Crítica | Demolidor: 3ª Temporada - Matt Murdock contra o Mundo

Obs: análise contempla apenas o seis primeiros episódios da temporada

A Netflix conquistou uma parceria de ouro com a Marvel quando lançou a primeira e aguardada temporada de Demolidor. Simples, de poucos personagens e contando uma história de origem eficaz tanto para Matt Murdock e seu algoz Wilson Fisk, o sucesso da série foi tamanho que acabou abrindo uma caixa de pandora – dependendo do ponto de vista.

Desse modo, diversas séries de personagens secundários começaram a surgir e permanecer na mediocridade como Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro, Justiceiro e até mesmo a minissérie evento Os Defensores trazendo os heróis urbanos em uma aventura crossover. Pela exaustão da fórmula que encontrou muitas dificuldades em termos de ritmo e narrativa para sustentar os massivos treze episódios por temporada, acabou azedando a experiência até mesmo de parte da 2ª temporada de Demolidor.

Entretanto, pelo acesso antecipado que a Netflix nos ofereceu para conferir os primeiros seis episódios da 3ª temporada, já afirmo que dessa vez, aparentemente, o time de roteiristas acertou a mão, além dos diretores estarem mais apurados com toda a encenação desse arco que pretende adaptar a famosa HQ de Frank Miller, A Queda de Murdock.

Matt Murdock, Nunca Mais

Apesar de não ser necessário ter assistido os eventos de Os Defensores, a terceira temporada de Demolidor começa justamente durante a queda do protagonista após o prédio implodir quase matando ele e, também, matando Elektra, sua “namorada”. Completamente quebrado fisicamente e mentalmente pelos eventos ocorridos na destruição do prédio, Matt Murdock (Charlie Cox) perde a vontade de viver.

Somente por conta dos esforços da freira Maggie (Joanne Whalley) que Murdock começa a tentar se reerguer. Entretanto, por conta da explosão, seus ouvidos foram afetados, prejudicando completamente seus sentidos aguçados que auxiliavam na sua locomoção e combate. Sem fé em Deus, passando por um luto desagradável e impaciente, Murdock se torna obsessivo em voltar à ativa, embora esteja totalmente inapto.

Enquanto Murdock amarga sua queda, Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) começa a tramar um plano engenhoso para se livrar do cárcere e para isso, aproveitará a situação desesperadora do agente especial do FBI Ray Nadeem (Jay Ali), pretendendo fazer um acordo de delação. Já Foggy (Elden Henson) e Karen Page (Deborah Ann Woll) ainda acreditam que Matt está morto e seguem com suas vidas, mas empenhados em colocar criminosos atrás das grades.

Apesar de eu ter afirmado que temos uma dinâmica narrativa muito aprimorada em relação à 2ª temporada, o começo dessa daqui é lento. As peças de narrativas dos personagens ainda estão se alinhando com algumas bastante perdidas. As mais interessantes durante os dois primeiros episódios obviamente estão concentradas no profundo desalento que Matt sente por si mesmo e sua falta de fé e nas atividades do Rei do Crime na prisão – incluindo uma apresentação engenhosa comparando o luxo gastronômico de outrora com a realidade nada generosa com qual vive agora.

Todo o foco criativo da direção nesses primeiros episódios está concentrado em ambos os personagens. Usando a câmera e o áudio de modo inteligente, com manipulação do foco e do ponto de escuta, os diretores mostram o quão descoordenado Matt está, sem escutar nada direito e com a “visão” turva. Com Wilson Fisk, temos a repetição da simbologia visual poderosa do vilão encarar a parede branca, o acalmando.

Apesar de termos esses núcleos interessantes, o espectador terá de persistir com as passagens maçantes com Karen Page, Foggy e o novo personagem Nadeem que é o típico arquétipo do policial desesperado com boas intenções, mas que só procura respostas fáceis para seus problemas. Há até mesmo um cuidado de apresentar a vida pessoal do personagem, mostrando sua família e a motivação financeira que impulsiona seu desespero, mas por ser tão clichê, Nadeem acaba se tornando um antagonista incidental por mais atrapalhar o grupo de heróis do que ajudar.

Segurando o espectador somente com algumas cenas de ação e pela melhora progressiva de Murdock e seu desejo incandescente de se tornar completamente o Demolidor, vale a pena passar por esses primeiros episódios. Quando o terceiro episódio chega que as coisas começam a caminhar muito bem exibindo conflitos novos para os personagens, afinal o acordo de Wilson Fisk com o FBI e sua prisão domiciliar não caem bem com a população e com os heróis do seriado.

O Vilão Sol

Nisso, a narrativa começa a orbitar totalmente em função de Fisk que, apesar de permanecer preso, possui alguns privilégios perigosos que possibilitam ele conduzir o crime novamente. Absolutamente todos os personagens giram em torno dele e conquistam suas motivações a partir daí. A reconquista do manto do Demolidor e a completa obsessão de Murdock em agora matar Fisk –  a ponto de alucinar e imaginá-lo andando e conversando consigo (detalhe para a atenção da direção em sempre manter Fisk desfocado durante os delírios, afinal Matt é cego e não faz a menor ideia de como seja o Rei do Crime).

Já Foggy decide concorrer ao cargo de promotor público enquanto Karen Page começa uma investigação (de novo) para encontrar novas evidências mais graves a fim de enclausurar Fisk na cadeia novamente. A partir daí, a narrativa segue com poucas reviravoltas impactantes, mas por conta de Murdock estar totalmente insano, temos como resultado uma das melhores cenas de luta de todo o seriado acontecendo em uma prisão.

Os combates que agora estão melhores coreografados e menos picotados na montagem, aqui brilham através do uso de um plano-sequência bastante complexo que mostra o quão humano é o Demolidor que surra muito, mas também apanha e precisa de alguns segundos para se recompor. Apesar de não haver uma grande sofisticação de encenação com diversos elementos em tela, a cena é tão longa que se torna fascinante e magnética. Aliás, essa terceira temporada é repleta de cenas memoráveis.

A partir daqui, é importante salientar que abordarei um tópico que simplesmente sustenta dois episódios inteiros e que, caso queiram o melhor impacto desses primeiros seis episódios, recomendo parar a leitura por aqui. Até esse ponto, você tem a certeza que essa terceira temporada tem o potencial de ser a melhor de todas desses seriados Marvel-Netflix, além de exibir melhor cuidado narrativo em aliar os personagens em jornadas paralelas comuns, ótimas cenas de ação, além de muito cuidado estético por parte da direção.

Mas se ainda está aqui e pronto para descobrir do que se trata, então seguimos. Desde o momento que o personagem Dex (Wilson Bethel) aparece, não há como não se interessar por esse esquisito agente do FBI que faz parte da equipe de monitoramento de Wilson Fisk. Em sua apresentação carregada de adrenalina, concluindo o 2º episódio, já fica óbvio que Dex se transformará no arqui-inimigo do Demolidor, o Mercenário.

Assim com os outros personagens, ele também orbita Fisk, mas em um jogo completo de tentação em ceder aos seus impulsos mais animalescos e violentos. Em um episódio maravilhosamente escrito, o espectador conhece boa parte da história de Dex, suas compulsões, manias e transtornos psicológicos incluindo até mesmo um breve foco de sua vida envolvendo um interesse romântico. Assim como Fisk na primeira temporada, é possível compreender completamente Dex e sua psicose. Justamente por ser complexo e vermos de perto sua enorme luta interna para não ceder a sua sede de sangue, o personagem passa a ser muito empático e carismático – méritos do ator Wilson Bethel em conseguir cravar uma performance tão crível e realista.

Aliás, muito ocorre do personagem ser tão bom por conta de suas inspirações claras dos protagonista de Dexter e Psicopata Americano, mas com toques novos muito bem vindos. Sua relação com Fisk só fica mais interessante a cada episódio.

Apesar de termos uma ótima narrativa nesses seis episódios, um novo vilão fantástico e o retorno do elenco principal muito inspirado a oferecer seu melhor nessa temporada, é uma pena que a percepção geral para a série seja uma mudança severa no orçamento que deve ter sido dedicado ao elenco e equipe técnica.

Explico, das três temporadas até agora, esta Demolidor deixa a desejar com os cenários e desenho de produção em geral. Basta reparar nos sets da prisão ou até mesmo do escritório do FBI para notar uma escala menor de cuidado e capricho com esses itens que facilitam a imersão do espectador. Em geral, é bom não reparar muito nos cenários para não quebrar a ilusão dessa produção mais módica – apenas os apartamentos de Fisk e Dex chamam bastante a atenção.

Nessa provável redução de orçamento, também se percebe pouco empenho da trilha musical que agora é basicamente bem fraca, funcionando apenas em momentos pontuais.

Entre Deus e o Diabo

Também é importante ressaltar que a carga temática religiosa nessa 3ª temporada é bastante presente, afinal Murdock é um personagem muito católico. Sua jornada de negação da fé e o nascimento de um novo inimigo mostra bem essa divisão entre o trabalho do bem e da justiça contra a gratuidade da maldade caótica. Isso, acredito, deve ser melhor trabalhado até o encerramento da temporada que infelizmente não tivemos acesso antecipado.

Mas para os fãs que estavam ansiosos para ver Demolidor brilhar novamente, em toda sua glória que ainda o difere dos demais seriados Marvel-Netflix, pode ficar tranquilo, pois temos aqui um começo muito promissor.

Demolidor – 3ª Temporada (Daredevil: Third Season, EUA – 2018)

Direção: Marc Jobst
Roteiro: Tonya Kong, Sarah Streicher
Elenco: Charlie Cox, Deborah Ann Woll, Elden Henson, Jay Ali, Joanne Whalley, Vincent D’Onofrio, Wilson Bethel
Gênero: Ação, Aventura, Drama, Policial
Duração: 53 minutos por episódio.

https://www.youtube.com/watch?v=OiTqYV4zCGw


A Busca pelo Contato | Explicando Maniac e seu Final

A Busca pelo Contato | Explicando Maniac e seu Final

SPOILERS

Conexões Humanas

O tema principal da série são as conexões humanas que temos por algum motivo. Logo nos primeiros episódios já nos mostra que esse é o caminho que a série irá tomar ao mostrar o contrário, a falta de conexão. O personagem de Jonah Hill aparece sozinho, sem amigos e com dramas familiares, enquanto a personagem de Emma Stone aparece como uma mulher que conversa com uma máquina que responde em nome de seu pai. Até aí o diretor Cary Fukunaga nos deixa claro que a falta de conexão no mundo atual é algo bastante frequente e que as pessoas perderam esse tipo de elo, seja essa conexão amorosa, de amizade ou familiar. Em todos os episódios Cary vai desenvolvendo cada vez mais esse assunto. Os sonhos em que os protagonistas são inseridos pelo experimento são justamente isso: a conexão que os dois tem mesmo sem nunca terem se visto. 

 

Destino

Essa conexão seria relacionado ao destino. Nasceram pré-dispostos não a estarem juntos, mas a serem amigos ou a ter qualquer outra relação. Nos sonhos que tiveram nos experimentos são mostradas várias vidas diferentes. Uma delas Annie é uma elfa e perto desse episódio aparece Owen como voando no corpo de uma águia, ou seja, estão tão conectados que não importa se a realidade existe ou não, eles sempre vão acabar por se encontrar ou se esbarrar. É por isso que no primeiro episódio o personagem de Jonah Hill enxerga Annie em vários lugares e quando tromba com ela tem certeza de já a ter visto em algum lugar, seria não apenas o destino fazendo eles terem se encontrado, já que seria algo pré-disposto a acontecer, mas também porque ambos tem uma conexão que vai além do tempo e da realidade. Algo que também a série fala em alguns momentos é em um certo padrão, que seria algo recorrente, algo que acontece sempre. Portanto, esse encontro dos dois é algo bastante frequente e que transcenderia essa vida e o experimento seria apenas um gatilho para nos apresentar isso. 

O Experimento

Annie e Owen entram para o experimento por dois motivos. Annie por ser viciada em um remédio controlado que só é dado para quem participa desse teste, ela consegue eles ilegalmente com um traficante, mas a partir do momento que a fonte seca precisa achar um outro jeito de se manter dopada. Já Owen vive tendo vislumbres, tem um amigo imaginário e entra no experimento pensando em tentar descobrir quais problemas têm. O teste consiste em três fases com a necessidade de tomarem pílulas para entrar em algum tipo de transe, enquanto estão medicados algo acontece em suas mentes. Um diagnóstico é feito pelo computador e os leva para outros mundos. O problema é que Annie não deveria estar no teste, já que foi reprovada, portanto está lá pegando a vaga de alguém, além de não ser apta para o sistema, já Owen não toma a pílula de início. É uma experiência que já nasce furada e que com certeza terá dados errados com uma paciente que não era para estar lá e Owen não tomando o remédio. A primeira pílula nos mostra os traumas passados de Emma Stone e Jonah Hill, a pílula b faz com que tanto Annie e Owen tenham sonhos uns com o outro, o que nos faz entender a tal conexão citada antes, enquanto a pílula c faz com que os protagonistas superem os traumas passados. Há um momento em que é mostrado o cruzamento da mente dos dois e a doutora responsável acredita que aquilo seja uma falha do computador. 

Computador

Há muito sobre a tecnologia em Maniac, desde a máquina de sexo usada pelo doutor a um equipamento com que conversam e que seria o chefe do laboratório. Há também nessa história um super computador com a capacidade de pensar e fazer inúmeros experimentos. O cientista criador dessa máquina Dr. James (Justin Theroux) colocou a consciência de sua mãe no computador e a máquina começa a pensar por si só e até mesmo a se relacionar com outro dos cientistas da equipe, que morre e a abandona. A cena em que sai o líquido dela é um choro, mostrando que até a máquina sofre com as emoções. O computador cria todo um mecanismo central ligado ao experimento e que foi o causador de diversas mortes de outros pacientes que já haviam anteriormente participado do teste. Ao entrarem em transe as pessoas que passam pelo teste são levadas para lugares diversos, mas que sempre tem ligação com suas emoções e traumas e a máquina aparece sempre para pegar as almas que ela ache mais interessante para prender em um local dentro da memória do computador chamado de McMurphy, este é um local obscuro do equipamento e ali há outras almas de pessoas que tiveram morte cerebral. A pessoa precisa aceitar e fazer um acordo com a memória do computador (que aparece fisicamente nos vislumbres de quem está fazendo o teste) e então a máquina mata o corpo físico e prende a mente da pessoa ali para sempre. 

Os Traumas Pessoais

Todos os personagens que aparecem em algum momento têm algum tipo de trauma passado. Jonah e Annie são personagens depressivos, sozinhos, com problemas familiares e traumas enraizados em suas consciências. Annie acha que seu pai não liga para ela, enquanto ainda precisa conviver com o trauma da morte de sua irmã e de como foi egoísta com ela momentos antes do acidente fatal que iria ceifar a vida de sua irmã. Já Owen tem sérios problemas com sua família, o amigo imaginário seria uma espécie de fuga da realidade, um amigo que o compreende, o guia e o trata sem preconceito. Annie também usa os remédios como fuga da realidade o que mais uma vez mostra a conexão entre os dois personagens, ambos tem problemas parecidos e ambos estão sozinhos, ou se acham sozinhos. Esses traumas são frequentes na série, tanto que a pílula c serve para fazer com que os protagonistas consigam lidar com esses traumas de frente e assim possam seguir suas vidas normalmente. Annie ao sair do laboratório encontra o seu pai e tenta vencer outra parte de seu trauma pessoal, enquanto Owen precisa enfrentar seu irmão que está no meio de um processo de acusação de estupro em que ele é a principal testemunha para livrar o irmão. De última hora Owen decide não contar a mentira e livrar o irmão, conta a verdade e não se importa se ele será preso ou não. Consegue assim enfrentar não apenas o seu irmão maldoso, quanto sua família que queriam que ele fizesse o errado. 

O Final

Ao término do experimento e ao conseguir vencer a máquina ambos, tanto Annie quanto Owen são liberados pelo laboratório e assim viver suas vidas. Passado algum tempo Annie reencontra Owen em um hospício, no qual foi enviado por ter testemunhado contra seu irmão, a família o acha um lunático. O que se mostra nesse final é que os dois mantem um laço, mas não algo relacionado ao amor, mas sim amizade verdadeira, além do fato de Annie conseguir fazer algo que não conseguiu fazer no passado, que foi salvar sua irmã da morte. Ela ao salvar Owen é como se o estivesse salvado não apenas do abandono, mas do fim iminente que ele teria ao ficar ali trancado. Owen superou seu drama psicológico ao testemunhar contra o irmão. Assim Annie e Owen mantiveram uma conexão que tanto os unia nos sonhos e então poderão ter uma vida um pouco menos dolorosa, psicologicamente falando. 


Crítica | Maniac - Uma Ótima Minissérie da Netflix

A Netflix vem se tornando especialista em criar conteúdo diferenciado para seu público, sendo ele terror, ficção científica ou drama. Entre séries e filmes há muito conteúdo com qualidade duvidosa e há aqueles que se destacam pela trama bem trabalhada e pelo jeito que a narrativa é apresentada. Maniac é uma minissérie que entra na segunda hipótese e se diferencia do que tem sido lançado na tv, pois poucas séries ou minisséries têm ousado tanto no jeito de contar uma história quanto a série de Cary Fukunaga.

Maniac trata de diversos assuntos em seus dez episódios, muitos deles de modo superficial, pois não são o foco principal da trama e outros estão ali presentes em todos os episódios, mas são de difícil compreensão do público, já que nada do que acontece ou é apresentado em cada episódio nos é dado de bandeja. A cada palavra, cada diálogo é necessário refletir o que aquela frase está nos indicando e em alguns momentos é preciso decifrar as várias situações que estão sendo impostas e se elas fazem algum sentido.

O tema principal é a falta de conexão que existe em nosso tempo. Não apenas a falta de amor e empatia, mas também uma falta substancial de afeto. Vivemos sozinhos em uma sociedade em que tudo é artificial, não apenas a tecnologia, mas os prazeres e até mesmo o amor. A trama toda gira em torno dos protagonistas Annie Landsberg (Emma Stone) e Owen Milgrim (Jonah Hill), ambos com problemas relacionados a sentimentos que não conseguem entender ou decifrar. Owen tem claramente um problema com sua família e tem um histórico de psicose, seu principal amigo é imaginário, enquanto Annie tem um trauma pesado envolvendo sua irmã e é viciada em um remédio experimental que usa com frequência para esquecer o passado. São traumas sociais com raízes profundas e que com o tempo deixam os protagonistas com cada vez mais transtornos.

Os dois personagens são muito bem desenvolvidos durante a minissérie, e a partir do momento que passam a participar do experimento vamos compreendendo melhor o porquê de Annie querer entrar nele, mesmo aparentemente não tendo nenhum problema mental e o porquê de Owen acreditar que esteja ficando louco, a pontode achar que esteja vendo coisas, já que acredita ter visto Annie alguma vez em sua vida mesmo sem a conhecer.

E este é o principal tema da minissérie muito bem trabalhado por Fukunaga que é o destino. Ao colocar o personagem de Jonah Hill no caminho de Annie e fazer com que se esbarrarem no laboratório faz com que nos mostre o que realmente a série tem a nos contar. Seria como se esse encontro, mesmo que por acaso, já estivesse pré-disposto a acontecer, seria como se estivesse escrito nas estrelas. No próprio experimento em que suas mentes parecem interagir uma com a outra há um momento que não se sabe se aquilo que estão vivendo é real ou imaginário. Annie e Owen acabam se encontrando em várias realidades distintas e em várias situações, como o momento em que ela é uma elfa e ele uma águia, ambos sempre interligados por um objetivo particular. A união dos dois em realidades diferentes e aparentemente sem conexão lembra o filme A Viagem das irmãs Wachowski em que em várias vidas os personagens se encontram e sempre se conectam de alguma forma.

O experimento é peça chave para a história da minissérie, já que ele faz tudo acontecer e leva a mente dos protagonistas ao encontro entre os dois. É um experimento complicado de entender de início. Dividido por fases tem como objetivo encontrar os principais medos e traumas em cada um e fazer com que a pessoa estudada passe essa fase adiante e encontre a felicidade. E o grande responsável por monitorar e fazer com que as pessoas viajem é um super computador com memória artificial. Não fica claro se o experimento leva as pessoas a sonharem com algo que elas queiram que aconteça ou seria um mundo criado pelo computador para que desse a eles uma oportunidade de vivenciar seus traumas e os superarem. E isso não tem importância, pois a idéia é mostrar que há sim como passar por essas fases que podem levar a depressão.

Por se tratar de uma minissérie com o nome de Maniac é muito provável que tenha um vilão ou uma vilã e isso realmente acontece, mas não do jeito que se imagina. O computador usa uma memória de uma mulher que é a mãe de um dos cientistas criadores do projeto e isso leva a máquina a ter quase que vida própria manipulando - muito que provavelmente - um encontro entre os pacientes mentalmente e o computador tenta a todo o custo fazer com que Annie se junte a máquina e fique em uma área da memória em que a alma da pessoa fica presa para sempre. É uma vilã que lembra e muito o computador HAL 9000 de 2001 Uma Odisseia no Espaço, até mesmo o jeito com que o computador fala quando está prestes a ser derrotado lembra a versão de Stanley Kubrick, usando um tom de voz humano e sensível.

O computador de Maniac não é maldoso ao mesmo nível de Hal nem perverso como a androide de Ex-Machina. Ela tem sentimentos por ter herdado a memória de uma mulher real e mãe do cientista e isso faz com que o computador sinta as mesmas emoções que vão desde alegria a um vazio existencial. A máquina começa com o tempo a se comportar como um Deus, achando que pode tomar todas as decisões sem consultar ninguém. 

Todos os personagens são intrigantes, carregando algum segredo profundo e tendo relações pessoais complicadas. O foco está quase que inteiramente nos personagens de Jonah Hill e Emma Stone, que são muito bem desenvolvidos. Nas várias fases do projeto vamos acompanhando a evolução de ambos, saindo de um período inicial de solidão para uma futura conexão entre ambos e uma superação de seus traumas pessoais. 

Emma Stone está ótima em seu papel, fazendo uma protagonista viciada em remédios e com problemas de relação com o pai, uma protagonista que até então não havia feito em sua carreira.  A surpresa fica a cargo de Jonah Hill, conhecido por fazer comédias escrachadas já havia feito um papel sério em O Homem que Mudou o Jogo, mas até então nada que fosse parecido com o que se vê em Maniac. Um homem sem alegria e mentalmente doente e sem amigos. Fukunaga dá um jeito de aproveitar o lado cômico do ator fazendo um episódio engraçadíssimo em que Jonah é um congressista islandês.

No elenco, além dos protagonistas Annie e Owen, há dois outros dois personagens igualmente interessantes que ajudam a compor a produção e acabam por roubarem a cena, o caricato e excêntrico Dr. James K. Mantleray interpretado por Justin Theroux (A Garota do Trem) e Dra. Fujita interpretada belamente por Sonoya Mizuno (Ex-Machina). Dr. James K.  é tão estranho que se torna engraçado, também tem um trauma envolvendo sua mãe e precisa superar essa fase da sua vida enquanto luta para desligar a máquina que ele criou e se rebelou contra seu experimento. Já a Dra. Fujita poderia ter sido melhor aproveita, é uma personagem intrigante, mas que não foi tão em desenvolvida assim.

Todos os dez episódios foram dirigidos por Cary Fukunaga (True Detective) e é um dos trabalhos mais relevantes e maduros de sua carreira, pois consegue criar um ambiente de estranheza difícil de ser criado e trabalha muito bem uma narrativa de difícil compreensão sem deixar furos. Outro elogio a ser feito está no jeito que flutua facilmente entre os gêneros indo do drama à fantasia sem perder a mão.

Maniac (Maniac, EUA – 2018)

Criado por: Patrick Somerville
Direção: Cary Joji Fukunaga
Roteiro: Cary Joji Fukunaga, Amelia Gray, Patrick Somerville, Ole Marius Araldsen, Danielle Henderson, Kjetil Indregard, Mauricio Katz, Espen Petrus Andersen Lervaag, Håkon Bast Mossige, Caroline Williams, Sam L. Roberts
Elenco: Jonah Hill, Emma Stone, Sonoya Mizuno, Billy Magnussen, Aaralyn Anderson, Rome Kanda
Emissora: Netflix
Episódios: 10
Gênero: Comédia, Drama, Sci-Fi
Duração: 45 min. aprox.

https://www.youtube.com/watch?v=L6cDDmk-O5A


Thirty Seconds to Mars | Banda Fará três Shows no País

Liderada por Jared Leto, a banda americana 30 Seconds To Mars lançou em abril o quinto disco de estúdio America, isso após um hiato de cinco anos desde o último trabalho Love, Lust, Faith and Dream. Antes de ser lançado, America figurou no topo das paradas, com o single Walk on Water que figurou por cinco semanas no topo da Billboard’s Rock Airplay Chart e ao ser lançado ficou em segundo na lista da Billboard 200.

Ao lançar o novo America a banda confirmou inúmeros shows para divulgar a turnê The Monolith Tour que começou em março e passou pela Europa antes de chegar na América do Norte e América do Sul. Os shows no Brasil irão ocorrer entre os dias 27 e 30 de setembro e serão realizados em São Paulo (Espaço das Américas no dia 27), Porto Alegre (Pepsi on Stage no dia 29) e Curitiba (Teatro Positivo no dia 30).

A música intitulada Dangerous Night chegou ao primeiro lugar nas paradas norte-americanas. É o segundo single consecutivo de America a alcançar o topo das paradas, o primeiro foi Walk On Water. 

Lista | 10 Curiosidades Sobre Lord Voldemort

A saga Harry Potter, tanto nos livros quanto nos filmes nos apresentou um vasto universo fantástico que volta e meia nos faz refletir sobre o que mais que havia nos livros que poderia ser adaptado, fora as várias curiosidades que cercam as histórias. Há personagens que ainda estão sendo mostrados no cinema como a continuação de Animais Fantásticos e Onde Habitam 2. Lord Voldemort sempre foi o elo central que ligava Harry Potter à sua missão que estaria por vir pela frente.

Era Extremamente Inteligente

É do saber de todos que Voldemort era um mestre na manipulação e isso ocorria desde jovem, enquanto estava em Hogwarts. Tom Riddle usava de sua aparência para ganhar a atenção e conquistar seus professores. Usou seu carisma para ganhar seguidores, não apenas em Hogwarts, mas também depois que foi para o lado das trevas. Dumbledore certa vez foi perguntado sobre quem era Tom Riddle e ele foi categórico em afirmar que foi o aluno mais inteligente que passou pela escola. Dumbledore foi o único capaz de parar Lord Voldemort antes de Harry Potter. 

Era Conhecido Por Ser Um Grande Duelista

Tom Riddle já tinha o poder de usar magia com as mãos sem a necessidade de usar uma varinha. A partir do momento que passa a usar sua varinha se torna um dos duelistas mais poderosos do Mundo Mágico. Venceu grandes mestres dos duelos em batalhas conhecidas, como foi o caso de Minerva McGonagall, ela foi uma de suas vítimas e ela era uma Mestre em Duelos. Voldemort tinha um jeito único de batalhar, era agressivo e muitas vezes surpreendia seu adversário mudando o estilo de luta durante o confronto. Ainda tem o fato de usar as Artes das Trevas para ganhar mais vantagem em combate.

A Alma de Voldemort Foi Presa no Limbo Depois de Sua Morte

Voldemort acreditava que iria vencer Harry no último Harry Potter e as Relíquias da Morte, só que ele não conseguiu tal feito porque Harry Potter havia pegado a  varinha original de Draco Malfoy, se tornando assim seu mestre e então acaba por refletir a magia de Voldemort, o vencendo dessa forma. Só que Lord Voldemort não morreu, sua alma foi para o limbo, local onde vão parar as almas dos magos que morem. Da primeira vez que havia sido derrotado sua alma foi fragmentada e dividida entre os pedaços nas Horcruxes.

Ele Não Usava Varinha Para Conjurar Mágicas

Como se sabe Voldemort era um mestre usando sua varinha. Só que ele tinha um diferencial: sabia também fazer magia com as mãos. Isso é uma grande vantagem em batalha, já que a maioria dos bruxos e bruxas quando tem a varinha rompida perdem suas habilidades e ficam inoperantes. Tom Riddle era extremamente poderoso já quando criança, onde descobriu ter poderes movendo objetos com a mente e controlando animais. No orfanato, no qual ficou morando, maltratava outras crianças que nada contavam o que acontecia com elas.

Se Tornou o Mago Sombrio Mais Poderoso do Mundo

É sabido que Voldemort se tornou o mago mais temido do Mundo Mágico, mas antes dele triunfar os mais poderosos eram Gellert Grindelwald e Alvo Dumbledore. A partir do momento que o Lord das Trevas sobe ao poder automaticamente supera Grindewald, que naquele momento estava preso e era o mago sombrio mais poderoso até Voldemort surgir.

Podia Mudar a Memória dos Outros

Voldemort tinha o poder de controlar outras pessoas, isso graças as magias Legilimência que é o ato de entrar na mente de quem quisesse e Oclumência que é uma magia que protege sua mente para que esta não seja dominada por outros bruxos. São poucos os bruxos e bruxas que dominam a Oclumência e por isso ficam a mercê dos poderes da Legilimência. Severus Snape é dos poucos que consegue usar a Oclumência para proteger a própria mente.

Ele Podia Falar Parseltongue

A arte de falar e entender a língua de Parseltongue é dominada tanto por Harry Potter quanto por Voldemort. Essa particularidade entre os dois permite que ambos possam conversar e influenciar as decisões das serpentes. Potter usou a língua para falar com uma jiboia no zoológico e Voldemort se comunicava com seu principal servo que era a cobra Nagini. Somente os descendentes de Salazar Slytherin podem a proferir, com exceção de Harry Potter. Como ele foi atacado por Voldemort quando bebê acabou que meio que se unido juntando a uma parte dele. 

Bebeu Sangue de Unicórnio

Em um momento sombrio da história Voldemort manipula o professor de Defesa das Artes das Trevas Quirinus Quirrell para que esse bebesse sangue de unicórnios na Floresta Proibida. Há um motivo para isso, já que os unicórdios tinham algo que Voldemort queria muito, os unicórnios tinham a habilidade de se curarem. Ele precisava dessa habilidade de cura, pois precisava permanecer vivo, mesmo dentro do corpo de Quirinus quanto na hora que fica com seu próprio corpo. Ele criou uma poção a base de veneno de cobra Nagini e sangue de unicórnio para facilitar o ato.

Não Consegue Tocar em Harry Potter

Harry Potter recebeu um feitiço que o protegia quando criança de Lily Potter. Quando Voldemort lançou seu feitiço Avada Kevadra em Harry descobriu que não podia tocar no garoto sem sofrer uma dor intensa. Mas o Lord das Trevas pensou em um jeito de burlar isso. Em Harry Potter e o Cálice de Fogo, em que eliminou Cedric Diggory no cemitério e assim se voltou para confrontar Potter. Voldemort usou o sangue de Harry Potter para criar um poção em que refez seu corpo, agora com o sangue de Potter e assim acabou por eliminar a magia de Lily podendo atacá-lo sem sentir dor.

Dominava a Arte da Transfiguração

Das muitas magias conhecidas do Lord das Trevas a transfiguração é uma das mais conhecidas, que seria uma mágica feita para mudar a aparência de quase qualquer objeto ou corpo de qualquer pessoa. Apenas um bruxo muito poderoso pode o fazer e é muito difícil de ser feito. Além de comprovar que podia fazer o feitiço também mostrou que podia dominá-lo por um longo período. No livro e filme Hary Potter e a Ordem da Fênix Voldemort usou a Transfiguração para fazer a cobra Nagini se transformar em Bathilda Bagshot, a mantendo por um longo período de tempo nessa forma para matar Harry, caso ele aparecesse para falar com ela.