra como as produções sul-coreanas só crescem no cenário cinematográfico. Em Chamas é apenas mais um exemplar de como o país está a frente em muitos quesitos nesse cenário cultural.
*Esse filme foi visto durante a 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Em Chamas (Beoning, Coréia do Sul – 2018)
Direção: Chang-dong Lee
Roteiro: Jungmi Oh, Chang-dong Lee, Haruki Murakami (livro)
Elenco: Ah-In Yoo, Steven Yeun, Jong-seo Jeon, Soo-Kyung Kim, Seung-ho Choi, Seong-kun Mun
Gênero: Drama, Mistério
Duração: 158 min
https://www.youtube.com/watch?v=L6hung_VlYo
O que é verdade e o que é mentira em Legítimo Rei
(Spoilers)
A netflix investiu em uma produção que é continuação de uma das histórias mais clássicas a respeito do gênero medieval. Trata-se de Legítimo Rei, filme conta a história de Roberto de Bruce em um momento em que os escoceses se entregavam aos ingleses e prometiam não mais se rebelar contra a coroa. Nesse tipo de produção é comum haver informações imprecisas em relação ao fator histórico e iremos debater se questões apresentadas no longa são ou não verdadeiras.
Coração Valente x Legítimo Rei
William Wallace foi capturado pelo exército britânico e morto em Londres no ano de 1305 por confrontar o reinado inglês. Em Legítimo Rei, com pouco mais de vinte minutos de filme, aparece Roberto de Bruce indo à cidade entregar os tributos aos ingleses e lá se depara com um tumulto. Esse é o exato momento em que William Wallace está sendo executado, aquele braço preso a uma parte de seu peito havia acabado de ter sido cortado, por isso que a população estava revoltada. Aquele momento serve para nos mostrar que Roberto caiu na realidade com as crueldades feitas pela Inglaterra aos escoceses e serve para dar início ao seu plano em se rebelar contra a coroa.
Em Legítimo Rei não mostram o que ocorreu com William Wallace, pois tal fato já havia sido retratado em Coração Valente e não haveria necessidade de mostrar tal cena novamente. A morte de William Wallace foi muito mais cruel do que a retratada de fato em Coração Valente. Deixado nu, William foi arrastado por cavalos pelas ruas de Londres e só depois foi esquartejado, suas partes internas foram retiradas e só depois cortaram sua cabeça, sendo então desmembrado em quatro partes. Essas partes de seu corpo foram enviadas para quatro cidades inglesas para serem expostas e sua cabeça foi colocada em uma lança na Londo Bridge.
Roberto de Bruce e o Juramento ao Rei Eduardo I
No início de Legítimo Rei podemos ver Roberto de Bruce ajoelhado junto a seu pai e outros nobres da Escócia jurando lealdade aos ingleses e isso de fato ocorreu na história. Só que na produção não há um salto temporal, parece que logo a partir desse ato que Roberto começou a se rebelar e não foi bem assim. Em 1303 ocorreu a invasão da Escócia pelo exército inglês e em 1304 todos os nobres (com exceção de William Wallace que estava se escondendo) se renderam ao rei Eduardo I, a rebelião em de Bruce só aconteceria em 1305. No longa precisaram correr para dar maior agilidade ao roteiro.
O Assassinato de John Comyn
John Comyn era um dos principais nomes para se tornar rei da Escócia. Há duas histórias para esse ato que realmente aconteceu. O primeiro diz que Comyn traiu um trato que tinha com Roberto de Bruce, ambos haviam feito um acordo em que Comyn não teria mais direito ao trono em troca das terras de Bruce, isso no caso de Bruce começar uma rebelião contra os ingleses. Comyn teria levado a notícia da rebelião aos ingleses e Roberto teria descoberto tudo e em 1306 o esfaqueou. O segundo relato dessa história diz que Roberto de Bruce se reuniu com John Comyn e desde o momento que o viu já estava com o intuito de matá-lo para assim conseguir acesso ao trono escocês, da mesma forma que foi relatado no filme. Só que não há uma exatidão em saber quais das duas histórias é a real. O longa foi pelo caminho da morte certa de Comyn se segurando em documentos históricos ingleses que mencionam o acontecimento.
As Crueldades de Eduardo II.
O Rei Eduardo II (também conhecido como Príncipe de Gales) é o principal vilão em Legítimo Rei só que não há provas históricas que o mostrem como o ser maldoso retratado no longa. Há relatos históricos que mostram ele tratando bem os trabalhadores do castelo e até mesmo o tratamento digno a pessoas de classes mais baixas. Em seus últimos anos como Rei teve sim momentos de tirania e quando era Príncipe de Gales era tido como uma pessoa largada e que deixava seus serviços em segundo plano.
James Douglas e a Reconquista do Castelo
O momento em que Douglas entra em seu castelo e arma uma arapuca para os soldados que ali estão é uma das cenas mais impressionantes do longa e ela também ocorreu. Há uma riqueza de detalhes que foi mantida em relação ao que realmente aconteceu. James Douglas havia pedido para o rei Eduardo I suas terras e o castelo de volta, algo que foi negado pelo rei. No ano de 1307 Douglas e alguns homens entraram sorrateiramente no castelo e esperaram até que os soldados entrassem para rezar na igreja e então começou o massacre em que Douglas gritou seu nome várias vezes. Alguns soldados foram mortos e outros pegos de reféns. No filme é mostrado que esses soldados seriam mortos e arremessados no poço, só que na história aconteceu algo pior tendo terminado com os soldados decapitados e suas cabeças jogadas nos porões.
A Vitória em Loundoun Hill
A Batalha de Loundoun Hill marcou o início da vitória de Roberto de Bruce sobre a coroa inglesa. No filme é mostrado que ele enfrenta as tropas de Eduardo II e de Aymer de Valence, acontece que apenas Aymer estava em combate tendo sido derrotado por Bruce, algo que não havia acontecido em um primeiro confronto em que Bruce saiu derrotado em Methven. A Batalha de Loundoun Hill foi muito importante, pois marcou a primeira grande vitória de Bruce sobre os ingleses.
O Confronto entre Roberto de Bruce e Eduardo II
Essa é uma das maiores incongruências históricas relatada no longa, justamente por não ter acontecido. O famoso Príncipe de Gales não estava em Loundoun Hill na época que o combate ocorreu. Na verdade ele estava no sul, longe da batalha que ocorria no norte. Eduardo II se deslocou para o norte após a derrota de Aymer em Loundoun Hill. Nesse cenário só é verdade aa morte de Eduardo I que realmente ocorreu enquanto iam em direção ao norte. Não diz no filme, mas o então atual rei da Inglaterra morreu de disenteria.
The Walking Dead | Quem são os Sussurradores?
The Walking Dead voltou com tudo na nona temporada e o até então vilão da sétima e oitava temporada Negan será fichinha perto do real perigo que o grupo residente de Alexandria, Hilltop, O Reino e Santuário está prestes a vivenciar. Em seu último episódio passado na tv (sexto episódio) a série já deixou um gostinho de quero mais nos fãs com o tão aguardado aparecimento dos Sussurradores.
No episódio da tv Rosita e Eugene estavam colocando uma antena receptadora de sinais quando foram surpreendidos por uma grande horda de zumbis que estranhamente havia mudado de rota, algo não muito habitual se levado em conta que zumbis só seguem sons em grande volume. Eis que os dois personagens fogem do grupo de mortos-vivos, mas ao término do episódio ouvem um sussurro vindo da direção dos zumbis. Esse é o grupo dos Sussurradores e eles agem se infiltrando no meio de outros zumbis e vivem como se fizessem parte deles.
(Spoilers)
Na História em Quadrinho
Nas hqs os sussurradores aparecem como seres animalescos, que decidiram viver entre os zumbis por acreditarem que esse seja o estilo de vida natural em um mundo repleto de mortos-vivos. Matam de forma sanguinária todos que aparecem pelo caminho, geralmente não deixando nenhum sobrevivente. Os integrantes do grupo pegam as peles dos zumbis e usam um método de higiene criado por eles próprios para poderem usar as peles sem se contaminar e vestem essas peles e saem a caça.
Os sussurradores são liderados pela cruel líder Alpha, uma mulher com extinto assassino e como dito acima muito pior do que Negan. Alpha tem uma filha chamada Lydia, a qual não está nem aí para o que aconteça ou façam com ela, Alpha acredita que os extintos primitivos tenham que ser colocados para fora em um mundo sem lei.
Carl acaba por se apaixonar por Lydia e acaba sendo levado pelo bando de Alpha, Rick logo vai atrás do filho e acaba por salvá-lo. Enquanto voltavam para o acampamento encontram na fronteira doze estacas com doze cabeças colocadas em suas pontas. Nestas lanças estão algumas cabeças de personagens conhecidos, como a do Rei Ezekiel, do Padre Gabriel Stokes e de Rosita. Claro que a série não segue com exatidão os fatos que ocorreram nas hqs. Provavelmente a matança de forma cruel irá ocorrer na tal feira já citada por Ezekiel no episódio seis da nona temporada e outros personagens devem morrer no lugar dos que morreram na hq. Outra mudança deve ser em relação ao par romântico de Lydia que em vez de se apaixonar por Carl (já morto na série) irá se apaixonar provavelmente por Henry (Matt Lintz).
A primeira aparição dos sussurradores aconteceu na revista em quadrinho de edição nª 130 e impressionaram a todos logo de início, pois é no mínimo bizarro encontrar zumbis que sussurram, já na série, com a mudança de roteirista, provavelmente irão manter o teor de terror mostrado nas revistas.
Lista | As 10 Criações Mais Importantes de Stan Lee
Stan Lee é um mito da cultura pop e é impossível andar por aí sem tropeçar em alguma de suas criações que estão em camisetas, materiais escolares, livros, revistas em quadrinhos, filmes e muitos outros produtos a se perder de vista. Criou uma verdadeira indústria dos super-heróis ao criar personagens icônicos para a Marvel que hoje só está no patamar que está graças as suas criações. Stan Lee criou grupos de heróis importantes para as hqs e que hoje são usados no universo cinematográfico da Marvel, além de ter seus personagens no imaginário de muitas pessoas. Stan Lee está na história da cultura pop assim como seus personagens. Devido a sua importância elaboramos uma lista com suas maiores criações nos quadrinhos.

10. S.H.I.E.L.D.
Stan Lee criou inúmeros de seus personagens e grupos de heróis em parceria com o ilustrador Jack Kirby. A S.H.I.E.L.D. é uma criação da dupla e tem como objetivo manter a ordem no mundo. Não é um grupo de super-heróis, mas sim de super agentes considerados como a última defesa do mundo contra invasores externos, além de auxiliar e ficar de olho nos heróis da Terra e de outros mundos. A primeira aparição da organização aconteceu no ano de 1965 na hq Strange Tales n°135 e a definição da sigla S.H.I.E.L.D. que no original é Strategic Homeland Intervention Enforcement Logistics Division no Brasil foi traduzido para Superintendência Humana de Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão.

9. Homem de Ferro
Com o auxílio do roteirista Larry Lieber e de desenhistas habilidosos como Don Heck e Jack Kirby, Stan Lee criou um dos personagens mais interessantes do universo Marvel. Assim como a maioria dos heróis criados por Stan Lee o Homem de Ferro é um super-herói humano, com fraquezas e sendo possível ser derrotado, além de contar com grande carisma. Centrado no playboy e empresário Tony Stark (no cinema interpretado por Robert Downey, Jr.) logo se tornou um ícone não apenas do universo cinematográfico da Marvel, mas também pelos fãs das hqs. Herói foi criado no ano de 1963 e sua primeira aparição ocorreu na história Tales of Suspense n°39 (no Brasil essa história foi publicada em Heróis da TV n°100)

8. Hulk
Hulk (também conhecido como O Incrível Hulk) é um dos personagens mais complexos do Universo Marvel. Se por um lado temos Bruce Banner, um homem inteligente, sensível e racional por outro temos uma besta irracional e sem emoção que é o próprio Bruce Banner transformado no homem verde chamado Hulk. Criação de Stan Lee com desenhos de Jack Kirby apareceu pela primeira vez na revista em quadrinho intitulada The Incredible Hulk n°1 no ano de 1962. A origem do herói já foi contada em diversas produções e ultimamente faz parte dos Vingadores no universo cinematográfico da Marvel.

7. Homem-Aranha
Outra criação da dupla Lee e Steve Ditko é também uma das mais queridas pelo público e pela crítica, tendo aparecido nos cinemas em mais de sete filmes desde os anos 2000, desde que a Marvel começou a levar seus personagens para a telona (época que vendeu os direitos para a Sony). A primeira vez que apareceu foi na hq Amazing Fantasy nº15 e logo de início já se mostrou como um herói humano, com problemas no dia a dia e tendo Peter Parker, um rapaz que vivia com os tios retratado como um perdedor ou uma pessoa comum. Isso ajudou a fazer com que o Homem-Aranha se transformasse em um personagem amado logo de imediato.

6. Thor
Um dos Vingadores mais poderosos do Universo Marvel foi outra cooperação entre Stan Lee e Jack Kirby. A primeira aparição do herói ocorreu na hq Journey into Mystery nº83, no ano de 1962. Stan Lee sempre quis criar um personagem que fosse uma divindade e Jack Kirby gostava bastante de mitologia que resolveu colocar no personagem esse seu fascínio pela cultura nórdica. É um dos personagens mais importantes do universo cinematográfico da Marvel contando com três filmes solos como protagonista e aparecendo com grande destaque no arco dos Vingadores no cinema.

5. Doutor Estranho
Um dos últimos heróis a se juntar aos Vingadores no universo cinematográfico tem sua importância e também foi uma criação do mestre Lee, a diferença é que o desenho foi feito por Steve Ditko e não Jack Kirby. Sua primeira aparição ocorreu na hq Strange Tales nº110 em 1963. Se a S.H.I.E.L.D. é a defensa na Terra contra ameaças alienígenas Doutor Estranho é o defensor na Terra contra a ameaça de seres místicos e com poderes mágicos. No filme recente Vingadores: Guerra Infinita (interpretado por Benedict Cumberbatch) teve papel central ao descobrir em qual realidade seria possível a vitória sobre o louco de Titã Thanos.
4. Nick Fury
S.H.I.E.L.D. e Nick Fury se complementam e é difícil imaginar a super organização de agentes sem seu famoso chefe. Pelo incrível que pareça a S.H.I.E.L.D. só foi criada dois ano depois de Fury, em 1965. Nick Fury apareceu pela primeira vez na hq Sgt. Fury and his Howling Commandos e era um veterano do exército na Segunda Grande Guerra, mas com o tempo a Marvel trabalhou o personagem e mudou seu conceito o transformando em um espião capaz de mandar e desmandar nos heróis.

3. Quarteto Fantástico
Atualmente escanteado pelo universo cinematográfico Marvel por conta da venda dos direitos autorais para a concorrência o Quarteto Fantástico é um dos grupos mais poderosos da Marvel e com certeza um dos mais importantes. A estreia nas hqs ocorreu em The Fantastic Four nº1 no ano de 1961 e foi o primeiro grupo de super-heróis criado pela parceria entre Jack Kirby e Stan Lee. Foram mais de 90 números em que a dupla trabalhou criando as histórias do quarteto mais famoso das hqs. O principal trunfo foi colocar uma família no papel de protagonistas e não um grupo de desconhecidos que se reúne para enfrentar o perigo.

2. X-Men
Os X-Men é sem dúvida alguma uma das maiores criações da dupla Jack Kirby e Stan Lee. Apareceram pela primeira vez em 1963 na revista The X-Men nº1, mas não emplacou de imediato. Foi depois de algum tempo que o grupo começou a aparecer com destaque e a se ter um papel central nas hqs. É com certeza o grupo mais diversificado em relação a etnias e suas histórias nas hqs debatiam a luta por conquista de direitos civis, mostrando os mutantes sendo vistos como aberrações pela sociedade e que eram caçados por esse motivo.

1. Os Vingadores
Com certeza um dos grupos mais queridos e mais famosos de Lee. Nas histórias em quadrinhos sempre foram bastante conhecidos pelo público, mas os X-Men ainda contavam com mais fama, só a partir do momento que foram para os cinemas que Os Vingadores realmente ganharam a atenção do grande público. O grupo consiste na união de vários personagens conhecidos que se reúnem para lutar contra as forças do mal e foram criados por Stan Lee com desenhos de Jack Kirby. O grupo foi criado também em 1963 e a ideia por trás da criação seria a de confrontar o grupo de heróis da concorrente DC que havia criado a Liga da Justiça.
Crítica | Legítimo Rei - O Legado de William Wallace
Mel Gibson interpretou em Coração Valente um glorioso guerreiro chamado William Wallace, só que o jeito que a produção terminou sempre deixou um gostinho de quero mais nos fãs da saga do herói que tentou libertar a Escócia das mãos dos ingleses. A netflix resolveu tirar do papel a continuação e mostrar o que aconteceu depois do final trágico com o personagem e agora apresenta em Legítimo Rei os caminhos feitos por outro herói local.
Roberto de Bruce (Chris Pine) é o protagonista da trama e o Rei que dá nome ao longa. Foi ele o responsável por conquistar a independência da Escócia dos domínios da Inglaterra via batalhas bastante sangrentas. Na produção, Roberto é mostrado como um rei que ambiciona não o poder, mas a vontade de trazer a paz e a de acabar com as injustiças cometidas pelos ingleses contra seus conterrâneos. Essas atrocidades realizadas pela coroa inglesa é um fator que funcionou bem em Coração Valente e que é usado novamente em Legítimo Rei.
O roteiro praticamente utiliza das mesmas façanhas feitas pelo antecessor William Wallace, mostrando como Roberto se organizou para enfrentar os ingleses, de onde veio a ideia de se rebelar, e principalmente, mostrando as maldades praticadas pelo reinado de Eduardo e pelo seu filho cruel Eduardo II. Tudo isso apresentado no mesmo estilo de Coração Valente e Gladiador. Em um primeiro momento Roberto parece ter uma motivação menor que a dos personagens dos longas citados, mas depois há uma mudança de roteiro em que Roberto descobre que sua família está em perigo e só assim começa a agir.
O principal problema de Legítimo Rei é com o ritmo adotado para contar a história, No primeiro ato desenvolvem sua vida em uma Escócia novamente sob os braços da Inglaterra, seu casamento arranjado e o início da rebelião, já no segundo ato mostram as estratégias de Roberto para conseguir um exército até chegar ao terceiro ato em que o confronto realmente acontece. Os momentos mais interessantes, que são quando ele busca um novo exército e quando entra em confronto o diretor (David Mackenzie) conta essa jornada de forma rápida, situações que são interessantes e que poderiam ser facilmente alongadas. Tudo no filme é mostrado até que de forma rápida e ágil, mas sempre se enrola em algo desnecessário, como com seu relacionamento ou a ida a lugares ermos que não levam o personagem a lugar nenhum, deixando assim a produção com momentos bastante maçantes.
Essa velocidade em apresentar a ação da trama acontece pelo fato da produção ter apenas duas horas, algo que não ocorreu em outros filmes de época como Gladiador e o próprio Coração Valente, ambos com mais de duas horas de duração, tendo assim um tempo razoável para trabalhar os personagens e toda a história do conflito, coisa que não acontece com Legítimo Rei. Há uma necessidade em correr em certos fatos que se fossem mais bem trabalhados dariam maior força para o roteiro.
Para segurar o público há a tentativa da criação de um vilão que de imediato não funciona, demora para que Eduardo II (Billy Howle) realmente se torne um assassino, saindo punindo pela Escócia todos aqueles que ajudaram Roberto de Bruce. Só que as crueldades de Eduardo II - quando começam a acontecer - são mostradas também de forma rápida e praticamente nem há muito tempo de se trabalhar esses atos. O Rei Eduardo (Stephen Dillane) aparece como um tirano desde o início, é apresentado como um homem que quer manter a Escócia sobre as asas da Inglaterra, mas usando o terror como método de união. Essa necessidade em mostrar Eduardo e Eduardo II como um tirano faz sentido para dar mais razão para que Bruce busque a independência, pois não há povo que resista tanto tempo por injustiças praticadas contra os seus iguais.
David Mackenzie (A Qualquer Custo) tira o pé em algumas cenas de violência, dando destaque apenas para alguns atos praticados por Eduardo II. Não que não tenha cenas sangrentas em Legítimo Rei, elas existem, mas o diretor as mostra de forma rápida, ou com cortes ágeis ou virando a câmera para o lado e tirando o foco do sangue, como ocorreu na cena em que matam o irmão de Roberto. O mesmo acontece nas batalhas, o sangue jorra por todo o lado, mas novamente o foco não está em mostrar cabeças rolando ou outros membros sendo retalhados.
São poucas as cenas de luta, com dois confrontos sendo feitos pelos homens de Roberto contra os ingleses e a batalha final que dura pouco mais de dez minutos minutos. Os confrontos para retomarem os castelos são feitos de forma ágil e o mesmo se diz para a última batalha, que poderia ter sido melhor trabalhada, não é tão grandiosa quanto a Batalha dos Bastardos que ocorreu em Game of Thrones. Em alguns momentos há tanta lama que fica difícil distinguir quem é quem, fora o fato dela ser bastante mal filmada, com cortes rápidos e a câmera tentando focar na ação que está acontecendo.
A produção trabalha com elenco reduzido, algo que facilita na hora de contar a história. O personagem que recebe maior destaque é Chris Pine (Mulher-Maravilha) que interpreta o futuro rei da Escócia e outros personagens secundários não tem muito destaque, como o próprio futuro Rei de Gales (Eduardo II) e Aaron Taylor-Johnson (Animais Noturnos), que interpreta Douglas e que é o principal destaque nas cenas de luta e que até o momento estava apagado, poderiam ter o colocado em mais cenas de destaque. Aaron Taylor-Johnson se sai melhor que Chris Pine em interpretação, dando maior sentimento para Douglas e lembrando que estamos em uma trama que gira em torno de sacrifícios e mortes.
Apesar de ser uma produção que não se aprofunda em algumas questões de época ainda assim funciona em passar sua mensagem e mostrar como foi a jornada do herói Roberto de Bruce. A direção de David Mackenzie é ótima e segura o filme em momentos que não dariam em nada, ainda mais no sentido de trabalhar ângulos de câmera que muito provavelmente outro diretor não iria ter coragem de trabalhar em uma produção de época. Não há cortes secos, há sim planos sequências ótimos que ajudam a dar dinamismo às cenas e mostram como Mackenzie tem uma visão diferenciada no jeito de filmar e pensar a história.
É uma produção de época que se segura bastante no mito de William Wallace, mesmo ele já estando morto em Legítimo Rei é citado em alguns momentos e até mesmo os seus membros aparecem rapidamente para mostrar em que época está situada a trama e o que aconteceu com o corpo do herói escocês após a sua morte. Esse fato é um acerto, já que o personagem de Roberto de Bruce não tem força o suficiente para segurar a narrativa, fora o fato de ser um personagem desconhecido do público que é fã não apenas de Coração Valente, mas de filmes de época também. Quem espera assistir a um longa de guerra ficará frustrado, pois ele é na verdade uma produção que mais pensa em contar como foi a rebelião de Roberto e como os escoceses começaram a vencer a Inglaterra para então se tornar uma nação que seria a Escócia no futuro.
Legítimo Rei (Outlaw King – EUA/ Reino Unido, 2018)
Direção: David Mackenzie
Roteiro: Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudol, Ezra Miller, Jude Law, Johnny Depp, Zoë Kravitz, Carmen Ejogo
Elenco: Chris Pine, Stephen Dillane, Rebecca Robin, Billy Howle, Tony Curran, James Cosmo, Aaron Taylor-Johnson
Gênero: Ação, Biografia, Drama
Duração: 121 min.
https://www.youtube.com/watch?v=_BRurvEChOc
Crítica | O Grinch - Uma Ótima Animação Sobre o Natal
Difícil encontrar uma pessoa que não goste de celebrar o natal, época de se encontrar com familiares e amigos e de trocar presentes. Mas há aqueles que encontram o lado negativo na data festiva, e em O Grinch (Scott Mosier e Yarrow Cheney) nos é apresentado um dos personagens mais intolerantes ao período. A animação, produzida pelo estúdio Illumination (Minions), acerta no teor leve dado a história e o jeito em que trabalha o protagonista, além de trazer uma mensagem interessante de amor e união.
O Grinch é inspirado no livro de Dr. Seuss (Lorax, Horton) e é uma obra bastante fiel ao trabalho do autor. Produções inspiradas em livros com histórias clássicas geralmente mudam bastante o teor do que é mostrado na obra original e O Grinch consegue ser fielmente reproduzido do jeito que é apresentado no livro, algo que não ocorreu com a versão de 2000 com Jim Carrey e de mesmo nome, que além de ser um longa horroroso foi também mal adaptado.
Na trama, O Grinch é Um Quem e vive isolado próximo à Whoville, não tem amigos nem companhia para o dia a dia, apenas um pequeno cão que tenta de todas as formas se divertir e alegrar o ambiente em que está, mas sempre é repreendido pelo ser verde. Grinch é anti-social, não curte felicidade e com a proximidade do natal tudo fica ainda pior. Eis que cria o mirabolante plano de roubar o natal de todos, se tornando assim um papai noel às avessas.
A ideia central do longa pode parecer batida, pois muitas produções já retrataram que há sim indivíduos que não curtem tanto o natal, como o monstro em Krampus: O Terror do Natal e Jack de O Estranho Mundo de Jack, seres que assim como Grinch fazem do natal um período de caos e terror. O discurso do filme é bem construído quanto a isso e a mensagem também é bem desenvolvida.
É uma mensagem óbvia, mas de fácil assimilação para quem assiste, ainda mais que o foco da produção é o público infantil, dessa forma uma mensagem em que o ódio é vencido pelo amor e pela amizade faz com que esse público se espelhe no que é passado. Os diretores desenvolvem bem os diálogos quanto a isso, fazendo com que as emoções dos personagens passem de felicidade para tristeza e depois de tristeza para felicidade, causando uma comoção no telespectador.
Essa desconstrução do natal é algo que se for trabalhado de forma errada pode fazer com que uma boa ideia saia totalmente pela culatra. Pelo motivo do natal ser um período de alegria é bastante importante que ele não termine de forma negativa e essa desconstrução do natal serve não apenas para contar a história, mas também para moldar o caráter do protagonista. Esse fato apresentado empurra o filme para a frente, dando já um belo pretexto para o seguir assistindo.
O Grinch por essência é desse jeito azedo e nos dois primeiros atos do longa há a construção de seu personagem, mostrando ter sim um lado humano sob aquele aspecto malvado e ainda nos é mostrado a origem de tanta negatividade. Há um trauma infantil que passou quando criança e que o transformou nesse ser horrendo, mas ele é trabalhado de forma rápida, sem dar maiores detalhes e mesmo sendo assim tão ágil em mostrar suas origens consegue emocionar e tirar lágrimas.
Essa escolha em contar a origem do mal é importante e dá maior força ao personagem e o ajuda a construir sua imagem. É natural que por ter sofrido um trauma tão forte o leve a ser um adulto do jeito que é: sem se importar com os outros e a se manter isolado do convívio social. Os diretores utilizam uma garota (Uma Quem) para despertar o lado alegre em Grinch e a mostrar que o natal pode sim ser um período de diversão.
Não há novidade no jeito que o longa cria a história nem na forma de criar seu protagonista. Segue a mesma fórmula de sucesso consagrada pela própria Illumination e apresentada em Meu Malvado Favorito e Minions. O formato segue o mesmo estilo destas produções em criar um vilão ou antagonista mal-humorado ou com ambições de criar o caos por onde passa e que se redime de seus atos após entender que o ódio não leva a nada.
O dono do filme sem dúvidas é o Grinch, e infelizmente há personagens secundários subutilizados, como é o caso de Cindy Lou Who e Bricklebaum. Cindy Lou Who é a garota que sonha em pedir para o papai noel um presente diferente, que envolve a sua mãe, enquanto Bricklebaum aparece em menor escala e com bem menos destaque, mas não tão importante, sempre fazendo graça e tirando certas situações do marasmo e até mesmo fazendo boas cenas de humor. O cachorrinho é fofo e também pouco utilizado, mas isso faz sentido, já que se os diretores fossem criar uma trama secundária para esses personagens iria tirar o foco central e possivelmente ofuscaria o Grinch.
Um destaque certamente é a ótima qualidade visual da animação, belamente criada pela Illumination e acima da média em relação ao que foi lançado pelo estúdio em produções anteriores. A riqueza de detalhes da animação ajuda a dar maior dinamismo para situações apresentadas e a tornar mais grandiosas cenas que não tem importância para a trama, mas que ficam belas pela qualidade do desenho. As cores são também bem trabalhadas no filme, deixando tudo com bastante vida, mesmo o lugar onde Grinch vive é um lugar com cores quentes e fortes e ajuda a criar um ambiente favorável para o protagonista.
A dublagem também é um acerto, em especial a feita para o protagonista Grinch que é feita por Lázaro Ramos (Cidade Baixa). Foi um desafio para o ator dublar um personagem que tem a voz original do astro Benedict Cumberbatch (Dr. Estranho) e Lázaro não deixa nada a desejar, dá vida ao protagonista sem precisar forçar. Lázaro Ramos foi a escolha certa para dublar o Grinch, consegue passar os sentimentos necessários para manter o foco de todos nele.
O Grinch (The Grinch, China, EUA – 2018)
Direção: Yarrow Cheney, Scott Mosier
Roteiro: Michael LeSieur, Dr. Seuss (livro), Tommy Swerdlow
Elenco: Benedict Cumberbatch (Voz Grinch), Cameron Seely, Kenan Thompson, Pharrell Williams, Rashida Jones, Angela Lansbury
Gênero: Animação, Comédia, Família
Duração: 90 min
https://www.youtube.com/watch?v=epuD_8V9nxM
Fato ou Ficção? | A Verdade em Bohemian Rhapsody
A tão aguardada cinebiografia de Freddie Mercury e do Queen chegou aos cinemas, depois de um processo conturbado de gravação e da demissão do diretor Bryan Singer. A produção segue os caminhos da criação do grupo, como foram concebidas as canções e mostra muito da vida pessoal de Freddie Mercury, por ser tão centrada na vida do vocalista é muito provável que haja algumas imprecisões históricas que o filme apresenta em relação ao que realmente ocorreu na realidade.
Como toda produção de época há certas incongruências no jeito em que alguns fatos foram abordados, mudando suas origens ou se aquilo que está sendo mostrado aconteceu mesmo. A trama acompanha a trajetória do Queen, desde sua criação em 1970 até o show do Live Aid em 1985, por essa razão nas próximas linhas terá muitos Spoilers do longa.
Freddie Mercury Mudou Mesmo de Nome?
Freddie Mercury nasceu na Tanzânia (Antes chamada de Sultanato de Zanzibar) na África e só começou a usar o nome Freddie no internato em Mumbai (antes a cidade era chamada de Bombaim). Assim que o Queen se formou Freddie acrescentou o Mercury ao seu nome colocando no lugar de Bulsara. O filme mostra rapidamente essa troca de nome, mas ela realmente aconteceu.
O Primeiro Encontro de Freddie Mercury com Brian May e Roger Taylor
Aqui há uma grande diferença no que aconteceu no período relatado em Bohemian Rhapsody. No longa, Freddie Mercury aparece em um show da banda Smile, e após o vocalista Tim Staffell se demitir, ele encontra Roger Taylor e Brian May e os convence ser ele o cara certo para ficar no vocal. Só que tudo ocorreu de forma diferente do que relatado no longa. Freddie primeiro fez amizade com Tim Staffell, vocalista da banda Smile. Freddie Mercury virou fã do grupo e assim conheceu Brian May e Roger Taylor, e desde o momento que se conheceram Freddie tentou fazer parte da banda, algo que só ocorreu com a saída de Tim.
O Primeiro Disco de Estúdio do Queen
O primeiro álbum de estúdio do Queen não foi o sucesso que o grupo esperava e almejava, tendo uma recepção fria pela crítica especializada e o mesmo pelo público. Foi depois que abriram o show da banda Mott the Hoople que Freddie Mercury e companhia chamaram a atenção. Eis que gravaram pela gravadora EMI um segundo disco intitulado Queen II, lançado no ano de 1974 e logo se tornou um estouro nas paradas de sucesso.
Paul Prenter Realmente Traiu Freddie Mercury ?
Paul Prenter (Allen Leech no filme) foi o agente de Freddie Mercury entre os anos de 1977 à 1986 e assim como é mostrado em Bohemian Rhapsody Paul Prenter realmente vendeu informações pessoais de Freddie para jornais e emissoras de tv, abrindo a vida do vocalista do Queen e falando sobre o caso dele com outros homens, sobre as festas e outras informações privadas. Por esse motivo foi demitido por Freddie Mercury.
A Separação do Queen
Essa é uma das maiores falhas do longa, já que o Queen nunca se separou. Diferente do que foi relado no filme Freddie Mercury teria aceitado fechar um contrato solo com outra gravadora por $ 4 milhões de dólares e assim deixar para trás os outros integrantes do Queen. O que aconteceu foi totalmente o contrário. Em 1983 o grupo decidiu dar um tempo por estar na ativa há pelo menos dez anos sem interrupção, porém ainda em 1983 começaram a trabalhar no álbum de estúdio The Works, lançado no ano de 1984.
Freddie Mercury e Jim Hutton
Jim Hutton e Freddie Mercury se conheceram em uma boate em Londres e não em uma festa na casa de Freddie, em que Hutton estaria trabalhando como garçom. Jim Hutton não era garçom e sim cabeleireiro em um hotel londrino. O relacionamento entre os dois começou em 1985 (ano do Live Aid) e foi até 1991, ano da morte do cantor.
Queen no Live Aid de 1985
Já que o Queen não se separou de verdade é óbvio constatar que o show não serviu para uni-los, algo que foi relatado em Bohemian Rhapsody. Também é errado afirmar que eles não tocavam há muito tempo, já que em 1984 saíram em turnê para promover o álbum The Works. E sim, o show foi considerado pela crítica especializada como um dos maiores e mais impressionantes da história. Visto no estádio de Wembley, na Inglaterra, por um público de mais de 70 mil pessoas e uma audiência gigantesca pela tv.
O Inferno de Jack | O Final Explicado de A Casa Que Jack Construiu
Spoilers
Lars Von Trier tem como foco central em sua cinematografia o toque de realidade com que trata certos temas e pelas altas doses de choque que insere usando as várias formas de violência, tanto física quanto psicológica. Não é de se estranhar que A Casa Que Jack Construiu tenha como fator principal justamente os assassinatos bárbaros feitos por um serial killer.
Jack (Matt Dillon) aparentemente é um homem solitário e sério, mas logo descobrimos que ele é um assassino frio e sádico. Tortura psicologicamente suas vítimas antes de matá-las, tem TOC que o faz sempre voltar para limpar alguma cena de crime. Um personagem que não cativa e nem impressiona, mas que constrói no imaginário de cada telespectador um homem essencialmente maldoso e sem remorso de seus atos.
A violência Para Chocar
Toda a violência em A Casa Que Jack Construiu aparentemente não tem sentido algum, é feita para chocar apenas por chocar, levando o protagonista a matar das formas mais banais existente. Lars Von Trier quer chocar ao telespectador com essas mortes cruéis, acontece com as crianças, o diretor as transforma em entretenimento algo considerado banal pela sociedade, mas tudo isso faz algum sentido no final. O serial killer seria uma espécie de representação do mal na terra. Ele não é o diabo propriamente dito, apenas um homem que tem em sua natureza o mal e usa essa maldade para causar o terror contra as pessoas na Terra.
Corpos Usados Como Arte
Todas as pessoas que Jack mata ele leva para um frigorífico. Trabalha o aspecto dos cadáveres como se fosse uma obra de arte, o filho que é transformado em uma estátua bizarra, as fotos que tira das pessoas mortas, tudo isso se torna um ritual e é feito porque o assassino tem uma engenhosidade nas coisas que faz. Ele é uma espécie de intelectual que ama arte e arquitetura, constrói sua casa várias e várias vezes, mas sempre a põe abaixo por não achar que a casa não é a que ele quer construir, nada para Jack está perfeito. Perto do final ele constrói a casa ideal de seus sonhos, mas com os corpos de todas as vítimas criando uma obra de arte sombria e bizarra. A mensagem é a de que o mundo perfeito, como almejamos não existe, ele é mórbido e cruel, fora que o ato de criar um casa com corpos das pessoas mortas leva à conclusão que esse lugar (o frigorífico) cheio de mortos é o lugar que Jack se sente bem, uma casa no sentido literal.
O Inferno de Dante
Durante todo a história Jack tenta abrir uma porta que se encontra trancada dentro do frigorífico. Próximo ao final Jack consegue a abrir, pois precisava de mais distância para dar um tiro certeiro na cabeça de suas vítimas. Nessa porta secreta, que durante todo o longa ficou o mistério do que teria por trás dela se encontra Virgílio, que nada mais é que o poeta romano que guia Dante pelo inferno. Portanto, aquela porta ao ser aberta é uma representação de O Inferno de Dante e essa viagem às profundezas é feita pelos dois. Jack vai conhecendo o lugar que para ele seria uma casa, olhando para os lados com admiração. Ao subir pela parede do inferno, Jack acaba por cair em um buraco e ele parece cair na neve, mas aquilo não é neve e sim o negativo do inferno, como o próprio personagem diz durante o filme que preferia os negativos das fotos e assim o longa chega ao seu final.
Essa visão do inferno seria fruto da imaginação de Jack. Tudo que ocorreu a partir do momento que ele abre a porta misteriosa está em sua cabeça, inclusive a casa feita com corpos humanos e o buraco no chão. Não havia saída para Jack, mas ele criou esse último vislumbre em sua cabeça, uma viagem ao inferno para espiar seus pecados ou um retorno para casa, já que ele seria o mal.
Crítica | Bohemian Rhapsody - O Nascimento do Queen
Queen é uma das bandas mais icônicas do cenário musical, transitando entre vários estilos dentro do rock, criou canções espetaculares que logo se tornaram hits. Bohemian Rhapsody (Bryan Singer) vem com a complicada tarefa de reproduzir a trajetória de sucesso do grupo composto por Freddie Mercury, Brian May, John Deacon, Roger Taylor.
A ideia foi a de retratar de forma abrangente a criação da banda, como foi realizado o processo de gravação das músicas e dos discos, além de tentar retratar de forma precisa como eram os shows e o principal que era o de trazer um pouco da vida de Freddie Mercury para o filme. O roteiro, em relação a banda, é bastante interessante, mostrando a criação do Queen, as brigas entre os integrantes e outros assuntos relacionados ao conjunto. O longa teve um primeiro e segundo ato bem estruturado, mas que deixa bastante a desejar em relação ao aprofundamento da trama, pois tudo é apresentado de forma rápida, as cenas mais interessantes que são da banda compondo e gravando passam de forma tão acelerada que chega a dar uma frustração.
Essa questão de passar um momento tão importante para o grupo de forma tão rápida deixa o longa raso e com cenas mastigadas. Em um momento do longa estão gravando um álbum e logo já cortam para algum show sendo feito e logo cortam para outro fato que está ocorrendo em algum outro lugar. A história vive pulando de fatos em fatos, são bem organizados e apresentados, mas mal desenvolvidos e se tornam superficiais de tão rápidos que são nos mostrados.
No segundo e terceiro ato o diretor dá um foco maior para a vida pessoal de Freddie Mercury, só que mais uma vez sem se aprofundar em várias questões da vida pessoal do artista, a ideia era só de mostrar o quanto ele era intenso na sua vida. As partes mais bem trabalhadas foram quando Freddie se isola e quase leva o Queen ao fim e o trecho em que ele descobre ter AIDS, são ocasiões pertinentes e que precisavam ser mostradas com destaque em um filme sobre o Queen.
Outra falha do roteiro foi a contínua quebra na ação. Sempre que aparecia a banda tocando ou compondo logo cortavam para algo sem conexão, dando um salto para outra cena envolvendo a banda. Essa quebra nos acontecimentos ocorreu justamente para colocar tanta informação em tão pouco tempo de filme, só que acabam tirando o principal e o que mais envolvia o público.
O jeito que termina é de uma sutileza perfeita, algo que a história do longa demandava. Ao construir a imagem de Freddie a intenção era a de mostrá-lo como uma pessoa ambiciosa, perfeccionista e alegre, porém houve percalços que o fizeram se afastar em seus últimos dias de vida e não era necessário mostrar esse isolamento, como realmente não o fizeram. Freddie Mercury cantando no Live Aid e divertindo todas aquelas pessoas se tornou um dos grandes momentos da produção e serviu justamente para fechar o longa com chave de ouro, deixando a imagem de lenda do rock que Freddie realmente foi.
A direção de Bryan Singer é bastante competente no sentido de fazer uma cinebiografia que se não é perfeita está na altura do ícone cultural que foi o Queen. Com pouco tempo conta o que foi a banda para os que não a conhecem e traz a nostalgia existente em relação a morte de Freddie Mercury, não deram foco em sua morte, possivelmente para deixar a imagem de quem ele foi e o que ele representou para a cultura pop. Não atrapalhou o fato do trabalho de Bryan Singer, durante as filmagens, ter sido bastante conturbado, principalmente levando em conta seu relacionamento com o protagonista Rami Malek, fato que corroborou para a demissão de Bryan.
Como não poderia ser diferente usaram músicas do Queen para compor a trilha sonora, ela é fantástica, mas fica a impressão que fizeram um apanhado dos grandes sucessos e foram jogando durante o filme apenas para divertir os fãs, às vezes não há necessidade da música estar lá, mas a colocam, como nos vinte minutos finais em que colocam We are the Champions apenas por colocar, para não ficar aquele gostinho de que ficou faltando alguma música.
Há de se questionar por que o cinema de Hollywood demorou tanto para trazer Rami Malek para fazer produções de ponta. Rami Malek surgiu na série Mr. Robot e lá sua interpretação já era excelente e em Bohemian Rhapsody Malek encarna de forma primorosa Freddie Mercury, sem dúvida nenhuma o forte da produção é sua atuação, que assustadoramente lembra a de Freddie. Faz os mesmos trejeitos, dança e canta de forma parecida e ainda há o lado dramático que também se sai bem quando requisitado.
Por Rami Malek estar tão bem e o longa ser praticamente sobre Freddie Mercury não são de se surpreender que o resto da banda se torne apenas um elenco de apoio que está ali apenas para desenvolver o protagonista. Há cenas hilárias e ótimas em que Roger Taylor (Ben Hardy) e Brian May (Gwilyn Lee) aparecem com destaque, hora discutindo, hora criando e tocando músicas, mas são poucas essas cenas e quando aparecem são rapidamente trocadas para dar espaço espaço ao verdadeiro astro do show.
A caracterização de época é bem construída, incluindo ambientes em que o Queen tocou como estádios e bares. Mas o que chama a atenção mesmo é caracterização dos personagens. Todos, sem exceção, encarnaram os músicos de forma perfeita, tanto no aspecto físico como no jeito em que falavam, se olhar de longe nem se percebe a diferença. Há momentos que realmente parece que estamos assistindo ao Queen novamente na ativa.
Bohemian Rhapsody não é feito para emocionar, apesar de conseguir chegar a esse sentimento em algumas cenas, como a hora em que faz o show no Live Aid, emociona por sabermos que ali estava o Queen novamente em cena depois de tanto tempo separado e que a partir daquele momento, já doente, seria uma contagem regressiva até o dia da morte de Freddie Mercury. A produção consegue deixar a imagem de Freddie Mercury tão grande quanto já era o foco era ele e conseguiram a desenvolver, mesmo sendo de forma superficial. É um filme que deve ser visto não apenas pelos fãs, mas por aqueles que querem conhecer melhor a trajetória de uma das maiores bandas de rock já existentes.
Bohemian Rhapsody (Bohemian Rhapsody, Eua, Reino Unido – 2018)
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Anthony McCarten, Christopher Wilkinson, Peter Morgan, Stephen Rivele
Elenco: Rami Malek, Ben Hardy, Joseph Mazzello, Aaron McCusker, Aidan Gillen, Allen Leech, Gwilyn Lee, Lucy Boynton, Mike Myers, Tom Hollander
Gênero: Biografia, Drama, Música
Duração: 134 min
https://www.youtube.com/watch?v=27zlBpzdOZg
Crítica | Culpa - Um Suspense de Primeira
A fórmula de uma boa história de suspense tem como objetivo principal usar um roteiro que prenda a atenção do telespectador tendo como foco central da trama um vilão interessante, um drama envolvendo o protagonista e um policial que faça de tudo para descobrir o que está por trás do crime investigado. Tal fórmula é belamente utilizada no primoroso thriller dinamarquês Culpa.
Culpa não é daquelas produções que encontramos facilmente por aí. Um primeiro fato que o torna maravilhoso é a simplicidade com que a história é contada. Asger Holm (Jakob Cedergren) é um policial que foi retirado das ruas e está à espera do julgamento por um crime que cometeu em serviço, nisso é colocado para trabalhar no centro de atendimento de emergência da polícia e durante o seu período de trabalho atende aos mais variados telefonemas. Hora ou outra aparece alguém pedindo socorro para questões sem relevância ou para questões que facilmente são solucionadas sem a presença da polícia. Asger acha seu trabalho monótono e chato, até que se depara com um caso de sequestro e desde então esse passa a ser o foco de atuação do personagem.
Há um ótimo trabalho de roteiro pensado de todas as formas em como conseguir segurar o telespectador com uma ideia tão original e simples. Essa vítima de sequestro que ele passa a auxiliar pelo telefone é tratado no longa de um jeito que dificilmente se encontra em produções do gênero. A começar que toda a história se passa em apenas um ambiente que é o centro de atendimento, mostrando apenas Asger atendendo ao telefone e falando com a vítima sem, em nenhum momento, apresentar a pessoa do outro lado da linha.
Outro fator bastante interessante é o suspense empregado na situação, não se sabe o que está acontecendo do outro lado da linha e isso vai criando pânico não apenas no protagonista, mas no telespectador também. O centro de atendimento é um ótimo lugar para trabalhar a atmosfera de suspense, o transformando em algo parecido a um bunker, um lugar claustrofóbico e escuro, dando a entender que não apenas aquela é uma situação sem saída, não apenas para a vítima, mas para o próprio atendente que estaria preso à aquele ambiente e à situação, que de alguma forma o toca e o faz pensar nos seus erros do passado.
O roteiro aponta para essa direção da culpa do protagonista, já que durante as ligações que faz para encontrar o paradeiro da vítima são dadas dicas de que há um julgamento envolvendo Asger e que ele teria sim culpa no cartório, portanto ele está lá não apenas para ajudar uma pessoa, mas também para pensar no crime que cometeu e se seria justo que esse crime terminasse impune. É uma bela história de redenção, pois a culpa é um sentimento que vem de algo que foi feito de errado e que só quem consegue refletir de suas atitudes consegue a sentir.
Toda essa carga dramática é transmitida pelo único personagem de toda a trama. Asger Holm é um homem sério, confronta seus superiores para fazer o que acha ser o certo, quebra regras institucionais e investiga todo o caso sozinho, usando apenas a comunicação para mandar e desmandar os policiais que estão em campo. É um personagem muito bem estruturado e desenvolvido, mesmo sendo mostrado o tempo todo no centro de atendimento, pois não ficam apenas focando em seu trabalho e no caso do sequestro, entram em sua vida e a desvendam com pequenos diálogos que vão nos fazendo entender melhor o protagonista.
Destaque para a atuação fantástica de Jakob Cedergren (Submarino), que com um trabalho convincente de interpretação segura o telespectador, sua atuação vai do tédio inicial ao medo de viver uma situação fora do comum e termina com um ar de alívio, algo fantástico que deu ainda mais segurança para um personagem que já era ótimo. O melhor é que não há vícios em sua interpretação, há calma em sua voz e essa calma ajuda a diminuir a tensão e a dar um ritmo mais interessante à trama.
Pela história se passar dentro do centro de atendimento da polícia é de se imaginar que o longa fosse parado e chato, mas pelo contrário, não é repetitivo e em nenhum momento cansa, se mostra ágil justamente pela ação que ocorre do outro lado do telefone e prende a atenção pelo ótimo roteiro. A câmera estática focada apenas no protagonista faz parecer com que o longa seja aparentemente parado, mas o diretor toma uma ótima decisão ao fazer a câmera se movimentar em alguns momentos, dando um ritmo mais interessante às cenas.
Culpa termina com um plot twist surpreendente, daqueles que finalizam a história de forma eficiente e ainda te deixam surpreso de que aquilo estivesse na sua cara o tempo todo e mesmo assim foi engado. É uma ótima surpresa o acontecimento final e isso se deve ao ótimo trabalho de direção de Gustav Möller, um diretor sem muitos trabalhos relevantes na carreira, mas que já desponta como um diretor de bastante futuro pela frente, isso levanto em conta seu ótimo trabalho de direção.
Esse filme foi assistido na 42ª Mostra Internacional de SP
Culpa (Den skyldige, Dinamarca – 2018)
Direção: Gustav Möller
Roteiro: Gustav Möller
Elenco: Jakob Cedergren, Jakob Ulrik Lohmann, Jessica Dinnage, Laura Bro, Omar Shargawi
Gênero: Thriller
Duração: 95 min
https://www.youtube.com/watch?v=LxHgMEZY3VM


