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Cine Vinil #07 | Lado B: Por Que Odiei A Múmia

O CONCEITO

Dia vs Noite, TWD vs GOT, DC vs Marvel, BvS vs Guerra Civil, Xbox vs Playstation, Flamengo vs Fluminense, Android vs iOS, McDonalds vs Burger King, Nerd vs Nerd, Fanboy vs Fanboy.

O multiverso nerd é pautado por discussões intermináveis e, geralmente, extremamente redundantes. Mas com toda a certeza a gente adora aquela treta cósmica para provar que um lado é melhor que o outro – mesmo que o único convencido na discussão seja você mesmo. Analisando essa treta tão peculiar, decidimos trazer um pouco desse espírito “saudável” de discussão para o nosso site.

Sejam bem-vindos ao Cine Vinil! Calma, antes de soltar os cães nos comentários, entenda nossa proposta. Os discos de vinil foram um dos itens mais amados para reprodução de arquivos sonoros. Sua grande peculiaridade eram os lados A e B. O lado A era utilizado para gravar os hits comerciais das bandas, músicas mais populares. Enquanto o Lado B era mais voltado para canções experimentais ou mais autorais.

No caso, nos inspiramos pelos lados opostos do mesmo “disco” – de uma mesma obra. Serão dois artigos: o Lado A, que contém a opinião positiva, e o Lado B, com a versão negativa. Os autores, obviamente, serão distintos, e escolherão 5 pontos específicos da obra para justificar seus argumentos.

Explicado o conceito, nós lhes desejamos aquela ótima discussão para defender o seu lado favorito! Quem ganhou? Lado A ou Lado B? Que a treta perfeita comece!

Atenção aos spoilers.

LADO B

por Lucas Nascimento

Inconsistência de Tom

Este novo A Múmia realmente não sabe o que quer ser. Não consegue oferecer uma aventura camp ou matinê na linha dos filmes de Brendan Fraser, mas também falha miseravelmente em passar como um filme de terror, algo que o longa tenta consideravelmente algumas vezes. Pior ainda são suas tentativas de fazer humor, seja pelo insuportável personagem de Jake Johnson – que desperdiça o conceito copiado na cura dura de Um Lobisomem Americano em Londres – ou em todas as piadinhas sem graça que parecem saídas dos anos 80, ou pela forma incogruente com que se misturam: em um momento vemos um homem possuído ameaçando outro com uma faca, e segundos depois o filme tenta nos fazer rir disso. Uma aventura que não empolga, um terror que não assusta e uma comédia que entedia.

Direção Pedestre

Dirigir um filme é muito difícil, e posso apenas imaginar a pressão que o roteirista Alex Kurtzman teve em sua estreia na função. Não é surpresa que o Kurtzman ofereça um trabalho muito irregular, com cenas de ação sem cuidado estético, mise em scéne confusa ou as cenas de “tensão” que falham justamente por sua falta de profundidade e construção de atmosfera. A cena da queda do avião, por exemplo, nos dá vislumbres de uma produção caprichada e uma técnica prática (com o elenco flutando em gravidade zero), mas a câmera de Kurtzman simplesmente não valoriza esse esforço, apelando para um CGI mediano e planos fechados. Sinceramente, Universal, não confie seu filme de início de universo megalomaníaco nas mãos de um novato. Isso era um trabalho para Gore Verbinski.

Roteiro que provoca a ira dos deuses

Falar que um blockbuster tem problemas de roteiro é praticamente chutar cachorro morto nos dias de hoje, mas A Múmia não perdoa. Logo no início já somos bombardeados por alguns dos piores exemplos de exposição de informação dos últimos anos, com a prosa artificial de David Koepp, Christopher McQuarrie e Dylan Kussman provocando arrepios de tão ruim. Com personagens e diálogos pavorosos, a trama ainda oferece uma mitologia apressada e que força uma conexão com o protagonista, culminando em uma revelação ridícula e que demonstra como a Universal não FAZ IDEIA do que fazer com este universo compartilhado.

Múmia sem graça

Sofia Boutella certamente tem presença de cena, e a maquiagem traz seus méritos, mas infelizmente Ahmanet é uma antagonista assustadoramente genérica e esquecível. A personagem nunca provoca arrepios ou uma forte participação no longa, além de contar com poderes sobrenaturais que já vimos um milhão de vezes, com a diferença de que nunca soaram tão batidos e genéricos como aqui, não trazendo absolutamente nada de novo ou empolgante – olha, um rosto gigante feito de areia… Nunca vi isso antes… E o pior: Ahmanet transforma humanos em zumbis ao beijá-los, exatamente como faz Magia em Esquadrão Suicida, e você não quer esse tipo de filme como referência, certo? Nunca será Ihmotep.

O Dark Universe

Universos cinematográficos são o mal do século. Quando bem feitos, oferecem uma experiência divertida e imersiva, mas na realidade todas as outras tentativas de grandes estúdios até agora falharam miseravelmente. A Universal e seu Dark Universe com os monstros clássicos é o exemplo mais recente, que acaba por tirar o foco da história deste A Múmia a fim de expandir seus horizontes para os filmes futuros, especialmente pela presença do Dr. Jekyll de Russell Crowe. É um conceito interessante, mas é evidente que o longa está muito mais interessado nisso, e deixa de segundo plano toda a mitologia da criatura titular e insiste em deixar pontas soltas para o futuro. Imagine se o primeiro Homem de Ferro desviasse constantemente o foco para Nick Fury.

Clique AQUI para ler o Lado A.

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Publicado por Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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Cine Vinil #07 | Lado A: Por Que Amei A Múmia