Lista | Um Guia com Todos os Filmes de Monstros da Universal

Artigo | Um Gênio do Sistema: A História dos Filmes de Monstros da Universal

O Gênio da Universal

História, por si mesma, é fascinante. Não digo apenas das que pertencem à ficção – essas, reservamos um espaço mais que especial para preservá-las e apreciá-las, mas falo da nossa própria história (ainda bastante desconhecida). Entretanto, dentro de todos os horrores testemunhados no século XX, talvez a lufada mais bela e apaixonante seja a consolidação da indústria cinematográfica, do cinema como linguagem, do Cinema como arte.

Quase todos os estúdios possuem grandes histórias de fundação, crescimento e estabelecimento no mercado que despertam o interesse até do mais apático leitor. Dentre todos, nos anos 1930, a era de ouro dos estúdios hollywoodianos, a Universal se destaca por uma junção de fatores absolutos que a salvariam da Grande Depressão de 1929. Esse fator máximo tem nome: Carl Laemmle Jr., um dos gênios do sistema.

A Universal, desde sua fundação em 1912, era considera uma minor major. Ou seja, uma das menores companhias quando comparada aos titãs consolidados rapidamente como a Warner, United Artists, RKO, MGM, 20th Century Fox e Paramount. Assim como a grande maioria dos outros estúdios, a Universal controlava sua produção em três pontas: tinha a produção, distribuição e também a exibição – todos os estúdios perderiam as cadeias exibidoras após o processo da Lei Antitruste americana (uma boa história para outro artigo).

Em sua história, além de receber os louros da fundação e estabelecimento bem-sucedido do estúdio, Carl Laemmle Sr. merece elogios por sua visão de mercado. Enquanto as outras sete majors se esforçavam ao máximo em suprir as demandas do mercado interno com grandes metrópoles como Nova Iorque, Laemmle Sr. já olhava com bons olhos para o mercado europeu e suas fascinantes histórias fantásticas de horror. O movimento iniciado por Robert Wiene em O Gabinete do Dr. Caligari em 1920 já provava que o Cinema era um dos maiores popularizadores de arte da História.

O que antes era considerado cult e para poucos apreciadores, o horror expressionista alemão popularizou-se de modo nunca antes visto. E quando há muito burburinho, há dinheiro. E quando há dinheiro, existem produtores hollywoodianos atrás de novos talentos. A importação de nomes europeus para Hollywood marcou toda a década de 1920, assim como o início de 1930.

Entretanto, Carl Laemmle Sr. já sentia o peso da idade e já era podre de rico. Cansado de tanta correria e guerra de egos, Laemmle, em um movimento surpreendente, dá o cargo de presidente dos estúdios Universal para seu filho, Carl Laemmle Jr, como presente de aniversário de 21 anos em 1928.

Assim como aconteceria hoje, aconteceu em 1928. As más línguas já detonavam Laemmle Jr. como o queridinho do papai, o tachando de incompetente, além do consenso geral ser que o magnata-pai continuaria a controlar tudo em seu escritório em Nova Iorque... Porém, o destino tem suas maravilhosas surpresas para silenciar invejosos. Laemmle Sr. de fato deixou seu filho fazer o que quisesse com o estúdio. E o que Jr. fez, na verdade, era uma obra de um gênio. Um gênio do sistema.

Carl Laemmle Jr.

Nasce Uma Estrela

Em 1928, ninguém poderia prever a hecatombe financeira que atingiria a bolsa de Nova Iorque – bom, em parte, mas isso não cabe nesse artigo. Mas, em um movimento bastante esperto, Laemmle Jr. salvou muitos milhões de dólares da Universal em seu primeiro ordenamento no estúdio: vender a grande maioria das salas exibidoras precárias e ainda não atualizadas com sistemas de som. Preservando e reformando apenas os seus movie palaces, Laemmle Jr. cresceu o caixa da companhia em milhões o que permitiria uma reformulação significativa do ordenamento de produção da Universal.

No final desse ano, Laemmle Jr. encomenda as duas produções que seriam os marcos do estúdio por eras: o musical Broadway e o épico de guerra Sem Novidade no Front. Com orçamentos que flertavam com o milhão (valor altíssimo para uma produção Universal), Laemmle Jr. teve a satisfação de ver muito sucesso de público e crítica, além de faturar o primeiro Oscar do estúdio pela recém-aberta Academia Cinematográfica – esse seria o terceiro Oscar de Melhor Filme da história da premiação.

Broadway saiu em 1929 enquanto Sem Novidade no Front estrearia em 1930, já com muita gente perdendo as esperanças de uma melhora significativa na economia. Mesmo com esses sucessos, Leammle Jr. sentiu a Grande Depressão bater à porta da Universal. No entanto, no biênio de 29-30, a Universal não chegou a perder mais do que três milhões em prejuízo enquanto as outras sete majors acumulavam déficits de 60 milhões de dólares em conjunto. Só a Warner veria seus lucros sendo assassinados por 20 milhões em prejuízo.

Mas é justamente em tempos sombrios e de grandes dificuldades que garotos viram homens. Carl Laemmle Jr. virou sim, um grande homem.

 

Bela Lugosi como Drácula.

Onde os Fracos Não Têm Vez

Sem medo de represálias, Laemmle tinha um nome a prezar: o de sua família. Não queria ver o legado de seu pai indo pelo ralo por conta de uma necessidade de autoafirmação em continuar investindo em fitas de grande custo, repletas de audácia. Ele já tinha emplacado dois sucessos e ganhado alguns Oscar somente em seus primeiros anos. Era hora de cortar o mal pela raiz.

E assim foi. O jovem produtor decidiu que o ano fiscal de 1930-31 não superaria o investimento de 7,4 milhões de dólares destinados para novas produções e marketing. As 34 novas produções já estavam definidas e Drácula de Tod Browning já era uma delas. O produtor não era nenhum idiota e já estudava muito bem as relações de seu pai com o mercado europeu. Também se lembrava dos sucessos que o estúdio havia emplacado com o astro Lon Chaney em 1924 e 1926 com O Corcunda de Notre-Dame e O Fantasma da Ópera.

O baixo custo de filmes de horror e o alto retorno que eles proporcionaram nos experimentos do estúdio nos anos 1920 inspiraram Laemmle Jr. a apostar nessas produções para superar a crise financeira. A figura de Lon Chaney era igualmente respeitada tanto que já era o escolhido para interpretar o famoso vampiro na nova produção, porém, todos foram pegos de surpresa com sua morte precoce após o diagnóstico de um câncer na faringe.

Um evento péssimo para Laemmle Jr. que conseguiu segurar as pontas de um diretor abalado – Tod Browning e Lon Chaney eram carne e unha, um dos casos mais célebres de simbiose ator/diretor. Nisso, surge a figura de Bela Lugosi que já participara em outros filmes em papeis secundários. A escolha do casting fora absolutamente perfeita tanto que hoje é inconcebível não imaginar Drácula senão a versão estupenda apresentada por Lugosi e o seu famoso Eu sou Drácula!

Lugosi e Browning conversando no set de O Drácula.

A obra ditaria ferrenhamente a estética de todos os filmes de monstro que estúdio viria a trazer em toda a década de 1930. E essa estética tinha nome e endereço: o diretor de fotografia Karl Freund que viria a dirigir A Múmia com Boris Karloff em 1933. Freund era uma das conquistas de Laemmle Jr. que o havia chamado para desenhar toda a iluminação de Sem Novidade no Front – o jovem produtor já admirava o cinegrafista em seus trabalhos sensacionais em Metrópolis, clássico expressionista alemão de Fritz Lang. Quem pesara no recrutamento de Freund seria Paul Leni, outro alemão diretor de arte que o pai do jovem produtor já tinha chamado para trabalhar em diversos clássicos silenciosos da Universal.

Freund então incorporou toda a estética expressionista de iluminação baixa e contrastes fortes que Laemmle Jr. tanto requisitara para potencializar todas as cenas de horror. E a história foi feita em 1931, na estreia de Drácula que conquistou os pesadelos do público que procurava assombrações de ordem sobrenaturais, pois as da realidade já estavam virando passado. Por sinal, uma curiosidade. Anos antes, a Paramount especulara fazer seu próprio Drácula para o mercado americano, mas a maioria dos diretores votou pela desistência do projeto taxando de “maluquice de europeu”... Se arrependimento matasse, a diretoria inteira da Paramount estaria à sete palmos naquela época.

Somente para provar seu forte faro empreendedor, Laemmle Jr. já orquestrava, por baixo dos panos, a adaptação de Frankenstein de Mary Shelley paralelamente a Drácula. Dessa vez ele não cometeria o erro de matar a criatura no final sem poder aproveitar quaisquer potenciais de novas sequências. Porém, já com Drácula nos cinemas, Bela Lugosi sabia que tinha o poder da negociação (o que se provou um erro para ele depois).

Laemmle queria muito que Lugosi fosse a criatura de Frankenstein, mas o ator recusava pois estaria encoberto de maquiagem, o deixando irreconhecível para o público. Sem muita paciência para esse ego, Laemmle resolveu testar Boris Karloff, um gigantão com semblante melancólico juvenil que já participara de uma centena de filmes como figurante e coadjuvante durante a administração de seu pai. Aprovando o que tinha sido apresentado, Laemmle deu a chance do estrelato tardio para Karloff que já tinha lá seus 40 anos de idade.

James Whale observa o cenário de Frankenstein.

ESTÁ VIVO!

A produção de Frankenstein não teria somente dor de cabeça com Bela Lugosi e suas frescuras. O diretor original do projeto, o veterano Robert Florey, seria descartado por Laemmle Jr. por conta da total inexperiência do diretor com os talkies, filmes falados. Quem já chamava sua atenção por um bom tempo era James Whale, um britânico metido a brincalhão que criava movimentos de câmera mais que espetaculares nos filmes de Howard Hughes como Anjos do Inferno.

Ao contrário de muitos produtores, Laemmle Jr. sabia o momento de ceder. E foi assim que conseguiu Whale para dirigir Frankenstein, um projeto de escolha do próprio Whale, após ter que engolir as filmagens de um filme chamado A Ponte de Waterloo do qual ele tinha zero vontade de fazer.

Frankenstein foi uma produção abençoada depois desses entraves. Whale pode utilizar a cidadezinha construída para Sem Novidade.., além de contar com os nomes de Karl Freund na foto e o gênio maquiador Jack Pierce para criar a icônica maquiagem do monstro em Karloff que acabou ganhando mais 45 centímetro de altura.

Enquanto Frankenstein era aprovado na sala de montagem e já partia para a exibição nos cinemas também se tornando um tremendo sucesso de bilheteria ainda mais elogiado que O Drácula, Laemmle Jr. já voltava seus olhos para 1932 no qual programara lançamentos como O Assassinato na Rua Morgue, A Casa Sinistra também com James Whale e Boris Karloff e A Múmia, com direção de Karl Freund e Boris Karloff encarnando o monstro egípcio.

Boris Karloff recebendo a maquiagem icônica do personagem.

O terror estava impregnado na Universal tornando-se o gênero mais respeitado por Laemmle Jr. que, embora não trouxesse os louros das premiações, trazia coisas melhores como dinheiro e expansão de negócios. E mesmo assim, em 1932, com tantos filmes bem-sucedidos, o produtor ainda teve que engolir seu orgulho materializado com os carésimos Broadway e Sem Novidade. A Universal fechava seu terceiro ano em prejuízo: 1,7 milhões de dólares.

Embora o cenário da Universal permanecesse favorável, era inevitável que a concorrência mexeria seu planejamento para surfar na onda assombrada de Laemmle Jr. A MGM preparava A Máscara de Fu Manchu e Monstros, outro clássico de Tod Browning; a Paramount adaptaria O Médico e o Monstro e a Warner faria Dr. X.

Vendo o filão da concorrência, Laemmle teve motivo para rir à toa. Já tinha comprado os direitos das maiores histórias de horror e já planejava um futuro brilhante para sua franquia de sucesso. Em 1933, o produtor, James Whale e John Fulton, técnico de efeitos especiais, conseguiriam surpreender o mundo com O Homem Invisível, lançamento de horror solitário naquele ano.

Novamente, nesse período, Laemmle Jr. mostrava ser mais do que um produtor sensato, mas um homem genuíno dos negócios. Ele sabia que a fonte estava longe de secar, mas preferiu resguardar seu poder de fogo, lançando poucas obras de terror em 1933-34. Era hora da Universal apostar em filmes femininos e dar mais atenção aos musicais sempre rentáveis. De certa forma, eram mais baratos de fazer, pois se tratavam de obras “formulaicas” com pouco custo de roteiro e produção. Na base do tapa buraco de sete rolos, a Universal conseguiu lucrar em 1934 com 300 mil dólares – sim, as outras majors ainda estavam tomando uma surra financeira.

 

Vendo o cenário melhorar, decidiu que era hora de assustar sua plateia mais uma vez com James Whale em A Noiva de Frankenstein, programado para estrear em 1935. Uma ideia tão boa não tinha saído da cabeça de Laemmle Jr., porém, que apenas planejava um bom filme de retorno da criatura. Foi a chegada de James Whale que fez tudo ser reescrito do zero por um bom motivo: o diretor havia decidido que esse seria seu grandiosíssimo final. Depois dessa obra, ele nunca mais revisitaria o gênero.

Whale tinha experimentado novas liberdades criativas enraizando seu humor negro em A Casa Sinistra e O Homem Invisível. Com A Noiva de Frankenstein, a coisa não seria diferente. O humor camp kitsch dessa vez viria com a performance sensacional de Elsa Lanchester que daria vida para a noiva-título em si, uma morta-viva cheia de carisma que estava longe de querer amar o monstrengo interpretado novamente por Boris Karloff.

Porém, mesmo feliz por trabalhar na sequência, Whale já estava se cansando do gênero. 4 anos haviam se passado e ele só vinha fazendo filme de terror. O diretor queria mais, queria uma nova oportunidade para mostrar seu talento.

Paralelamente a A Noiva de Frankenstein, Laemmle Jr. preparava novamente outro blockbuster star driven com Claudette Colvert chamado Imitação da Vida, dirigido por John Stahl. O filme custou gordos 665 mil dólares, mas provou ser um risco certeiro, pois atingiu lucro na bilheteria e renderia um novo Oscar para a Universal após um hiato de 4 anos. Mas tudo que é bom demais para ser verdade, geralmente é mesmo.

Hora do chá de Elsa Lanchester em 1935, nas filmagens de A Noiva de Frankenstein.

O declínio de um gênio

Em 1935, após colecionar sucessos e encher os cofres da Universal de dinheiro, Laemmle Jr. tinha motivos para dar sorrisos que dariam a volta na lua. Reconhecendo que Stahl e Whale eram seus maiores nomes na direção e também por mostrar gratidão ao ótimo trabalho, Laemmle decidiu que era hora de apostar em filmes de primeira linha novamente, assim como tinha feito em 1930. Naquela altura, seria sensato pensar que a sorte e o sucesso não iriam acabar. Mas o que aconteceu foi o completo oposto.

Stahl foi designado para o melodrama milionário Sublime Obsessão e James Whale enfim receberia o presente dos deuses que tanto queria, sua chance de ouro. O britânico foi agraciado com a refilmagem mais ambiciosa da década: o musical Show Boat – Magnólia.

Nesse momento, pela primeiríssima vez, Laemmle Jr vacilou em suas escolhas que beiraram sim a insanidade. O ego falou mais alto ao permitir a produção de duas obras de primeira linha simultaneamente, além de permitir a loucura de tirar James Whale da linha de filmes de horror do estúdio. Com o nome forte de Whale ausente desses filmes, era questão de tempo até a franquia monstruosa degringolar. Além disso, Laemmle tinha decidido ele mesmo produzir Magnólia deixando o estúdio sem qualquer capitão durante esse período.

O provérbio é sempre verdadeiro: quando o gato sai, os ratos fazem a festa. E assim foi com a Universal que entrou em um abismo de erosão na gestão interna e de disciplina nas outras produções do estúdio. Justamente Sublime Obsessão marcou problemas intensos já que o produtor encarregado não tinha nenhum controle sobre Stahl que estava cheio de si após o sucesso do filme anterior.

As coisas começaram a dar errado muito rápido e a produção atrasou e encareceu – 25 dias e 200 mil dólares. Certamente um mal sinal que já devia trazer Laemmle Jr. de volta a realidade. Magnólia, apenas com seu elenco, custara 300 mil dólares. Só James Whale custou 90 mil para dirigir. Piorando o cenário, uma produção biográfica chamada o Czar de Ouro encontrava um problema atrás do outro envolvendo locações e o ator protagonista. O caixa da Universal estava quase entrando em colapso por conta de decisões imaturas de Laemmle Jr.

A situação estava caótica e, justamente nesse momento, Laemmle Sr. retorna à Universal City para entender o que raios estava acontecendo na gestão promissora de seu filho. Sem arredar de seu posicionamento, Jr. citou outro produtor-gênio, David Selznick: “Há dois tipos de mercadoria que podem ser produzidos com lucro nesse negócio, os filmes muitos baratos e os filmes muito caros.”. O detalhe que Jr. se esquecera de mencionar é que Selznick concentrava seu poder de fogo em um produto e um único mercado (ainda mais porque era produtor independente). Laemmle Jr. estava fazendo essa loucura com todos os produtos Universal para todos os segmentos do mercado.

Lon Chaney Jr. virando o lobisomem em O Lobisomem, 1941, um dos primeiros sucessos dos Monstros da Universal após a saída de Laemmle Jr e James Whale do estúdio.

Convencido pelo discurso do filho, Laemmle pai foi atrás de um empréstimo do diabo: pegou 750 mil dólares em um contrato no qual Cheever Cowdin, dono do empréstimo, poderia comprar todas as ações menores da Universal por 5,5 milhões de dólares, caso os Laemmle não pagassem a dívida em noventa dias.

Sublime Obsessão estrearia muito bem em dezembro de 1935, mas Magnólia continua em processo de produção em ritmo lento demais. O desastre O Czar do Ouro nem era mais considerado com qualquer potencial de lucro pela Universal e o filme de Whale estava consumindo sempre os rendimentos que Sublime Obsessão fazia na bilheteria. As coisas foram de mal à pior e noventa dias se passaram. Cowdin então comprou os 80% da companhia conforme o contrato e os Laemmle perderam a Universal. O novo presidente Robert Cochrane contratou Laemmle Sr. como chefe do conselho de diretores enquanto o garoto prodígio, Laemmle Jr. foi afastado indefinidamente. Sr. viria a morrer em 1939 e Jr. nunca mais seria visto em Hollywood.

Sob nova direção, a Universal conseguiu ver o último sucesso de Laemmle Jr e James Whale com Magnólia, porém os filmes de horror estavam fadados a um futuro incerto. A nova diretoria manteve as produções do gênero bastante ativas, mas a qualidade dos filmes entrou em queda livre em questão de pouco tempo na década de 1940. Porém, a nova gestão viu o potencial de fazer crossovers criando o primeiro universo compartilhado da História do Cinema com Frankenstein Encontra o Lobisomem em 1943 com o retorno de Boris Karloff e Lon Chaney Jr. reprisando seus icônicos personagens.

Porém, para tudo isso ver a luz do dia novamente, os novos responsáveis tiveram que suar muito para tirar a Universal da zona da falência. Felizmente, um anjo havia pousado em Universal City. E ela tinha nome: Deanna Durbin, a fofa atriz de musicais que, praticamente sozinha, salvou um estúdio inteiro.

Nesse glorioso e peculiar caso, a Bela não matou a Fera. Mas a salvou. Graças a Durbin, a Universal conseguiu manter seu cronograma cheios de monstros até 1960.

E essa é uma excelente história para outro dia.

Bibliografia: "O Gênio do Sistema", de Thomas Schatz.


Os (Muitos) Acessórios da Mulher-Maravilha

O que seria de uma heroína sem seus muitos utensílios? Tudo bem que perto do Batman e seus bat-acessórios, ninguém conseguiria superar os gadgets do herói de mil e uma utilidades, mas digamos que a Mulher-Maravilha chega bem perto disso.

Não por menos, seus acessórios têm tanta personalidade que viraram uma parte poderosíssima da mitologia da heroína. Só de pensar na heroína, já a associamos com o Laço da Verdade, com os Braceletes e, obviamente, ao jato invisível, mas vocês já pensaram de onde vem todas essas coisas ou sobre os outros instrumentos que Diana usa para combater o crime?

Os poderes do Olimpo

Como muita gente já sabe, toda a história que circunda a origem de Diana Prince é envolvida diretamente com a mitologia grega. Esculpida no barro por Hipólita e trazida à vida por Zeus virando uma semideusa, a heroína acabou recebendo habilidades sobrenaturais. Isso, obviamente, trouxe diversas vantagens como superforça, destreza além do normal, sabedoria divina e uma quase imortalidade. Mas mesmo com todas essas vantagens inerentes à sua pessoa que a tornam completamente super-humana, Diana não larga seus acessórios na hora de quebrar tudo.

O principal é o bendito Laço da Verdade, a arma mais icônica da heroína. O laço forjado por Hefesto tem diferentes propriedades mágicas além de forçar quem estiver amarrado a falar a verdade. A corda consegue quebrar maldições poderosas de ilusões, devolver memórias perdidas e até mesmo restaurar a sanidade de um insano, além de servir como protetor de ataques mágicos. Por vezes, Diana o utiliza para conseguir comandar o oponente amarrado sem enfrentar quaisquer resistências.

Moda multifuncional

E depois do Laço, vem o que? Ora, é óbvio! Os Braceletes da Vitória que são vitais, sempre, para o look da heroína. Os braceletes foram feitos do próprio escudo de Zeus e, portanto, são indestrutíveis. É justamente por essa origem que Diana consegue manipular raios com o auxílio dos braceletes podendo se defender e atacar outros deuses como Ares.

Mas na maioria do tempo, Diana os usa apenas como instrumentos de defesa podendo defletir golpes poderosos de espadas e armas de fogo diversas. Como visto em exaustão no novo filme, toda vez que ela cruza os braços para se defender, os braceletes causam uma onda explosiva que derruba tudo a sua volta. Originalmente, eles também tinham uma função bem mais interessante: conter o verdadeiro poder de Diana. Uma vez que ela se libertava deles, sua força não era mais restrita à levando a um estado de pura raiva e insanidade. Tenso.

As manoplhas de Atlas e as sandálias de Hermes são oferecidas como um conjunto de armas.

Assim como os braceletes, Diana possui outras peças de seu look que também são verdadeiras armas de destruição. Sua tiara é uma delas. Apesar de ainda não termos visto nos filmes, a heroína geralmente costuma usar sua coroa de princesa como um poderoso boomerang que consegue aplicar um dano maior que podemos imaginar. Hoje a tiara é considerada parte de sua origem em Themyscira, mas antes se tratava de um presente dado por alienígenas em forma de gratidão por Diana ter salvo seu planeta.

A heroína também já utilizou em algumas histórias as famosas Sandálias de Hermes. Os poderes que o calçado oferece é exatamente os que você já pensa: habilidade de voar e super velocidade. Como em diversas narrativas Diana já possui esses poderes, ela pouco os utiliza. As sandálias já foram utilizadas por sua mãe Hipólita e também por Artemis.

Outro instrumento vindo diretamente de uma criatura mitológica é o par de Luvas de Atlas, o lendário titã encarregado de segurar o mundo nas costas. As manoplas aumentam a força do usuário em até dez vezes, além de proporcionar maior resistência física e estamina.

Obviamente não deixaria passar a famigerada Espada de Athena, uma das armas místicas mais poderosas da heroína. Apesar dela não possuir muita história por trás de sua origem, é sabido que a espada é capaz de ferir até mesmo o Superman sem qualquer auxílio de kryptonita para enfraquecê-lo antes tornado Mulher-Maravilha uma das personagens mais fatais da Liga da Justiça.

Minúsculos e invisíveis, mas poderosos

Diana também já foi agraciada com pares de brincos explosivos que também funcionavam como comunicadores durante a Era da Ouro. Além deles, ela já chegou a usar até mesmo Anéis de Poder – sim, as armas usadas pelos Lanternas.

Isso aconteceu na saga A Noite Mais Densa na qual ela morre e é ressuscitada como uma Lanterna Negra (como diversos outros heróis nessa saga). Porém, felizmente, Diana é separada do poder sombrio dos Lanternas Negras ao receber um anel de poder violeta para se transformando em Safira Estrela. Manipulando um anel de poder, Mulher-Maravilha consegue fazer as mesmas coisas que o Lanterna Verde criando construtos diversos através da manipulação de suas emoções – no caso, o amor.

Diana Prince como Safira Estrela.

E para encerrar qualquer artigo, há de se mencionar o veículo favorito de Diana Prince: o Avião Invisível. Muita gente se pergunta por que raios ela usaria um jato quando pode voar livremente por aí, mas na verdade, esse poder é algo relativamente novo nos 75 anos de história da Mulher-Maravilha. Por isso, o jatinho era necessário no começo para transportar Steve Trevor de volta ao mundo dos homens e vice-versa.

O avião, originalmente, tinha sido feito pelas Amazonas – depois alienígenas ajudaram Diana a melhorar ainda mais o veículo agregando poderosas armas, piloto automático, capacidade de voo no Espaço, auto reparo e até mesmo uma conexão telepática exclusiva com a heroína que permite invocá-lo a qualquer momento. Bem mais útil do que ser apenas um avião invisível, não é mesmo?

Esses são os instrumentos mais utilizados pela heroína em batalha em diversas fases de sua história e, felizmente, pudemos ver diversos desses em ação no novo filme. Será que veremos o famigerado avião invisível em Liga da Justiça?


Cine Vinil #05 | Lado B: Por que Odiei Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

O CONCEITO

Dia vs Noite, TWD vs GOT, DC vs Marvel, BvS vs Guerra Civil, Xbox vs Playstation, Flamengo vs Fluminense, Android vs iOS, McDonalds vs Burger King, Nerd vs Nerd, Fanboy vs Fanboy.

O multiverso nerd é pautado por discussões intermináveis e, geralmente, extremamente redundantes. Mas com toda a certeza a gente adora aquela treta cósmica para provar que um lado é melhor que o outro – mesmo que o único convencido na discussão seja você mesmo. Analisando essa treta tão peculiar, decidimos trazer um pouco desse espírito “saudável” de discussão para o nosso site.

Sejam bem-vindos ao Cine Vinil! Calma, antes de soltar os cães nos comentários, entenda nossa proposta. Os discos de vinil foram um dos itens mais amados para reprodução de arquivos sonoros. Sua grande peculiaridade eram os lados A e B. O lado A era utilizado para gravar os hits comerciais das bandas, músicas mais populares. Enquanto o Lado B era mais voltado para canções experimentais ou mais autorais.

No caso, nos inspiramos pelos lados opostos do mesmo “disco” – de uma mesma obra. Serão dois artigos: o Lado A, que contém a opinião positiva, e o Lado B, com a versão negativa. Os autores, obviamente, serão distintos, e escolherão 5 pontos específicos da obra para justificar seus argumentos.

Explicado o conceito, nós lhes desejamos aquela ótima discussão para defender o seu lado favorito! Quem ganhou? Lado A ou Lado B? Que a treta perfeita comece!

Atenção aos spoilers.

LADO B

Por Matheus Fragata

Potencial Frustrado

Não tenho problemas com franquias que se estendem mais que o necessário. Algumas vezes, podemos ter ótimos surpresas como no caso da loucura divertida que virou Velozes e Furiosos. Porém, infelizmente, falta vigor criativo nesse retorno de Piratas do Caribe. E acredite, potencial havia de sobra. O fato de novamente tudo cercar um Macguffin já dá indícios de que as coisas vão mal. O maior problema reside nessa enorme tentativa da obra querer abraçar o mundo em apenas duas horas de narrativa o que nos leva para o próximo ponto.

Menos é Mais

O roteirista Jeff Nathanson teve que dar nó em pingos d’água para sustentar a narrativa deste Piratas. Além de introduzir e estabelecer a motivação, características fundamentais e o romance dos novos mocinhos: Carina e Henry, se preocupa em estabelecer um arco de decadência profunda para Jack Sparrow que está bêbado além da conta e totalmente viciado. Além disso, há toda a perseguição desnecessária dos ingleses ao grupo de piratas – algo tão sem-graça que rapidamente é retirado de forma arbitrária. E, não satisfeitos, também temos que ter algum desenvolvimento para Barbossa que realmente é interessante, mas o desfecho cai no clichê de um sacrifício que mal sentimos o peso, pois não vemos o desenrolar desse novo lado do carismático vilão. Ah, e obviamente, o vilão Salazar de tremendo potencial e ótima presença em cena, mas que rapidamente vira um personagem de uma nota só recebendo um dos piores desfechos que já vimos na franquia.

Johnny Depp está perdido

O que raios houve com Depp? Antes tão preocupado com a essência de seu personagem, aqui claramente temos o roteiro mais preguiçoso para com o azarado pirata. Sparrow nunca foi o protagonista desses filmes, mas sempre tivera momentos dedicados para desenvolvê-lo e mostrar uma face mais humana do herói carismático. A Vingança de Salazar não tenta nem oferecer isso ao público além de apostar em um conflito que já chegou a exaustão nesses filmes: alguém quer a cabeça de Jack Sparrow através de uma saborosa vingança. Não apenas o roteiro é bem pobre para o personagem, como Depp parece não conseguir criar absolutamente mais nada a ponto de confundir a dicção durante a apresentação de Sparrow nesse filme. Isso é para os espectadores mais atentos e apenas ocorre na versão legendada (imagino) tornando o problema mais grave. Até Sparrow chegar ao seu navio, temos Depp fazendo a voz e os tiques de dicção do Chapeleiro Maluco justamente no seu personagem mais consagrado. O que raios aconteceu aqui?

A Nova Dupla de Diretores Aconteceu

É, respondendo a minha própria pergunta. Nota-se que os noruegueses Ronning e Sandberg não deram conta do recado em sua maior parte – admito que a ação é razoavelmente bem filmada. Os indícios são vários, mas o descontrole na performance de Depp é um dos indícios mais fortes – realmente não custava ter avisado o ator dessa confusão tonal que remove o espectador logo no início do filme (céus, é a apresentação do personagem que estamos falando aqui). Apesar de ser um longa belo e com efeitos visuais excelentes, existe certo desconforto visual por conta da hierarquia de planos muito estranha que os diretores ordenam. As transições pouco naturais entre um núcleo narrativo para outro também são frustradas que só colaboram para esse sentimento inorgânico provocado por uma montagem excessiva. Também é evidente que ambos não conseguem sustentar um diálogo inteiro com uma variedade visual mais interessante, já apostando diretamente em um padrão televisivo bastante datado. Em suma, o refinamento estético passa longe do que Gore Verbinski tinha apresentada na trilogia original.

O Roteiro das Profundezas

Nem mesmo o argumento principal do veterano Terry Rossio se salva nessa. O filme aposta tanto no seguro e em um sentimento nostálgico falho que mais parece um filler requentado para reintroduzir a presença de Davy Jones em um próximo filme. Os bons elementos novos apresentados aqui não recebem o menor tratamento tornando-se absolutamente ridículos: decadência de Sparrow? Paternidade de Barbossa? Conclusão mais criativa para Salazar? O confinamento de Will Turner no Holandês Voador? A origem do Capitão Jack Sparrow? Tantos pontos mais interessantes para serem trabalhos, mas o que recebemos é outro final ruim, uma passagem bizarra de comicidade absurda em uma ilha X, muitas coisas jogadas ao acaso como esse primeiro encontro entre Sparrow e Salazar e também todo o arco dramático de Barbossa – já a sua motivação para entrar na corrida maluca atrás desse Tridente é bastante pífia. Infelizmente, também não faltou preguiça para amarrar muitas das pontas soltas.

Clique AQUI para ler o Lado A

Leia mais sobre Piratas do Caribe


Javier Bardem reclama de pergunta sexista sobre esposa Penelope Cruz

Lista | Os 5 Melhores Personagens de Javier Bardem

Javier Bardem é um dos atores mais versáteis de Hollywood. O espanhol já tinha um currículo muito sólido antes de ver sua carreira explodir após encarnar Ramón Sampedro em Mar Adentro de Alejandro Amenábar. Porém, a partir da excelente performance e também pelo fato do filme ter vencido o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Hollywood passou a dar mais atenção ao exótico Javier Bardem.

Quase que imediatamente, Bardem já era cotado para trabalhar com os irmãos Coen, Woody Allen e Mike Newell – diretores respeitadíssimos na indústria. Com a trinca Onde os Fracos Não Têm Vez, Vicky, Cristina, Barcelona e O Amor nos Tempos do Cólera, Bardem já era um dos nomes mais quentes da indústria cinematográfica americana arrancando elogios da crítica especializada e alcançando o posto de galã tão desesperadamente carente de bons nomes – Brad Pitt e George Clooney já estavam saindo desse nicho de filmes da indústria.

Mesmo assim, com chuvas de contratos para diversos filmes, Bardem e sua equipe souberam escolher os projetos a dedo, permitindo que o ator sempre entregue performances de fato interessantes. Agora, parte de uma das franquias de maior sucesso na História do Cinema, o nome de Javier Bardem volta a chamar a atenção do grande público. Por isso, vamos escolher 5 de seus melhores papéis e performances até agora.

5 – Uxbal em Biutiful (2010)

Um dos filmes mais duramente criticados de Iñarritu também recebeu uma chuva de elogios para o domínio que Javier Bardem apresentou em cena. Encarnando um personagem muito difícil, Bardem fez a dor de Uxbal em algo único que não chega perto da caricatura bizarra que poderia ter se tornado através de um overacting.

No filme, Uxbal é diagnosticado com câncer terminal tendo que lidar com o fim da sua vida enquanto coloca suas pendências em ordem. Porém, feliz dele caso as pendências fossem simples. Enquanto tenta fugir do crime suburbano de Barcelona, Uxbal ainda tem que garantir a segurança de suas filhas para que elas não caiam na guarda de uma mãe abusiva. Só que com o fim da vida diante de seus olhos, Uxbal passa a ficar cada vez mais egoísta.

O filme pode ser bastante confuso, mas vale assistir pelo que Bardem apresenta em tela.

4 – Rámon Sampedro em Mar Adentro (2004)

Javier Bardem já tinha chamado atenção nos filmes Carne Trêmula, de Pedro Almodóvar, e Antes do Anoitecer, de Julian Schnabel, mas foi mesmo em Mar Adentro, de Alejandro Amenábar, que ele confirmou todas as expectativas depositadas na sua capacidade de representação.

Na pele de um tetraplégico lutando pelo direito de acabar com a própria vida, o ator espanhol, impedido de usar o próprio corpo na construção de sua performance, teve de transmitir toda a complexidade interior do personagem através dos olhos, das entonações vocais e expressões faciais. O resultado foi uma atuação inesquecível e um dos filmes mais devastadores e relevantes dos últimos anos. (Miguel Forlin)

3 – Juan Antonio em Vicky Cristina Barcelona (2008)

Woody Allen aposta nos olhares apaixonados e exóticos de Juan Antonio, o personagem que se envolve romanticamente com três personagens ao mesmo tempo nesse ótimo longa. A história é bastante simples, outra comédia de erros de Allen em sua fase europeia. Acompanhamos Vicky e Cristina em sua viagem de turismo para Barcelona.

Em pouco tempo, as duas conhecem o galã Juan que acaba seduzindo as duas mulheres que desconhecem essa simultaneidade até descobrirem que a ex-mulher do espanhol também está na mesma situação. Em vez de trilhar o caminho seguro, Allen joga as cartas no poliamor mostrando como uma relação disfuncional pode entrar nos eixos.

2 – Silva em 007 – Operação Skyfall (2012)

Com pouco tempo em tela, Bardem consegue criar um dos melhores vilões que a franquia já tinha visto até então. Silva se sustenta muito bem pelo roteiro que oferece nuances interessantíssimas para seu passado e sua motivação em destruir MI6 e toda a divisão 00. Porém, basta vermos Bardem entrar em cena que o vilão se transforma em algo melhor e maior.

O ator claramente sexualiza o personagem que tenta seduzir Bond, seus trejeitos levemente efeminados entram diretamente em contraste com seus momentos mais assustadores que revelam a loucura interior de uma criatura, literalmente. Skyfall tem diversos pontos positivos e Bardem é um dos seus maiores trunfos.

1 – Anton Chigurh em Onde os Fracos não Têm Vez (2007)

Eis o psicopata perfeito. Bardem entrega uma performance nada menos que avassaladora para esse monstro silencioso. Confundida como monótona, a atuação de Bardem é na verdade totalmente o contrário. Sentimos que Chigurh é humano, mas sua representação consideravelmente robótica que praticamente não indica nenhum prazer no ato de matar, o tornando extremamente imprevisível.

Quando Chigurh entra em cena, não sabemos se vamos testemunhar outro banho de sangue. É um personagem consideravelmente complexo por si só. Bardem e seu diabo na Terra também só explicitam a obra de mestre que os Coen realizaram nesta obra-prima chamada Onde os Fracos não Têm Vez. Não é por menos que Bardem foi agraciado com seu primeiro Oscar graças ao excelente desempenho.

Menção Honrosa: Capitão Salazar em Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (2017)

Caso fosse melhor tratado pelo roteiro, Salazar seria facilmente um dos melhores vilões que Piratas do Caribe já viu. Por total competência de Javier Bardem, felizmente o personagem se destaca mesmo sendo de uma nota só. Toda a movimentação criada pelo ator e sua fantástica dicção fazem de Salazar uma presença nojenta, pesada, imprevisível e psicótica. Sua apresentação já é excelente, com Bardem andando com o auxílio de duas espadas que mais servem como muletas, além do senso de humor totalmente deturbado.

As expressões são assustadoras e fato do personagem babar piche a todo momento só conseguem torná-lo mais sinistro. A modulação virtual em sua voz asmática e o modo que Bardem declama Jack Sparrow já deve ter enaltecido o vilão em um posto alto para os fãs mais fiéis da franquia.

E vocês? São fãs de Bardem? Diga suas performances favoritas nos comentários! 


O Retorno Amaldiçoado | O Final de Piratas do Caribe 5 Explicado

Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar pelo jeito se tornará mais um enorme sucesso da Disney – possivelmente chegará a marca do 1 bilhão de dólares em bilheteria. E como toda grande franquia que rende muito dinheiro – diga-se Transformers, a Disney fez questão de adicionar um gancho muito interessante para o 6º filme na cena pós-créditos desse Piratas do Caribe.

Mas antes, é preciso certa contextualização para que todo mundo entenda o que raios acontece na cena. Por isso, já aviso aqui: pare de ler, caso não queira receber spoilers.

Ao fim do filme, Jack, Henry Turner e Carina descobrem que para quebrar todas as maldições dos sete mares, é preciso justamente destruir o artefato mágico que estava procurando até então: o Tridente de Posseidon. Após quebrarem o instrumento, as maldições são quebradas. Salazar deixa de ser um fantasma condenado à maldição e, tão logo, Will Turner não está mais fadado a pilotar o Holandês Voador por toda a eternidade podendo retornar para sua amada Elizabeth e viver com seu filho Henry.

Acontece uma correria, Barbossa morre para salvar a vida de sua filha, Carina, e todos ficam bem. Jack volta a ser o capitão do Pérola Negra dizendo que precisa reencontrar alguém (seria Angélica?), Carina e Henry assumem um namoro e Elizabeth reencontra Will. Todos vivem felizes para sempre.

Até a cena depois dos créditos começar.

Will está dormindo tranquilamente com Elizabeth. Mas algo o incomoda. O capitão começa a ficar nervoso durante o sono enquanto uma figura muito conhecida pelos fãs entra lentamente no quarto. Vemos apenas a silhueta do maléfico Davy Jones espreitando o casal até que sua garra de caranguejo aparece, como se fosse matar Elizabeth ou Will.

Então Will acorda e tudo está aparentemente normal. Provavelmente era apenas um pesadelo... Porém, confirmando as suspeitas do público, a câmera abandona o casal e desce até mostrar o chão do quarto. Então é revelado uma poça de água com alguns crustáceos abandonados (cirripedias).

No fim das contas, não era um pesadelo. Davy Jones retornou. E quer vingança.

Como isso é possível?

Essa pergunta é respondida com facilidade: porque a Disney quis. Mas falando sério, no final de No Fim do Mundo, o coração de Davy Jones é apunhalado pelo moribundo Will Turner. Ele morre e cai no redemoinho, retornando para a sua amada Calypso, deusa do mar. Então, é bem possível que a divindade tenha feito algo com o corpo de Jones, o preservando de alguma forma, para não perder seu amado para todo o sempre.

Logo, Jones estaria envolvido em duas maldições no decorrer de sua vida. Como o Tridente foi quebrado, a segunda maldição sumiu, o libertando de qualquer magia que estivesse o aprisionando de alguma forma. Também é possível considerar que Calypso tenha deixado de existir por conta do fim da existência de poderosas magias no oceano. Isso é bem plausível, conferindo uma motivação bastante genuína para essa vingança de Davy Jones – tentar atacar o casal na cama já é uma boa pista da natureza desse retorno.

Pessoalmente, fico feliz que o vilão favorito da franquia tenha retornado. Além de Barbossa, nenhum outro pirata antagonista conseguiu suprir a ausência de Jones e da magnífica atuação de Bill Nighy na franquia – Salazar é interessante, mas os roteiristas não conseguem mostrar nem 1/3 do potencial que o vilão prometia.

E vocês? O que acharam do final deste Piratas do Caribe? Ansiosos pelo retorno de Davy Jones? Responda nos comentários!