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Crítica | Crimes em Happytime – Uma Comédia Pornograficamente Ruim

Criado por Jim Henson os personagens dos Muppets logo se tornaram conhecidos e a produção de mesmo nome se tornou um espetáculo de sucesso envolvendo fantoches manipulados, e a palavra serviu para definir a modalidade, portanto sempre que aparece um fantoche em alguma produção é comum que seja chamado de muppet. mas não um muppet que tenha uma relação com os personagens de Jim Herson e sim um outro tipo de boneco. Crimes em Happytime (Brian Henson) vai nessa onda ao usar como composição do elenco bonecos manipulados e criar um show grotesco e pornográfico envolvendo humanos e fantoches.

Em Crimes em Happytime, Melissa McCarthy é uma policial que faz dupla improvável com um detetive boneco, há desavenças entre os dois, mas com o tempo se unem contra o crime. Não há nada de original na história nem com a personagem de McCarthy, pois já havia feito essa mesma protagonista em outras produções anteriores, como aconteceu em As Bem Armadas em que era a parceira doida de Sandra Bullock e em A Espiã Que Sabia de Menos em que era uma espiã que precisava chegar ao seu objetivo e tinha como parceiro Jason Stathan

Portanto, é uma fórmula que se repete e não trás nada de novo para um formato já bastante saturado que é o das duplas policiais atrapalhadas, sempre há um policial sério e um que não leva o emprego nem as missões tão a sério. Comprova-se isso nas cenas em que Melissa McCarthy usa desnecessariamente cocaína e uma outra em que do nada começa a bater em alguns muppets em um bar. Há ainda de se entender que como dupla Melissa e o boneco não funcionam, parece que estão em um filme diferente, cada um faz uma coisa diferente da do parceiro. 

Cenas desnecessárias é o que mais tem nesse longa. Há de se entender que ele foi concebido justamente para ser um filme idiota, mas uma coisa é fazer uma produção bizarra e grotesca e outra é colocar inúmeras piadas e situações que não acrescentam em nada para os personagens nem para o roteiro. A vaca, por exemplo, aparece do nada sendo ordenhada e a única ideia de aquilo ter sido colocado no filme é que queriam chocar com algo banal ou que tentaram fazer rir com uma situação nonsense. A vaca não tem relação alguma com a trama, não aparece mais durante todo a produção, um claro exemplo de cena jogada apenas parar fazer dar risada. 

Comédias que tem como princípio apresentar o surreal existem aos montes, pois uma história realmente banal pode ser engraçada, se trabalhando do ponto de vista que tenha uma mensagem ou reflexão por trás do que é apresentado. Crimes em happytime vai para esse lado do nonsense, mas totalmente vazio em ideias e em trazer uma mensagem que possa ser usada por quem assiste. Em Monty Python e o Cálice Sagrado o absurdo era constante e iam desde coelhos assassinos a um soldado lutando todo desmembrado, mas tudo isso tinha sentido para a trama, algo que não ocorre na produção de Brian Henson.

Crimes em happytime não é um filme para criança. Há muita, mas muita pornografia nele, desde as situações envolvendo os personagens aos diálogos entre eles, Melissa McCarthy profere constantes fuck, (na versão legendada) enquanto seu parceiro detetive participa de uma cena tosca de sexo com outra boneca em seu escritório.  Mais uma vez vem o fato de que a ideia do roteiro era fazer uma comédia adulta, mas mesmo sendo adulta não deixa de ser idiota, e mais uma vez é o fato dessa pornografia de dana acrescentar ao roteiro nem de fazer sentido, pois se tirar a pornografia o longa até que se torna assistível. Isso fica claro no terceiro e último ato, quando realmente começam a desvendar o crime e param de querer banalizar com cenas eróticas. 

A personagem de Melissa McCarthy é péssima. Apenas uma caricatura de papéis anteriores e pior que é escanteada em alguns momentos do filme. Sempre que há uma ação acontecendo é o seu parceiro boneco que está presente, quase sempre Melissa chega atrasada por algum motivo qualquer. Uma fórmula que funciona de início, mas se torna repetitiva. Tem momentos que fica entendido que sua personagem não faz sentido algum para a trama, é como se colocassem um cone ao lado do detetive, já que ela não faz nada de relevante durante o longa. 

O humor é de qualidade bastante duvidosa, focando no já mencionado público adulto até que funciona em alguns momentos com o uso de personagens e cenas nonsenses, nada mais além disso. É muito ruim as várias tentativas de se fazer dar risada, com elementos que funcionariam se o roteiro tivesse trabalhado bem o que iria acontecer, nos dando noção de que aquele tipo de humor seria usado, mas com inteligência. 

Brian Henson é o filho do criador dos Muppets, portanto é de se esperar que ele criasse uma obra que fosse uma homenagem ao tipo de conteúdo que seu pai fazia. Brian até que tenta fazer algo diferente dando vida a novos fantoches. É algo genuíno, mas fraco quanto a roteiro e até mesmo quanto a direção, já que não entrega nada de novo, além de ter uma direção bastante preguiçosa. Várias vezes Brian poderia ter feito algo de diferente, mas sempre seguiu pelo caminho mais fácil, transformando uma ideia interessante em algo bobo e idiotizado. 

Crimes em Happytime (The Happytime Murders, EUA – 2018)

Direção: Brian Henson
Roteiro: Todd Berger, Dee Austin Robertson
Elenco: Bill Barreta (Phil Phillips), Elizabeth Banks, Maya Rudolph, Melissa McCarthy, Cynthy Wu
Gênero: Comédia
Duração: 91 min.

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Publicado por Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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