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Cine Vinil #07 | Lado A: Por Que Amei A Múmia

O CONCEITO

Dia vs Noite, TWD vs GOT, DC vs Marvel, BvS vs Guerra Civil, Xbox vs Playstation, Flamengo vs Fluminense, Android vs iOS, McDonalds vs Burger King, Nerd vs Nerd, Fanboy vs Fanboy.

O multiverso nerd é pautado por discussões intermináveis e, geralmente, extremamente redundantes. Mas com toda a certeza a gente adora aquela treta cósmica para provar que um lado é melhor que o outro – mesmo que o único convencido na discussão seja você mesmo. Analisando essa treta tão peculiar, decidimos trazer um pouco desse espírito “saudável” de discussão para o nosso site.

Sejam bem-vindos ao Cine Vinil! Calma, antes de soltar os cães nos comentários, entenda nossa proposta. Os discos de vinil foram um dos itens mais amados para reprodução de arquivos sonoros. Sua grande peculiaridade eram os lados A e B. O lado A era utilizado para gravar os hits comerciais das bandas, músicas mais populares. Enquanto o Lado B era mais voltado para canções experimentais ou mais autorais.

No caso, nos inspiramos pelos lados opostos do mesmo “disco” – de uma mesma obra. Serão dois artigos: o Lado A, que contém a opinião positiva, e o Lado B, com a versão negativa. Os autores, obviamente, serão distintos, e escolherão 5 pontos específicos da obra para justificar seus argumentos.

Explicado o conceito, nós lhes desejamos aquela ótima discussão para defender o seu lado favorito! Quem ganhou? Lado A ou Lado B? Que a treta perfeita comece!

Atenção aos spoilers.

LADO A

por Miguel Forlin

 

Um visual opulento e tematicamente rico

Além de encher os olhos, o visual de A Múmia revela, através de suas cores e tons, a luta entre o Bem e o Mal que acontece dentro de Nick Morton, o personagem interpretado por Tom Cruise. Na nossa época, o CGI reina em Hollywood. Por isso, somente pelo fato de ter filmado todas as suas cenas em locações, o longa de Alex Kurtzman merece ser louvado.  Porém, além disso, o diretor e a sua equipe fizeram com que as cenas que se passam em regiões desérticas explodissem em claridade, simbolizando as características positivas do protagonista, e os momentos que se desenrolam em Londres, fossem mais cinzentos e escuros, representando os elementos negativos da personalidade de Nick (não deixem de perceber também como a própria roupa do personagem muda: no começo, ele veste branco e bege e, no restante do filme, preto). Dessa maneira, o filme propõe ao espectador uma jornada não só por diferentes países, como também por emoções.

Personagens simbólicos

Quase todos os personagens de A Múmia representam ou simbolizam uma faceta de Nick. Apesar de existirem como indivíduos, o roteiro os compõe como materializações físicas dos diferentes sentimentos e pensamentos que habitam o protagonista. Assim, o fantasma de Chris Vail (Jake Johnston) pode ser visto como a representação da culpa que o personagem interpretado por Tom Cruise sente; a arqueóloga Jenny Halsey (Anabelle Wallis), com os seus olhos e cabelos claros, o lado positivo de Nick; e a princesa Ahmanet (Sofia Boutella), com os seus olhos e cabelos escuros, o lado negro (notem como as duas estão simbolicamente conectadas por um brinco e, sempre que o protagonista tem uma visão, é a voz de Jenny que o traz de volta à vida). Até mesmo o conflito interno do doutor Henry Jekyll (Russell Crowe) reflete o de Nick.

Atmosfera similar à dos filmes de monstros da Universal

Quem conhece os filmes de monstros da Universal que foram lançados nas décadas de 1930, 1940 e 1950, sabe que, além de serem produções de baixo orçamento, nenhum deles poderia ser definido como filme de horror. Aliás, é impossível catalogá-los dentro de um único gênero. Por isso, o fato de A Múmia flertar com o suspense, a ação, a aventura e o humor camp nos mostra como os responsáveis estavam plenamente cientes da tradição que estavam revitalizando. Porém, não é apenas isso que serve como prova dessa consciência por parte dos realizadores. Ao longo do filme, há alguns planos, como aquele que focaliza a princesa Ahmanet na parte de baixo do quadro, enquanto uma abadia, com chamas ao redor, está localizada na parte de cima, e sequências, como a narração inicial, remetendo ao filme de 1932, que deixam claro que Alex Kurtzman e companhia fizeram bem o trabalho de casa.

Uma competente modernização

É importante lembrar que o primeiro filme da Múmia foi lançado na década de 1930, numa época em que grandes descobertas eram feitas nos campos da Arquelogia e Geografia e o Cinema ainda dava os seus primeiros passos. Portanto, a partir do momento em que se contará nos tempos modernos uma história quase idêntica, é preciso fazer uma série de adaptações às exigências atuais. Quando analisado sob essa perspectiva, A Múmia se revela um filme muito competente. Pois, não só mudou o sexo do icônico personagem (uma escolha condizente com os discursos feministas da contemporaneidade), como modernizou a figura da Múmia e dos seus servos, abandando a concepção antiga de mortos vivos caminhando lentamente e adotando, no lugar, o conceitos de zumbis que se movem rapidamente, além, é claro, de ser um típico blockbuster dos dias de hoje.

Divertido à beça

Como se não bastassem todos as qualidades citadas acima, A Múmia é um filme muito divertido. Poucos longas atuais se encaixam tão perfeitamente no conceito “Cinema Pipoca” quanto este. Quem tiver a chance de assistir aos vídeos dos bastidores da produção, perceberá como toda a equipe se divertiu realizando o filme. E essa sensação compartilhada pelos realizadores acaba por se refletir no própria longa, uma vez que ele é vivo e parece pulsar. O segundo longa metragem de Alex Kurtzman foi feita sob medida àqueles que são órfãos das aventuras de matinê, dos filmes de monstros antigos ou que apenas gostam de se entreter assistindo a bons blockbusters.

Clique AQUI para ler o Lado B

Redação Bastidores

Publicado por Redação Bastidores

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